28 junho 2014

Andam a transferir-nos o rendimento.


Colocado em gráfico temos outra perspectiva do que se passa e ainda falta lá o efeito inflação. Experimentem. Coloquem os vossos rendimentos numa folha Excel e apliquem-lhe um gráfico. O que ali falta foi para tapar os desmandos, os desfalques e o efeito da corrupção dos vários BPN’s deste país, as transferências reais e bem visíveis de rendimento de uma classe para outra através de todo o tipo de rendas e agora também as da habitação. Foi para as pavonices de Belém e os almoços de S. Bento mais as dotações orçamentais que o nosso voto determina, e para as horrorosas campanhas eleitorais onde nos esbanjam o dinheiro a vender mentiras. Foi para as enormes frotas de luxo de carros alemães fabricados fora do país, que os de Palmela não lhes servem. Foi para sustentar os pelouros e as cadeiras douradas e muita vaidade pelos corredores do poder.
Querem empobrecer-nos à força, para enriquecerem sem esforço. Todos os dias sabemos mais sobre a razão de estarmos assim. Agora, são novamente as notícias do FMI que confirmam o erro, e nos mostram como esta classe indigente de governantes vive numa canina e salivante subserviência.
O pior de tudo, se isto não fosse já mau, é a dificuldade que é fazer entender isto a tantos. Salazar vai perdurar no ADN deste povo por muitas gerações. Inculcou-lhes o medo. José Gil tinha razão.

18 junho 2014

A Saída do Euro

Basta atender à constatação de que sendo um países com uma das moedas mais fortes do mundo, mas também com uma das dívidas mais altas, para percebermos que estando amarrados ao Euro nunca  mais conseguiremos sair deste buraco. É aliás estranho, que tenhamos todos embarcados nesta quimera, sem nos termos interrogado por que razão poderíamos ter de um momento para o outro, forma de competir com uma moeda tão forte. Sabemos agora, depois de termos caído por terra, que afinal tudo foi desenhado em função dos interesses alemães de domínio da Europa.

É para tornar isto mais claro que deixo o link do debate sobre a saída do Euro que fizemos na Associação Abril, com o Dr. Garcia Pereira. O facto da reportagem estar dividida em cinco vídeos até vos facilita a visualização. Não deixem de ouvir, não só pela qualidade que Garcia Pereira acrescenta aos debates em que participa, mas também pela responsabilidade que todos temos em ter sobre esta questão uma opinião formada. Que não seja o facto de não terem os principais partidos um discurso claro e imperativo sobre a saída do Euro que vos deixe ficar sem uma opinião própria. Que eu tenha dado por isso, foram o PCTT/MRPP e o MAS aqueles que claramente o disseram. Outros, com mais responsabilidades, ficaram-se por um discurso macio, parecendo ter receio de o assumir com clareza:

31 maio 2014

Um Homem Não Se Apaga

(…) “e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.
Naquele país, escreveu nos mais importantes jornais e revistas, fundou o Clube de Jornalistas, lutou contra as injustiças de que eram vítimas os indígenas, foi agraciado por diversos Presidentes da República, o seu nome foi atribuído a salas de museus, auditórios, escolas, ruas… Considerado um dos principais teóricos da pintura muralista, foi amigo de Frida Kahlo e de Diego Rivera, entre inúmeros intelectuais, e o seu prestígio difundiu-se internacionalmente.”

Sabem a quem se refere este texto? Não? Eu também não saberia. A questão do meu espanto tem a ver com o facto de me ter passado despercebida a história de um homem, de cuja existência soube, mas nunca com o conhecimento desta forma tão elogiosa? Conhecia o seu nome mas não o seu prestígio. É por isto principalmente que trago este texto, embora não deixem de estar presente as razões que concorreram para que ele tivesse sido apagado da história portuguesa. Estou certo que este livro vai causar grande celeuma, porque é escrito por alguém que está muito por dentro da sua história, e isso vai causar incómodos.

Deixem-me continuar a sublinhar o resto para saberem de quem se trata. Estes extratos foram retirados da contra capa do livro que vos recomendo. Só li umas dezenas de páginas a meio dele, mas o suficiente para o recomendar vivamente, porque é história que talvez desconheçam. Não vão faltar aqui contraditórios, só não quero insultos por tocar numa ferida que muitos nem sabem que têm.

