10 julho 2012

Já não é pela via democrática?

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Se disser que com esta Democracia já não vamos lá, e que só uma Revolução pode resolver a questão, talvez corra o risco de poder ser acusado de instigação à revolta e à insurreição pública etc. etc. Contudo, o rol de intervenientes que podemos imaginar nos links que seguem e que são responsáveis pelo estado do país, poderão continuar a depredação da nossa economia sem que ninguém os incomode. Este é um dos sintomas da doença da nossa democracia: eu que clamo pela Ética e pela Justiça posso ser condenado por incentivar a formas ilegais de o conseguir, mas não uma ilustre personalidade de colarinho branco que se governe à nossa conta por entre os buracos da lei, sugando-nos a vitalidade, vivendo tranquilamente não num resort em Cabo Verde, mas em qualquer mansão em Cascais com o dinheiro que nos roube. O recorte do CM de ontem e os vídeos que seguem são o exemplo de que chegamos ao fim da linha. Já não tenho dúvida que não é através do sistema eleitoral que conseguiremos alterar este estado de coisas. As emendas a fazer no país são de tal ordem que só um reset ao sistema pode possibilitar uma regeneração. O Medina diz ali num vídeo que ninguém pega nisto, nem Presidente da República nem ninguém, e a nossa estupefação é essa: estamos todos a chegar à mesma conclusão. Isto já não se faz pela via democrática, e é aqui que todos encalhamos pelo horror que temos a qualquer forma de ditadura. Mas qualquer coisa vai ter que acontecer antes que aconteça o que não queremos. E se uma ditadura for.

Vou parar. Mas por agora, pelos vários risco em que incorro escrevendo a quente. Entretenham-se a ouvir esse desfile de horrores, tendo presente que isso é a ponta do iceberg e que do resto nunca saberemos:

3 comentários:

folha seca disse...

Caro Graza
Acredite que o meu primeiro impulso foi subscrever o seu texto. Posso até dizer-lhe que tenho razões pessoais para estar tão revoltado (ou mais)que o meu caro.
No entanto recuso a ideia de qualquer "suspensão" da Democracia. Parece-me que não é esse o problema. O problema está no facto da Democracia não funcionar. A justiça idem, os orgãos fiscalizadores tambem não.
Para mim a Democracia está refém duma casta que dela se apossou e a usa em benefício próprio e das suas clientelas.
Abraço solidário
Rodrigo

Graza disse...

Rodrigo:
A Liberdade que reclamo parece incompatível com este texto, mas só aparentemente. É que a degradação a que assistimos, se nada fizermos, vai num momento de crise como este atingir níveis de terceiro mundo, não de uma forma tão visível; mas mais fina porque estamos apesar de tudo na Europa. O PR vai continuar a julgar que é árbitro, o PM a achar que governa, os juízes continuarão a desunhar-se para atingir a jubilação para logo de seguida dar a vez a outros e saírem com a sua choruda aposentação, que essa coisa de julgar criminosos só dá chatices. Nós vamos pensando que mandamos alguma coisa com o nosso voto, transformando o ganho de mais um deputado em eleições numa festa, porque foi uma vitória do povo em torno da nossa bandeira e “eles” vão aperfeiçoando o esquema de há muito montado. Hoje reconheço mais do que nunca, que o pior que nos aconteceu foi a forma como gerimos os fundos da U.E., no sentido em que foi o dinheiro fácil que aqui caiu que acabou por ser a nossa perdição, resultado: hoje, não temos peixe nem sabemos pescar. Formaram-se no acesso a essa gamela, grupos de rapina, que viciados, tiveram que continuar a alimentar-se da única forma que sabem por não ter aprendido outra: rapinar. Haverá forma de interromper práticas que para além de estarem dentro da legalidade, são ainda por cima a ambição de tanta cabeça, e se entranharam já como objetivo de encarregados de educação?

“Mas qualquer coisa vai ter que acontecer antes que aconteça o que não queremos”. Ora, como eu, acho que também o Rodrigo não quer que “isso” aconteça, seja lá o que quer que o “isso” seja. Deixe-me fazer esta citação de sustentação das heresias subentendidas no texto:
“Porque no fundo o que se passa é que todos estamos de acordo que vivemos em um sistema democrático, portanto somos cidadãos, somos eleitores, há eleições, votamos, forma-se um parlamento, e a partir desse parlamento, forma-se uma maioria parlamentar. Temos os juízes, tribunais, temos todo o esquema montado. Este esquema é formal. Mas até que ponto se permite que esse sistema seja substancial?” (José Saramago).
Um abraço.

Graza disse...

No seguimento da citação anterior de Saramago, um amigo lembrou-me bem que já ele tinha dito coisa parecida de outra forma: “A democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada..." Aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=m1nePkQAM4w&feature=youtu.be