01 dezembro 2014

Os arcos: da governação ao parlamentar.

Escreveu José M. Castro Caldas, no Ladrões de Bicicletas: "Agora há um vazio. Partidos políticos que estão no lugar que há muito ocupam, embora tenham perdido a confiança de grande parte dos seus apoiantes.”

Basta dizermos “partidos do arco da governação”, para saber-se que são coisa a evitar como intenção de voto. Se a governação é má é porque os partidos são maus. Eles tiveram, cada um em seu tempo, o tempo de provar se essa dedução é lógica ou não. Não o tendo feito, confirmaram-no.

Mas se os partidos do arco da governação não conseguiram trazer a esperança às pessoas que se encontra nos mais baixos níveis, que outros de outro arco deveriam ter curado que essa esperança não se perdesse e fosse transferida? Não seriam os restantes do arco parlamentar? Eles não falharam também? É que em termos parlamentares a esperança converte-se em votos, e os votos não aumentaram ou foram transferidos na razão direta da perda de esperança no outro arco.

Foi isso que fez triunfar em Espanha o Podemos: a capacidade de renovar e transferir essa esperança para fora do arco parlamentar, através da transparência de processos na construção e abertura da democracia.

Uma das nossas dificuldades em termos profissionais é entendermos que a repetição de qualquer atividade tende para processos viciosos se não curarmos da renovação. E se uma característica tem a atual composição do arco parlamentar é manter em anos de marasmo a esperança dos portugueses em banho-maria, ainda que alianças espúrias se esforcem por mantê-la.

É tempo de rompermos com o que em nós é mais difícil: as convicções políticas, nas ideias feitas de que só há uma via para atingir o objetivo. Eu já o fiz. Se não for com esta do Juntos Podemos, que não se esconde que é inspirada, outra será, porque há sempre a possibilidade de não termos começado com os processos certos, as pessoas e nos momentos certos, e também nós termos errado por termos deixado esvaziá-lo. É assim que vejo este projeto, embora saiba que está só ainda na fase da construção da esperança. Se quero que seja devagar, é porque tenho pressa e não quero que falhe.

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