(…) Francisco de Paula Oliveira, o mítico Pavel, é um dos mais misteriosos combatentes antifascistas portugueses. Aderindo desde muito jovem ao Partido Comunista Português, as suas qualidade de militante levaram-no a dirigir interinamente o Parido, sendo considerado o sucessor natural de Bento Gonçalves, o secretário-geral a cumprir pena no Tarrafal.
Em Maio de 1938, depois de se evadir da cadeia de Aljube, Pavel foge para França. O Partido Comunista, que havia preparado a evasão, abandona inesperada e surpreendentemente o seu militante, abrindo caminho à ascensão de Álvaro Cunhal a secretário-geral.

Desprezado pelos seus camaradas, Pavel adopta o nome de António Rodríguez, um galego morto durante a Guerra Civil de Espanha, e exila-se no México, onde se converteria num dos mais prestigiados intelectuais do século XX.

Apesar destes feitos extraordinário, este homem é ainda desconhecido em Portugal e o seu nome continua a ser um tema incómodo para o Partido Comunista, de cuja história foi riscado. Porquê? A resposta está neste livro.”

Chamou-se António Paula Oliveira; Pavel e António Rodriguez, no México estimam a sua memória como a de um grande intelectual. Em Portugal, alguém se encarregou de esconder isso.

PAVEL – UM HOMEM NÃO SE APAGA, de Edmundo Pedro.  Edições Parsifal

28 maio 2014

Em Espanha. A Democracia de Marhuenda.

A direita troglodita em Espanha disfarça mal a forma como encara a democracia, e ver a erupção repentina de uma força à esquerda foi coisa que digeriu muito mal. Vai daí, através de Francisco Marhuenda, director do jornal La Razon, - uma espécie de José Manuel Fernandes, como alguém disse  – atirou-se como gato a bofe ao jovem Pablo Iglesias do partido “Podemos”, que ascendeu a quarta força política de Espanha no Parlamento Europeu, com 5 deputados, e só lhe falta pedir agora a instauração de um auto de fé. Marhuenda pede um boicote na Comunicação Social espanhola a Pablo Iglésias por ter tido a ousadia de ter conseguido ser a quarta força nestas eleições. A polémica está neste link: Marhuenda quiere Pablo Igesias fuera mas é interessante conhecer os dois protagonistas, ainda que num outro debate sobre as bolsas de estudo. Aqui:
 

Lido em L'OBÉISSANCE EST MORTE.

22 maio 2014

Os acontecimentos do Chiado. Solidariedade com Miguel Carmo

Saltem do sofá e mostrem a vossa solidariedade ao Miguel, que eu não sei quem é, mas presumo que seja um coração generoso.

Tem sido uma decepção a falta de solidariedade que se tem verificado com os que têm sido levados à justiça, apanhados por questões menores nestas lutas de protesto tão necessárias à manutenção de uma vigilância sobre as injustiças que se abatem sobre nós. Não queria estar na pele deles, não pelas consequências, mas pelo desalento que deve ser estar daquele lado só, sem apoio dos que tinham a obrigação de não me deixarem a pagar sozinho o preço da ousadia de não ter ficado calado:
Um texto de Miguel Carmo

“Olá.

O meu julgamento começa amanhã à tarde no Campus de Justiça e prossegue, pelo menos, nas próximas duas quintas-feiras.

O Ministério Público (MP) acusa-me, com base no testemunho de um polícia que assina o Auto de Notícia em anexo, de ter projectado uma cadeira de uma das esplanadas do Chiado sobre uma linha de polícias que na Rua Serpa Pinto protegia a detenção de um manifestante. Não tendo sido identificado durante a manifestação, nem em nenhum outro momento anterior ou posterior, o Auto refere que se fez uso para tal de informações do Núcleo de Informações da PSP, na forma que passo a citar: “trata-se de um indivíduo que é presença habitual neste tipo de manifestações/concentrações, pautando sempre a sua conduta de forma agressiva para com as Forças de Autoridade”. Ainda não é certo se este julgamento servirá para esclarecer a qualidade de polícia política que a PSP parece requerer para si no documento citado.

