15 janeiro 2013

Cães, gatos, periquitos…



Nunca tive um gato, mas já tive um cão. Também tive periquitos. Dos cães, curei-me ainda criança quando tive que me despedir de um fiel rafeiro. Quanto aos periquitos, viviam numa casota grande e alta, onde eu entrava para lhes dar de comer. Era um alvoroço de penas por cima de mim. Um dia, depois de uma forte gripe, o médico na urgência hospitalar perguntou, com um envelope grande na mão: De quem é esta radiografia? Acusei-me. Você alguma vez teve um grande contacto com pássaros, periquitos ou coisa assim? Pois sim doutor, mas vê isso na foto? Sim, o histórico que aqui está pode ser o resultado de um contacto desse tipo. Quanto a gatos, pouco me cruzei com eles. Mas da forma como as coisas vão, algum bem preto deve ter passado por aí. Ah, mas havia aqueles no prédio de um amigo onde detestava entrar, porque mal se abria a porta da rua vinha aquele bafo pestilento da mijanceira que a gataria fazia nos quintais do rés do chão. Mijo de gato com cheiro de carapaus fritos e papa de arroz de peixe ressequidos, que algumas velhinhas, passando pela porta de serviço, deitavam por baixo das grades. Era um nojo naqueles verões quentes de fritar pardais.

Mas houve um gato hoje, ou melhor, o resultado da sua esfrega num sobretudo azul e outras peças de roupa que aqui vieram parar. Sabia que largam pelo, mas nunca me tinha apercebido da quantidade, do incómodo e do perigo que podem ser. Coube-me a tarefa de por aquela roupa em ordem. Aspirador, escovas, rolos de fita adesiva, a tudo resistiram, o insólito é que parecem programados para se infiltrar nos tecidos onde se alojam como se um software na raiz os faça entrelaçar onde caem. Foram puxados um a um, à unha, para a boca do aspirador. Foi uma manhã nisto. Imagino por onde mais se infiltrarão nas casas onde vivam estes mimados Hobbes. Conclusão: a seguir à tarefa a primeira operação de pesquisa foi sobre “Pelo de gato”. Aqui está o resultado.


Olha lá, mas isso não fica pronto assim! Não? Então? É tudo para a lavandaria! Cheira a chichi de gato! Nova conclusão: Ou estou constipado ou a idade não perdoa e tenho que ir ao otorrino.
P.S. - Voltarei aos cães, porque desta vez a coisa é triste e dramática.

1 comentário:

Sara disse...

Bela história que a verdade é que eu gosto de escrever coisas como são você, em algum momento, mas agora não tenho tempo, porque eu tenho que ir comprar um arranhador para gato