23 julho 2008

A pressão ao Bastonário

O Dr. Carlos Pinto de Abreu, Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, assinou uma Carta Aberta de resposta à que o Bastonário escreveu aos Advogados, que pode ler neste link: Carta Aberta ao Dr. António Marinho e Pinto.

Actualmente jogo pouco xadrez, mas uma das regras básicas que aprendi, é que a melhor forma de me defender é com ataque a uma pedra ou posição de valor superior. É o que estamos a assistir neste momento, em que os ataques ao Dr. Marinho e Pinto vêm de alvos que atingiu genericamente: Magistrados, Conselhos Distritais da Ordem e alguma“classe”, ataques estes agora de formato diferente, porque têm um endereço concreto: o Bastonário.

Se não dissequei a carta do Bastonário, não o vou fazer com esta do Dr. Abreu, não só pela condição de observador externo, mas porque a acho provavelmente enquadrada em pelo menos dois dos alvos atingidos. Ressalto no entanto o facto de ser igualmente uma resposta em texto simples, sem a atrapalhação dos tais gongorismos inúteis, que se saúda, mas sublinho algumas afirmações que poderão falar por si:

“... parece que a eleição nada garante senão a conjuntural “vontade da maioria”. Parece?! Mas nem sempre o que parece, é! Não é Doutor?

“... o que nem sempre é sinónimo da prossecução da “vontade geral” e do bem comum...”. Porquê? Anteriormente com as “outras maiorias” e porque eram outras, já foi isso?

“... Nós, advogados, não aceitamos generalizações abusivas,...”. Sim, está bem! Mas ainda que aqui neste caso alguns achem que os afloramentos de Corporativismo revelados possam ser do “bom”, como o colesterol, eu tenho-os para mim sempre, como uma chaga na Democracia.

“...E, para além de outra fixação...”, e “... a eterna obsessão em colocar...”. Quando a conversa não agrada porque se tocam nas feridas, é preciso desviar a atenção com o argumento mais à mão, e aqui sim, denegrir é a melhor forma, tratando as opiniões dos outros como ”fixações” e ”obsessões”. Conhecem-se os métodos.

“... ? (Pontos de interrogação)...” Contei 58! Cinquenta e oito pontos de interrogação na carta aberta do Dr. Abreu. Oxalá o Dr. Marinho e Pinto não enverede pelo mesmo estilo e responda com a duplicação em pontos de exclamação! E fico por aqui.

Nota final. A meu ver, o Bastonário não terá, como ex-jornalista, percebido que estava a cair num engodo da Comunicação Social e na sua ânsia de fazer passar a mensagem em grandes audiências, terá sido vítima dela, porque era óbvio que o fogo viria de vários lados. Já desde o Eça que “este país é uma choldra”, e não me espanta que tudo se conjugue para que o Bastonário fique isolado e os poderes que pretende afrontar triunfem como triunfaram até aqui, não ajudando este país e mantendo-o mergulhado neste caldo de cultura que só interessa aos que dele podem e se sabem aproveitar. O que está em jogo, embora seja matéria exclusiva destes operadores da Justiça Portuguesa, diz-nos também respeito, daí o interesse com que acompanho estas evoluções e é errado considerar-se que a tensão destas linhas de força deve ser-nos escondida. Ao contrário, o que desconheço, é que me traz insegurança. Temos o direito de conhecer a saúde dos organismos em que confiamos. Não é por haverem opiniões divergentes e formas novas de encarar os problemas existentes que vou ficar com “imagens de anarquia e desgoverno”. Do que tenho medo é do que não me permitem que conheça. E como já não sou novo, ainda me lembro como foi nesse tempo.
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