24 janeiro 2011

O voto branqueado.

.
Estive num jantar com amigos com a televisão pelas costas. Porque me bastava saber se havia ou não segunda volta. O detalhe do que aconteceu vi depois no bom artigo de Henrique Sousa. Eles revelaram a triste realidade que constatei no jantar. Ao meu lado estava um amigo, um tradicional votante de esquerda, uma pessoa esclarecida. Votou em branco... Tive que abrir o Alegro para lhe mostrar com o quadro que fiz para este post, o logro em que caiu. Confessou-me que num jantar onde esteve discutiram a questão e a conclusão era que votariam em branco. Verifico agora que houve mais 175 363 brancos e nulos do que em 2006. Contribuiu assim com a falta de informação que assumiu, para a vergonha que é voltarmos a ter esta máscara de cera na presidência por mais cinco anos. Quando fiz aquele quadro em Excel foi por sentir que havia gente baralhada pela confusão que por aí foi lançada com e-mails fraudulentos e que nunca vi desmontados pela Comunicação Social. O próprio esclarecimento da CNE foi insípido e deixou quase tudo na mesma. Cavaco clama vitória com menos meio milhão de portugueses a apoiá-lo do que em 2006, porque houve portugueses que se enganaram, outros que foram enganados e outros que gostaram de ser enganados. Tenho pena que não sejam chamados a pagar a factura apenas os que gostaram de ser enganados, mas lamento que o meu país seja ainda a triste realidade escancarada nas declarações acéfalas de tantos e calculistas de alguns. Chego á conclusão que faço parte de uma elite da qual também fazem parte os brancos e nulos. E quer se queira, quer não, terão que ser as elites a perguntar o que é que leva um país a ter um presidente eleito apenas com 23% dos seus eleitores. Éramos quase 10 milhões de inscritos e pouco mais de 2 milhões impuseram-nos este homem por cujo perfil se babam. Fica um novo quadro que nos mostra que não é democrático não levar em conta a opinião de quem não tem lá um candidato que lhe sirva, porque isso, também é uma opinião.
.
Publicado também no Alegro Pianíssimo.
.

2 comentários:

Ricardo Sardo disse...

Confesso que apenas votei num dos candidatos precisamente porque o branco não valeria. Acabei por escolher Nobre, já na mesa de voto, mas poderia ter sido um outro que não Cavaco. Como já escrevi por diversas vezes, considero que nenhum dos 6 tinha o perfil e o mínimo de competência exigidos para o cargo, por razões diversas. E como escrevi ontem, já com os resultados conhecidos (no mesmo sentido do que o Graza agora escreveu), quem votou Cavaco perdeu qualquer autoridade moral para criticar os políticos, a corrupção, o compadrio e os favores, os negócios obscuros, as maroscas e traições, porque quem vota em Cavaco, com todos os seus defeitos, lacunas e feitos conhecidos, está a aceitar, nem que seja tacitamente, tudo aquilo que ele fez (e não fez) nestes cinco anos. Já vimos este filme com os Isaltinos deste país, vemos agora no mais alto cargo nacional. Venham agora fazer manif's e protestar nos foruns da TSF e da Opinião Pública da Sic que nós estaremos cá para os recordar o seu voto...
Abraço.

Graza disse...

Pois é Ricardo, não pode então deixar de não estar triste, embora eu ache que haverá por lá muita gente que esteve ao seu lado que estará pouco importada com mais cinco anos de Cavaco. Este país não é só agora de Isaltinos, passou também a ser de BPN's e afins.

Um abraço, vamos continuar cada um à sua maneira a provar que aqueles pouco mais de 2 milhões votaram sem escrúpulos éticos.