28 maio 2014

Em Espanha. A Democracia de Marhuenda.

A direita troglodita em Espanha disfarça mal a forma como encara a democracia, e ver a erupção repentina de uma força à esquerda foi coisa que digeriu muito mal. Vai daí, através de Francisco Marhuenda, director do jornal La Razon, - uma espécie de José Manuel Fernandes, como alguém disse  – atirou-se como gato a bofe ao jovem Pablo Iglesias do partido “Podemos”, que ascendeu a quarta força política de Espanha no Parlamento Europeu, com 5 deputados, e só lhe falta pedir agora a instauração de um auto de fé. Marhuenda pede um boicote na Comunicação Social espanhola a Pablo Iglésias por ter tido a ousadia de ter conseguido ser a quarta força nestas eleições. A polémica está neste link: Marhuenda quiere Pablo Igesias fuera mas é interessante conhecer os dois protagonistas, ainda que num outro debate sobre as bolsas de estudo. Aqui:
 

Lido em L'OBÉISSANCE EST MORTE.

22 maio 2014

Os acontecimentos do Chiado. Solidariedade com Miguel Carmo

Saltem do sofá e mostrem a vossa solidariedade ao Miguel, que eu não sei quem é, mas presumo que seja um coração generoso.

Tem sido uma decepção a falta de solidariedade que se tem verificado com os que têm sido levados à justiça, apanhados por questões menores nestas lutas de protesto tão necessárias à manutenção de uma vigilância sobre as injustiças que se abatem sobre nós. Não queria estar na pele deles, não pelas consequências, mas pelo desalento que deve ser estar daquele lado só, sem apoio dos que tinham a obrigação de não me deixarem a pagar sozinho o preço da ousadia de não ter ficado calado:
Um texto de Miguel Carmo

“Olá.

O meu julgamento começa amanhã à tarde no Campus de Justiça e prossegue, pelo menos, nas próximas duas quintas-feiras.

O Ministério Público (MP) acusa-me, com base no testemunho de um polícia que assina o Auto de Notícia em anexo, de ter projectado uma cadeira de uma das esplanadas do Chiado sobre uma linha de polícias que na Rua Serpa Pinto protegia a detenção de um manifestante. Não tendo sido identificado durante a manifestação, nem em nenhum outro momento anterior ou posterior, o Auto refere que se fez uso para tal de informações do Núcleo de Informações da PSP, na forma que passo a citar: “trata-se de um indivíduo que é presença habitual neste tipo de manifestações/concentrações, pautando sempre a sua conduta de forma agressiva para com as Forças de Autoridade”. Ainda não é certo se este julgamento servirá para esclarecer a qualidade de polícia política que a PSP parece requerer para si no documento citado.

Passaram agora mais de dois anos sobre os “acontecimentos do Chiado” e a memória dilui-se. Nada que a Internet e os jornais da altura não reponham num instante. Foi dia de greve geral combativa, com várias manifestações a atravessarem o Chiado em direcção a São Bento. Perante a passagem de uma delas a PSP tem a ideia genial de deter um estivador que vinha rebentando petardos ao longo do percurso. É um homem de meia-idade com um pacemaker, cuja detenção provoca o espanto e reacção imediata dos seus amigos e depois a indignação de toda a manifestação. Foi este o momento inicial de um descontrolo policial que varreu, a vários tempos e intensidades, todo o Chiado até ao Largo de Camões com um balanço final de dezenas de feridos entre manifestantes, jornalistas e transeuntes. Nesse dia temos o Ministro da Administração Interna na televisão a explicar-se e dias depois a ser requerido pelo Bloco de Esquerda para uma audiência parlamentar convocada de urgência para o efeito; temos um inquérito aberto pelo IGAI ao comportamento da PSP, preenchido com declarações de várias pessoas agredidas; e temos o MP a agrupar num mega-processo penal cerca de uma dezena de queixas.

