15 maio 2010

Um balão a mirrar.




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Como podem os Oceanos estar há um mês a ser inundados de naftas sem que haja fim à vista numa solução eficaz, e não encontrarmos uma preocupação geral que esteja de acordo com a importância deste terrível desastre, nem vermos, pelo menos por cá, os media darem-lhe relevo face a outros títulos em agenda?

A exploração petrolífera nos oceanos em plataformas que descem tubos de sucção a milhares de metros de profundidade, é uma actividade de garantias pouco seguras como se viu agora, porque aquilo não deixa de ser uma gerigonça frágil perante as potentes forças da natureza a que está sujeita e se provou agora que é um enorme risco planetário. Nunca questionávamos os processos de segurança em caso de acidente nestas estruturas, porque achávamos que tudo estava pensado, e nestas, sempre achei que nos mecanismos de contenção de uma rotura, se recorresse a algum método de aproveitamento da física da natureza e não a um processo mecânico de válvulas degradáveis sujeitas a avarias e a homens sujeitos à asneira, porque um desastre a tantos metros de profundidade não iria lá ter reparadores de máscaras e garrafinhas de ar nas costas para o resolver.


Para além dos milhares de toneladas de crude a ser derramados diariamente desde o dia 20 de Abril - 800.000 litros durante 25 dias são 20 milhões de litros até agora, - e que se vão espalhar sem controlo levando a morte por onde passam, resta ainda um outro, que terá porventura a ver com a compensação da massa na crosta terrestre que é extraída das enormes bolsas de crude, através da injecção de água para o fazer subir e simultâneamente preencher os espaços vazios que ficaram. Quantas plataformas existem no mar a correr este risco? A Terra é cada vez mais, desde o evento da época industrial, um enorme queijo suíço, porque não paramos de a esventrar sempre mais fundo e neste processo, ainda um dia veremos nela o efeito de um balão a esvair-se.
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