10 fevereiro 2012

Schulz num take à Bergman

Mais do que aquilo que disse o alemão Martin Schulz, sobre Portugal, perturba o silêncio dos outros que o ouviam. São os pensamentos não expressos, os olhares atentos e as palavras não ditas. Atentem no vídeo. Por muito que queiramos fugir ao preconceito de ver neles alemães, esta é uma leitura que se nos impõe pela força da imagem, parecendo que o realizador nos quis levar através delas a uma conclusão. Se quis, conseguiu, porque foi essa a que tiramos. Pode o senhor argumentar agora que estamos a fazer juízos de intenção, mas o facto é que uma imagem vale mais do que mil palavras. Ingmar Bergman, por exemplo, conduzia-nos pelos silêncios. Ali há também subentendidos, pensamentos contidos por diplomacia, e isso, foi o que mais perturbou nesta intrusão na política portuguesa, porque disse tanto ou mais do que ele quis dizer.

08 fevereiro 2012

Um hino na serenidade e na voz

Ouçam mesmo, porque Cohen merece bem a homenagem destes breves minutos. Ele é seguramente neste registo de voz, um dos melhores que nos acompanha há já tanto tempo.


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04 fevereiro 2012

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TAHRIR SQUARE
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Faz um ano esta solidariedade em Lisboa. Se as dúvidas eram umas, hoje são outras porque a inquietação de Tahrir parece persistir com outras formas, noutras cidades, por outras razões. Ou pelas mesmas?

Jamie Cullum in Concert

Esteve em Cascais e cantou que se fartou. Coisas que a gente perde quando anda por aí distraído. Notei-o na banda sonora do Gran Torino. Vi-o hoje na RTP2. Que grande músico.



Ou aqui e aqui

03 fevereiro 2012

O Vasco, a capelinha e o Acordo

(Reeditado)
Se o Ministro da Cultura, Viegas, já afirmou que o Acordo Ortográfico se mantém, é para implementar e essa obrigatoriedade é para o Estado, a partir de 2012, como se compreende que Vasco Graça Moura tenha na sua primeira grande decisão conhecida à frente do CCB, mandado suspender o seu uso naquela casa, inactivando até os suportes informáticos de ajuda existentes? Argumenta que a obrigatoriedade da sua implementação é para eles a partir de 2014, por se tratar de uma entidade de direito privado, mas como aceitar, que estando o Estado vinculado se coloque de fora dessa obrigação uma casa como esta, onde é fundador de referência, apenas porque o seu novo inquilino foi um dos mais acérrimos opositores do Acordo? Que imagem daremos da nossa cultura quando temos cada um a decidir no seu feudo de acordo com convicções pessoais? Ouvindo entretanto a veemência com que VGM justificou a sua decisão, diria até que ele tem em relação à medida que tomou, a certeza da cobertura por tutelas superiores. Não me surpreenderia. Que eu aproveite todos os limites da implementação do AO para me sentir mais confortável com a aplicação das novas regras, entende-se, o que não se percebe é termos entidades deste relevo a darem estas tristes imagens da forma como nos organizamos, num domínio tão importante como a Língua em que nos entendemos.

Terá sido exactamente daquele local que outro velho do Restelo bramou sem consequências contra a aventura, mas o seu espírito deve ter ficado por ali a pairar para que vindouros mediúnicos o encarnem no momento de decisões importantes, voltando sempre a mesma ladainha. Por muito Direito que lhe assista não ser pró-Acordo, não tem contudo o de ser "anti", no exercício das suas funções oficiais, só porque ganhou a sua capelinha. Foi assim Graça Moura no CCB: à primeira cavadela, minhoca! Promete.

Reedição:
Uma mensagem amiga alertou-me para o facto do Viegas não ser Ministro. Sim, agora reparo que nunca me pareceu Ministro, embora o tivesse promovido mais levado pela importância que atribuo à pasta do que ao empastado. Afinal ele é só Secretário de Estado. Bem feito para ele que não lhe bastou tanto polimento aos corredores do poder a que paulatinamente se foi chegando. Aqui fica a ressalva.

29 janeiro 2012

Manipulação Mediática


Faço hoje, de dois amigos, editores do blogue, num tema que merece sempre atenção. São duas respostas que recebi a um email que enunciava as “10 Estratégias das Técnicas de Manipulação Mediática", segundo Noam Chomsky.

Diz o Paulo, numa reflexão enriquecida por uma vida na Normandia onde se nota a marca da construção em Língua Francesa:

“É evidente que como dizes “o sistema” consegue elaborar modos de comunicação extremamente eficazes, muito bem refletidos e como sempre o Zé Povinho engole tudo sem se dar conta daquilo que come...

