29 novembro 2011

Leões à solta

A violência que assalta o futebol é um fenómeno resultante da descarga de frustrações e outros desequilíbrios, tanto de adeptos como de dirigentes – alguns até, com complexos mal resolvidos que tentam suprimir pela forma bizarra como se comportam no meio. Um exemplo disto: Jornalista da TVI terá sido insultado por Pinto da Costa e agredido pelos seus “acompanhantes” após o jogo de ontem com o Braga, tanto quanto parece, uma penalização por delito de opinião. - Mas o que aqui me traz é a polémica do jogo na Luz. Estou perfeitamente incrédulo com o empolamento feito pelo Sporting e acho que é nele que se devem procurar respostas para o que aconteceu.
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O Benfica, no pleno direito que lhe assistia, decidiu implementar um sistema de segurança igual a muitos outros na Europa: PSG, Schalke, Basileia, Real Madrid, Marselha, Olympiakos, Nápoles, Milan e Inter que contribuirá para a protecção dos espectadores. Não inventou nada. Este sistema foi aprovado e fiscalizado pela Liga, PSP, Bombeiros e “Stuarts”. Parece no entanto que o Sporting exigia um tratamento especial, ao não querer a sua implementação agora, unicamente pela razão de não se sentir confortável com a estreia: não, porque não! Acusa o Benfica por ter concretizado, e vai daí, veio preparado de casa… Tudo parece começar então nessa exigência, mas o Sporting não tem o direito de reivindicar o timing de utilização para as novas funcionalidades num estádio alheio, assim como o Benfica não tinha o dever de substituir o Sporting nessa estreia pelo próximo adversário a defrontar. Se levarmos até em conta os riscos das claques por rivalidades conhecidas, faria mais sentido a estreia ontem, do que no próximo jogo contra um Cucujães de Mafamude, por exemplo. Depois, é o que já conhecemos:
  1. Queixas pelo atraso na chegada às bancadas, tendo saído de Alvalade 35 minutos depois do programado;
  2. Acusação de exiguidade da bancada com adeptos a ocupar dois lugares, havendo filme das clareiras verificadas na bancada durante o jogo;
  3. Exibição pelo Benfica da prova da devolução de bilhetes que atestam a não lotação do espaço;
  4. Fogo posto às cadeiras do estádio após o jogo;
  5. Agressão aos bombeiros para impedir o ataque às chamas;
  6. Cânticos de louvor ao incêndio;
  7. Descoberta nas bancadas dos recipientes que serviram de transporte ao líquido incendiário, o que prova premeditação;
  8. Acusações por um dirigente leonino de tratamento e funcionamentos “pré-históricos” (!);
  9. Acusação de mau comportamento policial no acompanhamento da “caixa de adeptos”, como se o Benfica tivesse alguma coisa a ver com isso, parecendo querer que isto sirva de atenuante para o crime de fogo posto;
  10. Detenção de adeptos da claque conotados com a famosa suástica, etc.
Depois da evidência da gravidade destes comportamentos, não espanta que a táctica seja a fuga prá frente, e como num jogo de xadrez, colocam pedras de ataque como mecanismo de defesa. Sobra agora um Presidente leonino fraco a dizer que houve “coisas graves” nos balneários “depois do jogo”, e a reboque de um Vice-Presidente a querer protagonismo, que promete ser mais uma daquelas aves raras de que o nosso futebol não precisava nada. Isto permite-nos pensar que alguém boicotou em Alvalade o clima de paz que começava a existir com o Benfica. O Sporting ganharia em saber quem foi, porque é preciso varrer do nosso futebol incendiários destes.

26 novembro 2011

O fado do nosso Fado

Reeditado:
Não será preciso que um júri venha dizer que o nosso Fado é Património da Humanidade, porque isso já nós sabemos, e sabe quem o ouve enternecido sem entender uma palavra cantada, porque é próprio da alma do Fado fazer-se entender pelo lado do coração. Não havendo outro género musical onde isto seja tão verdadeiro, como não podia então deixar de o ser? Se não ouçam: Mariza, Ana Moura e Fábia Rebordão.

                
 
Confesso que no calor da revolução de Abril, o Fado e todo o seu atavismo sofreu de mim quase de uma forma definitiva, do perigoso ostracismo que o poderia ter perdido. Sei hoje, que isso fez parte daquele folclore circunstancial, e do mecanismo de repulsa por tudo o que representava os símbolos do regime que tínhamos deposto. Lembro-me porém do aviso de uma jovem amiga francesa - a Claudine - que acabou por ter sido um pouco responsável por não se ter acelerado essa vertigem: - Não percam nunca este património musical. Dizia ao ver as nossas dúvidas revolucionárias confrontarem até patrimónios destes.

Como era possível vir alguém de tão longe dizer-nos isto? Ainda hoje me interrogo, não pelos seus conselhos, mas pelos mecanismos que nos bloqueavam. E se há acontecimentos nessas etapas que ajudam a ter a medida de outras revoluções a que venho assistindo, este, da defesa do Fado feito em 1974 por jovens amigas longínquas da Normandia, é um deles.

21 novembro 2011

219


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A Greve

É pela razão com que conclui Boaventura Sousa Santos o seu artigo na Visão, que recomendo aos promotores da Greve Geral do dia 24 que não retirem da nossa subscrição alguma adesão aos seus princípios politico partidários. Agradecemos a convocação, mas não transformem a nossa adesão num sufrágio, porque andamos politicamente de candeias às avessas. Sabem porquê? Porque muito dos exageros e das barbaridades que vamos descobrindo feitas por aquele parlamento, foram feitas nas suas barbas. Sem denúncia. Não sei se algum dia saberemos se, em conluio.

