27 fevereiro 2014

A violência sobre o nossos idosos.

A valsinha que acompanha o texto dedico-a aos meus pais, pela memória que tive deles hoje, provocada pela contundência das notícias do dia. Eles eram alentejanos e gostariam certamente dela.

Este não é propriamente um local para descarregar estados de alma, mas eu explico o que se passou.

As notícias do dia quanto à violência doméstica sobre os nossos idosos, deixaram-me um pouco assim. A propósito de mais uma notícia triste, ouvi coisas horríveis do que está a acontecer entre avós, pais, filhos e netos, entre portas, sem que a nossa sociedade se dê conta do drama que tantos idosos estão a viver. Isso fez-me pensar, que aqui há algum tempo atrás insistia que sendo o povo português de brandos costumes, existia contudo nele um lado pérfido, o da sordidez.

Abandonei depois a tese, porque até a mim me custava admitir que fazia parte de um povo com estas características. Hoje porém, não resisto a voltar ao assunto, por achar que a crise e o drama do desemprego e da miséria financeira não podem explicar tudo, há mais qualquer coisa que faz com isto esteja a acontecer e assim sendo, retomo a constatação de que estes comportamentos só podem ser gerados na sordidez endémica que grassa entre nós. Não sei se estatisticamente somos nisto diferentes da Europa. O que me importa é isso que acontece.

Isto trouxe-me à memória os cabelinhos brancos dos meus e não pude deixar de lhes dedicar esta musiquinha, que  não sendo o meu estilo, fará certamente as delícias deles onde quer que estejam.


25 janeiro 2014

Notícias da clandestinidade.

E pronto amigos, disse-vos aquilo antes de partir. Passei entretanto as passinhas do Algarve, mas cheguei! Argel é uma cidade simpática. Parece que estou no Algarve mas com o sol pelas costas, o que é bom porque não queimo as fuças. A primeira curiosidade é não ver afinal aqui mais camelos do que aí, a não ser que andem escondidos. Agora que aqui cheguei e me livrei desse tipo, dos Barretos, dos Soares, dos Santos e dos comentadores/jornalistas lambe botas – que é bem feito que lhes apertem o pipo da caneta - posso finalmente sair da clandestinidade e dizer que o Graza, sou afinal eu. A bandeira tritonal com o arroio que tem sido a minha identificação, continuará a sê-lo, mas porque as redes sociais decidem sobre a nossa identificação com a maior sem cerimónia, com os nossos nomes escarrapachados, quer estejamos com a língua de fora ou com uma valente bebedeira, decidi dizer que eu não sou afinal aquele Graza que têm identificado, mas sou este. Há uma diferença, e não é da máquina nem do modelo, é da falta de cuidado de cada um a decidir sobre a imagem dos outros. Se me publicarem nas redes e não tiverem o cuidado de ver se tenho a língua de fora ou estou com um grande cacho, não me identifiquem s.f.f.: é que para além disso, o álcool por aqui é um líquido incompatível com a fé dominante.
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Agora, vamos a eles! Que a porra desse país fede cada vez mais, mas não me confundam com um fedayin que a minha luta nem religiosa é e nem desse modo saberia como fazê-la. Ah, se virem o Manel Alegre digam-lhe que preciso dos contactos dele por estas bandas.
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P.S.: Estive para reverter este processo da identificação, porque acabaram de me dizer por cima do ombro, que não costumo ser narciso. Por mim foi um exercício fotográfico com uma intenção: eu, a máquina, o espelho e uma perspetiva de mim, por mim, sem rede. São riscos que se correm. Não gosto que se enganem a meu respeito, mas nada posso fazer por isso.

11 janeiro 2014

Arrumar a trouxa.

