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21 junho 2010

Saramago

Um dia acharia estranho não ler aqui uma referência simples que fosse à morte de Saramago. É nesse sentido que o faço, não que subscreva o formato de texto obrigatório, mas como nestas ocasiões as palavras são de circunstância e tendem para o lugar-comum o melhor é poupá-las para se sobreporem a qualquer texto laudatório.

O rescaldo das cerimónias impõe a questão do homem confrontado com estas homenagens. Ele sabia que seria inevitável este processo que agora vai começar a transcender a sua vida e que já não estaria cá para evitar aproveitamentos e promoções pessoais, penduradas no brilho com que alguns ou algumas ornamentam os discursos fúnebres pejados de alegorias e frases feitas: “...Deus tinha fé em Saramago”, “Não há palavras, Saramago levou-as todas”, ele sabia-o, mas só em vida se lhes poderia opor.

Quanto ao caso Cavaco, esqueçam-no, porque Saramago aceitou que não estivesse presente nas cerimónias e concedeu-lhe que tivesse uma última atitude digna, porque acha que qualquer homem tem sempre esse último direito a preservar a sua honra, ou o que sobre dela. Estar presente, seria sujeitar-se neste último encontro a uma luta patética pela sua dignidade e isso, nem Saramago quereria. Mas concordo que o pior serviço que se pode fazer à sua obra é politizá-la, porque ambos são já de um património mais vasto e estão a caminho na universalidade. Só o Vaticano continua preso aos seus demónios. Se houver Deus, acredito que salvará aquela Igreja um dia.
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21 abril 2008

Alguém quer ver?

Uma exposição da obra de Saramago vai-nos ser mostrada e está a ser montada por espanhóis.
Ainda que queira, estou longe. Muito longe! E sem pena. Que estranho.

23 dezembro 2007

Ainda sobre Saramago

Aditamento e resposta a comentário no post Saramago, cada vez menos.

Quer se queira quer não a importância da territorialidade é uma imanência do mundo animal, anterior portanto aos alvores do Homem. A invasão e derrube das demarcações entendidas por cada um à sua maneira, é ainda um dos principais motivos dos seus desentendimentos.

Fazer parte de um grupo ou de um povo é também partilhar um património que pode até ser imaterial, como a Língua. Sentir a perda desse património pela indução de qualquer pressão, conflitua naturalmente com a matriz inscrita em cada individuo, a uns mais do que a outros, porque não somos todos iguais. Deve ser por este principio, a que sou alheio, que rejeito pertencer a um grupo que à cerca de 900 anos vive um território e um património diferentes dos meus e a abdicar, apenas pelo jeito que dava, a chamar ao meu povo pelo nome da península. Continuo assim a entender que não é a importância de um Nobel que legitima que se passe a escrever tudo quanto ele diz sob esta matéria.

Fala-me do povo galego e do transmontano e ainda bem, porque aí, trata-se de um património imaterial quase comum. Peço-lhe que dê um vista neste Portal Galego da Língua para ler sobre aquele bem comum e dos sentimentos de proximidade de que se fala ali. Esta, é a mesma que eu sinto por eles apesar da distância, e não sinto com a Espanha da Estremadura aqui ao lado, apesar de vizinho. Porém, até hoje ainda nenhum cidadão espanhol superou a cordialidade do meu trato.

Eu também não tenho respostas certas para nada e registo a humildade com que diz que também não as sabe e que é para si uma questão em aberto, o que é prova de sabedoria.

P.S. – Quanto ao tal apoio mútuo nas invasões francesas, acabou por resultar na perda, ou melhor, na não devolução de Olivença, como sabe! Sobre isto, peço-lhe que aceite mais esta sugestão de leitura onde pode verificar que as coisas não foram assim.

05 dezembro 2007

Saramago, cada vez menos.

O recente documentário da SIC sobre Saramago, é uma entrada na sua vida privada e centra-se na sua aparição pública apesar de doente e muito debilitado, na inauguração da exposição sobre a sua vida, e de uma Casa museu. Ao mesmo tempo, ficamos a saber que está a ser acompanhado há mais de ano por um operador com uma câmara em permanência, para corresponder a um projecto cinematográfico de Pedro Almodôvar, cujo título ou tema julgo ter ouvido bem, é a União Ibérica. Isto, depois de termos tido o espanhol Carlos Saura a levar só da Câmara de Lisboa um milhão de euros, mais não sei quanto do Turismo de Portugal, para nos fazer um filme sobre o fado que só consigo ver na sala 2 do espanhol El Corte Inglês, é obra!

