28 janeiro 2007

Um Novo Manifesto.


Com as suas quinze páginas é o livro mais difícil de localizar na estante. Mas deve ser proporcionalmente ao seu volume, um dos que causou até hoje maior impacto na sociedade portuguesa, particularmente na sociedade burguesa que instituía e alimentava uma cultura sem chama e uma existência sem rasgo, naquela época. Desta onda regeneradora que Almada Negreiros ajudou a impulsionar, do qual este Manifesto é uma peça fundamental, pelo que aporta de contestação geral àquela cultura amorfa, e de critica social aos indefectíveis do poder instituído, ainda hoje temos o eco. Depois dele e daquela geração futurista que foi capaz de chocar aquela sociedade, ainda não tivemos até hoje alguém que tenha conseguido marcar, diria melhor, implodir, esta sociedade de troca de favores, novamente de maneirismos, onde nos vamos perdendo todos, a cultura vai mirrando e o país se vai esvaíndo.

Dantas, nós temos! Se for preciso, mais do que um! Poeta (s), escritor (es) capazes de um novo Manifesto, também. Só nos falta alguém que o queira assumir e Portugal precisa urgentemente de uma nova onda regeneradora. Almada fez isto com 22 anos.

(...) “Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!” (...) Almada Negreiros

Foi possível...

A Cidadania esteve há um ano a uma unha negra de eleger Manuel Alegre a Presidente da República sem algum apoio partidário ou agência de comunicação e fazer com isso pela primeira vez história, na Europa. Foi uma retumbante vitória, porque foi o cidadão que exercendo os direitos que lhe estão consagrados, demonstrou que não há de facto donos da República e provou que a partir dali alguma coisa tem que ser levado em conta antes de se imporem aos eleitores lógicas mal fundamentadas.

O jantar de hoje, de comemoração, na Quinta dos Gafanhotos em S. Domingos de Rana, foi uma responsável e serena afirmação de comprometimento com a defesa daqueles princípos. Há um ano, provamos que a Cidadania é possível.

24 janeiro 2007

Divulga se ...


"Divulga se estiveres deste lado." ( ?! )


Há "se" traiçoeiros. Especialmente quando vêm de amigos...E conheçem o valor do "se".

21 janeiro 2007

O Sim sem funeral

É uma miserável conversa de Idade Média! 1331!... Leiam este disparate de um ministro da Igreja Católica que encontrei aqui no Forum Cidadania, publicado no DN Online.

20 janeiro 2007

A Noruega e o Caitas

Desabafos:

"Como é que um gajo vai mais rapidamente para a Noruega: de barco ou de avião?


Agora vou até à Bafureira jantar a casa da minha irmã. É pena já estar escuro, porque não me canso de apreciar aquela zona e constatar que Portugal é bonito comó caraças. E o mais irritante é que poderia ser o melhor pais do mundo: bom clima, bonito, até se fala português e tudo e depois é o que se vê...

O meu gato veio agora aqui miar mas eu mandei-o comer ratos: sei lá kéke ele quer! Já não tenho paciência. Vou-me embora."

A Noruega e a Utopia

Caro João, depois de ver o teu email “A Noruega” que anda aí em circulação, parece que saí de um sonho como no livrinho “A Utopia “ de Sir Thomas More, escrito à séculos, sobre a antiga civilização na Ilha da Utopia.

Devemos descontar naquele progresso a existência de petróleo no seu território, até ouro a céu aberto nos seus rios e uma riqueza enorme para uma fraca densidade populacional, mas devemos dar de seguida aquele exemplo da Ministra que se demitiu porque o seu marido foi apanhado a conduzir com excesso de álcool. É este pequeno nada na formação de cada um que pode a fazer a diferença.

Acredita amigo que sou um mouro empenhado em fazer com que a Ética vença e alguma Utopia possa ser realidade. Sei que é muito difícil porque a diferença está no comportamento de cada português que vemos dia-a-dia, mas a regra que sigo para não desistir, é: quantas coisas não acho que foram modificadas pela pedagogia dos meus exemplos? Alguma coisa deixamos em alguém se o fizermos bem.

A revolução mais difícil de fazer é a que envolve o aperfeiçoamento civilizacional das gerações, porque são elas o próprio veículo do aperfeiçoamento. Se não o fizermos agora a próxima estará na mesma e a outra mais atrasada e nunca mais seremos Noruega.