De tudo isto nada reza a história. Macedo é ainda Ministro da Administração Interna, os resultados do IGAI são aparentemente nulos e o MP arquiva todos os processos na fase de instrução, por falta de provas, todos à excepção daquele contra mim. A PSP atacou uma manifestação em dia de greve geral, o Ministro da Administração Interna defende-a e responde politicamente no parlamento; as várias queixas apresentadas contra polícias, tanto no penal como junto do IGAI, são arquivadas e esquecidas, sobrando um processo contra uma pessoa que, como milhares de outras desde o último mandato de Sócrates, têm participado e organizado várias manifestações. É disto que fala, em específico, a ideia de que a história é sempre a história dos vencedores.

Junto algumas ligações de Internet,

As audiências serão sempre às 14h, no 5º Juízo Criminal de Lisboa, 1º Secção (edifício “B” do Campus de Justiça, na Expo)

Agradeço divulgação em blogues e fb pois não os tenho. Que a denúncia seja por ora a nossa arma. Se alguém quiser produzir opinião com mais folêgo sobre esse dia/julgamento posso enviar documentação vária do processo, nomeadamente o despacho de acusação e a nossa contestação.

Abraços e beijinhos

Miguel Carmo”

15 maio 2014

Que eleições são estas?


A forma como decorre esta campanha eleitoral tem já motivos suficientes para nos debruçarmos sobre o seu conteúdo. A primeira conclusão que pessoalmente tiro é que os partidos não estão a esclarecer o cidadão dos problemas europeus, porque estão mais focados no que será a projecção dos seus resultados para outras eleições que se seguem. E é por isso que assistimos à forma caricata como se transforma o objectivo de explicar os combates no parlamento europeu, num outro objectivo doméstico. Considero melhor a estratégia de alertar o cidadão para coisas como estas: “Levar a troika ao Tribunal de Justiça da UE”. “Um país endividado que tenha pedido um programa de apoio não pode ser sujeito a um tratamento ilegal”do que andar em looping fixado na aposta de me dizer que não vote nele vote em mim que eu é que o defendo: isso não é uma proposta de trabalho para a Europa, é assédio para uma coisa tão pouca, como mais um deputado que nada mudará. Mas deixar aqui um exemplo não significa sugerir uma votação, embora seja verdade que a minha última crença política foi acreditar que existia solidariedade na Europa e aquele programa do Ulisses, do Rui Tavares, teria pernas para andar, porque forçaria os países do sul a um entendimento comum, com a solidariedade dos honestos do norte. Mas a crise e os egoísmos que se desenvolveram fez-me ver que essa Europa não existe. Posso contudo dizer-vos que estou empenhadíssimo em que a Europa saiba que eu não gosto da estrutura da moeda que tenho, e por isso pondero escolher entre os partidos que expressamente apelem à saída do Euro, como apelam o MAS e o PCTP/MRPP, fazendo isto parte do tal sobressalto eleitoral que é preciso impor. Quanto à CDU e o BE, são só evasivas num discurso de não me comprometas, que dá para o que se quiser. A outra opção de sobressalto que iria certamente juntar-se à fortíssima abstenção por via da emigração – 700 mil na última década – seria a opção pelo voto em branco, tão legítima quanto qualquer outro voto expresso, como forma de obrigar os partidos a sair do conforto e reclamar uma reestruturação da forma de representação parlamentar porque, pelo andar da carruagem, os jovens que lá estão hoje, estarão lá daqui a 40 anos de barbas a tentar o mesmo e nós já enterrados.

15 abril 2014

Abril em São Pedro de Alcântara

Mas “Todos os rios correm para o Carmo”, e a Associação Abril vai concentrar-se da mesma forma no jardim de S. Pedro de Alcântara, pelas 21.30 h do dia 24 e seguiremos, em grupo para o largo do Carmo, formando, sócios e amigos, um dos rios que correrá para o Carmo.


Carta Aberta ao Primeiro Ministro


Carta escrita por António Mariano, Presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, no jornal i, lida em O Estivador.

07 abril 2014

A Guerra dos Portos.