19 novembro 2011

Um assalto à Justiça

A Ministra da Justiça tem dito claramente que Pinto Monteiro deveria demitir-se. Não gosta dele no cargo. O mediático João Palma, do Sindicato dos Magistrados tem feito críticas à actuação do Procurador. Agora, tivemos pela Comunicação Social a vergonha de uma prisão em directo. Pinto Monteiro mandou investigar. Torna-se claro que alguém anda a querer tramá-lo, como diz aqui e aqui o Jornal I, e está a fazê-lo bem feito. Há sorrisos off de record. Se isto não é um assalto à Justiça praticado à luz do dia, o que é?

18 novembro 2011

Noah acusa espanhóis de "poção mágica"


Não constam até agora reacções, mas a conversa tem tudo para alimentar uma nova polémica, quer pelo que é dito, como porque é dito. É como estarmos na penumbra de um estádio e os holofotes abrirem apenas sobre as cores de uma bandeira e ficar tudo em suspense. Até a visibilidade e alterações dos próximos resultados vão ser escrutinadas. Uma coisa é certa, as declarações poderão, ao contrário, resultar na promoção dos resultados espanhóis.

11 novembro 2011

"The Tide is Turning". Um hino!




Que merece ser o ponto de partida. O hino da mudança que se anuncia.

This is the crap our children are learning (…)
I'm not saying that the battle is won (…)
the tide is turning (...)

Yes Roger, the tide is turning! Também acredito. Morre quem não tiver um pouco de utopia em si, quanto mais não seja, de susto com o que está para acontecer. E vai acontecer.

I used to think the world was flat
Rarely threw my hat into the crowd
I felt I had used up my quota of yearning
... Used to look in on the children at night
In the glow of their Donald Duck light
And frighten myself with the thought of my little ones burning
But, oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning
Satellite buzzing through the endless night
Exclusive to moonshots and world title fights
Jesus Christ, imagine what it must be earning
Who is the strongest
Who is the best
Who holds the aces
The East
Or the West
This is the crap our children are learning
But oh, oh, oh, the tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
Now the satellite's confused
'Cause on Saturday night
The airwaves were full of compassion and light
And his silicon heart
Warmed to the sight of a billion candles burning
Oh, oh, oh, the tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning Billy
I'm not saying that the battle is won
But on Saturday night all those kids in the sun
Wrested technology's sword from the hand of the war lords
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning Sylvester
Oh, oh, oh, the tide is turning

07 novembro 2011

Um "Ovo de Serpente" em gestação.

REEDITADO.

Acabo de receber um email que vem juntar mais preocupação à preocupação que já tenho com a xenofobia que vai por essa Europa a propósito da crise financeira em relação aos países do sul da Europa. Estranho nisto o facto de só agora ter tomado conhecimento do cartaz a que se refere, depois de estar há mais de um mês instalado na Augustrass 10, em Berlim.

Não sei se têm sobre este cartaz o mesmo olhar benévolo com que ele é apresentado no email que circula, sem nos propor uma condenação mais veemente, o mesmo olhar que permitiu que só agora o conheça, aceitando-o, por se inscrever na liberdade devida a qualquer obra de arte. Peço-vos por isso a vossa opinião, porque posso estar profundamente errado e me digam se estou levado por patriotismos a ver nazismos em todo o lado e não tenho razão para me considerar indignado com a desfaçatez com que um país e dois artistas não têm qualquer espécie de rebuço em ofender daquela forma os povos visados no cartaz. Por mim, que não tenho pruridos quando interpreto arte, entendo que não devemos vergar-nos e ter medo de afirmar que as vanguardas impostoras também existem, sedentas em qualquer arte, para se aproveitarem da credulidade do leigo usurpando dessa forma subtil aquele conceito. Isto é rasca! E só é apresentado como arte para cumprir os propósitos xenófobos e manhosos com que foi patrocinada.

Deixo aqui os links através dos quais vim a saber toda a história deste cartaz, e do rapaz que o fez segundo concepção da mãe: Aqui está o Joshua Neufeld no Facebook a assumir a paternidade da obra. Aqui é o rapazinho na sua página.  Aqui é ele e a mãezinha Martha Rosler na Wiki. E se alguém quiser desancá-lo aqui estão contactos. Esta é a tal DAAD Alemã que patrocinou tudo isto.
Não haverá por aí alguém que tenha dinamismo suficiente para levantar uma onda maior no Facebook ou em Petição, sem medo de afrontar estas “artes” que mais não são do que um premonitório  e perigoso “Ovo da Serpente”.

Reedição:

Note-se na leviandade com que este anjinho se propôs abordar o tema na sua “peça artística” que o levou até a dizer isto no Facebook:

(I wasn’t aware of this beforehand, but “PIIGS” is na acronym used by international bond analysts, academics, and the economic press to refer to the economies of Portugal, Italy, Ireland, Greece, and Spain in regard to sovereign debt markets.) O que significa mais ou menos isto: (Eu não estava ciente disto de antemão, mas "PIIGS" é um acrónimo utilizado por analistas de obrigações internacionais, académicos e imprensa económica para se referir às economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha no que diz respeito aos mercados da dívida soberana.)

04 novembro 2011

217


217

Porquê indignados?! Ora essa...

Uma razão: “Suite 605”, de João Pedro Martins, da Smartbook. Veja o vídeo para saber a razão do espanto no título do post. Este é um livro para divulgar, para que o seu conteúdo indigne mesmo os que ainda duvidam do sistema mafioso que apoiam.

Se a Esquerda deixou cair dogmas, dos quais se envergonha hoje, como o Muro de Berlim, é tempo da Direita reflectir nos males que está a causar aos pobres de todo o mundo, quando, insistindo na selvajaria dos seus modelos, recrudesceu os métodos aproveitando o vazio deixado, e são eles que desta forma estão a lançar o caos no mundo, através da ganância financeira.

