23 maio 2008

Que Parque das Nações?

Foi aprovada pela CML, com votos contra do BE e dos Cidadãos por Lisboa, a construção de uma torre de 23 andares para o Parque das Nações. Porquê mais esta - ou só mais esta - ou virão mais? Não vou por em dúvida o prestígio dos projectos do gabinete do Arquitecto Bofill, mas quando ele fala da grande qualidade das condições naturais de Lisboa e daquela linha contínua do Tejo, onde deve apetecer construir coisas, não nos está obviamente a descobrir nada que os portugueses não conheçam já. A prova foi que a Expo 98 mereceu o inicio da transformação daquela zona da cidade. Mas talvez os elogios tenham enfeitiçado quem aprovou o projecto, por ter confundido essas condições únicas com o projecto apresentado, como se isto fizesse aquilo. Nós temos o direito de não querer edifícios por muito bonitos que sejam em locais onde podem vir a transformar-se em enormes monstros que vamos ter que aturar durante vidas, estragando definitivamente perspectivas de eleição por interposição, subtraindo-as ao usufruto colectivo.
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O estuário de Lisboa e a sua luz é seguramente uma das mais bonitas zonas da Europa com enquadramento para fazer brilhar o projecto de qualquer arquitecto. Bofill tem toda a razão, a nossa burocracia administrativa atrapalha qualquer desenvolvimento, mas não se sirva deste argumento para nos dizer que aquela torre tem que ser construída ali, ou que tem de ter aquela cota e volumetria e ainda por cima com aquela larga fachada virada para o rio.

Fotos de: Skyscrapercity.com

2 comentários:

Anónimo disse...

Um dos prazeres de morar na expo é poder levar o meu filho de 2 anos a andar de bicicleta quando o vou buscar ao infantário, na zona da marina.

Pelo que vejo, parece-me que vamos ficar à sombra dessa torre...

Graza disse...

É como em nossas casas. Assim como nós gostaríamos de enormes telas de pintores famosos, também as cidades aspiram a grandes arquitecturas com assinatura de prestígio. Mas se temos pequenas porque não temos parede, também as cidades se devem orientar pelo espaço que têm. Encafuar em qualquer lado só porque é obra de arte, estraga a decoração e a obra.