26 novembro 2011

O fado do nosso Fado

Reeditado:
Não será preciso que um júri venha dizer que o nosso Fado é Património da Humanidade, porque isso já nós sabemos, e sabe quem o ouve enternecido sem entender uma palavra cantada, porque é próprio da alma do Fado fazer-se entender pelo lado do coração. Não havendo outro género musical onde isto seja tão verdadeiro, como não podia então deixar de o ser? Se não ouçam: Mariza, Ana Moura e Fábia Rebordão.

                
 
Confesso que no calor da revolução de Abril, o Fado e todo o seu atavismo sofreu de mim quase de uma forma definitiva, do perigoso ostracismo que o poderia ter perdido. Sei hoje, que isso fez parte daquele folclore circunstancial, e do mecanismo de repulsa por tudo o que representava os símbolos do regime que tínhamos deposto. Lembro-me porém do aviso de uma jovem amiga francesa - a Claudine - que acabou por ter sido um pouco responsável por não se ter acelerado essa vertigem: - Não percam nunca este património musical. Dizia ao ver as nossas dúvidas revolucionárias confrontarem até patrimónios destes.

Como era possível vir alguém de tão longe dizer-nos isto? Ainda hoje me interrogo, não pelos seus conselhos, mas pelos mecanismos que nos bloqueavam. E se há acontecimentos nessas etapas que ajudam a ter a medida de outras revoluções a que venho assistindo, este, da defesa do Fado feito em 1974 por jovens amigas longínquas da Normandia, é um deles.

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