Não perca este livro. Compre, ofereça, empreste, divulgue.

03 novembro 2011

O sistema... e as bolhas.


Este vídeo sobre a bolha imobiliária em Espanha traz-nos à memória as dificuldades que tivemos há bem pouco tempo, em contrapor argumentos aos que nos apontavam as diferenças de desenvolvimento entre Portugal e Espanha. Afinal, tudo aquilo fazia parte de um exagero sem sustentação. Era afinal uma ilusão e o exemplo de que aquele não era de facto um sistema recomendável – e continua a não ser. Os argumentos em sua defesa eram difíceis de rebater, apesar de sabermos que o empolamento passava por excessos, que é coisa comum por lá, e não me refiro com isto apenas aos touros de morte nem às guerras de tomate ou às estufas de morangos e legumes da Andaluzia. Foram excessos como o deste vídeo que nos indicaram que este é um sistema errado e nos trouxeram todos ao estado em que nos encontramos: a Grécia, a Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e os que seguirão se levarmos em conta a análise das suas contas à luz dos mesmos critérios. Até quando resistirá a sobreviver entre bolhas?

29 outubro 2011

O Relvas... é um nooojo!

Agora disse: “Deixe-me dizer-lhe que muitos países da União Europeia vários países da União Europeia só têm 12 vencimentos. Essa tem sido uma tradição mais dos países do Sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália. Aqueles que até se encontram em piores circunstâncias.”, No Jornal de Negócios.

O tipo disse: “dos países do (…) Sul da Europa”. Se são do Sul... é uma regalia indevida? Os parêntesis são meus, mas o compasso foi dele e representa o preconceito idiota na cabeça deste germanófilo, que ainda veremos um dia de carapinha loura disfarçado de ariano puro. Durante quanto tempo vamos ter que o aturar? Se a Maçonaria tem gente desta, quero ser espanhol!

26 outubro 2011

Coisas que insurgem o povo

Lobo Xavier dizia na SIC-N, a propósito do alarme criado por Passos Coelho, quanto à possibilidade de agitação social devido à crise, de memória: “Não acho que uma possível agitação social se dê por razões de ordem política, porque os portugueses já se deram conta que há medidas que têm que ser implementadas. Uma das razões pela qual as pessoas se podem insurgir poderá ter a ver com outro tipo de coisas como por exemplo: casos de corrupção, jobs for de boys, mordomias injustificadas e exageradas e esse tipo de coisas.”

A verdade é que quem fez ontem zap pelos canais televisivos, o dia das vitalícias, verificou nos debates como o cidadão está revoltado. Todos os casos vieram a lume, desde o exagero das remunerações do Governador do BdP à reforma aos 42 anos de Assunção Esteves, Presidente da Assembleia da República. É verdade que pode ser uma visão redutora para o descontentamento geral, mas não deixa de ser das razões que mais pode levar as pessoas a justificar as suas revoltas. Mas por favor, não nos chamem populistas porque não é isto que nos faz deixar de ser republicanos, o que houve foi uma enorme distracção e a democracia que conquistamos foi, à semelhança da falta de eficiência do Banco de Portugal no desastre do BPN, demasiado permissiva e desatenta com alguns estatutos remuneratórios, também dos nossos políticos, porque não? Cercearem-nos esta critica através do medo do papão, é uma quase chantagem que não lhes fica bem.

24 outubro 2011

214

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Pensões vitalícias. Sub-reptícias.


De um momento para o outro falar do escândalo que são as pensões vitalícias dos mais de 400 ex-políticos, parece não ser já populismo, porque não houve quem não concordasse hoje na Comunicação Social quanto a esta questão. Uma sondagem da SIC dava 95% dos telespectadores a discordar destas subvenções. De facto, a lei não era retroactiva e ficaram estes, que como escândalo, foram noticiados neste vídeo da SIC Noticias, reportando a um artigo do DN. Esta é uma das questões que não podendo ser resolvida com a retroactividade da lei, justificam uma abordagem mais drástica, porque se não é ilegal, é muito imoral e são injustiças destas, agora tornadas mais públicas pela C.S. que irritam o povo que sofre com os sacrifícios que lhe pedem. Entretanto, este nababo não se coíbe de emitir esta opinião. No JN: "Que eu saiba, nessas subvenções não existe subsídio de Natal, nem de férias. Nem teriam de haver, pela simples razão de, tecnicamente, não serem pensões", atira Luís Mira Amaral, um dos muitos ex-políticos que têm direito a esse tipo de apoio. O ex-ministro "não tem conhecimento" de casos fora do esquema das 12 mensalidades.” Depois admiram-se…

22 outubro 2011

213

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Obama e Bush afinal a mesma trampa.

Obama, diz a propósito da morte de Khadafi e da saída do Iraque: "This week, we had two powerful reminders of how we've renewed American leadership in the world." (Esta semana, tivemos dois poderosos lembretes do quanto renovámos a liderança Americana no mundo.)

Bush disse: “Either you are with us or you are with the terrorists.” (Ou estão connosco ou estão com os terroristas). Lembram-se?

Afinal não são muito diferentes nesta forma de olharem o umbigo. Depois, como Calimeros interrogam-se: Why didn’t they like us? Não gostam os árabes, não gosto eu nem gostam muitos povos do mundo, exactamente pela razão de desconhecerem a razão.

