19 novembro 2011

Um assalto à Justiça

A Ministra da Justiça tem dito claramente que Pinto Monteiro deveria demitir-se. Não gosta dele no cargo. O mediático João Palma, do Sindicato dos Magistrados tem feito críticas à actuação do Procurador. Agora, tivemos pela Comunicação Social a vergonha de uma prisão em directo. Pinto Monteiro mandou investigar. Torna-se claro que alguém anda a querer tramá-lo, como diz aqui e aqui o Jornal I, e está a fazê-lo bem feito. Há sorrisos off de record. Se isto não é um assalto à Justiça praticado à luz do dia, o que é?

4 comentários:

Ricardo Sardo disse...

O que a maioria das pessoas desconhece é que existe, neste momento, uma guerra interna, no MP, entre duas facções, uma ligada ao PSD e outra ligada ao PS. As constantes violações ao segredo de justiça nos casos mais mediáticos (e quase todos com arguidos com conotações partidárias) são feitas de acordo com interesses políticos e, neste caso concreto, toda a gente sabe de onde partiu. E porquê e com que fins. Mas ninguém fará nada, como é costume, pelas razões óbvias. Este inquérito não dará nada, pois Pinto Monteiro pertence a uma facção, enquanto o Sindicato dos Magistrados do MP pertence à outra (a mesma da Ministra, daí os elogios do SMMP à Ministra). Claro que esta guerra apenas prejudica a própria Justiça, pois passa a ser legítimo duvidar e questionar a seriedade e a credibilidade das investigações e das acusações. E quando tal sucede, é a própria Democracia que passa a estar coxa de uma das suas "pernas", a Justiça.
Abraço.

PS: apetecia-me escrever mais umas quantas coisas sobre esta guerra, mas, por razões profissionais, fico-me por aqui. Espero que compreenda.

Graza disse...

Obrigado Ricardo por ter valorizado o post com um pouco do seu conhecimento deste problema. De facto, não escapa ao cidadão que acompanha por fora tudo isto, que há guerras internas na Justiça. E conhecendo-se já alguns protagonistas, deveriam pura e simplesmente ser irradiados. Pior do que a Política querer influenciar a Justiça, é a falta de ética dos operadores da Justiça que por vaidade se permitem participar nestes jogos de pressão, porque seria destes que em última instância o povo esperaria desonestidades. E os nomes estão aí. Vemo-los em cada zap que fazemos, só precisaríamos de uma instituição nacional com poderes para os varrer. Por mim, começaria nessa aberração que é a sindicalização de magistrados e juízes, que é já a prova de que têm as suas vocações deformadas pelo jogo político. A justiça que lhes sai da cabeça vem por esta razão contaminada, influenciada por uma corrente de interesses.

Ricardo Sardo disse...

Ainda sobre a guerra dentro do MP, vale a pena ler a opinião de Daniel Proença de Carvalho (link em baixo), que fala em "feudos" que prejudicam a Justiça e a própria investigação.
Abraço.

http://www.advocatus.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=4483

Graza disse...

Sim, grande entrevista. Obrigado Ricardo. Destaco isto:
“Mas, infelizmente, assistimos todos os dias – basta ver na televisão – a magistrados e forças sindicais que expressam motivações que não são próprias de quem exerce essa missão.”