No entanto eu acho que foi sempre assim em relação à classe dominante, que teve sempre muitas ideias para manter o seu poder. Só que em certas alturas era pela força e pelo terror que acalmavam os ímpetos do povo que aspira à liberdade e à dignidade.

Hoje o assunto é muito mais complicado. Quer dizer que a evolução das diferentes formas de comunicação, nomeadamente a evolução das tecnologias informáticas, Net, redes ditas sociais e sobretudo a evolução no que diz respeito à manipulação das massas pela “comunicação”, alcançou um nível muito complexo e que não está ao alcance do primeiro borra-botas.

E nesse esquema, entreter as massas com mil merdas sem interesse (sem interesse para alguns, mas interessante para outros), faz que, efectivamente tudo é feito para não “perder” tempo a pensar!

Havia um provérbio que dizia: atenção: “PENSAR OU REFLETIR, JÁ QUER DIZER DESOBEDECER!” Isto não significa que não há resistências e outros modos de fazer frente. Mas é claro também, que é cada vez mais difícil. E é mais difícil e complexo, porque as propostas de alternativas ao governo deste mundo, desta Europa, destes países, destas regiões, destes distritos, destas cidades, destes bairros, destas pessoas, não oferecem nada de estimulante, nada de horizontes “ensoleillés”, nada que tenha a ver com os projetos e as ideologias que se transformaram em ilusões e desenganos eternamente entretidos como o paraíso, como se um dia pudéssemos atingir a paz, a calma e a fraternidade entre os humanos...Tudo é recuperável no objectivo de “marchandise” de dar dinheiro, do ter e do ser, ninguém ou muito poucos se preocupam…o poder da comunicação é sem igual, actuelment… é difícil escolher e não cair em emboscadas…tudo ou quase é pervertido…o desenvolvimento do individualismo foi tal, que as normas e os valores de ontem não têm nada a ver com a evolução da sociedade de hoje! Enfim... quando falas do “sistema”, o que significa um termo generalista que não diz a quem temos a ver, é simplesmente a classe dominante, os grandes patrões deste mundo, os detentores do funcionamento da finança, dos especuladores e sobretudo daqueles que sabem que o dinheiro deve sempre ir buscá-lo lá onde ele está, quer dizer “chez les pauvres”… e como há cada vez mais pobres eles têm ainda mais dinheiro a recuperar e mantêm-se e entretêm-se “tranquilamente” a precaridade e a paz social!!... Às vezes há revoltas, e mesmo revoluções… estás a ver o que deram as revoluções da “primavera árabe”? como te disse tudo se recupera!....Isto é um bate papo que poderia ser o suporte duma “soiré” aqui nas terras de Normandia onde espero que este ano tenha o prazer de vos acolher!!... E apesar desta visão realista e desencantada, o principal é resistir de uma certa forma, manter o espírito “en eveil” e preservar aquilo que conseguimos alcançar: a dignidade e o prazer de conservar grandes amigos como nós somos.”
 
E o Alexandre:

“Hoje a "Comunicação" já é uma ciência, com metodologias próprias, e onde se estudam os fenómenos comunicacionais espontâneos e os perversamente provocados. Alia-se, por sua vez, às técnicas de marketing, para vender sabonetes e presidentes da República, como dizia o outro, o Rangel. E a democracia começou a degradar-se, quando os políticos aderiram a estes processos."

Resistir, manter o espírito “en eveil”, foi a razão deste post.

22 janeiro 2012

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Reflexões sobre o Impeachment

Reeditado

Para além das razões formais que podem levar ao impedimento definitivo de um Presidente da República, deveriam existir também razões de ordem moral. Isto é, o presidente de um país não pode apenas parecer que é honesto e moralmente são, tem efectivamente que sê-lo.

Cavaco é um dos políticos há mais tempo no activo e isso faz dele co-reponsável nas razões do estado deste Estado e a ser comedido nas asneiras que balbucia vezes de mais. Vir queixar-se publicamente que não lhe chegam as pensões que aufere para governar a casa, quando auferiu em 2011, segundo o Jornal I, pensões no valor de 140.000 euros, quando há portugueses a debater-se já ao nível da sobrevivência, é moralmente reprovável por todas as razões, e em simultâneo, uma afirmação da sua incompetência e de que é um péssimo gestor, um mau economista num orçamento tal fácil, ou então, não sei se pior, está a mentir-nos, mas seja o que quer que for, é mais um prego na credibilidade pessoal e política que quanto a mim nunca teve. Este homem é e sempre foi, enquanto político, uma fraude que a Direita soube vestir ao jeito pimba para vender nesta feira poeirenta em que o país de vez em quando se torna e que nos envergonha quando escolhe assim.

