07 agosto 2005

OTA TGV Opinião

Recebi de Alexandre de Castro um comentário ao posts anterior que pela extenção e qualidade merece o devido destaque:

O tema do TGV e do novo aeroporto deve ser exaustivamente discutido, pois qualquer decisão a ser tomada irá condicionar o País durante algumas décadas. São opções de fundo, cuja justeza só poderá ser avaliada daqui a alguns anos.As medidas de efeito imediato podem ser rapidamente corrigidas se os efeitos não forem satisfatórios.

Com uma opção política desta descomunal envergadura as coisas são diferentes, pois não há caminho de regresso. E Portugal está a pagar bem caro, neste momento,com os incêndios, a ausência de políticas correctas dirigidas para o mundo rural e para a floresta, que deveriam ter sido tomadas há bastante tempo.


Na década de 80 muitos especialistas alertaram que a desarticulação do mundo rural, com a emigração para a Europa e para os centros metropolitanos do litoral, levaria fatalmente ao desequilíbrio económico, social e ambiental, e que a não rentabilidade da floresta e o abandono da sua exploração a expunha no futuro aos incêndios. Os governos, desde Cavaco Silva, apenas pensaram na obra de betão, também necessária, e votaram ao esquecimento o interior do País, não promovendo políticas atractivas, destinadas a fixar jovens agricultores, não procedendo à reforma que se impunha, e ainda se impõe, da reestruração da propriedade fundiária, através do emparcelamento, incentivando a constituição de empresas do cluster da floresta de pinho, onde se deveriam incluir as sociedades gestoras das florestas, dirigidas por agrónomos e silvicultores, que assumiriam a gestão, a manutenção e a comercialização das florestas de propritários associados.


Só com a activação dessas políticas esclarecidas teríamos hoje a floresta limpa, ordenada e rentável e menos exposta à calamidade dos incêndios de Verão.
Assim será com o aeroporto da Ota e com TGV. Qualquer das opções a tomar, avançar com o projecto ou cancelá-lo, terá os seus efeitos positivos ou negativos. Sem partidarismos de pacotilha, é necessário ouvir as pessoas e os especialistas.

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