25 outubro 2012

Recorte achado entre pornografias.


Juro que tentei fazer um texto para acompanhar este recorte perdido no caixote - do faz de conta - da pornografia, mas apagava tudo à primeira linha. Desisti. Nada do que dizia se adaptava à leitura deste cabeçalho do CM. Se eu fico assim, como raio ficaria a senhora que faz aquelas alheiras de caça, naquela aldeia remota de Trás-os-Montes? Ficaria talvez como no Alentejo ficou a minha tiazinha velhinha, que confrontada com a chegada das americanos à Lua nunca até morrer acreditou que tivesse sido verdade. Não sei se isto também não é verdade, porque parece que até pode ser mais. O Banco está com o ex-presidente em tribunal a dirimir a questão, isso quer dizer que pelo menos há fumo. Uma coisa é certa: há um tipo de enormidades que têm o efeito de nos bloquear a adrenalina da revolta.  Conclui-se com isto que somos de um certo ponto de vista um ser perfeito, porque se assim não fosse, se acima de um determinado limite de afrontamento não existissem bloqueadores na rede neuronal da nossa cabecinha, o que não teria já acontecido?

Teríamos batido com a cabeça na parede, uns, e atirado ao Tejo e ao Douro outros, o resto dos que ainda não andassem tontos?

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

"...o que não teria acontecido?"

Graza disse...

Foi uma espécie de devolução da pergunta. Bem, não fazia parte da forma como o conto do achado do recorte foi escrito ter que ser dada nele uma resposta, porque sabe melhor do que eu, dado que já leva na tarimba o exercício da escrita consequente que este contista não tem, que alguma coisa deva ser deixada ao exercício livre da imaginação do leitor, mas não me custa sair da pele do faz-de-conta-que-é-um-heterónimo para acrescentar mais alguma coisa, que nunca se sabe se seria o mesmo.
Confesso que não sei! É que até agora os meus bloqueadores têm funcionado, mas existindo subjacente no nosso inconsciente o tal id que será em cada um distinto consoante a linhagem do animal mais ancestral de que é primo, é provável que o resultado não fosse coisa de jeito visto à luz das censuras de um superego bloqueado e impotente, e dos nossos modos civilizados. Por exemplo: aquele pobre Castro que foi em vida castrado num apartamento em Nova Iorque, deve ter visto o que é um ser humano desprovido dos bloqueadores, com o id em roda-viva, mas como acho que os nossos primos não são todos os mesmo, os comportamentos não deveriam ser todos iguais. O contista formulou uma resposta numa pergunta final: que seria uma espécie de suicídio coletivo como fazem os primos golfinhos quando ficam sem Norte. Uma coisa é certa, seria mais próximo de uma tragédia grega do que de um conto de fadas.

Um abraço.
João Grazina