A urbanidade e o respeito às instituições da República - aos quais Jardim já faltou e a todas, PR Sampaio incluído – até têm códigos de declarações de circunstância para esse efeito. O que Gama disse, foi tudo menos circunstancial, e de tal forma que me esforço ainda por entender a razão para aquele desbocamento. Os portugueses não lhe levariam a mal que fizesse como diz Ricardo aqui, uma declaração inócua, mas daquela forma, das duas três: ou estava a ser tremendamente sarcástico e os burros somos nós, ou então a desdizer-se convictamente mas isso, pressuponha quase uma conversão política. Como não acredito na primeira e a segunda é pouco provável, só resta a mais ignóbil: o rastejamento, o medo, a atitude sabuja, cobarde, a que faz os vencidos não merecerem o respeito de ninguém, quanto mais dos vencedores, e aqui Jardim ganhou sem se mexer. Para além disso, os portugueses interrogam-se e confundem-se sobre a substância do pensamento dos mais altos representantes da Nação. É mais necessário e menos grave saber que não pensam como nós, do que não saber como pensam efectivamente. Uma verdadeira borrada a que o encobrimento do PS e o gáudio dos representantes de Jardim no Continente me dão vontade de desenhar um grande falo no próximo boletim de voto.
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4 comentários:
É que a declaração foi mesmo inócuo, vazia de conteúdo, oca, sem nada que se aproveite.
O elogio rasgado ultrapassou em muito o respeito exigido entre instituições.
No início do actual mandato, o governo ainda deu mostras de poder combater o desbaramento e os exageros e abusos de Jardim. Certamente recorda-se do pequeno conflito entre Teixeira dos Santos e o governo regional por causa da trasnferência de fundos para a região e a polémica com a lei das autarquias locais e regionais... O tempo tratou de esvaziar aquela pequena tentativa de, pela primeira vez em 30 anos, se fazer aquilo que se deve fazer: exigir rigor e respeito a quem estes dois conceitos nada dizem.
Por diversas vezes defendi a independência da Madeira, se assim o povo (madeirense) o quiser. Se tal acontecer, claro que os orçamentos madeirenses serão outros, bem mais contidos e restrictivos.
Volto a perguntar: será que Jaime Gama foi sincero nas suas declarações? Será que estava a abrir caminho a uma candidatura nas próximas eleições regionais? É que com a saída de Jardim, o PS pode aspirar a governar o arquipélago...
Cumprimentos.
Ricardo S
Focalizada nessa ausência de conteúdo, sim, inócua, concordo!
Quanto ao problema da mais autonomia ou independência, só lameno que ele se venha inevitavelmente a colocar na era pós Jardim, não através da consciência critica de um pensamento político estruturado do cidadão madeirense, mas pela arregimentação caciqueira quando o poder e influência lhes escapar das mãos.
Mas se havia por ali algum objectivo, mal vai o país que tem dirigentes destes assim capazes de vender a alma ao diabo de uma forma tão leviana.
Com a devida permissão, permito-me um comentário discordante. JG foi irónico, subtil e quis dar um ar da sua graça. Acho que não deu cambalhota de 180 graus...
Iria dizer abertamente o que sente pela «criatura»?
Acho que foi irónico q.b., para bom entendedor...
Fiz um post sobre o tema. Mas posso estar enganado...
Rouxinol, fez no seu post um bom esforço para nos provar essa ironia, mas concentrou-se em provar-nos exactamente o contrário e fê-lo bem feito!...
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