Leitura recomendada: A revolta e a piedade, de José António Barreiros.

Reedição: Faltou dizer que li pela primeira vez a utilização do termo impeachment ao Presidente da República, um termo do léxico norte-americano adaptado à nossa Constituição, no Legalices, por Ricardo Sardo, pelo que aqui ficam os links: Pode? e Belemgate, para leitura obrigatória das reflexões, também jurídicas, sobre esta questão.

19 janeiro 2012

Que dia histórico!


De facto, é um dia histórico este… mas por isto: Ricciardi, um banqueiro, a dizer que “Este é o governo mais corajoso da democracia em Portugal”. Esta é ou não a melhor forma de dizer dos direitos que foram defendidos? Assim sendo, está tudo dito. Não podia o governo ter pior ajuda, porque se alguém tinha dúvidas, ouvindo este senhor, sabemos quem foi defendido. E se o que este senhor disse não é mais do que uma opinião, por que razão não pode Otelo ter direito a ter a sua, e eu a minha? que é esta: Têm dúvidas de que isto não vai acabar bem?

Imagem retirada do Ponte Europa.

18 janeiro 2012

Contributos para uma Revolução - II

A alteração feita por este governo à lei das rendas implementada pelo PS que permitia a mudança mas tinha ainda alguma zona de protecção ao inquilino, vai causar um desequilíbrio que potencia qualquer coisa de socialmente muito grave. Todos se assustaram com o que disse Otelo, e vai agora ser inquirido, não tanto pela opinião que manifestou mas antes, pelo peso e pelo medo que vai em muita consciência. Mas o que ele disse cabe bem aqui, e é simples: o desemprego é endémico, o tecido social está em ruptura, há famílias em desespero por alteração de estabilizadores, e os atingidos por esta lei das rendas são basicamente idosos pobres, facto que pode ver-se na quebra de 40% em 10 anos de contratos anteriores a 1990, quebra que seria maior ainda nos próximos 10 anos, logo, um grande factor a ter em conta na resolução do problema por essa via.

Essas alterações vão provocar a maior instabilidade nos bairros pobres, e a população assim atingida que tem ainda uma rede familiar, não vai assistir impune à desonra da família pelo despejo e esvaziamento das suas vidas, removidas provavelmente para subúrbios onde já não ganharão raízes. A Cristas, vai mexer nesta área com a tranquilidade que a ausência de um opositor permite, porque os idosos não têm capacidade reivindicativa, e o terrível engano pode estar na facilidade com que se pode legislar nestas circunstâncias. Não foi por acaso que esta pasta foi empurrada para o PP e o seu rosto seja o de uma caloira com sede de apresentar serviço. Não tenhamos dúvida, a infelicidade conjugada com outros factores de desencanto que essa alteração vai criar, vai ser insuportável e vai gerar uma rede de solidariedade na revolta que será um rastilho perigoso.

E tudo isto porque não foram capazes - ou não quiseram - fazer uma coisa muito simples: legislar na agilização do despejo dos prevaricadores faltosos ao pagamento das rendas, retirando assim esse entulho da argumentaria dos proprietários, o que pode configurar que é coisa que dá até jeito para funcionar como arma de arremesso. E dessa forma incluem todos os que cumprem e têm contratos legais que agora mandam rasgar.

Destaque: Jornal de Negócios de 27/12/11

15 janeiro 2012

Alerta na Coudelaria de Alter

O ano começou fértil em asneira que é como quem diz, mais do mesmo e o mesmo motivo para a indignação. Escolho para recomeçar, o relevo ao que pode estar a passar-se com os cavalos de Alter de Chão.
 
Chamou-se Coudelaria Nacional, agora é a Fundação Alter Real. Salvou o cavalo lusitano através de uma grande persistência no apuramento da raça, apesar das tormentas por que passou, mas debate-se novamente com a tendência para a asneira de quem gere estas coisas sem sair do gabinete, fazendo pairar novamente nuvens sobre ela avaliando pelo que diz o Presidente da Câmara, aqui no Jornal I. Há para mim uma questão que preocupa: a Coudelaria é um património valiosíssimo sob vários pontos de vista e não sei porque digo isto, mas o facto de o seu modelo ser uma fundação, preocupa. Admito que seja um preconceito e uma injustiça para as grandes fundações do país, mas não tranquiliza ver alguns interesses ligados a patrimónios nacionais com este valor. Se lhe adicionarmos ainda o facto de a presidência pertencer à cobiçada Companhia das Lezírias, temos melhor noção dos riscos em causa.

