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09 março 2013

O arrendamento, a especulação e os despejos.



À atenção do Dr. Marinho e Pinto, Bastonário, partindo do princípio que lerá este texto.

Já contei a história de um arrendamento, mas as suas declarações sobre a lei das rendas dá-me vontade de repeti-la, não por queixume porque a honra não me permite, mas por testemunho na demonstração da iniquidade da lei dos despejos de Assunção Cristas, aprovada por PSD e CDS/PP.

Aluguei uma casa em Lisboa, em 1977. O senhorio sabia que não me poderia aumentar a renda nos anos seguintes enquanto a lei em vigor não fosse revogada. Essa renda, naquela data elevada, comportava já especulação inerente ao famigerado “valor de mercado”, coisa que só existe porque não existe uma lei de solos, nem a querem fazer para continuarem a viver na especulação que isso permite, assim como incorporava os ganhos que o senhorio sabia que não podia refletir nas rendas dos anos mais próximos. Ainda assim decidiu arrendar-me a casa sem que lhe tivesse apontado alguma faca ao pescoço.

Oito anos depois, a partir de 1986, a lei das rendas é alterada e passei a pagar uma renda atualizada pelos valores da inflação tendo a nova renda sido atualizada por lei, com uma acréscimo de 31%, para ajustar os anos que não tiveram aumentos. Assim como puderam os senhorios passar a fazer contratos a termo, acabando-se aí, o erradamente dito, “congelamento”.

Vem agora o governo com a lei de Assunção Cristas interpor-se entre mim e o senhorio, como que a dizer que andei a mamar à conta de alguém, e tomando partido a favor do proprietário diz-me que tenho que rasgar o contrato feito de boa fé, e que o mútuo acordo não vale, para que o senhorio volte novamente a servir-se da especulação imobiliária para me fixar a renda e o termo do contrato, obtendo mais valias à custa de um direito que não lhe devia ser concedido nestas condições, ou sejam: aquelas em que me alugou a casa sem ter sido forçado a isso. Admito até correções para além daquelas que já me foram feitas, como demonstrado, mas nunca que um despejo possa estar no horizonte como solução para atribuição de direitos ao senhorio que também a mim me são devidos. O que não admito é que tenham mascarado o problema no arrendamento servindo-se da dificuldade formal em “despejar” quem prevarica, coexistindo embora a contratação livre de arrendar desde 1990 com tanta casa em pousio especulativo, fazendo pagar com isso os cumpridores. No fundo “o despejar” foi o bode expiatório esgrimido que lançou sobre todos os contratos o anátema de serem os sangue-sugas dos senhorios.

O prédio que habito tinha à data 14 contratos (7 pisos) nas condições de anteriores a 1990, neste momento só já existem 5 contratos anteriores a 1990, o resto já é livre, sendo estes cinco contratos os das pessoas mais idosas, e é este universo de pessoas que estão a atacar com uma ferocidade inaudita. Há já problemas com pessoas despejadas, mas o ódio que por aí vai a quem legislou desta forma pode dar para coisa bem pior.

À parte deste problema: Fui classe média mas estou em vias de deixar de o ser. Estivemos no desemprego, eu e a minha mulher, devido a despedimento coletivo. Temos 65 e 62 anos, reformados antecipadamente com penalizações e no agregado familiar tenho ainda meu cargo um filho com 30 anos, licenciado desempregado, que já não conta para o cálculo do rendimento per capita, - rendimento bruto corrigido - por já não ser “dependente”. Para este governo será talvez um parasita a descartar, impossibilitado de construir um futuro, família e descendência.

Parabéns Dr. Marinho e Pinto por perceber e - com a importância do cargo que exerce - ter dito com frontalidade o que acha que se passa com esta lei dos despejos. O senhor é ainda dos que não corre pela vã glória com que corre uma certa corja de gente que nos rodeia.

Post Scriptum: Estamos numa época política de tanta conjugação de atropelos a questões tão fundamentais da vida das pessoas, que só com futuros julgamentos “jurídicos” poderão ser reparados. Tal é o nível do complot instalado a pretexto de uma agenda. Coisa mais ou menos parecida a isto foi o que ouvi outro dia dizer na SIC, a Maria de Belém Roseira. Afirmou-o com a “certeza” de que isso não deixará de se concretizar. Desde que, e salvaguardando que a Justiça nunca deverá fazer Política, anseio pelo dia em que tantos descontentes decidam abrir essa via.

Leiam aqui as declarações do Dr. Marinho e Pinto, no DN, na TVI24 e no Sol.

23 fevereiro 2013

A revogação da Lei dos Despejos


Retirado da página Facebook da: ASSOCIAÇÃO DOS INQUILINOS LISBONENSES


“NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL

2013 Fevereiro 25

COMISSÃO DE MONITORIZAÇÃO DA LEI DOS DESPEJOS

A Comunicação Social tem vindo a fazer eco das afirmações da Sra. Ministra Assunção Cristas de que já teria enviado convites a várias entidades para integrarem uma Comissão que pretensamente irá monitorizar a aplicação da lei dos despejos.