20 outubro 2011

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Reagir ao Medo

Há na crise que atravessamos quem esteja constantemente a incutir-nos o medo, porque sabe que um povo sem medo é um povo insubmisso. Uma nação pode estar confrontada com o perigo sem ter que estar estarrecida, basta que esteja consciente da ameaça. Agora económica e financeira. Para desmontar a atitude, é preciso perguntar quais foram as teorias que triunfaram no Ocidente e não é difícil concluir que não foram as economias planificadas, essas caíram com o Muro, o triunfo impante foi o das receitas neoliberais, ora, há na estratégia em marcha, paradoxalmente, um objectivo: o maior aprofundamento das teorias ultra que aqui nos trouxeram e é isso que é incompreensível. Foram elas que deixadas á solta depredaram economias através da tomada de poder pela ganância financeira. Só se percebe a teimosia dos representantes desta usura porque foram formatados no mesmo modelo, e nenhuma das suas teses seria aceite se tivesse por base modelos de contestação. A teimosia e a insistência derivam assim do facto de não conhecerem nem terem teorizado outros sistemas de organização. Eles não conhecem outro, e acham agora que só levado ao extremo produzirá efeitos, até à derrocada final, mas aí, será Marx que terá tido infelizmente razão, quanto teorizou que o Capitalismo encerra em si a semente da sua própria destruição.

Só temos uma alternativa, rejeitar o medo que nos é diariamente inoculado, latente nas mensagens dos novos Chicago Boys que nos governam e governam a Europa.

19 outubro 2011

Grandes pensadores portugueses - III

“Presidente da República? Eu digo claramente não!”

E eu digo, “A casamentos e baptizados, não vás sem ser convidado”. Ou, “Quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão”. Ou, não me obriguem também a ter que declarar a minha não candidatura. Há cada um!

16 outubro 2011

"Noi la crisi non la paghiamo"

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15.O

É esta a atitude com que se encara o resultado da acção de ontem. Sente-se que está a mudar a noção do que é preciso fazer para alterar a relação de forças. Alguma coisa este sistema tem que fazer para que os que ontem saíram à rua pelo mundo fora se convençam da mudança.

Mas é preciso fazer entre nós a denúncia do sectarismo que continua a imperar na Esquerda portuguesa numa altura tão grave. Os comunistas, marcaram a sua manif para esta semana, desconhecendo-se no entanto alguma posição oficial antecipada sobre o 15 de Outubro, de modo que libertassem os seus fiéis para este dia. Terão desta forma a sua grande jornada porque farão muitos, todos juntos, mas também pela mesma razão convencerão poucos. Façam o pic-nic, diluam-se em consanguinidade política que é difícil acreditar numa liberdade assim. Somos incrivelmente mais livres.

Como flash de ontem, fica-me o contentamento de ter visto desfilar tanta gente unida com propósitos tão nobres, e tê-lo feito ao lado do decano dos revolucionários portugueses, o Alípio de Freitas, foi coisa de nada para ele, mas de um grande significado para nós. Nem ele imagina.

15 outubro 2011

Hoje é 15 de Outubro.

Amigos! Podemos estar a um passo de um dia histórico à escala global, porque este é um Movimento a concretizar-se ao ritmo da rotação do planeta. Mas não é o fim da etapa, porque as nossas utopias só se cumprirão com o caminho que formos fazendo. Não tenham “o medo” que nos querem inocular, nem precisem de polícia porque seremos manifestantes e polícias de nós mesmos. Venham com toda a vossa força e esperança, porque “quem nos domina não nos vence!”

Post Scriptum: Não nego que gostaria de ver hoje os Jotas laranjas que tão euforicamente andaram no 12 de Março. Terão coragem agora, ou eram só oportunistas infiltrados?

14 outubro 2011

"O Silva das vacas"

A propósito de Grandes Pensadores Portugueses, deixo aqui parte de um dos melhores textos que li sobre Cavaco Silva. Leia o resto no Facebook do Jornal de Barcelos, é um texto de Luís Manuel Cunha:

"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."

13 outubro 2011

Porque não noticiam isto?

O Movimento Occupy Wall Street está com o desenvolvimento que podemos ler aqui no jornal Sol: um mês de resistência, desenvolvimento em 1400 cidades americanas e com as adesões que vemos em baixo. Sabiam disto?

- Lech Valessa: «Temos que mudar o sistema capitalista».

- Al Gore: «Estou presente». «Contem comigo entre aqueles que estão a apoiar e a festejar o movimento».

- Michael Bloomberg “mayor” de N.Y.: é «um forte crente no direito dos manifestantes ao protesto».

- Barack Obama deu o mote, ao simpatizar com os manifestantes quando questionado acerca do protesto.

É destes tumultos que Passos Coelho tem medo, por isso tratou de os diabolizar antecipadamente! Desculpem, mas tenho que lhe chamar cagarolas.

12 outubro 2011

Grandes pensadores portugueses - II.

"É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos não seja um país independente como é hoje"

100, 200, 300… Ganhei! :))

Oremos Senhor. Peço eu.

11 outubro 2011

Grandes pensadores portugueses.

“Hoje reparei no sorriso das vacas, que estavam satisfeitíssimas, olhando para o pasto. Fiquei surpreendidíssimo por ver que as vacas avançavam, umas atrás das outras…”

Oremos Senhor. Pediu Tomás Vasques aqui, rendido a tão eloquente meditação.

