31 maio 2014

Um Homem Não Se Apaga

(…) “e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.
Naquele país, escreveu nos mais importantes jornais e revistas, fundou o Clube de Jornalistas, lutou contra as injustiças de que eram vítimas os indígenas, foi agraciado por diversos Presidentes da República, o seu nome foi atribuído a salas de museus, auditórios, escolas, ruas… Considerado um dos principais teóricos da pintura muralista, foi amigo de Frida Kahlo e de Diego Rivera, entre inúmeros intelectuais, e o seu prestígio difundiu-se internacionalmente.”

Sabem a quem se refere este texto? Não? Eu também não saberia. A questão do meu espanto tem a ver com o facto de me ter passado despercebida a história de um homem, de cuja existência soube, mas nunca com o conhecimento desta forma tão elogiosa? Conhecia o seu nome mas não o seu prestígio. É por isto principalmente que trago este texto, embora não deixem de estar presente as razões que concorreram para que ele tivesse sido apagado da história portuguesa. Estou certo que este livro vai causar grande celeuma, porque é escrito por alguém que está muito por dentro da sua história, e isso vai causar incómodos.

Deixem-me continuar a sublinhar o resto para saberem de quem se trata. Estes extratos foram retirados da contra capa do livro que vos recomendo. Só li umas dezenas de páginas a meio dele, mas o suficiente para o recomendar vivamente, porque é história que talvez desconheçam. Não vão faltar aqui contraditórios, só não quero insultos por tocar numa ferida que muitos nem sabem que têm.

(…) Francisco de Paula Oliveira, o mítico Pavel, é um dos mais misteriosos combatentes antifascistas portugueses. Aderindo desde muito jovem ao Partido Comunista Português, as suas qualidade de militante levaram-no a dirigir interinamente o Parido, sendo considerado o sucessor natural de Bento Gonçalves, o secretário-geral a cumprir pena no Tarrafal.
Em Maio de 1938, depois de se evadir da cadeia de Aljube, Pavel foge para França. O Partido Comunista, que havia preparado a evasão, abandona inesperada e surpreendentemente o seu militante, abrindo caminho à ascensão de Álvaro Cunhal a secretário-geral.

Desprezado pelos seus camaradas, Pavel adopta o nome de António Rodríguez, um galego morto durante a Guerra Civil de Espanha, e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.

Apesar destes feitos extraordinário, este homem é ainda desconhecido em Portugal e o seu nome continua a ser um tema incómodo para o Partido Comunista, de cuja história foi riscado. Porquê? A resposta está neste livro.”

Chamou-se António Paula Oliveira; Pavel e António Rodriguez, no México estimam a sua memória como a de um grande intelectual. Em Portugal, alguém se encarregou de esconder isso.

PAVEL – UM HOMEM NÃO SE APAGA, de Edmundo Pedro.  Edições Parsifal

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