16 setembro 2012

Não há guiões para revoluções...

A totalidade da importância do que aconteceu no dia 15 de Setembro, não é ainda conhecida porque pode variar em função de evoluções que não conhecemos, mas há importâncias parciais que podemos já apontar por serem um dado adquirido.

Poucos momentos na história depois de Abril podem ser comparados a este. Não interessa aqui a quantidade de povo que esteve na rua, sendo certo que terá sido a maior manifestação depois do 1º de Maio de 1974, replicada em muitas cidades do país. A dimensão do desfile, em Lisboa, deve ser analisada por um outro prisma: não havia uma estrutura de organização que fizesse as pausas para com isso ampliar o efeito do número, era um desfile compacto, muito compacto por vezes ao longo de todo o percurso, que dizem, chegou mesmo a preencher o itinerário do principio ao fim, sempre acompanhado lateralmente pelos que queriam chegar primeiro ao destino.

Os que nasceram depois daquele Maio não sabiam do que falávamos quando contávamos o que aconteceu. Tiveram ontem uma amostra, porque dificilmente se repetirá o que foi a exultação por sairmos de uma clausura de 50 anos. Até aqui, tinham assistido a desfiles organizados, balizados por palavras de ordem pré determinadas, segundo o critério partidário que os dominava; ontem, a liberdade foi total; se cada um levava partido era no cartão de eleitor, e a Direita que desfilou perdeu por um dia o medo de ser de Esquerda.

Foi fantástico, fizemos mesmo qualquer coisa de extraordinário, mas também é verdade que subimos a fasquia, e não havendo guiões para revoluções, apenas causas potenciadoras, podemos perguntar se este é já um processo, em que fase estaremos? 

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