15 outubro 2005

Ainda sobe a Bárbara.

Tenho sobre a questão das esposas nas campanhas uma opinião que guardo para o fim.

O assunto “Bárbara na campanha” estava já arrumado até ouvir na TVI o comentário da Manuela Moura Guedes em pleno telejornal. Dizia o Miguel Sousa Tavares que aqueles resultados, dadas as peripécias na Câmara de Lisboa, eram uma derrota de Carrilho mas a Manuela achou que eram mais e da proeminência do seu aparelho vocal acrescentou triunfante, de uma qualquer mal disfarçada contenda interior: "... que a derrota não era só do candidato
mas de toda a familia!"

O brilho nos olhos, a veemência da afirmação e a própria frase, não podiam ser mais assassinas e foi aqui que decidi o comentário. Então é assim uma derrota de toda a familia? Ou antes, a MMGuedes que gostaria tanto, por alguma secreta razão, ver aquela familia derrotada? O candidato? Admito. Mas o pobre do petiz? E a familia no seu conjunto? Porquê tanto gaudio na derrota (segundo a Manuela), deste elemento fucral da nossa sociedade? Também fiquei a saber que a notícia inicial da Bárbara na campanha, terá começado naquele telejornal tendo sido comentada pelo Miguel e faz assim algum sentido este final.

Alguma vez as esposas de candidatos que já apareceram, tiveram assim este interesse e tratamento da MMGuedes e da TVI? Não vimos nós a esposa de Durão Barroso, Ferro Rodrigues, Cavaco Silva, António Guterres, Mário Soares, Freitas do Amaral, Jorge Sampaio? Alguma vez a MMG e a TVI colocaram esta questão ética?

"...que era a derrota não só do candidato, mas de toda a família" ? Na forma e no conteúdo a frase fez-me doer os ouvidos! Isto quer dizer que perdeu a Família da Bárbara e ganhou a Família de quem? Ou foi lapsus lingue?

Sei de amigos que não estão a gostar do que digo, mas já me conhecem, para mim há valores que se me impõe, eu reclamo quando me devem mas denuncio quando me dão troco a mais. É assim que se ganha o direito de poder dizer como eu que não sendo a favor das esposas em campanhas, porque os candidatos devem valer por si e não por apelos aos mais serôdios instintos conservadores da nossa sociedade, também não tolero e não embarco em denúncias públicas e orquestrações, essas sim, motivadas por razões muito menos éticas.

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