Já avisei o Ricardo, mas aviso agora todos. Estou seriamente a pensar em passar à clandestinidade. Bem sei que isto não se avisa, faz-se, mas as coisas estão ainda num patamar em que posso preparar o exílio na boa. Vou começar a arrumar a trouxa! Isto já deu a volta e nós ainda aqui andamos distraídos. Este tipo tem afinal um perfil estranho, lembra-me coisas más e estão a acontecer coisas que me assustam. Agora é aquela notícia bizarra sobre os jornalistas, amanhã é sobre os blogues e depois sobre o Facebook e vocês continuam aí na mesma, sentados à espera. Eu não. Vou basar. África. O magreb é capaz de ser uma alternativa, agora que eles caem mortos nas praias é só arrebanhar que esses vêm cordeiros e famintos. Vamos passar a ter a azeitona, vindimas, fruta, tudo apanhado na hora e eles quase pagam para fazê-lo e não refilam com falta de informação liberdade ou dos impostos. Soares dos Santos vai ser finalmente um homem feliz, mas também toda a corja de malfeitores que deixamos que nos assaltassem: primeiro o Parlamento, depois os órgãos de Comunicação Social, depois os bolsos, agora o garrote definitivo na C.S. já subserviente e amansada pela necessidade do sustento familiar, cortando a liberdade de informar que conquistamos em 1974. É isso, África está a ficar sem gente, e se tiver que aturar retintos filhos da puta que sejam eles gente que não conheço. Ficam cá os velhos, os hooligans da bola, e as Maria-vai-co’as-outras, não queiram ficar vocês.
Mando-vos notícias de Argel, talvez por uma qualquer rádio pirata, que o monarca de lá quer dar-se bem com a Europa e não me vai permitir uma frequência legal. Dou-vos algumas horas antes de apagar a luz, porque de outra maneira não viam o papel na porta.

04 janeiro 2014

É hora de repensar tudo.

Porque é urgente pensar sem dogmas e questionar tudo, a catástrofe social e ambiental estão à nossa frente, e a falência do momento exige humildade, descarte do egoísmo, mas muita, muita força e união de todos os que se importam não só com o seu futuro mas com o de todos os outros.  Leia o resto desta excelente  entrevista de Anselm Jappe, no Público:



07 dezembro 2013

Natal 2013. O meu postal.

“…amanhã compro um arco íris.
Estamos em época de saldos,
hoje a alegria é barata.”

de um “Doenças Raras”. 14 anos. Lido pelo próprio.
 

Tudo quanto eu disser, desenhar ou pintar, sobre o Natal, já alguém disse ou fez.
Por muito que se queira comemorar a alegria da vida, as diversas cores que ele pode ter lembram-nos o respeito que esses natais nos merecem. Este ano o Natal comemora-se novamente com as cores de muitos sofrimentos, tristezas, alegrias, esperanças, desesperos, e não sei se o Messias queria que fosse de outra maneira, de tal forma ando esquecido dos ensinamentos da catequese. Se queria, falhou.

Gostaria de ter estado na sala Doelen, em Rotterdam, com o coro holandês Deo Cantemus para ouvir este Silent Night com aquela acústica.


25 novembro 2013

Obediência Civil?



Que bomba de discurso este, gente! Não há quem coloque legendas para que todos o entendam? Em todas as línguas do mundo se possível? Não importa que seja Matt Damon, um menino do cinema a dizer este discurso de Howard Zinn, tem até mais relevância do que se fosse um político. Vamos partilhar isto! Temos um mundo inteiro a reclamá-lo. Temos exércitos de famintos a reclamarem de nós um pouco de atenção. Façam-no, não só por vocês, mas por eles.





09 novembro 2013

Comemorações




Comemora-se quase em simultâneo o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, e os 96 anos da Revolução Russa de 1917.

Nada tenho contra Álvaro Cunhal, andei até com ele nas lutas e Abril, e sim reconheço-lhe o valor de um lutador incansável que ajudou à sua maneira a derrotar o fascismo. Entre as duas comemorações decidi por assistir ao da explicação da revolução de 1917, por maior desconhecimento do facto.

O que sabemos de um acontecimento passado é o que o filtro histórico dos vencedores lhe aplica, e no caso da Revolução Russa, o vencedor foi Stalin, não é por isso de estranhar que muito pouco se ouça falar dos que foram derrotados e como foram, e é assim que outra versão dos acontecimentos vai fazendo caminho, mas não devia, porque aquele período teve outros protagonistas e cada um deles teria a sua versão do que se passou se tivesse sobrevivido, e o facto do seu depoimento não ser coincidente só serviria para enriquecer o relato.

Trotsky foi um desses, mas foi dos últimos a ser eliminado na América Latina, pelas secretas do nosso vencedor, mas não foi o único, porque de um Comité Central de 26 elementos sobreviveram 4, três por razões especiais, e um por ser ele próprio: Stalin.

Podem conferir-se por baixo das fotos, o motivo da morte de cada um. Não é justo.

Encontrei duas fotos que ilustram bem esse período. Uma que é sintomática da lavagem feita através da manipulação da fotografia, havendo mais exemplos destes, e a outra que explica porque triunfou Stalin. A revolução russa derivou aqui para uma outra coisa. O resultado foi o que se viu.