08 fevereiro 2006

Deus e a Liberdade

Que grande imbróglio em que se meteram todos, uns e outros. Os que acham que sim e os que acham que não. Tenho lido de tudo, até gente a contradizer-se, tal é a confusão que por aí vai com a questão da “liberdade de expressão”, mas faço aqui justiça aos bons textos e pensamentos que também vi.

Sem algum laivo de arrogância, para mim é simples, eu que não tenho nem um Deusito que vele por mim ou me guie, o que me obriga à procura constante do meu fio condutor de vida, no fundo, ao permanente peso do que é o bem e o que é o mal, o que convenhamos, dá mais trabalho. A minha liberdade de expressão acaba, não, quando eu achar que o outro tem direito a sentir-se ofendido, mas quando o outro se sentir ofendido. Se eu pisar o risco e o meu interlocutor o acusar, só tenho que pedir desculpa pelo meu uso abusivo da liberdade de expressão. Na minha relação com os outros, são eles que determinam de alguma forma o
meu uso da liberdade de expressão. Mas se eu quiser continuar, tenho sempre o direito ao uso da minha liberdade de expressão, mas aí, também não tenho que me queixar de hipotecar o futuro da minha relação com os outros, porque não posso, não devo e não quero, impor a ninguém, padrões de comportamentos morais, sociais, religiosos ou outros. Cada ser humano, cada sociedade tem o direito à indignação pelo que considere ser ultrage aos seus valores, e não releva para aqui que estes vivam ou não em situações de radicalismos provocatórios pois que uma resposta na mesma moeda é pedagógicamente uma infantilidade. Desta forma, ainda não levei nenhum par de estalos por ter gerido mal o meu uso da liberdade de expressão, porque procuro saber sempre quando o "posso", mas o "não devo". Não me parece que isto seja muito difícil de praticar sem termos que abdicar de coisa alguma.


Confesso-vos, ando completamente aturdido, porque se há alguma questão para as quais eu acho que é um completo desperdício de forças da humanidade, é esta da guerra por um Deus. Não há para mim coisa mais absurda. Se querem melhor prova, aí está mais uma. Estes, andam doidos porque alguém meteu um turbante enfeitado onde não devia, porque os outros sepultaram milhares de pessoas com dois aviões em nome de Deus e Bush foi em nome de Deus escaqueirar um país e semear o caos. E não se pense que entre nós não se fizerem coisas más em nome de Deus: o Padre Max? Mas é mais cómodo ter um Deus, dorme-se sossegado depois de uma reza...

2 comentários:

Luís Novaes Tito disse...

Nem duvides, meu caro.
Não duvides que isto é obra do mafarrico, do demo, do chifrudo e de mais uma data de filhos da puta que teimam em incendiar o mundo.
De um lado e do outro.
Penso eu.

Isabel Magalhães disse...

Não venho aqui falar de Deus; a Fé não se explica. Tem-se! Ou não!

Mas não me venham dizer que o Bush foi em nome de Deus escaqueirar um país e semear o caos. Ele foi lá fazer isso tudo "e mais alguma coisa" mas "em nome do material bélico que fabricam na terra do Tio Sam e que é preciso escoar".

Am I right, or Am I right? :)