Porque a solidariedade é a única coisa que funciona, deixo um texto em link da página de "O Estivador", com os depoimentos internacionais dessa solidariedade. Um exemplo a seguir:






05 abril 2014

"...Porque a solidariedade é a única coisa que funciona"



04 março 2014

A propósito de “- Precisa de saco?”

Se por um lado não podemos todos optar com êxito pelo regresso imediato à sustentabilidade de uma vida fora da caixa onde estamos metidos, por outro, é dramático projetarmos o futuro, e parecer-nos estar agora num ponto de não retorno. O triunfo do egoísmo plasmado na ascensão imparável do neoliberalismo pela mão da política, mesmo até daquela que supostamente sempre esteve mais próxima dos grandes valores do Humanidade, deixa-nos sem grandes esperanças de poder reverter o processo antes que um qualquer desastre - dito regenerador - no Mundo, a reponha. Chego a acreditar na cabala que circula, de que há por aí um desígnio a congeminar-se nesse sentido e paradoxalmente, nunca o Homem teve como hoje, projetistas da vida em sociedade tão capazes de oferecer soluções que livrem as nossas filhas, no futuro, da caixa de um supermercado e do tapete rolante das compras. Aquela teoria maquiavélica, não é assim uma coisa tão abstrusa, - lembremos que a “Solução Final” não foi até nenhuma obra de ficção, saiu da cabeça do Homem, é que as hordas de pobres do mundo já têm agora acesso ao conhecimento que não tinham antes, dos excessos com que vivemos, e ninguém os vai conseguir deter na exigência de terem também esse direito: um emprego na caixa de um supermercado. A pressão já é grande, mas muito em breve se tornará insuportável. Alguma coisa de fundamental o Homem teria que impor a si próprio porque o triunfo deste neoliberalismo rapace faz parecer aqueles momentos dramáticos do assalto a uma coluna de alimentos na chegada a um campo de refugiados famintos. Estamos a viver um estertor político comparável, onde tudo vale, só falta tirar olhos.

01 março 2014

Blogue em reconstrução

Este blogue está em reconstrução, porque os gajos que mandam nisto me obrigaram a abandonar o modelo que já vinha de 2004 e optar por um formatado, igual a todos os outros, onde só posso alterar padrões dentro da "caixa". Está por agora assim até novo look.

27 fevereiro 2014

A violência sobre o nossos idosos.

A valsinha que acompanha o texto dedico-a aos meus pais, pela memória que tive deles hoje, provocada pela contundência das notícias do dia. Eles eram alentejanos e gostariam certamente dela.

Este não é propriamente um local para descarregar estados de alma, mas eu explico o que se passou.

As notícias do dia quanto à violência doméstica sobre os nossos idosos, deixaram-me um pouco assim. A propósito de mais uma notícia triste, ouvi coisas horríveis do que está a acontecer entre avós, pais, filhos e netos, entre portas, sem que a nossa sociedade se dê conta do drama que tantos idosos estão a viver. Isso fez-me pensar, que aqui há algum tempo atrás insistia que sendo o povo português de brandos costumes, existia contudo nele um lado pérfido, o da sordidez.

Abandonei depois a tese, porque até a mim me custava admitir que fazia parte de um povo com estas características. Hoje porém, não resisto a voltar ao assunto, por achar que a crise e o drama do desemprego e da miséria financeira não podem explicar tudo, há mais qualquer coisa que faz com isto esteja a acontecer e assim sendo, retomo a constatação de que estes comportamentos só podem ser gerados na sordidez endémica que grassa entre nós. Não sei se estatisticamente somos nisto diferentes da Europa. O que me importa é isso que acontece.

Isto trouxe-me à memória os cabelinhos brancos dos meus e não pude deixar de lhes dedicar esta musiquinha, que  não sendo o meu estilo, fará certamente as delícias deles onde quer que estejam.


25 janeiro 2014

Notícias da clandestinidade.

