13 janeiro 2008

A BANDEIRA NACIONAL

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UMA NOVA IMAGEM.

A MESMA BANDEIRA
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em 2010


Comemoração dos 100 anos da Implantação da Republica e
Comemoração dos 900 anos da Fundação da Nacionalidade


Esta proposta da remodelação da bandeira é apenas a adaptação do estandarte de formato quadrado em uso pelas Forças Armadas Portuguesas, ao projecto da Nova Bandeira Nacional que se deveria efectuar nas comemorações a realizar em 2010, para com esta alteração homenagear:

- A República que comemora os 100 anos da sua implantação em 1910.
- E Portugal que vai comemorar os 900 anos da sua fundação em 1110.

Esta imagem resulta visualmente mais equilibrada, e a razão para a apresentar é tão nobre que não teremos tão breve uma data tão significante. São apenas cinco alterações, mantendo-se identificada a bandeira, uma vez que é difícil justificar neste contexto, alterações mais profundas:

- As cores passam a ter a proporção igual na bandeira.
- O verde altera para o tom azeitona, mais compatível com o vermelho.
- A esfera armilar é envolvida com a coroa de louros do estandarte.
- A simbologia deveria ser revista por manifesta desadequação à actualidade.
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Porque a fita que envolve o escudo tem uma inscrição que pertence às Forças Armadas, nessa recomposição deveria ser analisado em conjunto o sentido das diversas simbologias inscritas no brasão de armas, como os castelos ou as chagas por exemplo, que têm uma representação que já não faz nenhum sentido hoje. A inclusão dos louros resolve o problema da limitação daquela isolada esfera armilar e do seu perdido efeito visual no centro da actual bandeira. Basta atentar na nova imagem da proposta e na manutenção da identidade que ela continua a representar, para se tomar este projecto como derradeiro face ao momento para que se propõe.

2007 – Proposta da Portugal Europe’s West Cost (recusada)


Esta bandeira azul, foi a proposta de alteração apresentada pela campanha actualmente em curso sobre Portugal, mas não considerada ou recusada. Todos sabemos que há com Portugal um problema de imagem, mas todos sabemos da dificuldade dessa inversão, temos bons vinhos, bons sapatos, bons produtos etc., mas falta de imagem, porque são outros factores que pesam na sua modificação. Vemos também com alguma frequência outros países fazer essa publicidade, não sendo por isso errado tentar por esta via comunicar outra imagem que altere o estereotipo que alguns têm de nós. Mas o erro não foi só este projecto de bandeira aparecer neste contexto. Tão errada foi a alteração proposta, porque a cor azul apresentada seria retomar o inicio a o fim das cores da Monarquia que tiveram bandeiras azuis, e azul total é também a bandeira da União Europeia! Uma campanha publicitária, apesar da sua qualidade, não é um motivo suficiente para alterar uma bandeira.

1910 – Implantação da República


1110 – Fundação da Nacionalidade

A nova imagem proposta não foi outra, por se conhecer o pensamento reticente e conservador dos portugueses nesta matéria, e para se mostrar que é possível, manter a nossa identidade com a bandeira sem uma alteração radical. Não me referi muito às alterações da simbologia, mas chamo a atenção para a análise que Fernando Eloy faz de Macau, aqui neste post, que subscrevo. As bandeiras nascem a maior parte das vezes no seguimento de acontecimentos ou revoluções profundas, e isso faz com que passem a exibir representações relacionadas, mas uma bandeira deverá ser um símbolo unificador.

Concordo por isso que se analise a questão dos símbolos, embora sejam pequenos detalhes numa visão global da bandeira, porque também não gosto de ver lá os troféus do sangue que fizemos aos mouros e outros, numa falta de respeito por esses povos, ou os símbolos que nada têm a ver com o Estado laico que somos, e nos quais não me revejo nem um pouco, parecendo que aquela bandeira é só dos portugueses com uma determinada crença religiosa.


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12 comentários:

tacci disse...

Meu caro Grazza:
Conhece as propostas de bandeiras portuguesas de http://dizeresmeus.blogs.sapo.pt/ ?Trata-se de um blog já desactivado, mas que merece uma visita.
Pessoalmente considero que, quanto menos símbolos uma bandeira tiver, mais simples se torna e mais própria para congregar as pessoas à sua volta. Mas não estou a ver a Igreja Católica a aceitar bem a retirada dos símbolos das cinco chagas de Cristo, nem a dos castelos reconquistados ao Islão.
Um abraço.

tacci disse...

