Ao Alexandre de Castro.
Nota-se na sua recusa do OTA/TGV, uma sólida e bem estruturada fundamentação, com a qual é impossível estar em desacordo. Subscrevo inteiramente o que advoga como alternativas aos gastos brutais, cujo retorno diz ser apenas circunstancial. Mas a questão que se coloca também, é que essas alternativas, são modelos de desenvolvimento integrado tão arredios do pensamento dos nossos governantes, estes, e os outros que acabam, por esta razão, nem se colocar como alternativas.
Seria bom que houvesse no meio de toda esta catástrofe dos fogos, algum fogo regenerador. Porque estamos no tempo limite: ou invertemos agora ou vamos assistrir de “mês para mês” à desertificação de zonas que não se pensava fosse possível, tão cedo.
Assim o povo português tivesse aquela capacidade para dizer: basta! Mas prepara-se para coroar um dos padrinhos (Cavaco Silva) que não só ajudou a liquidar a hipótese de implementar essas alternativas, como as substituiu pelo seu célebre “petróleo verde” . Até à altura do seu reinado político, o eucalipto que existia no Alentejo pouco mais servia do que suporte ao acampamento de ciganos. Nunca, enquanto lá habitei, assisti à exploração de terrenos pela via destas rezinosas. Os fogos que o meu padrinho, Comandante dos Bombeiros, apagava, não tinham a proporção de catástrofe e era feito com ronceiras viaturas, mas bastavam. Depois daquela alteração, foi a inversão.
Um dia, visitei uma zona de montado de sobro e zinho onde gostava de ir. Fiquei siderado!... Durante bastante tempo não reconhecia o que estava a ver! Aquela zona havia sido replantada com eucaliptos e houve um fogo com as àrvores ainda pequenas... Resultado: como a paisagem que guardava na memória era completamente desajustada daquela, dado que desconhecia a plantação de eucaliptos, fiquei por ali completamente confundido porque a alteração ecológica era tão grande que não conseguia reconhecer um metro quadrado da paisagem bonita, rude e milenar antes conheci. Houve portanto uma altura chave nesta transformação que foi feita muito recentemente e deveria falar-se mais nos "responsáveis" por esta transformação, porque eles ainda andam aí, uns e outros.
Parece-me portanto que uma das formas de restabelecer o equilibrio ambiental do país e de cada região em especial, é dotá-las novamente das espécies autóctones que preservaram a floresta e os terrenos até há bem pouco tempo. Depois do crime ambiental irreversível cometido em meados do século passado, com a desflorestação do Alentejo para ser o “celeiro de Portugal”, voltamos a cometer outro, mas agora em prol das Celuloses que deram boas acções na bolsa e louváveis e reincidentes ministros. E um dia destes até ía sendo para campos de golfe!...
O que é estranho é que o diagnóstico que faz e não está sózinho a fazê-lo, apareça no meio de toda esta nossa descoordenação nacional, como uma utopia... Uma das questões que me leva a manter este blog que apareceu por via da alteração da lei das rendas é esta necessidade de achar que temos de estar todos empenhados, mas todos, nesta luta contra as muitas e diversas irresponsabilidades que grassam neste país.