15 janeiro 2007

O Tricot do Tempo



Não tenho dúvida de que haveremos ainda de ouvir falar de Vitor Sousa. Se isso não acontecer em tempo de vida útil, foi porque se repetiu mais uma vez a injustiça que protelou muitas vezes na história o reconhecimento do mérito. Mas só alguns sabem conviver com esse adiamento. Esses, são os bons.

14 janeiro 2007

Carta de Amadeo.

Fiz aqui homenagem na abertura da exposição na Gulbenkian em Novembro, mas Amadeo merece ainda no dia do encerramento, o link para esta carta, ao seu tio, publicada na página da Universidade de Coimbra:

12 janeiro 2007

Quiosques






Estes foram tratados pelos pintores de Lisboa.















Com estes um dia Lisboa não terá quiosques na sua história.

Tinham que ser tão maus?

11 janeiro 2007

A Missa e os Impostos

Tinha lido no Tugir, que já vinha do Jumento e agora recebo do Laicidade. Ía também escrever sobre a surpresa desta Missa de Acção de Graças com a DGCI pelo meio, mas descubro que não estou só e há muita gente como eu indignada. Para que fique também o meu protesto deixo cópia do meu comentário, em forma de post.

Eu não sei quem pagou ou não, acaba por ser irrelevante não o sendo, porque o que está em causa é esta mistura intolerável de simbolos do Estado nestas celebrações religiosas. E andamos nós para aqui a olhar desconfiados, os povos que ainda não conseguiram essa separação natural de Estado e Religião?! Eu devo ser, na génese, mais Cristão do que esta gente que precisa destes espaventos e manteiguices, porque sinto a mesma revolta que Cristo sentiu quando teve que puxar a toalha e virar as cadeiras do Templo...”

09 janeiro 2007

O Rugby português.

Qualquer luta na vida tem como último propósito o êxito, e a felicidade de alcançá-lo sobre condições adversas é sem dúvida o mais gratificante dos prémios.

No jornal de distribuição gratuita, Diário Desportivo, de 8 de Janeiro, podemos ler da entrevista do Seleccionador Nacional de Rugby, Tomaz Morais, o seguinte:

“...Colocou Portugal no mapa de rugby mundial ao vencer o Torneio das Seis Naçoes B e cinco campeonatos europeus de Sevens....”

E conta Tomaz Morais: “... Em 2003 podíamos conquistar o Grand Slam (não perder nenhum jogo) e vencer, pela primeira vez a Rússia. Em Moscovo tivemos que apanhar um voo de ligação para Krasnodar, mas a “ponte aérea” só se fazia através de outro aeroporto da capital.Tivemos que aceitar boleia num autocarro velho de um aeroporto para o outro. Quando chegamos ao destino, estava encerrado. Não havia bancos, não havia cadeiras, não havia nada. Havia um chão, um telheiro semiaberto e um frio de rachar. Na manhã seguinte partimos num avião pequeno e os jogadores mais altos tinham que viajar de lado. À chegada ao destino, o avião imobilizou-se no meio de um “deserto branco”. No final. A selecção voltou a surpreender tudo e todos ao conseguir uma vitória histórica em Krasnodar.”

“D.D. – No Torneio do Dubai a selecção nacional de sevens venceu, pelo segundo ano consecutivo, o prémio da formação com mais “fair play”. Incutir o espírito de “fair play” na equipa é uma das suas apostas?
T.M. – Não tento incutir só o “fair play”. Gosto que os meus jogadores joguem com o árbitro, que não cometam infracções. Na minha opinião, uma grande equipa de rugby é também aquela que joga sem cometer faltas. Mas tenho sido prejudicado. Vencemos o prémio “fair play”, mas voltamos a ser eliminados do torneio do Dubai, com a Argentina, porque fomos penalizados quando não deviamos ter sido, e a Argentina não o foi quando devia ter sido. É muito importante para o rugby e o para o país ganhar este prémio, mas às vezes dá-me que pensar se no alto rendimento, não há que ser um bocadinho mais malandro...”

