A alteração feita por este governo à lei das rendas implementada pelo PS que permitia a mudança mas tinha ainda alguma zona de protecção ao inquilino, vai causar um desequilíbrio que potencia qualquer coisa de socialmente muito grave. Todos se assustaram com o que disse Otelo, e vai agora ser inquirido, não tanto pela opinião que manifestou mas antes, pelo peso e pelo medo que vai em muita consciência. Mas o que ele disse cabe bem aqui, e é simples: o desemprego é endémico, o tecido social está em ruptura, há famílias em desespero por alteração de estabilizadores, e os atingidos por esta lei das rendas são basicamente idosos pobres, facto que pode ver-se na quebra de 40% em 10 anos de contratos anteriores a 1990, quebra que seria maior ainda nos próximos 10 anos, logo, um grande factor a ter em conta na resolução do problema por essa via.
Essas alterações vão provocar a maior instabilidade nos bairros pobres, e a população assim atingida que tem ainda uma rede familiar, não vai assistir impune à desonra da família pelo despejo e esvaziamento das suas vidas, removidas provavelmente para subúrbios onde já não ganharão raízes. A Cristas, vai mexer nesta área com a tranquilidade que a ausência de um opositor permite, porque os idosos não têm capacidade reivindicativa, e o terrível engano pode estar na facilidade com que se pode legislar nestas circunstâncias. Não foi por acaso que esta pasta foi empurrada para o PP e o seu rosto seja o de uma caloira com sede de apresentar serviço. Não tenhamos dúvida, a infelicidade conjugada com outros factores de desencanto que essa alteração vai criar, vai ser insuportável e vai gerar uma rede de solidariedade na revolta que será um rastilho perigoso.
E tudo isto porque não foram capazes - ou não quiseram - fazer uma coisa muito simples: legislar na agilização do despejo dos prevaricadores faltosos ao pagamento das rendas, retirando assim esse entulho da argumentaria dos proprietários, o que pode configurar que é coisa que dá até jeito para funcionar como arma de arremesso. E dessa forma incluem todos os que cumprem e têm contratos legais que agora mandam rasgar.
Destaque: Jornal de Negócios de 27/12/11
Destaque: Jornal de Negócios de 27/12/11
4 comentários:
Os contractos vitalícios (de pais para filhos, netos, sobrinhos, amantes e o diabo a sete) fizeram com que Lisboa seja das poucas capitais europeias que estão a cair de pôdre. Mais 5/10 anos e muitos inquilinos morrerão nos escombros, além de que nestas circunstâncias ninguém irá investir no Real Estate em Portugal... Se a senhora tem uma sugestão melhor do que aquela que foi apresentada pela Cristas, EXPONHA-A!... Sou todo ouvidos!
Ricardo Corte-Real
Este blog não tem a funcionalidade de audio.
Pois também eu não tenho a funcionalidade de gastar o dinheiro que ganho, com os vícios dos inquilinos... Nem eu, nem a TROIKA, nem ninguém... E já agora faça um favor aos idosos a que se refere indicando a sua morada... Ou será que está só interessada em fazer caridade com o dinheiro/casa dos outros???
Ricardo Corte-Real
A morada? Ah… entendi! Sim, posso mandar-te aí um preto grande com a morada. Ele encontra-te em Sydnei.
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