08 junho 2009

O Voto

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No debate que reaparece sobre a obrigatoriedade do voto, face ao alheamento do cidadão, e porque é da retirada de um direito que se trata, sou também dos que não concorda que me obriguem a votar, porque o meu voto é também para que isso nunca me seja imposto, embora saiba da existência subentendida de um compromisso com a democracia. É nesta simplicidade de organização política que me revejo e nunca deixei por isso de dar o meu apoio votando, porque uma coisa que não admitiria era ser acusado de não ter remado quando me foi pedido, passando a ser um indesejável peso morto, por rebelião ou inacção, tanto faz. O paradoxo, é que a perfeição da democracia que reclamo, é mesmo aquela que me dá o direito de não a exercer, mas que faz ao mesmo tempo com que recuse ser pária na cidadania, caso faça da minha ausência a forma sistemática de participar.

Na noite de todas as vitórias que lavou tristezas, também eu ganhei, era o que faltava! ... Mas entre tanta leitura e euforia trocaram a minha intenção de voto, se é que votei. Somos um país de ganhadores, mas pouco sabemos o que fazer com as vitórias.

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4 comentários:

uivomania disse...

Vendo o cartoon no contexto, envio aquí os parabéns ao tacci. No entanto, vale a pena investigar e reflectir sobre o comportamento social das formigas e trofalaxia. Salvo as devidas diferenças, temos muito a aprender com as formigas.

Graza disse...

É preciso referir que o cartoon foi abusivamente colado ao texto, pelo que recomendo a visualização no contexto que o Tacci lhe deu.

O seu comportamento social sim, já nos deveria ter servido de caso de estudo, mas lá a trofalaxia é que por mim dispenso bem!...

uivomania disse...

No sentido literal compreendo que dispenses a trofalaxia, já no figurado, repara: uma formiga passa por outra... encostam as antenas... trocam informação; ao nível nutricional, verificam assimetrias e, se uma tem (digamos) dez, enquanto a outra tem dois... a que tem dez, passa à outra quatro...

Graza disse...

Concedo. De facto, é relevante que a perfeição do funcionamento da estrutura das suas sociedades se faça através de mecanismos de compensação das assimetrias nos êxitos de cada uma, na labuta para a colónia, acabando por resultar em bem geral.

Não fosse aquela parte de serem todas eunucas ... - o que configura a única possibilidade de conseguir aquela perfeição - e teríamos ali um modelo! Assim, vamos ter que continuar a procurar outro menos castrante!... A menos que aquele toque seja mais qualquer coisa...