16 janeiro 2013

Hoje não sou português.





Façam-me o favor de não parar a música! Será desativada quando voltar a ser português.

Depois do que disse no texto anterior, e de ter-se confirmado o alheamento dos portugueses pelo que se passou nestes dois dias no Palácio Foz, só tenho uma alternativa: fazer de conta que não sou português. Escolhi uma nacionalidade. Latina para não destoar da cor do cabelo. Troquei a viola do fado e adotei o bandolim, ou melhor, il mandolino. Preciso que passe esta tristeza feita de raiva. Muita raiva surda pelo falhado do povo a que pertenço. Sempre dependentes de uma ordem de comando sabem lá o que é cidadania! Em 15 de Setembro acordaram quando lhe queriam mexer no bolso para dar ao patrão, - fuinhas é o que são! - Hoje, para além de deixarem que o estivessem a tramar com verbas maiores, permitiram sem um protesto que se visse que em seu nome se construísse uma farsa monumental e se fizesse um dos maiores ataques que vi depois do 25 de Abril à liberdade de informar. Este povo pelo qual luto quando ando na rua virou-nos as costas e deixou que outros se mancomunassem lá dentro dizendo que era em nosso nome… “a sociedade civil”! Não lhes perdoo que não tenham sabido ouvir as notícias, porque, caramba! Tivemos um treino de 50 anos a ler nas entrelinhas. Hoje só me ocorrem nomes maus e com o epíteto de “falhado” até eu teria que fazer alguma coisa para me demarcar se fosse acusado disso, vou por isso parar para não vos ter aqui a pedirem-me meças pelas afrontas que vos faço. Mas posso sempre dizer como o outro: “Vocês sabem de quem eu falo…”.

Hoje sou italiano, - fazendo justiça à origem dos nomes de família - que têm ao menos músicas que nos puxam a cabeça para cima em cada trinado das cordas. Tomem lá outra:

  

6 comentários:

Anónimo disse...

Compreendo bem a sua tristeza feita de raiva. Somos roubados, vilipendiados e feridos de morte na nossa dignidade e, no entanto, continuamos de cabeça baixa, acomodados ao triste fado.
38 anos após abril, nunca pensei que isto pudesse acontecer. Este povo continua igual a 74 contentando-se com os 3F.
Escolheu bem ser italiano,um povo vivo!

Graza disse...

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Grazie caro anonimo. Mi ha dato la forza di un po 'di più. Presto torneró alla Patria del triste destino cui viviamo.

Bacci e abbracci.

Graza

Alexandre de Castro disse...

Caro Grazina: Compreendo o seu desalento e a sua tristeza, que também são meus, e não só em relação a este caso. Mas não me surpreende que as pessoas não tivesem reagido, Cada um de nós, isoladamente, vemos o nosso propesto diluir-se. Só coletivamente é que os gritos de protesto são ouvidos. Para isso aconteça é preciso organização e união.
Um abraço,
Alexandre

Graza disse...

Pronto, nós vemos o nosso protesto diluir-se, e vemos os colectivos reagir fora de tempo e sem alma. É por essa razão que não consigo fazer coletivo, porque os coletivos não funcionam com o ritmo da oportunidade que os factos justificam, mas antes com o calendário das suas oportunidades. É provável que venham a reagir, mas eu não sou bem um fogareiro ao qual basta soprar para atiçar as brasas. Nessa altura já o carvão ardeu.
Desculpe o metafórico mas é uma forma simbólica de mostrar estados de alma.
Abraço.

Anónimo disse...

Ah, com gostaria que os meus inquilinos mudassem de país. Bellissimo jorno per te!

Graza disse...

Pronto, já fechei a braguilha. Já podes ir embora.