PS:
Já agora, o Hino Nacional também está cheio de referências que, no nosso tempo, talvez já devessem ser repensadas. Mas a coisa mais terrível é a orquestração. A meu ver torna pomposa, eu diria mesmo tristonha, uma música que é bonita.
Outro abraço.

Graza disse...

Tacci, os projectos apresentados nos "Dizeres Meus" mesmo a brincar não deixaram de ser um exercício de reflexão sobre a Bandeira Nacional, pelo que são também aqui adicionados. Traga mais!

Quanto à simbologia estamos perfeitamente de acordo. Exibir simbolos numa bandeira com cujo sentido não nos identificamos agora e outros que rejeitamos, deveria ser motivo bastante para essa remodelação.

Quanto ao Hino, porque se trata de um simbolo que não tem a mesma frequência de uso e de constante exibição de imagem, não terá a mesma prioridade, e nas letras todos eles são o resultado das épocas em que foram feitos, veja-se a Marselhesa. Concordo que poderia ter uma orquestração mais nobre e menos surumbática, mas se criar atenção para um simbolo já é difícil, quanto mais para dois.

Graza disse...

Um agradecimento especial aos comentários Pró e Contra recebidos por email mesmo antes deste post ter sido editado, ou quem entendeu fazê-lo por telefone, ficando agora desta forma dispensados se o entenderem.

Anónimo disse...

(...)"Ora, segundo o filósofo José Gil, os anos do salazarismo explicam muito o português médio actual um cidadão que está dividido entre o medo e a obediência, por um lado, e as forças modernizadoras que surgiram na sequência da nossa adesão à União Europeia, por outro. Curiosamente, a bandeira actual do país não foi mudada com a Revolução dos Cravos. "As mentalidades são coisas que são incrustadas e que ficam incorporadas, mesmo quando as causas desapareceram. Por isso eu me refiro tanto ao salazarismo. Nós adquirimos muita coisa que continua a mover-nos e a motivar-nos sem que as causas ainda existam. Não somos tão livres quanto poderíamos ser na nossa sociedade, quanto as nossas leis e Constituição nos permitem. Não somos porque temos hábitos incrustados", explica José Gil, autor do livro "Portugal, Hoje. Medo de Existir"(...)

(...)"Eu sou de uma geração em que a bandeira brasileira também não era bem vista porque estava associada à ditadura militar. Em Portugal, tanto o hino como a bandeira talvez tenham ficado muito associados a Salazar. É natural que as pessoas tenham depois alguma retracção em identificar-se com esses símbolos", afirma Edson Athayde." (...)
http://jn.sapo.pt/2006/06/10/primeiro_plano/bandeiras_sao_da_seleccao.html

Anónimo disse...

losofia do ICEP, pois estes sim são os grandes responsáveis da má imagem de Portugal no estrangeiro? Onde esteve a publicidade ao Euro fora de Portugal? De certeza que não era apenas no avião da TAP... Já quando foi da Expo98 se não fosse a publicidade das televisãoes belgas com equipas de reportagem em Lisboa durante 6 meses nada se teria visto. Quando Portugal foi convidado de honra na feira de turismo em Antuérpia apenas tinham um stand à entrada com alguns pastelinhos de bacalhau e rissóis e apenas um funcionário que falava o flamengo!

Chega de prospectos com carros de bois e artesanato! Chega de saloiada e de parolada! Até Cuba, Marrocos, a Croácia e a Bulgária fazem melhor! Tinham um grupo folclórico em permanente actuação e ninguém arredava pé! O de Portugal, como sempre, deserto.

Para quê pois mudar a bandeira se o resto fica na mesma?

Unknown disse...

Bem, parece que me coube o papel de contraponto.

Antes de mais gostaria de esclarecer que compreendo as razões dos que são favoráveis a uma mudança de imagem da bandeira nacional. Compreendo e respeito-as, mas não partilho delas.

A Bandeira Nacional é muito mais que a imagem de um país. É a imagem de uma Nação, de um grupo que partilha toda uma estrutura social, cultural e patrimonial. A Bandeira Nacional, tal como o Hino Nacional ultrapassam largamente a identidade individual. São símbolos quase sagrados que existem num nimbo etéreo. Assim, qualquer alteração a esses símbolos só será possível com profundas modificações na bitola de valores de um largo espectro civilizacional. Acontece que esse tipo de mudança ideológica só é possível em períodos de intensa transformação, por outras palavras, durante uma revolução.
Foi assim que nasceu a actual Bandeira Nacional. Só assim poderá surgir um nova Bandeira.

