15 abril 2009

Marinho e Pinto, sem medo.

“...o legado do medo que nos deixou a ditadura não abrange apenas o plano político.”

“... Porque na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão da liberdade....”
José Gil em: "Portugal, Hoje – O Medo de Existir".

O povo deste país tem de há muito uma espécie de temores reverenciais, que por insistência histórica tem originado que muito pouco se inscreva na vida dos portugueses, o que de certa forma alimenta um poder que o tolhe e lhe sonega a Justiça. Isto acaba também por estar na base do que fez com que José Gil desse ao seu livro aquele título.

Vem isto a propósito da entrevista de ontem à TSF e do apoio que tenho dado ao Bastonário Marinho e Pinto, porque acredito que como ele diz, é a liberdade plena que move o seu espírito na procura da Justiça e quem não o entender, ou não quiser, dificilmente estará com ela de corpo e alma - isso não seria pecado, porque há muito quem cumpra o seu desempenho apenas de corpo presente - mas ao contrário, Marinho e Pinto está com a sua convicção e a verdade que lhe lemos no que diz, a romper com o discurso formal e a ousar entrar no castelo da Justiça tentando que se alterem regras internas de poder e domínio que fizeram da nossa Justiça aquilo que vemos.
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Hoje, quase gostaria de ter feito uma licenciatura em Direito, para poder ter o prazer de o ajudar com o meu voto. Mas, trazer um cidadão externo como eu, para a causa da Justiça, é já uma mais valia que nenhum outro se pode orgulhar. Continuo porém a temer, pela poderosa corporação que está a enfrentar, se a grande base que o elegeu vacilar no seu apoio.

Não vale a pena dissecar aqui a sua excelente entrevista de ontem à TSF, basta ouvi-lo neste link, abrindo depois o comando do som e fazendo pause neste blogue.

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