09 outubro 2011

M12M, M15M, M15.O, MOWall Street…



É preciso não ter medo dos novos cenários de activismo dos cidadãos, que a nível mundial se insurgem contra a degradação de um sistema financeiro, que cresceu dominado pela imoralidade, porque são muitos mais os que querem a paz social do que os que apostam no contrário. Escutando o mundo, vemos como começa a existir já de forma interligada a consciência colectiva de como deixámos que a ganância financeira sem limites tenha tomado conta de tudo, e tenha sequestrado o poder político das nações. Reclamam entre nós os partidos políticos para o perigo de actuarmos fora do seu controle e das suas bíblias, mas como é possível não o fazer se foram eles que se deixaram enredar tendo alguns patrocinado até o conluio com os obreiros dessa estratégia? É perigoso? Sim, sabemos onde querem chegar quando avisam, mas seguir-lhes a recomendação é percorrer um caminho com os mesmos buracos, e o que está em formação é a descoberta de novas vias. Além de mais, já é agora tarde para enquadrar nesse formato a vaga de descontentes, e vemos isso na ausência de transferência de votos desses protestos para o sistema instituído, ou seja, há participantes disponíveis e em número, o que não há é vontade de fazê-lo com os mesmos actores. A alternativa é enquadrarem-se na espontaneidade dessa nova cidadania emergente - porque até o conceito de cidadania parece vir a ser refundável - e dessa forma poderem ajudar a controlar os danos. Se há uma esperança neste momento, diria mesmo que a única, é a que reside na chama da juventude, que começa a acreditar que é possível essa mudança que não tardará a amadurecer. Por mim, não tenho medo. Tenho é pena de não estar exactamente lá no centro dela, mas ando aqui nas suas franjas a convencer os que passam ao lado e a dizer-lhes que não temos mesmo forma de mudar se não assim. Continuar em frente é voltar a repetir os mesmos erros e depois, sugados e exangues, não ter força para voltar.

07 outubro 2011

Revelações do futebol.

O jogo com a Islândia descobriu-nos um belíssimo hino, diria até, um extraordinário hino, se não considerassem um exagero. Descobri assim uma forma de passar o dia da reeleição de Jardim, ou seja, fazer de conta que é o hino de um utópico país onde nunca pudessem existir Jardins, nem políticos nem gentes com aquele comportamento. Fica-se pelo menos com a alma lavada.

Ouçam. São três interpretações: cordas, metais e coral, quando chegarem à última, estarão convencidos.

     
 

05 outubro 2011

Jardim não o é, só.

(REEDITADO)

Francisco Louçã pede, falando de Jardim, que “olhem para quem está atrás dele nas fotografias” quando discursa, e nem de propósito, havia por aqui uma colagem feita uns dias antes que estava para edição. Guilherme Silva, é um – ainda ontem o vi vomitar argumentos pró-Jardim numa entrevista em que nos ofendeu a todos quando inverteu todo este cambalacho da mentira madeirense, e entronizou Jardim – Jaime Ramos, o special one, é outro, aquele que está ali aflito em baixo, à direita, mas esse, já há muito que sabemos que nos fará um dia ter saudades de Jardim, como aqui disse. Não é difícil encontrar na história figuras cinzentas como esta que se retiram para segundo plano, para dali melhor actuarem, mas há mais, basta ver o filme. Os cegos já não são só os madeirenses, também por cá há muita gente vesga a sufragar tudo isto.

Alguém escreveu por aí que 36% dos madeirenses está dependente do Governo Regional, assim se explicam então os resultados eleitorais aqui indicados. Caberá então perguntar: teremos que pagar no próximo ano os desvarios que Jardim nos vai continuar a impor, ao estilo de paga e não bufes? Estaremos impossibilitados daqui, de dizer que não? Como nos podemos opor a isso e dizer que não pagamos? Os madeirenses insatisfeitos, podem sempre exigir a independência. E nós? Podemos exigir o quê?

Reedição:

Quando escrevi o post desconhecia esta caixa do Sol: “Guilherme Silva não exclui suceder a Jardim”. Pág. 10, Jornal Sol, 30/09. Fica assim clara a estratégia sistemática de defesa de Jardim e as razões que nos levavam a desconfiar da estranha argumentária deste cavalheiro: estão bem um para o outro. Mas talvez se deva saber mais sobre quem é Guilherme Silva. Vejamos nos links:

Hélder Spínola, um madeirense, diz aqui no DN: “PND faz contas à fortuna que Guilherme Silva ganha.” E reitera tudo aqui acusando de uma forma mais grave ainda.


E quase a propósito da situação anterior, aqui está ele outra vez em: “Advogados e Deputados” nesta extraordinária crónica de Marinho e Pinto, uma homem que os portugueses não podem deixar cair, pela falta que faz gente sem medo como ele.

Falta dizer que este “nobre” Deputado e “excelentíssimo” Advogado é sócio numa das mais importantes firmas de advogados da nossa praça. Como não quero dar-lhe publicidade, pesquise por conta própria. É este o sacrifício enorme e a abnegação com que alguns portugueses trabalham pela Pátria. Têm dúvidas quanto às alterações urgentes que o regime precisa?

04 outubro 2011

"Mundo de regalias oferecidas..."

Antes que me acusem do que quer que seja por trazer aqui este link, quero dizer que sou tanto contra o estilo deste título do Jornal Sol, como sou contra o processo que levou à formação destas regalias. As duas coisas não estão bem, e é preciso saber fazer as leituras. Uma lição os sindicatos devem saber tirar disto: há leituras posteriores que não vão conseguir evitar por aqueles que pagam os impostos. Das duas uma, ou lhes estenderam a passadeira para o espalhanço, ou se deixaram cativar por prebendas não convertíveis no pão que comem todos os dias que são agora contabilizadas como custos.

O Aluno, os Administradores e o Prémio.



28 setembro 2011

Portugal não é a Grécia, é a Madeira.