Meu caro Tomaz Morais. Não se arrependa nem um bocadinho dessa postura! Que coisa brilhante está a fazer num país que tem neste comportamento desportivo um dos piores índices da Europa. É um orgulho tremendo que consigam as vossas vitórias com os louros que só os combatentes leais merecem. São estas as verdadeiras vitórias desportivas que nos deveriam orgulhar. Por estas, vocês não recebem, pagam para arrancá-las.

O que esperam vocês para enviar aos jogadores da Selecção Nacional de Rugby e a Tomaz Morais a vossa palavra de apoio? Eu já o tinha feito aqui e volto a fazê-lo agora.

06 janeiro 2007

Passei(os) ou Tropessei(os)


No centro é que está a virtude?!
Ou em terra de cegos quem tem olho caia à mesma?

Decididamente, Lisboa não gosta de passeios, são um impecilho. Uma maçada!


A qualidade de vida de uma cidade melhora mais com as asneiras que se emendam e correcções que se fazem, do que com flores e fogachos efémeros.

01 janeiro 2007

Terrorista?! Eu?

Começamos mal o ano! Por defender a IVG fui equiparado a terrorista pelo Papa Bento XVI na homilia do dia de Ano Novo, logo secundado pelo Cardeal Patriarca de Lisboa.

Com que cara assistem os pobres fiéis a esta declaração, quando, para além da questão traumática que é ter que recorrer ao aborto, correndo os riscos que se conhecem, ainda são classificados de terroristas pelo chefe da Igreja Católica? Não há neste tipo de mensagem resquícios da indução de temores inquisitoriais sobre as consciências de cada um? Fosse eu uma fervorosa rez do seu rebanho, a contas com um problema destes para resolver, não estariam as minhas dúvidas a contorcer-me e a fazer-me sentir como o escomungado numa fria masmorra da Idade Média? Entendo a razão que levou o Homem a acoitar-se sob a protecção dos seus ícones, divindades, religiões e em nome dos quais já cometeu as maiores barbaridades da história. Até entendo isso tudo. O que já não entendo é que este Homem moderno saído do que foram esses enganos a que foi levado, e que o deveriam ter emancipado, precise ainda que lhe indiquem os caminhos para as suas consciências. Que porra de Homem somos ainda?
P.S. : Há sempre quem queira ler à sua maneira, mas, "entender" significa "compreender, conhecer". Se fosse "concodar" nem este blog tinha razão de ser.

27 dezembro 2006

Que Educação? Qual opção?

É tarde mas ainda a tempo. A Revista sobre política educatica “Pontos nos ii", merece-me esta referência ao não lhe ter sido permitida a 12ª edição, a de Dezembro.

Já aqui disse que as questões relacionadas com a Educação e Ensino neste país, são de tal forma determinantes para a viabilidade do contexto de nação que pretendemos alcançar, que nesta fase de muita incerteza face aos resultados que rapidamente precisamos alcançar, todos devem estar atentos para exigir que não se abrande o ritmo de alteração qualitativa dos resultados.

O aparecimento de uma revista nesta área, ocupando um espaço próprio, tinha todo o sentido e começaria a dar resultados no tempo próprio para estas matérias. A evolução e a experiência fariam com que outras dinâmicas de crescimento provavelmente se juntassem ao seu espaço inicial.

Exigem-se nestes projectos gente independente, de pensamento autónomo mas também entidades proprietárias sem vícios na matéria, caso contrário ninguém consegue mexer ou contribuir com nada. Infelizmente parece que foi isto que aconteceu. Quem leu os onze números daquela revista viu como ali se debateu o Ensino, sem constrangimentos e sem medo, coisa que vai sendo rara. Debater também é contestar, mas houve alguém que achou que numa sociedade séria ninguém contesta e vai daí:

“...Saiu Novembro e Dezembro ficou pronto. Mas...Na passada sexta-feira, 24, o ozalid da edição que devia estar amanhã nas bancas veio para revisão final. Na segunda, 27, quando as jornalistas foram introduzir as emendas, todos os registos informáticos haviam sido limpos. Durante o fim-de-semana, a administração apossou-se indevidamente da edição de Dezembro da Pontos nos ii e impediu a sua publicação. Dessa edição constava uma entrevista de fundo a Jerónimo de Sousa, um editorial muito crítico sobre Sócrates e uma Mensagem aos Leitores e aos Colaboradores, que narrava com mais detalhe o que acima fica escrito.O anterior são os factos. O que se segue é a minha opinião....”

