26 fevereiro 2007

O Patriotismo

Caro Egas: Insisto nessa questão por achar que perdemos energias gostando pouco de nós e valorizando demasiado os outros. Se não gostamos do que somos e como somos, só temos uma hipótese: a instrução e a cultura, uma barrela e roupa nova. A nossa subserviência canina, responsável pela legitimação e manutenção do discurso rasca e da aceitação de outras prepotências, advem de males que já conhecemos e esses, só se combatem com um espírito aberto. Um dos problemas das sociedades menos desenvolvidas, na competição, parece-me ser a falta de valores de aferição e nesse sentido, falta-nos de facto o contacto com os outros. O mar e a Espanha ( o que a Espanha tem sido) não foram própriamente a melhor forma de o fazer. As periferias são as que menos beneficiam do contacto civilizacional. E se tiverem ainda o azar de apanhar com uns botas salvadores pelo meio, na sua vida, marcarão certamente passo durante muito tempo. É para o combate deste estado letárgico que me parece que o povo não encontra força anímica, dai que me preocupe muito sobre a falta desse catalizador que nos ponha todos ao mesmo tempo, num objectivo. A Pátria de cujos valores a Cidadania se reclama instigadora, poderá ser um dos pilares sobre os quais é possível esse despertar, daí que insista e também desanime quando vejo tanta infidelidade. Não sei a que artigos te referes no teu comentário um post abaixo, mas um dos que pode resumir o que penso, é este: Que inveja me fazem...

4 comentários:

Unknown disse...

Graza,
Não poderia estar mais de acordo, não obstante a dureza das tuas palavras.

Não sei se nos falta contacto civilizacional ou um salvador em condições... Sei sim que a partir de certa altura na nossa história a força anímica nos começou a faltar. Somos apáticos. Falta-nos ambição e competência. Mas sobretudo falta-nos responsabilidade. Hoje em dia deixamos sempre para amanhã o que podemos fazer hoje. Não admira pois que Portugal ande à deriva.

Mas o problema é sabermos que temos todos esses defeitos e não nos emendamos. Cometemos consecutivamente os mesmos erros para depois acabarmos sempre lamentarmo-nos da nossa sorte. E não nos emendamos… Esquecemo-nos que a sorte se constrói: o euromilhões não sai todos os dias.

“A sorte favorece os audazes.” Mas a nossa audácia anda perdida pela história.

Unknown disse...

Os posts a que me referia eram, entre outros:
Um nojo de gente (23/10/06)
Ser português (27/03/06)
Queixa contra Iberista (10/11/06)
Banca, Transportes & Mais (19/11/06)

Mas tenho-me deliciado com tudo um pouco. Sobretudo a ouvir Fernando Alves que desconhecia.

Unknown disse...

Esqueci-me de mencionar os posts:
1º de Dezembro de 1640 (01/12/06)
Ramalho Eanes (07/12/06)

Graza disse...

Olha Egas face à imensidão que este universo virtual já é, penso que também tu escreves aqui cada vez mais com um pouco do espírito do “Sermão ao Peixes”, mas não é por isso que vais deixando de tentar transmitir a tua mensagem. Fazes disto, uma espécie de diário aberto onde só cabe o que queres que represente a somas de ti. De vez em quando em algures há pontos comuns e pessoas com as mesmas preocupações que te alertam para o facto de poderes estar mesmo a ser lido. E por representar algum resquício de vaidade, não tem que ser mau, é bom, porque te anima da dúvida de pregar aos peixes.