O título é do do Jornal de Negócios. Mas indo mais longe do que o que diz Pedro Santos Guerreiro, neste excelente texto que recomendo vivamente, acho que Jardim vai novamente ganhar as eleições na Madeira, e se for pelos números de 2007: “(…) eram, 231 606 votantes, destes, só 140 697 resolveram ir votar e 90 377 votaram em Jardim, ou seja, 39% dos madeirenses inscritos são os responsáveis(…)”, e parafraseando, os madeirenses que o escolherem só mostrarão o mesmo relativismo ético de muitos portugueses que elegem pessoas que “roubam-mas-fazem”, e digo eu, à maneira daquele traficante de droga, o Pablo Escobar que se protegia com os pobres que alimentava com migalhas. O total da população da Madeira é hoje 267.938 habitantes, há portanto cerca de 170.000 que não o escolheram e não podem ser considerados em termos eleitorais, eticamente inimputáveis, mas os outros são. Ah, isso são!

Imagem do excelente HenriCartoon.

27 setembro 2011

Merkel: "incluindo a perda de soberania" ?

Estamos ainda estupefactos ao ouvir a Sra. Merkel dizer hoje que é preciso agravar sanções ou mesmo retirar soberania às economias que falharem os critérios de estabilidade! Ora, sabemos como já abdicamos de soberania com a entrada na UE e depois no Euro, mas não sabemos exactamente onde quer chegar agora, de tal modo parece grave o que acaba de dizer. Mas ainda assim, não queremos que seja tão mau o julgamento e admitimos que possa haver um melhor esclarecimento daquelas declarações. Por exemplo: alguma perda de soberania temporária em prol dos organismos europeus, se isso fosse no sentido de reforçar os mecanismos de financiamento para desenvolvimento da solidariedade nas economias do Euro, isto seria como que um deficit de soberania virtuoso. Mas desconfio que não seja nada disto, e se assim for, é preciso quanto antes por as cartas na mesa para que não se passe da ofensa à acção com resultado grave para todos.

24 setembro 2011

Reagir ao Medo.

(Acabo de ver no Parlamento, Couto dos Santos, com uma tal vergonhosa cara de Touriga Nacional, tão alarvemente tinta, que não consigo esquecer os reflexos violáceos daquele riso provocatório e aparentemente avinhado, enquanto escrevo sobre a revolta de hoje, que não tem a ver com ele mas influencia sem que o queira).
 
Mais terrível do que o aumento do custo de vida que todos os dias nos é anunciado, é uma outra coisa bem mais grave que agora começa a aflorar e essa sim, vai gerar um terramoto social de consequências imprevisíveis.

É preciso dizer antes que somos um povo com capacidades de sofrimento que não nos enobrecem. Isto não é fácil de ler nem de escrever, mas é uma verdade histórica que nos persegue. Salazar sabia-o. Por muitas padeiras que a nossa ficção reinvente, a verdade é que aturámos aqui espanhóis durante décadas e os ingleses que nos salvaram dos franceses, submeteram-nos por um período tão vexatório que ainda hoje a nossa história o omite. É nos brandos costumes que temos que procurar essa dificuldade em reagir colectivamente, a mesma que inquina o nosso desenvolvimento.
 
A nova cruzada é agora o aproveitamento da crise para um processo maquiavélico de trituração das pessoas como antes não víamos e se colectivamente não nos opusermos, isso vai ser feito à escala de um grande descalabro. Os novos Liberais, estão a fazê-lo aproveitando o nosso medo, o medo que se instalou, o medo de perder o emprego, a pensão, a casa, a saúde, a educação dos filhos, resumindo, a vida segura como a conhecíamos. O paradoxo é que estes obreiros são curiosamente os representantes dos coveiros que aqui nos trouxeram, ou seja, geraram no seio deste sistema esta crise e dela se servem agora, para fazer o que nunca antes se atreveram, nem nós sonhávamos. Têm-nos reféns pelo medo porque sabem que é esse medo que nos impede de lhes entrar casa dentro por se recusarem a contribuir como nós para este esforço nacional. Ameaçam-nos: "Eles não podem ser incomodados, se não fogem!"

Quando, como hoje, está a ser anunciada a possibilidade de um patrão poder despedir se estiver de mau humor, mentindo com um contrato por objectivos, dando a empregadores sem escrúpulos o poder de criar sobre milhões de trabalhadores e as suas famílias uma instabilidade laboral, cujas consequências desconhecemos, diz bem do drama em que estamos metidos. A seguir, virá a nova lei dos despejos na habitação e por aí fora. Tudo em nome do sacro santo capital, e da subserviência aos mercados sem rosto que a política já não controla.

Quando se experimentam medidas cortando nas contribuições patronais para a Segurança Social, que é parte do fundo das nossas pensões - o suporte psicológico de quem vai deixar de trabalhar - potenciando assim o lucro das empresas julgando que elas vão a correr criar postos de trabalho, das duas uma, ou é intenção deliberada para arruinar o Estado Social que conquistamos, ou é ingenuidade pura. Qualquer uma das opções diz bem do drama em que estamos metidos.

A única coisa que temos que temer é o medo, e eles estão mais uma vez a jogar no nosso medo, mas isso, depende de aceitarmos as condições de humilhação que o neoliberalismo desregulador nos impõe, e que novos movimentos em formação começam a enfrentar. Acredito que essa história de resistência e contestação se fará também por cima dos caducos sectarismos vigentes, mas bem instalados, que nos espartilham entre as bíblias lambidas, embora saibamos que virão depois para a foto final.

(A mim, retirem-me o bom vinho de tostão que bebo com gosto, se algum dia me apresentar naquelas cores)


20 setembro 2011

Chiça prà “pièce de resistence”

Há no dia a dia da fala dos portugueses excesso de estrangeirismos insuportáveis quando temos na Língua Portuguesa termos com a mesma significação, não tanto pela pressão que exercem porque o futuro de uma Língua viva será sempre o produto do que os seus falantes fizerem dela mas, porque estes modismo em doses maciças, lhe reduzem não só a plasticidade fazendo dela uma caixa de ressonância de outras, como revelam muitas vezes falsos sinais de erudição a roçar o pedantismo.

