01 maio 2012

"O Banqueiro Anarquista"


“As injustiças da Natureza, vá: não as podemos evitar. Agora as da sociedade e das suas convenções – essas, por que não evitá-las? Aceito – não tenho mesmo outro remédio – que um homem seja superior a mim por o que a natureza lhe deu – o talento, a força, a energia; não aceito que ele seja meu superior por qualidades postiças, com que não saiu do ventre da mãe, mas que lhe aconteceram por bambúrrio logo que ele apareceu cá fora – a riqueza, a posição social, a vida facilitada, etc. Foi da revolta que lhe estou figurando por estas considerações que nasceu o meu anarquismo de então – o anarquismo que, já lhe disse, mantenho hoje sem alteração nenhuma.”

Fernando Pessoa, 1922.

1 comentário:

tacci disse...

Vou ter de reler o "Banqueiro". Confesso-lhe que não é profissão pela qual tenha alguma espécie de estima. Mas talvez não fosse inútil pensar, como quando éramos adolescentes e respondíamos aos Inquéritos das nossas amigas, «que farias se tivesses uma varinha de condão?»
Actualizando a pergunta:
O que faríamos se dispuséssemos do poder de Sua Absoluta Magestade El-Rei D. Ricardo Espírito-Santo?
Desconfio que fazia como fizeram os Armazéns Grandella: emitia uma moeda particular ou, melhor ainda, Euros falsos, como fez o Alves dos Reis numa crise parecida com a nossa.
Um abraço.