11 fevereiro 2008

Um eco estranho.

Depois de editar aqui “Os nossos senhores – II”, um amigo alertou-me para o facto do texto ir ao encontro de um artigo que o General Garcia Leandro publicou nesse último Expresso. Como não sou comprador do jornal não tive oportunidade de o ler, e só agora, depois de MSTavares ter comentado o assunto e a questão estar a ser debatida, é que o consegui ver aqui na net. Um excerto do que escreveu o general:
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“... Se sinto a revolta crescente daqueles que comigo contactam, eu próprio começo a sentir que a minha capacidade de resistência psicológica a tanta desvergonha, mantendo sempre uma posição institucional e de confiança no sistema que a III República instaurou, vai enfraquecendo todos os dias.

Já fui convidado para encabeçar um movimento de indignação contra este estado de coisas e tenho resistido.

Mas a explosão social está a chegar. Vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa.

É óbvio que não será pela acção militar que tal acontecerá, não só porque não resolveria o problema mas também porque o enquadramento da UE não o aceitaria. ...”

Talvez estejamos a empolar o que ele escreveu acabando a leitura por ser condicionada por esta postura de salvador de pátrias que o general nos apresenta, quando diz que já foi convidado. Daquela forma, cheira mesmo a maiorias silenciosas de muito má memória, porque aquela espécie de paternalismo de alguns militares os portugueses dispensam, embora muitos tenham saudade. Rectifique lá o que escreveu General, porque o Senhor sobreviveu ao 25 de Abril e fica-lhe mal confessar-nos que teve esses convites.
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Mas aquele texto deixou-me um pouco incrédulo, porque o carácter premonitório do meu post tinha em dois ou três dias um eco estranho, dado que foi escrito sem o conhecimento daquela notícia. O que então disse, e em muito é semelhante, foi apenas o resultado da leitura que faço do momento social e não político que vivemos, feito mais com os sensores da pele do que com outros sentidos. Não nego que me causou desconforto aquele eco e também por verificar que há quem pense que o que escrevi, pode ocorrer. É alarmismo? Antes seja, porque sou o primeiro a querer estar errado.
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