Se juntarmos todas as declarações que têm sido produzidas, também por ele, neste espaço de tempo, verificamos que alguma coisa tem andado a ser “trabalhada” para produzir esse efeito do levantamento da questão Ibérica, e a inauguração agora de uma casa de cultura portuguesa em Lanzarote com parte dos seus bens pessoais, por um ministro espanhol, é, em termos culturais, uma cena patética.

Saramago deixa em Espanha um produto cultural português que deveria ter curado de deixar em Portugal. Não lhe perdoo mais esta, como não lhe tinha perdoado declarações anteriores, porque não foram os espanhóis que se ofenderam com as afrontas de Sousa Lara, ministro de Cavaco Silva, mas sim os portugueses que manifestaram essa revolta, como aqui, “... o que temos sabido fazer, é correr com gente boa só porque alguma pretensa sujidade se lhes pegou. São tantos os exemplos que é mau dizer, para não excluir, mas ainda assim não posso deixar de referir três nomes: Saramago. Prémio Nobel. Foi corrido por um farçola de um tal Sousa Lara que desde aí, o que tem feito é andar com a justiça à perna ...”, ou aqui, “...estas “personalidades” que ajudei a dignificar, bramindo contra os odientos Laras dos consulados Cavaco, os tais que lhe vedaram então o acesso há Europa." , pelo menos até ao momento em que começou a iberizar o discurso e a revelar muito pouco sentido da Pátria em que nasceu. Já era tempo de deixar de se sentir perseguido, o Lara já cá não anda há muito e Cavaco já deve estar arrependido.

21 julho 2007

Renego Saramago - II

“... Luis Amado, disse ontem à agência Lusa que discorda da integração de Portugal em Espanha,...”

Quando o Ministro diz que "concorda" ou "discorda" com qualquer coisa, pressupõe que existe a questão sobre a qual toma posição, admitindo assim o debate e a existência dela, ao entrar nele. Não é possível em termos institucionais ter uma opinião oficial sobre um “não assunto”. Opinar é tomar partido, é legitimar a sondagem. O que leva então o Ministro de Portugal ao paradoxo e a pronunciar-se nos termos tão absurdos de um “discorda”, auto mandatando-se e admitindo deste modo a oficialidade da existência da questão?

Imagine que lhe chamam filho da p.... Faz sentido vir a público declarar que não é filho da p...? Não. Quanto muito partia era os cornos a alguém e acabava assim a tentativa de ligitimar a existência da questão. Ou não? Há coisas que não se discutem, como a nossa honra.

18 julho 2007

Renego Saramago – I

Li estarrecido no jornal “Metro” de hoje: “...O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, disse ontem à agência Lusa que discorda da integração de Portugal em Espanha, defendida pelo escritor José Saramago. O prémio Nobel português defendeu, numa entrevista publicada no passado domingo no “Diário de Notícias”, que Portugal deveria tornar-se numa provincia de Espanha e integrar um país que se chamaria Ibéria. ...” (sublinhados meus)

Em Espanha existe uma causa e uma ETA. Em Portugal, por enquanto, só há uma, a causa....

Estou perfeitamente atónito e quase me apetece desistir da defesa do país em que acredito ainda, tal o nojo por estas “personalidades” que ajudei a dignificar, bramindo contra os odientos Laras dos consulados Cavaco, os tais que lhe vedaram então o acesso há Europa. Vejo agora que não saíu. Desertou. O que agora diz, ajuda a perceber a acrimónia que se sentia sempre que falava de nós. E eu estranhava de facto o exagero daquela continuada cruzada contra os Laras, porque quase me sentia atingido. Afinal, falava mesmo de nós! Não falava dos Laras que eu tanto maltratei. Era mesmo de nós! Passou-se para o outro lado, o que vive com o trauma histórico mal resolvido de ter o mapa ratado num canto e não sabe explicar isso às criancinhas, e estará agora a defender interesses que não são seguramente os nossos! Vamos ter que voltar a isto até porque outro lá em cima diz: discorda... Discorda! Então não anda tudo louco? Vocês estão a ler o mesmo que eu? Ninguém se ofende com gente assim na familia que vai lá para fora vergar-se desta forma?