Parte corpo central do comunicado do Prof. Santana Castilho, Director da revista, no Jornal Público de 4 de Dezembro.

A Texto Editora, estranhanente sucumbiu e afinou por outros valores, mas assim nunca mais lá chegamos. Porque não são meia dúzia de iluminados fechados num Ministério, ainda que bem intencionados que detêm a chave do problema, é da confrontação do conhecimento das teorias que nasce a opção, caso contrário, nem há opção.

23 dezembro 2006

Um Natal seco e farto.

Era um Natal húmido de temperatura suave com uma névoa engrossada quase chuva. Já tudo recolhera e os retardatários para a ceia tinham chegado. Procurava em vão onde pudesse comprar tabaco. No início da calçada estava um cachorrito preto, de pelo liso meio molhado que me interpelou sobre qualquer coisa, com a inclinação da cabeça o espevitar das orelhas e um abanar do rabo. Dei-lhe apoio moral com um toque na cabeça que agradeceu, trocamos um olhar e lá ficou à espera de alguém que lhe respondesse. O nevoeiro, era agora chuva muito fina. A última tentativa para o tabaco era nos cafés do jardim público. A rua era comprida e pouco iluminada por candeeiros antigos iguais aos que se furtavam ao Villaret, no filme . Das janelas vinha claridade que ajudava a marcar espaços iluminados na rua e as pedras borrifadas reflectiam os escassos pontos de luz. Já caminhava há algum tempo quando atravessei a rua e olhei para trás reparei na silhueta do cachorrito refletida nas pedras de basalto preto gastas pelo tempo, já quase seixos redondos. Aquele pobre tinha-me seguido durante todo aquele tempo. Aproximei-me dele. Das casas vinha o som abafado do “Twelve days of Christmas” de Harry Belafonte. Desta vez não me interpelou, baixou a cabeça, julgo que num sinal de submissão. O pelo lustroso e limpo estava a ceder e começava a ficar encharcado. Voltei a fazer-lhe uma festa, agora com a palma da mão e disse-lhe mentalmente que não o podia levar. Parece ter confirmado aquilo que já sabia e lá ficou parado.

No regresso, sem tabaco e já molhado ía decidido a dar-lhe uma consoada seca e farta, mas a última conversa foi para ele decisiva. Deve ter continuado a sua busca de um coração mais mole naquele dia.


Não fosse a solidez das minhas convicções e perguntaria: Quem seria aquele cão que me pôs à prova e ainda hoje passados tantos anos me aparece sempre nas minhas memórias de Natal? Se ele voltar algum dia, terá com certeza um Natal seco e farto.

22 dezembro 2006

Agora, obstruimos.

Primeiro, um juíz espanhol faz cair sobre a Banca portuguesa o anátema de: bla bla bla bla bla bla... ( Parece que apenas 5% dos montantes “passados” reportam a um Banco português, mas só se baixou o tom do escarcéu e falou baixinho depois de isto ser uma evidência pública e assim foram poupados inicialmente os Bancos espanhóis, por onde passaram os outros 95%...).

Depois, um deputado espanhol ataca os Transportes portugueses de: bla bla bla bla bla...
Agora, vem num jornal: "...O grupo espanhol Ferrovial denunciou o Estado português junto das instituições da União Europeia por alegada obstrução da concorrência no sector da construção e obras públicas, refere a imprensa espanhola".

- Mas a Somague era a maior empresa de construção nacional. Agora é espanhola.
- Mas cada vez mais vemos placas de empresas espanholas na construção das obras nacionais.
- E os Bancos espanhóis (Totta) remodelam só com nomes de empresas de construção espanholas.
- E o Corte Inglês não deve ter levado um prego nacional.
- E a Praça, até é praça de Espanha!
- E São Sebastião não é português, já é todo de Espanha!
- Os carros vão ser construidos em Espanha!
- E a porra da cebola tresanda a cebola de Espanha! Ainda por cima invadiram o Metro e dizem-nos para sorrir que estamos em Espanha!...
- Apesar da evidência conhecida, de todos saberem que na Europa o país com maior blindagem à concorrência exterior tem sido a Espanha, ainda querem mais de nós?

Mas o que querem não damos. Nem que se fodam...