A AIL vem comunicar que não recebeu qualquer convite para o efeito, tendo apenas o seu Presidente sido informalmente abordado pela Sra. Ministra que lhe comunicou essa intenção, nada mais adiantando, tendo recebido a disponibilidade da AIL para participar se tal fosse útil para os inquilinos.

A AIL, em primeiro lugar, aguarda ser informada do objectivo concreto e operacional de tal comissão, bem como da sua composição para, em segundo lugar, avaliar do seu interesse e validade para então se pronunciar sobre a sua participação.

A AIL reafirma a sua permanente disponibilidade para participar, discutir e propor sobre todos os aspectos que respeitem à habitação, desde a questão fiscal que está a impor um excessivo valor patrimonial tributário às casas com o consequente agravamento dos impostos e a crescente dificuldade de muitos milhares de famílias em liquidar o IMI, até à questão do arrendamento que está a aterrorizar milhares de famílias, em geral de idade avançada.

A AIL não está interessada nem avaliza intenções mais ou menos vagas e piedosas, pretende sim projectos e decisões que resolvam os problemas da habitação das famílias quanto ao acesso, ao preço e à estabilidade do uso da habitação.

A AIL não pretende nem subscreve alterações cosméticas e cirúrgicas à Lei nº 31/2012 – Lei dos Despejos - como alguns apressadamente têm vindo a propor, para que tudo fique mais ou menos na mesma.

A AIL reivindica a revogação da Lei e exige a abertura de novo processo legislativo sobre esta matéria, designadamente:

1. Que mantenha em vigor os contratos existentes não violando a confiança da relação contratual.

2. Que tenha em conta o estado de conservação das casas e as obras realizadas pelos inquilinos quando se substituíram aos senhorios.

3. Que considere o rendimento das famílias de forma escalonada, a exemplo do que se encontrava estabelecido na Lei nº 6/2006, para que os inquilinos não tenham de desnudar os seus rendimentos perante terceiros.

4. Que aplique uma taxa de rendimento sobre o valor patrimonial dos imoveis não superior a 1/20.

5. Que corrija os desmandos entretanto sucedidos.

A AIL agradece publicamente o apoio dos Partidos Políticos a esta sua reivindicação.

A Direcção

Romão Lavadinho

Presidente”

14 fevereiro 2013

Arrendamento: o objetivo foi despejar.




O que espanta na emergência em que se está a tornar o disparate feito com a lei dos despejos, é a falta de atenção que foi dada a tudo o que disseram os inquilinos desde que este problema do arrendamento se colocou no tempo de Santana Lopes. Ninguém neste governo ouviu ou quis ouvir. Agora que o “alarme social” surgiu e os dramas estão a bater à porta de idosos e reformados é que se propõe remendar alguns pontos. Mas não é possível porque esta lei é deficiente no esqueleto. Tem que ser revogada.

Esqueçam, os que não votam PS, que vão ouvir Miguel Coelho, porque foi uma das melhores intervenções que se ouviu no Parlamento sobre esta lei. Ponto por ponto estão apontados os erros, só uma Cristas encrençada o não reconhece.

03 fevereiro 2013

Cadê os Movimentos Sociais?

(Reeditado)


Onde estão os Movimentos e os Partidos agora? A preparar mais uma enchente no Terreiro do Povo ou na Praça José Fontana? E o que fazem os idosos com essa performance do génio revolucionário dos nossos ativistas e militantes? Não seria nestas alturas que deveríamos estar? Na hora? Quando as coisas estão a acontecer? Porquê deixar para um dia em que já tudo se passou? Ou é porque somos um país de proprietários que só precisam da minha solidariedade quando for para defender os seus interesses corporativos? São autismos destes que estão a começar a afastar-me da participação. Um dia destes mando tudo à fava e cozinho as minhas utopias sozinho.

Mobiliizem-se p****! Porque uma coisa é fazer uma nova lei de arrendamento que regulamente os despejos, outra é um ataque aos idosos como este que está a ser feito, e eles como já se viu pelas filas que fazem na AIL e na DECO não têm capacidade de mobilização. Ou não é na ação que se vê a solidariedade, e isso não é só para ficar na bíblia?

Comunicado da AIL - Associação dos Inquilinos Lisbonenses:

DIA 7 DE FEVEREIRO DE 2013 (Quinta) - 17.00 HORAS
CONCENTRAÇÃO DE INQUILINOS NA PRAÇA DO COMÉRCIO
FRENTE AO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO MAR, DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO. INQUILINOS CONTRA A APLICAÇÃO DA NOVA LEI DO ARRENDAMENTO URBANO EXIGEM A REVOGAÇÃO DA LEI”
 

https://www.facebook.com/associacaoinquilinoslisbonenses