Buchholz. Ou o seu epitáfio?
Ia à Livraria Buchholz, na Rua Duque de Palmela, comprar um livro, mas a indicação à entrada provocou o desalento que aqui me trouxe. Por baixo da reentrância da porta de vidro já se acumulavam folhas amarelas de Outono, que me acentuaram a melancolia neste S. Martinho, talvez ainda pela falta de água-pé e duas castanhas. Não comprava ali há algum tempo porque o meu circuito na cidade mudou e este intervalo foi fatal. A Buchholz não aguentou o momento que aqui antecipei há dois anos atrás, em Livros & Hipermercados, e ela passa agora nesta história, pelo dilaceramento real do corpo que um dia fez parte da cultura da cidade.
Somos todos culpados! Porque já misturamos a leitura com as couves, quando a mercantilizamos no hiper por mais ou menos um euro. Uma livraria com aquela história entra em qualquer classificação que façamos de património cultural ou imaterial, só a gestão das cidades não parece ver isso. Aceitam-se propostas que salvem as livrarias, desde que não incluam a mistura de livros com chouriço. Os hipermercados secaram as cidades - todo o comércio nas cidades - e elas nasceram mesmo por essa razão. É no comércio que está a sua génese, e a alteração deste padrão de organização humana está já a provocar roturas das quais nos vamos queixando, sem nos apercebermos bem de quê. Depende de nós, já que os poderes que atibuimos à livre concorrência também estão aí para se servirem apenas de nós. Vai morrer mais um pedaço da cultura da cidade sem que ninguém dê o alerta.
Ia à Livraria Buchholz, na Rua Duque de Palmela, comprar um livro, mas a indicação à entrada provocou o desalento que aqui me trouxe. Por baixo da reentrância da porta de vidro já se acumulavam folhas amarelas de Outono, que me acentuaram a melancolia neste S. Martinho, talvez ainda pela falta de água-pé e duas castanhas. Não comprava ali há algum tempo porque o meu circuito na cidade mudou e este intervalo foi fatal. A Buchholz não aguentou o momento que aqui antecipei há dois anos atrás, em Livros & Hipermercados, e ela passa agora nesta história, pelo dilaceramento real do corpo que um dia fez parte da cultura da cidade.
Somos todos culpados! Porque já misturamos a leitura com as couves, quando a mercantilizamos no hiper por mais ou menos um euro. Uma livraria com aquela história entra em qualquer classificação que façamos de património cultural ou imaterial, só a gestão das cidades não parece ver isso. Aceitam-se propostas que salvem as livrarias, desde que não incluam a mistura de livros com chouriço. Os hipermercados secaram as cidades - todo o comércio nas cidades - e elas nasceram mesmo por essa razão. É no comércio que está a sua génese, e a alteração deste padrão de organização humana está já a provocar roturas das quais nos vamos queixando, sem nos apercebermos bem de quê. Depende de nós, já que os poderes que atibuimos à livre concorrência também estão aí para se servirem apenas de nós. Vai morrer mais um pedaço da cultura da cidade sem que ninguém dê o alerta.
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