É preciso não ter medo dos novos cenários de activismo dos cidadãos, que a nível mundial se insurgem contra a degradação de um sistema financeiro, que cresceu dominado pela imoralidade, porque são muitos mais os que querem a paz social do que os que apostam no contrário. Escutando o mundo, vemos como começa a existir já de forma interligada a consciência colectiva de como deixámos que a ganância financeira sem limites tenha tomado conta de tudo, e tenha sequestrado o poder político das nações. Reclamam entre nós os partidos políticos para o perigo de actuarmos fora do seu controle e das suas bíblias, mas como é possível não o fazer se foram eles que se deixaram enredar tendo alguns patrocinado até o conluio com os obreiros dessa estratégia? É perigoso? Sim, sabemos onde querem chegar quando avisam, mas seguir-lhes a recomendação é percorrer um caminho com os mesmos buracos, e o que está em formação é a descoberta de novas vias. Além de mais, já é agora tarde para enquadrar nesse formato a vaga de descontentes, e vemos isso na ausência de transferência de votos desses protestos para o sistema instituído, ou seja, há participantes disponíveis e em número, o que não há é vontade de fazê-lo com os mesmos actores. A alternativa é enquadrarem-se na espontaneidade dessa nova cidadania emergente - porque até o conceito de cidadania parece vir a ser refundável - e dessa forma poderem ajudar a controlar os danos. Se há uma esperança neste momento, diria mesmo que a única, é a que reside na chama da juventude, que começa a acreditar que é possível essa mudança que não tardará a amadurecer. Por mim, não tenho medo. Tenho é pena de não estar exactamente lá no centro dela, mas ando aqui nas suas franjas a convencer os que passam ao lado e a dizer-lhes que não temos mesmo forma de mudar se não assim. Continuar em frente é voltar a repetir os mesmos erros e depois, sugados e exangues, não ter força para voltar.
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