O caso mais recente é o da pièce de resistence que todos os dias ouvimos agora. Gostaria de saber quem foi o importador, não para o causticar, porque esse poderá ter sido o único a fazê-lo bem, mas para conhecer este estranho mecanismo da propagação virulenta de termos estrangeiros, como se tivessem acabado de ser descobertos. Ficam desta questão salvaguardados, os termos técnicos e científicos e os que não têm correspondência, alguns dos quais virão até um dia a ser definitivamente incorporados, mas por dá cá aquela palha aplicar galicismos, anglicismos e outros, sem nenhum propósito que não seja o do exibicionismo puro, deveria fazer-nos pensar enquanto parte dos muitos milhões de falantes da Língua por esse mundo.

17 setembro 2011

A Relatividade e a Madeira.

Quando nos espantam os argumentos que enaltecem a obra de Jardim na Madeira, deveríamos dar como exemplo a Teoria da Relatividade de Einstein porque, observar o desenvolvimento da Madeira através de uma óptica parada no tempo, é desonestidade intelectual ou política, ou estupidez pura. Também por cá no inicio da década de setenta ainda havia gente descalça, não tínhamos automóvel, um bilhete de eléctrico custava 7 tostões, menos de metade do valor daquela moedinha escura de 1 cêntimo que nos atrapalha os bolsos, e a maior parte dos portugueses não conhecia o Algarve. Se queremos aferir da velocidade ou qualidades relativas do outro, temos de fazê-lo também do veículo que nos transporta à nossa velocidade constante, e não parados na estação, se o não fizermos é óbvio que nos parece que o outro vai disparado. A argumentação canhestra e desonesta de alguns, tem escondido isto por táctica eleitoral e tem servido de cobertura a todo este desvario. Ainda ontem José Luis Arnaut o papagueou em comentários na TV e é destes branqueamentos que Jardim tem aproveitado.

16 setembro 2011

Ainda à solta?









Quem o prende? Cavaco Silva não é, foi lá e escondeu-se. Jaime Gama, o tal bacoco do Bokassa, não é. Guilherme Silva, o seu famigerado defensor no continente, também não. Passos Coelho e os anteriores foram o seu apoio. Depois, os madeirenses eram em 2007, 231 606 votantes, destes, só 140 697 resolveram ir votar e 90 377 votaram em Jardim, ou seja, 39% dos madeirenses são co-responsáveis pela eleição do seu bem amado líder e por este descalabro que o povo português conheceu hoje estarrecido, porque vai ser chamado a pagar, depois de ter pago durante anos os deficits orçamentais que obrigavam a por o taxímetro a zero antes de fazer-se o orçamento da nação. Mas p****, não é justo! Não é justo e temos o direito de romper-lhe os tímpanos. Deveríamos até ter o direito de nos furtar ao pagamento daquela dívida na parte que corresponde à desses co-responsáveis idiotas, porque toda a conduta deste carroceiro ao longo de anos foi a da confrontação com o povo português, para quem já fomos o pior na sua boca e a quem eles achavam muita graça no Chão da Lagoa. Para o PSD, ele era só carinhosamente truculento, um dos seus enfant terríble.

Mil cento e treze milhões de euros não é um jardim, é uma densa floresta de desonestidade nas contas. Aquele povo hipotecou com a sua falta de atenção cívica o seu futuro, não só por esta razão, mas ainda porque o modelo que Jardim escolheu para o seu desenvolvimento não é saída em lado nenhum do mundo. Uma armadilha está montada para deflagrar todos os dias nas próximas décadas e também não é justo o ónus de impopularidade que vai recair sobre quem pegar nas contas a seguir. Os responsáveis estão aí. São conhecidos.

Entretanto, Jerónimo não encontra melhor comentário do que criticar quem procura um ajuste de contas com Jardim. O que é isto? Um piscar de olhos ao eleitorado que vai desertar de Jardim, que cairá melhor para o lado de quem tiver com ele alguma compaixão? Ou obnubilação pura e simples que ofusca os alvos? É este sectarismo que nunca fará este PC ser consequente: aproximar-se da área da governação. Por vezes, parece até preferir este modelo. O problema não é Jardim: é “quem procura ajuste de contas”…Voilá!

13 setembro 2011

O fim de uma união.

À atenção da Senhora Merkel, dos alemães, dos europeus, e dos governantes portugueses de espinha mole.

O comissário europeu da Energia, o alemão Oettinger, propôs na sexta-feira num jornal alemão, que as bandeiras dos países endividados fossem colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia. Assim, e sem vergonha. Era de delatores como este que fugíamos na escola. Ofensas pessoais são uma coisa, outra, são ofensas a um povo através dos seus símbolos, e desconhecer isto, é revelador de uma tortuosa estrutura mental. Este crápula ofendeu descaradamente os países envolvidos.

Por cá, já era tempo de conhecermos reacções, para além das de Rui Tavares, mas só silêncio e cobardia, a mesma que usam nos desaforos de Jardim.

O que este alemão propõe à boa maneira nazi é vexar, sujeitar à reprovação pública, marcar com ferrete. Desculpem, mas isto lembra a sinalização às casas onde viviam judeus e é lamentável não estarem a existir consequências.

Ainda que venham reacções ou demissões, o mal que permitiu esta proposta vai permanecer para ter outras erupções, e esta Europa que pareceu um dia possível parece agora cada vez mais inviável, ela não pode construir-se com gente desta, nem nós nos sentimos bem com eles à mesa. É o fim da ilusão, não tanto por via da pressão dos incumprimentos, mas por esta falta de sentido de construir um caminho comum.

