27 abril 2006

Oligarquias & Sinecuras

Comemorar o 25 de Abril a ouvir um presidente debitar um discurso, cujo objectivo nunca seria convencer quem o elegeu e por ele está convencido, mas antes, alargar a sua base através da vacuidade de alguns temas alvo, muito ao gosto de ouvidos desavisados permeáveis a tudo o que soe à inefável caridadezinha portuguesa, é confrangedor.

Comemorar o 25 de Abril a abrir emails com listas de personalidades de todas as àreas deste país, que se reformam, aposentam e ausentam, com anos de trabalho de avanço que lhes oferece o cálculo de pensões milionárias sem terem vergado a mola, e perceber agora que por isso não denunciaram o ardil, porque também dele viriam a usar, assim como outros a seguir, até ao próximo email que receber, leva-me a pensar se não é legítimo classificar isto de actuação de governação e legislaçao com dolo, numa determinada fase da nossa história recente.

Qual Povo, e quando, pode outra vez prover justiça, ou revolução, porque não, que dê esperança pelo menos enquanto dure?

Valham-nos alguns pensadores que nos garantem que a ancilose não tolhe todos. O Vitor Sousa do Estranho Estrangeiro vai desculpar-me mais este corta e cola, mas é urgente o desassossego. Vá lá ler o resto.

(...) “O torpor cívico vigente, com o exílio da cidadania – deportada para territórios jurídicos – é o sustentáculo deste Portugal corroído e brumoso, onde as clivagens entre a política e o povo se adensam, ameaçando a irreversibilidade devido ao consabido hábito. Tornou-se, efectivamente, habitual a vociferação larvar contra os “políticos” – avaliados como pantagruélicos parasitas e nutridores da “fartar vilanagem” –, Homens que, açambarcando a “política”, deverão deter o exclusivo da responsabilidade. Todavia, o povo toldado limita-se a forjar um subterfúgio involuntário, procurando a ilibação que não concedo”.(...)

(...) “Os mesmos compungidos dissimulados que exortam à participação cívica como elemento detersivo para a “democracia” resgataram da abulia popular condições que conferiram resiliência aos seus pousos e sinecuras.” (...)

(...) “A exequibilidade da Democracia exige actividade mental. Princípio basilar da participação física que se evade à esterilidade. O povo não gosta de pensar. Ponto final.” (…)

Sem comentários: