16 fevereiro 2007

Abstenção

“...Não sente a liberdade quem nunca viveu constrangido” - F. Pessoa em o “L. do D.”

É o recorrente problema dos indiferentes. Uma sociedade organiza-se, actuando com o objectivo de satisfazer a sua vida colectiva, com reflexos na nossa vida individual. Se por um lado, cada um tem direito às suas indiferenças e ausências dessa organização colectiva quanto lhe aprouver, como entender (ou não) por outro, que esse direito não colide com os seus deveres de reclamante nela? Ou mais prosaicamente, com que direitos e sobre que parte do seu nada, reclamam a sua quota parte?

Por mim já “senti” a liberdade e conheço o custo dos seus direitos. Ou estão todos embuidos dum outro espírito libertário ainda maior que o meu e significa que perdi faculdades? Contendo o voto várias formas de contestação ou protesto, o estatuto da abstenção deveria assinalar-se com um ferrete?

Eu acrescentaria àquela de F. Pessoa: “...E há quem passe por ditaduras sem nunca se sentir constrangido”

2 comentários:

Unknown disse...

Graza, pessoalmente não posso deixar de estranhar quando ouço pessoas afirmarem que se abstêm como forma de protesto. Ou porque não concordam com a pergunta, ou porque discordam das opções apresentadas.

Para mim abster-se significa desleixo e irresponsabilididade cívica. Julgo ser obrigação de todo o cidadão votar quando solicitado e manifestar-se mesmo não o sendo (como p.e. os movimentos de intervenção cívica!).

A opção daqueles que discordam deve ser o voto em branco. Esse sim pode representar uma clara forma de protesto. Não será que, se em vez dos habituais 1-2%, a percentagem de brancos nas urnas fosse de 10, 15 ou até mesmo 20% os políticos passariam a encarar a democracia de outra forma?

Graza disse...

Desculpa Egas, mas por uma questão de melhor visibilidade futura daquilo que vou dizendo respondi-te com o post a seguir.