12 setembro 2011

Já só chega para 9 meses?

Este título é alarmista e não deveria ser escrito assim, embora a notícia esteja bem estruturada.

Mas se é alarmista na forma, é por outro lado preocupante e com razão por uma destas questões: “(…) porque o actual governo decidiu utilizar os excedentes da segurança social que anteriormente iam para este fundo para pagamento de despesas correntes (…)” e é por sabermos da qualidade de algumas despesas correntes do Estado que torna esta notícia mais alarmante. No Jornal I, d'hoje.

09 setembro 2011

Ali Babá e os 40 comparsas.

Foi este o título com que Louçã quis caricaturar Jardim num recente discurso, mas Jardim não gostou de se ver extrapolado e vai processá-lo por isso. Na verdade, nem ele é o Ali, nem aqueles comparsas são quarenta. Jardim já foi aparentado a Idi Amim, a Bokassa, a ogre de banda desenhada, mas não resistiu desta vez a ser comparado a uma figura de ficção literária. Bokassa, Amim, ogre, ainda vá, agora Ali Babá?

Este episódio recentra Jardim, novamente no pior, porque da primeira coisa que os continentais de boa índole se lembrarão é dos desaforos a altas instituições do país, ditas em formato carroceiro a que o PSD chama hipocritamente de truculento, e ainda, porque revela da sua falta de cultura ao não conhecer aquela figura do conto árabe. Mas há esperança que o juiz o seja, para não achar a comparação uma ofensa. É que a figura daquele conto era um pacato e honesto lenhador, como diz aqui Schehrazad: (...) "possuía gostos modestos e era trabalhador, tornou-se lenhador e dedicou-se a uma vida de trabalho. No entanto, soube viver com economia. Devido às duras lições que a vida lhe dera, conseguiu juntar algum dinheiro, empregando-o prudentemente, primeiro na compra de um burro, depois de dois e em seguida de três" (...) Vol. 5, de As Mil e Uma Noites, de Amigos do Livro Editores

O facto de Ali Babá ter tido a sorte de se ter livrado dos 40 meliantes que o queriam liquidar, conseguindo por outro lado ficar-lhes com o tesouro, nunca fez dele o homem mau a que Jardim julga ter sido comparado. Se esta estória for lida em tribunal, Jardim terá dificuldade em dizer qual é o parágrafo ofensivo da sua honra, a menos que seja pela questão do “mouro”…

Ora, se Louçã comparou Jardim a - erradamente - um homem bom – digo erradamente porque não tenho dele a imagem de um cidadão merecedor do meu enternecimento – como pode o juiz penalizar Louçã por ter sido àquele pacato cidadão persa? Só se for através de algum subentendimento, mas inválido em questões jurídicas. Os 40 ladrões, esses sim, eram homens maus e como sabemos comparsas, mas comparsas uns dos outros, não de Ali! E o que Ali Babá fez, com outras ajudas, foi, em legítima defesa, liquidá-los quando estes o queriam ver morto. O que não sabemos, no deslindar daquela frase/discurso, é qual era a atribuição que Louçã dava à relação entre Ali Babá e os 40 comparsas, mas ficamos mais baralhados quando é Jardim que parece alterar agora essa ligação, supondo-os amigos. É fácil perceber a contradição em que cai Jardim, mas Louçã que é um rapaz inteligente, não tem culpa que Jardim não tenha lido as estórias da Schehrazad, e tenha antes uma consciência tão transparentemente pesada que o faz atolar-se em subentendimentos, (subentender = supor; admitir mentalmente), mas isso é um problema dele.

Por mim, apelo para que o direito à indignação se manifeste, apoiando Louçã perante mais esta manobra de diversão.

07 setembro 2011

206

206

A crise e a solução.

Descobrimos com frequência soluções tão óbvias para alguns problemas, que estranhamos sempre o seu aparecimento tardio. É como na procura da perfeição, da estética, da harmonia, descobrimos sempre que é na simplicidade da solução que a vamos encontrar. Esta por exemplo, como ninguém se tinha ainda lembrado? É tão óbvio não é?

E a crise, não terá por aí uma solução destas enquanto não mudamos de saltos, digo, de paradigma? Ou não há vontade de a encontrar? É que quando há um crime a primeira pista a seguir deve recair sobre quem aproveitou com ele.

06 setembro 2011

O Medo, o Passos e o Portas.

Se alguma crise esta crise arrasta, ela é em mim, esta dificuldade em escrever o que penso sem que sinta a compulsão para apagar o que “digo”, por achar tudo já fora do tom da notícia, ou da evolução que ela toma a cada hora. Parece tudo conectado por uma estranha velocidade nos acontecimentos, não só cá dentro, lá fora também, ou sobretudo. Já não sei. Mas também não sei, se são os efeitos desta era da comunicação que os nossos cérebros não incorporam ainda nos processos que vão ditar a nossa evolução futura. E é isso que preocupa: a nossa dificuldade em acompanhar o ritmo.

Por agora, e antes de perder efeito, aqui vai: Aquela conversa do Passos sobre o “incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal”, poderia ser tomada como o emblema do tipo de um Primeiro-Ministro que não deveríamos ter escolhido para nos governar nesta crise: não era nada disto que precisávamos agora! Mas esse discurso – contraditoriamente, de incentivo à arruaça - merece ser visto à luz deste, do Portas, sobre a “onda de greves sistemáticas”,  porque ficamos sempre sem saber se este foi uma ajuda do parceiro da coligação, ou uma lição a um Primeiro-Ministro principiante e acagaçado! O drama, é estarmos a assistir a estas prestações em directo.