04 março 2014

A propósito de “- Precisa de saco?”

Se por um lado não podemos todos optar com êxito pelo regresso imediato à sustentabilidade de uma vida fora da caixa onde estamos metidos, por outro, é dramático projetarmos o futuro, e parecer-nos estar agora num ponto de não retorno. O triunfo do egoísmo plasmado na ascensão imparável do neoliberalismo pela mão da política, mesmo até daquela que supostamente sempre esteve mais próxima dos grandes valores do Humanidade, deixa-nos sem grandes esperanças de poder reverter o processo antes que um qualquer desastre - dito regenerador - no Mundo, a reponha. Chego a acreditar na cabala que circula, de que há por aí um desígnio a congeminar-se nesse sentido e paradoxalmente, nunca o Homem teve como hoje, projetistas da vida em sociedade tão capazes de oferecer soluções que livrem as nossas filhas, no futuro, da caixa de um supermercado e do tapete rolante das compras. Aquela teoria maquiavélica, não é assim uma coisa tão abstrusa, - lembremos que a “Solução Final” não foi até nenhuma obra de ficção, saiu da cabeça do Homem, é que as hordas de pobres do mundo já têm agora acesso ao conhecimento que não tinham antes, dos excessos com que vivemos, e ninguém os vai conseguir deter na exigência de terem também esse direito: um emprego na caixa de um supermercado. A pressão já é grande, mas muito em breve se tornará insuportável. Alguma coisa de fundamental o Homem teria que impor a si próprio porque o triunfo deste neoliberalismo rapace faz parecer aqueles momentos dramáticos do assalto a uma coluna de alimentos na chegada a um campo de refugiados famintos. Estamos a viver um estertor político comparável, onde tudo vale, só falta tirar olhos.

2 comentários:

O Puma disse...

Ainda há Belmiros à solta

Alexandre de Castro disse...

Todos os sinais evidenciam que estamos no meio de mais um salto da História, com uma idade a terminar o seu ciclo e uma outra a nascer, embora não saibamos como ela irá ser. Falta uma teorização do futuro.