REEDITADO.
Acabo de receber um email que vem juntar mais preocupação à preocupação que já tenho com a xenofobia que vai por essa Europa a propósito da crise financeira em relação aos países do sul da Europa. Estranho nisto o facto de só agora ter tomado conhecimento do cartaz a que se refere, depois de estar há mais de um mês instalado na Augustrass 10, em Berlim.
Não sei se têm sobre este cartaz o mesmo olhar benévolo com que ele é apresentado no email que circula, sem nos propor uma condenação mais veemente, o mesmo olhar que permitiu que só agora o conheça, aceitando-o, por se inscrever na liberdade devida a qualquer obra de arte. Peço-vos por isso a vossa opinião, porque posso estar profundamente errado e me digam se estou levado por patriotismos a ver nazismos em todo o lado e não tenho razão para me considerar indignado com a desfaçatez com que um país e dois artistas não têm qualquer espécie de rebuço em ofender daquela forma os povos visados no cartaz. Por mim, que não tenho pruridos quando interpreto arte, entendo que não devemos vergar-nos e ter medo de afirmar que as vanguardas impostoras também existem, sedentas em qualquer arte, para se aproveitarem da credulidade do leigo usurpando dessa forma subtil aquele conceito. Isto é rasca! E só é apresentado como arte para cumprir os propósitos xenófobos e manhosos com que foi patrocinada.
Deixo aqui os links através dos quais vim a saber toda a história deste cartaz, e do rapaz que o fez segundo concepção da mãe: Aqui está o Joshua Neufeld no Facebook a assumir a paternidade da obra. Aqui é o rapazinho na sua página. Aqui é ele e a mãezinha Martha Rosler na Wiki. E se alguém quiser desancá-lo aqui estão contactos. Esta é a tal DAAD Alemã que patrocinou tudo isto.
Não haverá por aí alguém que tenha dinamismo suficiente para levantar uma onda maior no Facebook ou em Petição, sem medo de afrontar estas “artes” que mais não são do que um premonitório e perigoso “Ovo da Serpente”.
Reedição:
Note-se na leviandade com que este anjinho se propôs abordar o tema na sua “peça artística” que o levou até a dizer isto no Facebook:
(I wasn’t aware of this beforehand, but “PIIGS” is na acronym used by international bond analysts, academics, and the economic press to refer to the economies of Portugal, Italy, Ireland, Greece, and Spain in regard to sovereign debt markets.) O que significa mais ou menos isto: (Eu não estava ciente disto de antemão, mas "PIIGS" é um acrónimo utilizado por analistas de obrigações internacionais, académicos e imprensa económica para se referir às economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha no que diz respeito aos mercados da dívida soberana.)
Reedição:
Note-se na leviandade com que este anjinho se propôs abordar o tema na sua “peça artística” que o levou até a dizer isto no Facebook:
(I wasn’t aware of this beforehand, but “PIIGS” is na acronym used by international bond analysts, academics, and the economic press to refer to the economies of Portugal, Italy, Ireland, Greece, and Spain in regard to sovereign debt markets.) O que significa mais ou menos isto: (Eu não estava ciente disto de antemão, mas "PIIGS" é um acrónimo utilizado por analistas de obrigações internacionais, académicos e imprensa económica para se referir às economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha no que diz respeito aos mercados da dívida soberana.)
3 comentários:
Verifico que não estou só na condenação desta "obra". Aqui por exemplo no Alpender da Lua houve a mesma indignação:
http://alpendredalua.blogspot.com/2011/10/na-alemanha-foi-assim-que-comecou.html
Grazina: O seu texto está excelente e coloca o problema na sua verdadeira dimensão. Deve-se respeitar a liberdade de expressão de cada um,mas nenhum autor pode eximir-se à crítica que lhe venha a ser feita. O painel não tem a suficiente elevação artística, quer ao nível da estética, quer ao nível da temática. É de uma pobreza confrangedora. Trata-se apenas da primária manifestação de um insulto. Nem sequer existe uma pitada de humor. É um vómito que exala um cheiro retardado.
A minha indignação não recai sobre o painel em si, que para o meu texto do Alpendre da Lua me deu mais um pretexto para fazer o alerta em relação ao novo tipo de fascismo, o fascismo financeiro, que está a germinar na Alemanha e que se sustenta na ditadura do euro. Preocupa-me, tal como também preocupa o Grazina, a adesão da opinião pública alemã às ideologias do passado e que a força das democracias, quer as populares, quer as parlamentares, conseguiram vencer.
Alexandre:
É um privilégio ter um elogio num comentário destes, por um profissional das letras. Obrigado.
De facto, isto preocupa-me também pelo facto de ter chegado ao ponto de ter que me encanitar com o que andam a fazer alguns “artistas”, porque aqui, lembro-me sempre da perseguição que os ditadores fazem à arte ou como tentam capturá-la, como aconteceu com Hitler na Alemanha nazi. Não sei o que pretenderam aqueles dois, o que sei é que a liberdade deles é igual à minha, e o que faltava era que eu não pudesse dizer que considero aquilo uma merda.
Admito que o Josh possa aparecer aqui a dizer que não entendi a mensagem, e que o que está ali subliminar é uma crítica ao Eixo Merkozy, mas isso, só o conseguiria ver com muito boa vontade, dadas uma série de circunstâncias que rodeiam aquele painel que vão até à questão de ter declarado no seu Facebook que desconhecia existência de um acrónimo para aqueles países e outras mais razões. Se assim foi, muita gente não está a entender e então falhou. Sabemos que a arte pode ser polémica e quanto mais polémica mais vanguardista, e não parece o caso – passe embora o facto desta minha análise não poder valer se eu for da retaguarda, com dificuldades em reconhecer um visionário - Também reconheço que o levantamento da questão só beneficia e ajuda à promoção do painel e ao debate público do problema e aí, estaria a obra a cumprir a função e a ser arte, mas francamente não lhe reconheço essa intenção mais profunda. Seria demasiadamente elaborado e mesmo assim, feito da forma mais torpe para com os povos atingidos continuando a ser mais grave o prejuízo que os benefícios.
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