Como bem referiu João Gil, uma possível mudança à Bandeira Nacional poderia ter sido feita no seguimento da Revolução dos Cravos. Porém tal não aconteceu e apelar à comemoração do centenário da Bandeira Nacional para justificar qualquer alteração parece-me infantil, se não mesmo uma traição à História Nacional e a todos quantos lavraram as actas da nossa nacionalidade.

Não posso ainda deixar de considerar como levianos todos quantos procurem fundamentar a sua opinião apelando a uma certa associação da Bandeira Nacional ao Estado Novo. A Bandeira Nacional é anterior a Salazar e ao Estado Novo e é mais que tudo um apelo à liberdade e ao poder de voto popular, ou não fosse um dos marcos da Implementação da República.

Não me parece também ser obrigação da Bandeira Nacional acompanhar fidedignamente a actualidade. A Bandeira Nacional espelha nação que representa, sendo, por isso, um compêndio da sua História. Consequentemente, parece-me que a actual simbologia se encontra perfeitamente adequada à função que desempenha:

- Os castelos, as quinas e os besantes evocam as conquistas, vitórias e lendas ligadas à fundação de Portugal por D.Afonso Henriques.

- A esfera armilar, emblema de D. Manuel, simboliza o Universo e a vocação universal dos portugueses.

- Por seu lado, o popular verde-esperança é símbolo do positivismo e do espírito republicano, enquanto o vermelho-vivo simboliza a luta dos povos pelos grandes ideais de Igualdade, Faternidade e Liberdade.

Negar qualquer um destes símbolos é não só tentar negar uma parte da nossa história como é também uma negação da nossa própria identidade.

Mas já que se colocou essa hipótese, porque não remover também a esfera armilar e o campo vermelho. É que se virmos bem, tanto um como o outro apresentam uma potencial conotação negativa: o vermelho será o sangue e a esfera a representação da epopeia dos descobrimentos, e com ela tudo o que de mau os portugueses fizeram durante essa época (genocídio, escravatura, etc). E porquê o verde-azeitona? Só por ser mais compatível? Porquê os louros?!, símbolo que não apresenta qualquer associação próxima com Portugal.

Peço desculpa, mas no que toca a simbologia e nacionalismo Columbano, João Chagas e Abel Botelho percebiam muito mais que Pinhos, Nick Knights, ou até mesmo qualquer um de nós.

Unknown disse...

Estando lançado, tenho a dizer também a dizer que discordo completamente do Tacci, no que ao Hino Nacional diz respeito.

Primeiro não vejo qual a relação entre pomposo e tristonho. "Eu diria mesmo" que conferem sentimentos opostos.
De facto, considero mesmo o nosso Hino um dos mais bonitos que por aí se ouvem. Digo-o maximizando ao máximo a minha neutralidade, embora isenção seja obviamente duvidosa.
Considero-o eloquente e magnificente. Uma orquestração arrojada que se faz acompanhar de uma letra que consegue eloquentemente resumir alguns dos nosso maiores feitos enquanto nação.

De qualquer forma, penso que a única alteração no Hino que se justificaria era a substituição temporária dos "Canhões" por "Bretões". Digamos apenas que os recorrentes insultos do "bifes" já merecem uma resposta ao mais alto nível.

Graza disse...

Egas, remeto-te para a resposta em novo post a seguir.

Anónimo disse...

Meu Caro Egas:
Concordo consigo em que o nosso Hino Nacional é bonito - se reparar no meu comentário, reparará que eu digo isso mesmo.
E mais: se já o ouviu cantado num estádio por cem mil pessoas, como eu ouvi no antigo Estádio da Luz, perceberá o que eu quero dizer: a voz dos populares como eu adianta-se inadvertidamente à música gravada porque o entusiasmo reclama outro andamento. Não sei nada de música, mas penso que um andamento do tipo allegro con brio seria preferível ao que eu julgo ser um Andante Maestoso ou um Grave.
Mas, claro, se houver um músico que nos possa dar uma opinião mais informada eu estou pronto a ouví-lo.
Um abraço.

Graza disse...

Tacci, pode não saber nada de música, mas disse de uma forma cristalina aquilo que acho ser um problema do Hino Nacional, a diferença foi que não me soube explicar e chamei-lhe orquestração surumbática. Outras palavras mas um mesmo significado.

Graza disse...

Tacci, a justifiar o seu primeiro comentário a propósito dos simbolos nas bandeiras, veja o trabalho de Josh Parsons, “The world's flags given letter grades”, com link no blog,
http://pukeko.otago.ac.nz/~jp30/flags/ratings.html, meio a brincar mas também sério, porque estabelece uma metodologia de classificação, sobre a análise das bandeiras mundiais.