E pronto amigos, disse-vos aquilo antes de partir. Passei entretanto as passinhas do Algarve, mas cheguei! Argel é uma cidade simpática. Parece que estou no Algarve mas com o sol pelas costas, o que é bom porque não queimo as fuças. A primeira curiosidade é não ver afinal aqui mais camelos do que aí, a não ser que andem escondidos. Agora que aqui cheguei e me livrei desse tipo, dos Barretos, dos Soares, dos Santos e dos comentadores/jornalistas lambe botas – que é bem feito que lhes apertem o pipo da caneta - posso finalmente sair da clandestinidade e dizer que o Graza, sou afinal eu. A bandeira tritonal com o arroio que tem sido a minha identificação, continuará a sê-lo, mas porque as redes sociais decidem sobre a nossa identificação com a maior sem cerimónia, com os nossos nomes escarrapachados, quer estejamos com a língua de fora ou com uma valente bebedeira, decidi dizer que eu não sou afinal aquele Graza que têm identificado, mas sou este. Há uma diferença, e não é da máquina nem do modelo, é da falta de cuidado de cada um a decidir sobre a imagem dos outros. Se me publicarem nas redes e não tiverem o cuidado de ver se tenho a língua de fora ou estou com um grande cacho, não me identifiquem s.f.f.: é que para além disso, o álcool por aqui é um líquido incompatível com a fé dominante.
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Agora, vamos a eles! Que a porra desse país fede cada vez mais, mas não me confundam com um fedayin que a minha luta nem religiosa é e nem desse modo saberia como fazê-la. Ah, se virem o Manel Alegre digam-lhe que preciso dos contactos dele por estas bandas.
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P.S.: Estive para reverter este processo da identificação, porque acabaram de me dizer por cima do ombro, que não costumo ser narciso. Por mim foi um exercício fotográfico com uma intenção: eu, a máquina, o espelho e uma perspetiva de mim, por mim, sem rede. São riscos que se correm. Não gosto que se enganem a meu respeito, mas nada posso fazer por isso.

11 janeiro 2014

Arrumar a trouxa.

Já avisei o Ricardo, mas aviso agora todos. Estou seriamente a pensar em passar à clandestinidade. Bem sei que isto não se avisa, faz-se, mas as coisas estão ainda num patamar em que posso preparar o exílio na boa. Vou começar a arrumar a trouxa! Isto já deu a volta e nós ainda aqui andamos distraídos. Este tipo tem afinal um perfil estranho, lembra-me coisas más e estão a acontecer coisas que me assustam. Agora é aquela notícia bizarra sobre os jornalistas, amanhã é sobre os blogues e depois sobre o Facebook e vocês continuam aí na mesma, sentados à espera. Eu não. Vou basar. África. O magreb é capaz de ser uma alternativa, agora que eles caem mortos nas praias é só arrebanhar que esses vêm cordeiros e famintos. Vamos passar a ter a azeitona, vindimas, fruta, tudo apanhado na hora e eles quase pagam para fazê-lo e não refilam com falta de informação liberdade ou dos impostos. Soares dos Santos vai ser finalmente um homem feliz, mas também toda a corja de malfeitores que deixamos que nos assaltassem: primeiro o Parlamento, depois os órgãos de Comunicação Social, depois os bolsos, agora o garrote definitivo na C.S. já subserviente e amansada pela necessidade do sustento familiar, cortando a liberdade de informar que conquistamos em 1974. É isso, África está a ficar sem gente, e se tiver que aturar retintos filhos da puta que sejam eles gente que não conheço. Ficam cá os velhos, os hooligans da bola, e as Maria-vai-co’as-outras, não queiram ficar vocês.
Mando-vos notícias de Argel, talvez por uma qualquer rádio pirata, que o monarca de lá quer dar-se bem com a Europa e não me vai permitir uma frequência legal. Dou-vos algumas horas antes de apagar a luz, porque de outra maneira não viam o papel na porta.

04 janeiro 2014

É hora de repensar tudo.

Porque é urgente pensar sem dogmas e questionar tudo, a catástrofe social e ambiental estão à nossa frente, e a falência do momento exige humildade, descarte do egoísmo, mas muita, muita força e união de todos os que se importam não só com o seu futuro mas com o de todos os outros.  Leia o resto desta excelente  entrevista de Anselm Jappe, no Público: