09 fevereiro 2013

Piegas é a (*)



(*) Peço que não omitam em cada leitura, o asterisco, que deverão substituir pelo termo que achem mais (in)conveniente. Reservo-me o direito de não revelar a contundência daquele em que pensei.


Sim, não sou piegas pá, piegas é a (*). Sou um pai preocupado, pessoa de bem, cidadão defraudado e tenho lábios que te dizem da pessoa que sou, coisa que tu não tens, nem és.

Sim pá, piegas é a (*). Eu sou um pai triste, pessoa decente mas cidadão revoltado à beira de tanta coisa que é melhor nem saberes. E sobretudo tenho lábios que falam da qualidade do meu carácter.

(*) sim, porque não sou piegas pá. Sou um pai amargurado que investiu na educação dos filhos e os vê partir agora porque lhes hipotecas o futuro.

Sim (*), não sou aquilo que nos chamaste. Sou mais pai do que tu alguma vez foste, porque nunca - como solução para a minha falência - mandaria emigrar os filhos dos outros.

Sim (*), o que te desejo é o dobro do mal que estás a fazer-nos à família que deveria ter os mesmos direitos que a tua.

Sim também, e infelizmente, o problema é que tu estás protegido por muitos outros (*) iguais a ti.

Seu (*) vai ao espelho e olha-te! Já viste como esses lábios nos falam de ti?

2 comentários:

Alexandre de Castro disse...

Grazina:
O meu amigo nem pode imaginar a quantidade de palavras que eu utilizei, retiradas da linguagem que o povo inventou, para substituir o empecilho do (*). E não fiquei satisfeito, o que só sucederia se eu pudesse "arrebentar o canastro" àquele (*), para que ele fosse para (*), e que deixasse de nos infernizar o juízo.
O texto traduz bem as preocupações de muitos pais deste país, que acrescentam às suas preocupações mais um grave problema: a ausência de futuro para os seus filhos e para todos nós.
É de difundir a toda a velocidade.

Graza disse...

O asterisco resolveu-nos a ambos um problema: poder chamar-lhe aquilo que não devíamos, aqui.
Um abraço.