Passaram agora mais de dois anos sobre os “acontecimentos do Chiado” e a memória dilui-se. Nada que a Internet e os jornais da altura não reponham num instante. Foi dia de greve geral combativa, com várias manifestações a atravessarem o Chiado em direcção a São Bento. Perante a passagem de uma delas a PSP tem a ideia genial de deter um estivador que vinha rebentando petardos ao longo do percurso. É um homem de meia-idade com um pacemaker, cuja detenção provoca o espanto e reacção imediata dos seus amigos e depois a indignação de toda a manifestação. Foi este o momento inicial de um descontrolo policial que varreu, a vários tempos e intensidades, todo o Chiado até ao Largo de Camões com um balanço final de dezenas de feridos entre manifestantes, jornalistas e transeuntes. Nesse dia temos o Ministro da Administração Interna na televisão a explicar-se e dias depois a ser requerido pelo Bloco de Esquerda para uma audiência parlamentar convocada de urgência para o efeito; temos um inquérito aberto pelo IGAI ao comportamento da PSP, preenchido com declarações de várias pessoas agredidas; e temos o MP a agrupar num mega-processo penal cerca de uma dezena de queixas.

De tudo isto nada reza a história. Macedo é ainda Ministro da Administração Interna, os resultados do IGAI são aparentemente nulos e o MP arquiva todos os processos na fase de instrução, por falta de provas, todos à excepção daquele contra mim. A PSP atacou uma manifestação em dia de greve geral, o Ministro da Administração Interna defende-a e responde politicamente no parlamento; as várias queixas apresentadas contra polícias, tanto no penal como junto do IGAI, são arquivadas e esquecidas, sobrando um processo contra uma pessoa que, como milhares de outras desde o último mandato de Sócrates, têm participado e organizado várias manifestações. É disto que fala, em específico, a ideia de que a história é sempre a história dos vencedores.

Junto algumas ligações de Internet,

As audiências serão sempre às 14h, no 5º Juízo Criminal de Lisboa, 1º Secção (edifício “B” do Campus de Justiça, na Expo)

Agradeço divulgação em blogues e fb pois não os tenho. Que a denúncia seja por ora a nossa arma. Se alguém quiser produzir opinião com mais folêgo sobre esse dia/julgamento posso enviar documentação vária do processo, nomeadamente o despacho de acusação e a nossa contestação.

Abraços e beijinhos

Miguel Carmo”

15 maio 2014

Que eleições são estas?


A forma como decorre esta campanha eleitoral tem já motivos suficientes para nos debruçarmos sobre o seu conteúdo. A primeira conclusão que pessoalmente tiro é que os partidos não estão a esclarecer o cidadão dos problemas europeus, porque estão mais focados no que será a projecção dos seus resultados para outras eleições que se seguem. E é por isso que assistimos à forma caricata como se transforma o objectivo de explicar os combates no parlamento europeu, num outro objectivo doméstico. Considero melhor a estratégia de alertar o cidadão para coisas como estas: “Levar a troika ao Tribunal de Justiça da UE”. “Um país endividado que tenha pedido um programa de apoio não pode ser sujeito a um tratamento ilegal”do que andar em looping fixado na aposta de me dizer que não vote nele vote em mim que eu é que o defendo: isso não é uma proposta de trabalho para a Europa, é assédio para uma coisa tão pouca, como mais um deputado que nada mudará. Mas deixar aqui um exemplo não significa sugerir uma votação, embora seja verdade que a minha última crença política foi acreditar que existia solidariedade na Europa e aquele programa do Ulisses, do Rui Tavares, teria pernas para andar, porque forçaria os países do sul a um entendimento comum, com a solidariedade dos honestos do norte. Mas a crise e os egoísmos que se desenvolveram fez-me ver que essa Europa não existe. Posso contudo dizer-vos que estou empenhadíssimo em que a Europa saiba que eu não gosto da estrutura da moeda que tenho, e por isso pondero escolher entre os partidos que expressamente apelem à saída do Euro, como apelam o MAS e o PCTP/MRPP, fazendo isto parte do tal sobressalto eleitoral que é preciso impor. Quanto à CDU e o BE, são só evasivas num discurso de não me comprometas, que dá para o que se quiser. A outra opção de sobressalto que iria certamente juntar-se à fortíssima abstenção por via da emigração – 700 mil na última década – seria a opção pelo voto em branco, tão legítima quanto qualquer outro voto expresso, como forma de obrigar os partidos a sair do conforto e reclamar uma reestruturação da forma de representação parlamentar porque, pelo andar da carruagem, os jovens que lá estão hoje, estarão lá daqui a 40 anos de barbas a tentar o mesmo e nós já enterrados.

