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12 agosto 2011

Que Revolução (Texto II)

Todos sabemos que existe por detrás dos distúrbios no Reino Unido uma causa próxima que teve como detonador um falso problema. É sempre assim, é coisa já vista noutras perturbações, isto não é um fenómeno difícil de tipificar. A Esquerda tem sobre estes acontecimentos um discurso mais ou menos unânime, e até mesmo em alguma Direita encontramos franjas com uma abordagem próxima, embora saibamos que é uma área onde os seus egoísmos não deixam ter um discurso que Cristo aprove. Dizer que esta questão da marginalização, a que politicas erradas votam comunidades inteiras a transformarem-se em ghettos perigosos prontos a rebentar de raiva, é uma coisa, outra, é apresentarmos à cabeça antes de discutir os distúrbios, esse argumento para os justificar porque, aqueles jovens que roubaram outro a quem foi partido o maxilar numa agressão, simulando ajudá-lo para depois o abandonarem à sua sorte, ou os outros que acabaram por matar um pacato cidadão que defendia os seus haveres, estão naquela mesma “festa da pilhagem” em que estava aquele professor primário, agora saqueador, e ainda a filha de um milionário que foi apanhada a roubar gadgets, ou seja, o produto dos saques não era propriamente uma fúria por sacos de arroz ou de farinha.

Estes jovens estão revoltados com a sua situação, e a sua situação é uma questão política. Tragam então esta luta para o campo da cidadania, que pode ser também a rua sim! Mas para podermos aderir e ajudar a transformar o seu vandalismo execrável porque vazio, numa causa nobre e justa em que nos possamos rever e acreditar. Talvez seja tempo de toda a Esquerda rever um pouco o seu discurso para não correr o risco de baralhar tanta cabeça tonta. É que os riscos são desta forma imensos, e uma das piores derivas é a perda de objectivos. Esta, não é ainda a Revolução e se vamos precisar de ajuda, esta não é certamente.

Reedição:

Se houve alguma utilidade imediata nos distúrbios no Reino Unido, foi para já o enorme debate que estão a gerar. Aqui por exemplo: no Politeia, A Nossa Candeia, Arrastão, Ladrões de Bicicletas e em muitos que contiuamos a ler. Se isto é consequente ainda não sabemos. Sabemos para já que eles acirraram nas sociedades mais conservadoras, mais desconfianças, o que não é bom. Mas também sabemos, devido à importância daquele país, que foi uma das maiores montras que se abriu para visibilidade deste problema em sociedades como a nossa. Nesse sentido e talvez paradoxalmente ao que escrevi em cima…cumpriram parcialmente a função, e assim sendo é coisa estranha, por haver no dito alguma contradição.

09 agosto 2011

Que Revolução? (Texto I)

Recebido por email, de autor identificado, cujo nome reservo para que a avaliação seja feita pelo seu conteúdo e não pela autoria. Apenas o título do post é meu. A publicação, não significa a concordância ou não com o que foi escrito, é apenas um contributo entre outros prováveis:

"Os latinos são tidos como gente violenta.

E na verdade há também violência no Sul, e nos latinos em particular, até porque o que vemos acontecer em Londres acontece em “bairros multiculturais”, isto é, em bairros que de multiculturais pouco têm, pois a predominância é de cidadãos e cidadãs de origens múltiplas, com latinos também, claro, mas com muito poucos do Reino Unido, e que são tomados como tal, multiculturais, pelos britânicos, por neles viverem – demasiado predominantemente, estrangeiros.

No entanto, a violência que explodiu em Londres, em consequência desta Global Crise, como vimos também na televisão, envolveu ainda os “típicos britânicos” também.

Os pobres claro, não os britânicos ricos, ou classe média.

O que também é característico de sociedades onde a explosão social acontece quando a governação, mesmo que democrática, ou precisamente porque democrática, se desinteressa dos Mais Carenciados, pensando neles somente numa lógica Caritativista e não de Redistribuição dos Rendimentos e Insercionista.

Eis a temida violência a chegar.

(Recordam-se que a violência, na II Globalização veio da Grã Bretanha, da Alemanha e da França…?)

Porque ela, a violência, se espalhará, claro, por todos os países em crise, como se vê já na Grécia e em Espanha.

Uns dirão – eis a Luta de Classes a chegar ao rubro!

Eu direi recordando Marx, eis a Revolta a aquecer, mas sem que da Revolta nasça uma consciente Luta de Classes…

Porque o que vemos acontecer são movimentos ainda demasiado inorgânicos para que sejam realmente a Luta de Classes a explodir.

Na verdade, nada vejo a acontecer de sério nos países pobres…

No entanto, na verdade, a Revolta está aí, até num “País Avançado”, “Rico”.

Eis o resultado de uma Crise económica e social gerida em lógica neo liberal, a sério e não propagandística!

Mas esta violência, feita de ataques a lojas e de pegar fogo a edifícios podres de mal tratados, resolve?

Alguns dir-me-ão – mas não vês também o confronto com a Polícia?

