Quando olhamos o desenvolvimento de Portugal hoje, não temos bem a percepção do que éramos há 34 anos. Amigas francesas que aqui estiveram analisaram-me essa mudança de que nem sempre nos damos conta. Apontaram-me aquilo que as deixou perplexas, porque diziam-me, nunca pensaram vir encontrar um país tão modificado. Respondi-lhes que para alguma coisa deveriam ter servido os biliões que temos recebido da UE, por muito desbaratados que eles tenham sido, ainda deram para alguma coisa. Essas alterações terão sido reflectidas também nas estatísticas e corrigidas as enormes diferenças que apresentávamos face aos nossos parceiros europeus. Por exemplo, a taxa da nossa mortalidade infantil, um indicador do desenvolvimento humano, que estava em 1975 em 38,9%, era já em 2006 de 3,3% (!), sendo a melhor a da Suécia, com 3,1%. Devemos considerar isto brilhante sobre qualquer ponto de vista, porque é uma das mais baixas do Mundo. Isto demonstra que analisar o desenvolvimento de um país ou região não pode ser apenas pelo efeito visual do betão, fontanários ou rotundas. Há uma realidade subterrânea do desenvolvimento que não se capta assim.
Vem isto a propósito das loas tecidas por Cavaco e Jaime Gama, a Jardim e ao desenvolvimento da Madeira. Também ali, o efeito dos Fundos Europeus, por se tratar de uma região ultra-periférica, acabou por funcionar. Era o que nos faltava que não tivesse sido assim! Ou onde estariam então de outra forma tantos milhões? Não sei se Cavaco e Gama se sentiam ainda no país saído da revolução quando se espantaram com a evolução da Madeira. Einstein falou sobre a relatividade e mostrou-nos como devemos olhar para estas coisas, ou escolhemos observar a velocidade do comboio parados na estação e temos uma medida, ou a observamos de outro que o acompanhe em paralelo e obtemos outra. A que se referiam? Estavam na estação ou também iam de viagem? Valorizaram todos os itens do Índice do Desenvolvimento Humano? Não sei. Um não viram por certo, foi a sua mortalidade infantil que era de 7,9% em 2003, quase três vezes superior à dos Açores com 2,9%. Devem ter olhado para o PIB porque não falam de outra coisa, mas com olhos vesgos porque, como se diz aqui no Quintus: “...É que se a Madeira se destaca agora da média do PIB nacional não é porque esteja efectivamente mais rica do que a média, sobretudo porque as grandes, extensas e graves áreas de pobreza na ilha são sobejamente conhecidas, é porque o famigerado Offshore da Madeira catapulta para a estratosfera os rendimentos supostos dos ilhéus,...” e eu acrescento que com tanta condição natural não à PIB que resista à verba do turismo.
Ir à Madeira olhar para uma ilha betonada e para esta qualidade de PIB é esquecer que o Índice de Desenvolvimento de qualquer região do planeta se deve fazer por critérios internacionais iguais para todos. Aqui vão eles e são mais do que um:
Indicadores do Desenvolvimento Humano
Condições sociais
- Taxa de mortalidade infantil
Vem isto a propósito das loas tecidas por Cavaco e Jaime Gama, a Jardim e ao desenvolvimento da Madeira. Também ali, o efeito dos Fundos Europeus, por se tratar de uma região ultra-periférica, acabou por funcionar. Era o que nos faltava que não tivesse sido assim! Ou onde estariam então de outra forma tantos milhões? Não sei se Cavaco e Gama se sentiam ainda no país saído da revolução quando se espantaram com a evolução da Madeira. Einstein falou sobre a relatividade e mostrou-nos como devemos olhar para estas coisas, ou escolhemos observar a velocidade do comboio parados na estação e temos uma medida, ou a observamos de outro que o acompanhe em paralelo e obtemos outra. A que se referiam? Estavam na estação ou também iam de viagem? Valorizaram todos os itens do Índice do Desenvolvimento Humano? Não sei. Um não viram por certo, foi a sua mortalidade infantil que era de 7,9% em 2003, quase três vezes superior à dos Açores com 2,9%. Devem ter olhado para o PIB porque não falam de outra coisa, mas com olhos vesgos porque, como se diz aqui no Quintus: “...É que se a Madeira se destaca agora da média do PIB nacional não é porque esteja efectivamente mais rica do que a média, sobretudo porque as grandes, extensas e graves áreas de pobreza na ilha são sobejamente conhecidas, é porque o famigerado Offshore da Madeira catapulta para a estratosfera os rendimentos supostos dos ilhéus,...” e eu acrescento que com tanta condição natural não à PIB que resista à verba do turismo.
Ir à Madeira olhar para uma ilha betonada e para esta qualidade de PIB é esquecer que o Índice de Desenvolvimento de qualquer região do planeta se deve fazer por critérios internacionais iguais para todos. Aqui vão eles e são mais do que um:
Indicadores do Desenvolvimento Humano
Condições sociais
- Taxa de mortalidade infantil
- Esperança de Vida (Indicador colocado aqui a posteriori. Ver explicação aqui)
Empregabilidade
- Taxa de desemprego
- Proporção da população entre os 25 e 59 anos com ensino superior
- Patentes <> População Activa
Padrão de Vida
- PIB (mas !) em paridade de poder de compra, por habitante.
Factores Culturais
- Rácio de Emprego entre Homens e Mulheres
- Mortes Acidentes Viação
- Nascimentos cujas mães estão entre 40 e 49 anos.
Empregabilidade
- Taxa de desemprego
- Proporção da população entre os 25 e 59 anos com ensino superior
- Patentes <> População Activa
Padrão de Vida
- PIB (mas !) em paridade de poder de compra, por habitante.
Factores Culturais
- Rácio de Emprego entre Homens e Mulheres
- Mortes Acidentes Viação
- Nascimentos cujas mães estão entre 40 e 49 anos.
4 comentários:
Oh, Sr.Joao! É um exagerado!!! Até fez chorar a D.Augusta... Obrigada! Mas a honra foi minha! :)
Em relação ao texto...
Subscrevo inteiramente as suas palavras! (Só não ve quem não quer)
Um beijinho grande!
Rute Matias
Não tenho culpa de teres uma maezinha que goste tanto de ti...
Um beijo vocês.
Muito bem dito (escrito).
Cumprimentos.
Ricardo S
Boas. Vê que eu sou do continente e vivi 3 anos na Madeira por razoes profissionais, e acredita que está muito melhor que isto aqui. Lá não esperas quase nada para ser atendido num hospital (a ultima vez que tive o azar de ir ao Santa Maria, estive quase 5 horas a espera), é tudo relativamente perto, bens, produtos e serviços a um passo. Apostou mutio no turismo de 5 estrelas gerando receitas de quase 300 M€ e so ultrapassada pela regiao do Algarve, territorialmente maior. alem disso tem o indice de desemprego mais baixo do país 5.2%, quando aqui ja vai acima dos 9%. Sempre que saem noticias deste genero no Publico sobre o AJJ, e omo eles lhe tem um odio de estimaçao, é sempre pra criar mais polémica, mesmo onde ela não existe. Acredite que sao bem poucos os que defendem a independencia da Madeira, e que se esta, progrediu imenso nos ultimos 30 anos, não foi só pro seu bem próprio, foi bom para o país todo, ou voce preferia que todas as regioes do país fossem paupérrimas e continuassem a prestar vassalagem a Lisboa? Faltam é mais regiões reivindicativas como aquela, isso é q falta!
Enviar um comentário