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26 fevereiro 2008

Um mal-estar diferente.

Ferreira Fernandes, escreveu no DN: “Olha a novidade: ele há mal-estar...” leia o link.

Caro Ferreira Fernandes, todos percebemos o que diz e não queremos aqui medir a intensidade do mal-estar de cada época, o que me parece é que desta vez haverá diferenças substanciais em relação às épocas anteriores. Em qualquer uma delas, esse povo de então, teve menos consciência dos seus direitos democráticos e a evolução cultural e política é hoje uma realidade bem diferente. Assim, a forma como hoje me revolto tem por base um reconhecimento mais amplo das injustiças que sobre mim são exercidas, do que em qualquer uma das épocas a que refere. E talvez pela primeira vez o alvo não seja exactamente o Poder, nesse sentido lato, ou pelo menos, não aquele que o exerce no momento, mas antes o conjunto difuso de uma classe dominante que entendeu poder atribuir a si própria regras de auto-remuneração e progressão vitalícias que escandaliza os portugueses de cada vez que têm que pagar mais imposto, para a sustentação dessa ostentação. Não é por uma questão de inveja, mas nunca como hoje nos sentimos tão revoltados com a capa de corporativismo silencioso que encobre muitas destas aberrações. E este corporativismo é bem mais perigoso porque ele ancorou para sua protecção noutras corporações, cobrindo assim várias áreas onde o silencio é a melhor forma de protecção de classe. Junte-lhe agora o percepção e o conhecimento que hoje temos face àquelas épocas, do amiguismo e corrupção e ainda a falta de xelindró para toda essa gente que nos entra em casa pela TV e veja a enorme diferença que pode haver nesse “ele há mal-estar...” que escreveu.
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25 fevereiro 2008

A Praça Pública

Quando editei aqui o post Os nosso senhores – II, com desenvolvimento nos seguintes, estava longe de pensar que em tão pouco tempo teria uma espécie de eco vindo de tantos lados e o facto de não estar só torna a preocupação ainda maior. Primeiro foi o General Garcia Leandro que cometeu apenas o pecado na forma como o disse, depois foi Manuel Alegre que o sublinhou, ouviram-se depois mais vozes e agora vem a SEDES pela voz de Henrique Neto, dizer mais ou menos o mesmo.

O que torna aquela minha preocupação diferente é que ela não é de carácter político, ou seja, não acho que seja concretamente por causa desta ou da anterior política, é mais grave, porque é sentir que os portugueses estão finalmente a perceber - e nalgum sentido perigosamente - que estão a ser vítimas de uma casta de senhores que deixaram criar e que os tornaram portugueses de segunda. Não estão a achar justo que dos seus fracos proventos saiam as contribuições que vão suportar os tais vencimentos e auto-promoções, as mordomias e aposentações que durante estes anos de democracia criaram para si, sem que o povo desse conta, com o tal argumento de que os bons têm que ser pagos, enquanto nos vão afundando em todas as estatísticas competitivas.

Com a Internet vamos agora sabendo tudo o que a Comunicação Social, não quer, não pode ou não deixa dizer, e grave é sabermos que não está na classe política a ajuda. Sabemos agora como se pode ter um vencimento altíssimo incluindo outras mordomias e como se pode acumular com três pensões do Estado que rendem mais 10.000,00 Euros mensais, quase 120.000,00 Euros/ano. Mas não são os jornais que o podem dizer. Nenhum português entende e pode aceitar, no momento em que lhe falam de Segurança Social para o penalizar, que isto possa ser normal e que não tenha que ser alterado. O povo só entende que racionar, é tirar onde há excesso.

Gerando-se depois nas pessoas um sentimento de impotência para poder alterar isto e todas as corrupções que por aí vão e que agora sabem que atinge em cheio partidos e políticos, e não havendo a habitual válvula de escape da greve, a situação é para ser tomada em conta, é a minha leitura das entrelinhas do tempo que o diz, disso não tenho dúvidas.

Mas noto já outros sinais de mal estar que alguns estão a dar conta, porque se ouve já o discurso queixoso preparador, até a Comunicação Social, referindo o ”populismo”, a “difamação” e ai Jesus, o cair na “praça pública”! O tal medo da praça pública pois é, o único local que o povo tinha como referência da Justiça quando os senhores lha negavam. Mas não deveria ser antes quem não deve não teme?
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12 fevereiro 2008

Mais ecos.

As desigualdades na distribuição da riqueza e na distribuição dos sacrifícios são muito grandes...”

E o Kaos disse a propósito do Prós e Contras na RTP e da prestação arrasadora de Paulo Morais sobre a corrupção, que deixou todos de boca aberta:

“...Gostava que nem sempre fosse assim e por isso peço a todos que se inicie um corrente de indignação, um não calar as nossas vozes aqui, na rua, em todo o lado onde seja necessário. Temos que lhes mostrar que ou eles mudam isto (o que não acredito), ou temos de ser nós a ir lá e correr com eles (parece-me cada dia mais urgente). Assim as coisas não podem continuar”

Mas cuidado, é preciso perceber que a gravidade do que se passa não é assim no imediato de ordem política, nem o problema é Sócrates, a questão é bem mais funda como se percebeu no programa Prós e Contras, isto é, quem vier a seguir não tem capacidade para mudar um sistema que afinal está legal!.. . As mudanças que Portugal precisa estão quase ao nível do arrasar para construir de novo, porque ninguém vai abrir mão dos privilégios adquiridos legalmente. As situações aberrantes foram sendo criadas aos poucos, paulatinamente, profissionalmente, sem que tenhamos dado por isso fomos sendo roubados. Com a Justiça neste estado, até mesmo o arrasar para construir, está votado ao insucesso com este guião e os mesmos actores. Quando um artista ganha mais não sei quantos milhares que o seu homólogo americano e nos vem falar da contenção salarial por causa da porra do déficit das contas, e não sente vergonha por isso, não há política nova que resulte. Só mesmo fazendo tábua rasa de tanta mordomia que o país não tem capacidade de suportar, conseguiriamos E a corrupção? E os direitos de superficíce já conquistados? E as reformas douradas? Poderão mudar se mudarmos as moscas? O mal está feito! Que Estado de Direito pode mudar este paradigma? Só se os levarmos todos a tribunal com o argumento de que andaram todos a legislar em causa própria.

08 março 2007

Um "ismo"

O Corporativismo é um dos sistemas de organização económica que melhor se resguarda da solidariedade necessária na construção de uma sociedade mais participada. Prevalece ali o espírito fechado de corpo, tendencialmente auto-suficiente de forma a sentir-se desresponsabilizado da participação colectiva. É o egoísmo de uma classe profissional ou grupo sobre outros, na imposição e defesa das suas regalias. Nunca como agora se ouviram tantos lamentos e também é verdade que nunca como agora soubemos de tanta injustiça criada com as excepções à regra, do todo que somos. Tenho por isso cada vez mais dificuldade com a solidariedade às excepções quando elas se perpectuam e se enquistam.

O Corporativismo minou-nos. É dificil começar a sentir passar a reivindicação como se estivesse a levar um murro no estômago.