Bem, e eu respondo, então os pequenos lojistas, e os detentores de edifícios abandonados e até a Policia, são – o inimigo de classe?

Ridículo não acham?

Um prédio a menos, uma televisão a mais numa casa de um pobre, resolverá – o quê?

O direito à Revolta é Justo, e basta recordar o INDIGNAI-VOS de Stéphane Hessel, o tal Manifesto, que aconselho veementemente a que seja lido, e que vendeu em 4 meses mais de um milhão e trezentos mil exemplares, para termos a certeza da Justeza desta Revolta.

Como também da sua Ineficácia, a continuar assim.

Porque esta Revolta não toca na essência do Poder e porque esta Revolta alimenta somente as Fúrias Conservadoras, e os Medos, em partes essenciais das Comunidades, tal qual sucedeu no pós 1929, de onde nasceram os nazismos e os fascismos que impuseram a II Guerra Mundial!

Há que travar esta Revolta?

Pergunta estúpida pois estas Revoltas não se travam, elas acontecem e têm de ser entendidas.

Eu não estou sequer em Londres para entender o cerne do fenómeno social e, sinceramente, esta comunicação social que temos em nada ajuda a entender o mesmo.

O que sei é que esta Revolta descerá também até Portugal, talvez com menos impacto, talvez com menos influencia nas Pessoas, em numero, mas descerá!

É o mais que simples efeito de imitação – se eles fazem….

Alguma Esquerda dirá – que venha esse tal efeito imitação.

Eu direi, ou prevenimos o mesmo, dando-lhe uma função social e política, ou o mesmo de nada servirá.

E essa função social e política significa pôr o dedo onde doerá mais.

Quem é então o Inimigo Principal, nos dias de hoje?

Os que se aproveitam desta IV Globalização para enriquecerem mais ainda, para desestruturarem o adquirido social de protecção dos Mais Carenciados e de Solidariedade no seio da Comunidade, enfim, os que já escreveram que éramos PIGS, que as Agencias de Notação são a verdade de hoje, que os Estados têm de desaparecer das áreas económica e social, que a participação se resume ao voto periódico e que a Informação e o saber é só para alguns!

Como atacar esse Inimigo Principal?

Lá onde lhe dói mais, como diria alguém que tem ainda e sempre o meu respeito.

Nas Nações Unidas, no Parlamento Europeu, em todas as Instâncias Internacionais de Poder.

Exigindo Democracia Local e Global, Participação Local e Global, Regulamentação Local e Global.

Lutando nas Ruas e Praças claro, porque a Praça é do Povo como os Céus são do Condor, como dizia o Poeta brasileiro, mas de olhos onde está o Poder e não de olhos onde está a barriga, as televisões, os edifícios abandonados.

Porque se pusermos os olhos aí, dividir-nos-emos.

A violência de Londres é somente um alerta – há cada vez mais quem esteja mais zangado!

Mas não é a via.

A violência de Londres chegará claro a Lisboa, se a via assumida até agora, a dos cortes orçamentais cegos, continuar, mesmo que em muitos casos os cortes sejam mais que justificados.

Mas o aumento dos Transportes, o esvaziar do programa das Novas Oportunidades, não se explicam com um - porque sim!

Até porque se viu já que no ultimo trimestre o Desemprego, com a governação socialista, já estava a baixar, pouco mas a baixar.

Como se viu também que a cedência aos capatazes Agencias de Notação continua, e está instalada até em Washington, em Obama!

Que nos viu até como exemplo a citar, imaginem, sendo certo que não é por acaso – já fomos, nós CPLP, Império, e fomos o 1º Império na 1ª Globalização!

E acentuo, se os Estados baqueiam na sua função protectora dos e das Cidadãs que deveriam proteger, estes terão o direito à Autoprotecção!

Ora os Estados estão a fraquejar, as elites estão a vergar, pelo que há que procurar alternativas em nós Cidadãos.

Mas de forma consciente e não ficando na ridícula Revolta do televisor que levamos da loja para casa sem pagar!

Ou na estrita manifestação de rua contra um Governo que não manda no cerne do problema, pois estamos já na IV Globalização e não na Revolução Industrial!

E não resisto em terminar este texto com uma citação do já referido Manifesto Indignai-vos de Stéphane Hessel, do final deste mesmo Manifesto, “…nós os veteranos dos movimentos de Resistência e das forças combatentes da França Livre (1940-45), que não há duvida que “o nazismo foi vencido, graças ao sacrifício dos nossos irmãos e irmãs da Resistência e das Nações Unidas contra a barbárie fascista. Mas esta ameaça não desapareceu completamente e a nossa fúria contra a injustiça mantém-se intacta…E é por isso que continuamos a apelar a “uma verdadeira insurreição pacifica contra os meios de comunicação de massas que só apresentam como horizonte à nossa juventude uma sociedade de consumo, o desprezo pelos mais fracos e pela cultura, a amnésia generalizada e a competição renhida de todos contra todos””.