15 abril 2014

Abril em São Pedro de Alcântara

Mas “Todos os rios correm para o Carmo”, e a Associação Abril vai concentrar-se da mesma forma no jardim de S. Pedro de Alcântara, pelas 21.30 h do dia 24 e seguiremos, em grupo para o largo do Carmo, formando, sócios e amigos, um dos rios que correrá para o Carmo.


Carta Aberta ao Primeiro Ministro


Carta escrita por António Mariano, Presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, no jornal i, lida em O Estivador.

07 abril 2014

A Guerra dos Portos.

Porque a solidariedade é a única coisa que funciona, deixo um texto em link da página de "O Estivador", com os depoimentos internacionais dessa solidariedade. Um exemplo a seguir:






05 abril 2014

"...Porque a solidariedade é a única coisa que funciona"



04 março 2014

A propósito de “- Precisa de saco?”

Se por um lado não podemos todos optar com êxito pelo regresso imediato à sustentabilidade de uma vida fora da caixa onde estamos metidos, por outro, é dramático projetarmos o futuro, e parecer-nos estar agora num ponto de não retorno. O triunfo do egoísmo plasmado na ascensão imparável do neoliberalismo pela mão da política, mesmo até daquela que supostamente sempre esteve mais próxima dos grandes valores do Humanidade, deixa-nos sem grandes esperanças de poder reverter o processo antes que um qualquer desastre - dito regenerador - no Mundo, a reponha. Chego a acreditar na cabala que circula, de que há por aí um desígnio a congeminar-se nesse sentido e paradoxalmente, nunca o Homem teve como hoje, projetistas da vida em sociedade tão capazes de oferecer soluções que livrem as nossas filhas, no futuro, da caixa de um supermercado e do tapete rolante das compras. Aquela teoria maquiavélica, não é assim uma coisa tão abstrusa, - lembremos que a “Solução Final” não foi até nenhuma obra de ficção, saiu da cabeça do Homem, é que as hordas de pobres do mundo já têm agora acesso ao conhecimento que não tinham antes, dos excessos com que vivemos, e ninguém os vai conseguir deter na exigência de terem também esse direito: um emprego na caixa de um supermercado. A pressão já é grande, mas muito em breve se tornará insuportável. Alguma coisa de fundamental o Homem teria que impor a si próprio porque o triunfo deste neoliberalismo rapace faz parecer aqueles momentos dramáticos do assalto a uma coluna de alimentos na chegada a um campo de refugiados famintos. Estamos a viver um estertor político comparável, onde tudo vale, só falta tirar olhos.

01 março 2014

Blogue em reconstrução

Este blogue está em reconstrução, porque os gajos que mandam nisto me obrigaram a abandonar o modelo que já vinha de 2004 e optar por um formatado, igual a todos os outros, onde só posso alterar padrões dentro da "caixa". Está por agora assim até novo look.

27 fevereiro 2014

A violência sobre o nossos idosos.

A valsinha que acompanha o texto dedico-a aos meus pais, pela memória que tive deles hoje, provocada pela contundência das notícias do dia. Eles eram alentejanos e gostariam certamente dela.

Este não é propriamente um local para descarregar estados de alma, mas eu explico o que se passou.

As notícias do dia quanto à violência doméstica sobre os nossos idosos, deixaram-me um pouco assim. A propósito de mais uma notícia triste, ouvi coisas horríveis do que está a acontecer entre avós, pais, filhos e netos, entre portas, sem que a nossa sociedade se dê conta do drama que tantos idosos estão a viver. Isso fez-me pensar, que aqui há algum tempo atrás insistia que sendo o povo português de brandos costumes, existia contudo nele um lado pérfido, o da sordidez.

Abandonei depois a tese, porque até a mim me custava admitir que fazia parte de um povo com estas características. Hoje porém, não resisto a voltar ao assunto, por achar que a crise e o drama do desemprego e da miséria financeira não podem explicar tudo, há mais qualquer coisa que faz com isto esteja a acontecer e assim sendo, retomo a constatação de que estes comportamentos só podem ser gerados na sordidez endémica que grassa entre nós. Não sei se estatisticamente somos nisto diferentes da Europa. O que me importa é isso que acontece.

Isto trouxe-me à memória os cabelinhos brancos dos meus e não pude deixar de lhes dedicar esta musiquinha, que  não sendo o meu estilo, fará certamente as delícias deles onde quer que estejam.