Depois, quem tutela estas questões governa como uma tropa fandanga de incapazes, julgando cumprir a função por aparecer em mangas de camisa na Comunicação Social. Contra este modo de tomar conta, tem valido a resistência das instituições, como agora a Coudelaria de Alter, que vão apesar de tudo sobrevivendo à negligência, impondo-se galhardamente a tanta asneira, nada podendo porém contra interesses que não são os seus. O Alentejo dificilmente encontrará um pólo com mais valor do que os cavalos que cria desde 1748 e Portugal deveria ter outra atenção com a mais antiga coudelaria do mundo.

Imagem da Fundação Alter Real

01 janeiro 2012

Bom 2012

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Foi um Reveillon doméstico minimizando gastos, e a foto é do arquivo pessoal reportada ao foguetório do ano passado, fazendo de conta que é deste. Tenham vocês Saúde e um Bom € Ano, e não se fiem em mim porque vou andar por aí em € dieta.

30 dezembro 2011

O Crespo...


...é um mééééééééérrrrrrdas!

… é uma reacção incontida - vim directamente do sofá prá’qui – porque não aguento andar há muito assistindo pasmado à subserviência e ao medo com que cada entrevistado mais ou menos mediático se acagaça perante o lado pidesco que lhe detecta no interrogatório, e os leva à sabujice da anuência, culminado com uma entrevista à Ministra (a da elevação da Virgem ao céu) Cristas - e que até é vejam bem… “democraaata”! “cristããã” meu deeeus!…- e este chorrilho televisivo dá-me ironicamente uma enorme felicidade: saber que não frequento felizmente os mesmos templos de limpeza de almas desta gente. Que nojo! São-no de tal forma que nos encostam a radicalismos que não queremos por respeito à nossa formação tolerante. Toleraaante! Não disse cristããã! Esse cristã, que lhes enche a boca e esvazia a alma e se aproveita do nome de um homem que não escolheria hoje por nada uma cruz para ir morrer por gente desta.

28 dezembro 2011

Contributos para uma Revolução

(Reeditado)

As revoluções não morrem, permanecem apenas em estados letárgicos para eclodirem quando se altere de forma insustentável o equilíbrio de forças que une as sociedades ao poder que elegeram ou lhes foi imposto. Mexer sem cuidado em alguns desses equilíbrios, pode, sem que menos se espere, desencadear a eclosão da fúria e da revolta. Foi assim que assistimos com espanto a revoluções que começaram pela morte de um vendedor de rua, ou o espancamento de um jovem, ou a prisão de um delinquente. Esse estado de equilíbrio não é mensurável, é imperceptível porque a revolta é dia-a-dia abafada individualmente em cada um, até um dia. E há de facto um dia, um dia como aquele que vemos muitas vezes na natureza ser o da eclosão simultânea de cada ser. Mistérios da Vida. Gestações cronometradas. Algumas dão sinais, outras espantam pela acção consertada da regeneração que empreendem. O seu êxito depende depois de factores externos, umas vezes favoráveis outras adversas, mas em maior ou menor grau garantiram a renovação.

Da mesma forma, as revoluções não acabam enquanto existirem razões que as justifiquem, ou seja, a regeneração das sociedades autistas à realidade humana que as cerca, criada pelos seus egoísmos. Não serão estas 100 mil famílias, inquilinas de avançada idade, a quem o governo, interpondo-se numa atitude inédita, vai obrigar a rasgar contratos de arrendamento feitos de boa fé, que farão a revolução, mas serão, quando começarem a ser desenraizados pelo desalojamento das acções de despejo que vão seguir-se, mais uma parte dos que estão prontos a aceitá-la, e vão estar certamente na primeira fila quando chegar o momento de atirar as pedras e a tralha que estiver à mão.

Destaques: Jornal de Negócios de 27/12/11

Reeditado para deixar uma reflexão sobre o tema. Um artigo de Daniel Oliveira, no Expresso: http://aeiou.expresso.pt/escrever-direito-por-linhas-direitas=f595853


23 dezembro 2011

Queiroz ganhou!

Perdeu o Horta, perdeu a ADoP, perdeu o Sardinha, perdeu o Laurentino, perdeu o Madail e perdeu este incompetentíssimo dinossauro. Perdeu o futebol português e perdeu Portugal 56 181 francos suíços, porque em Portugal é ao contrário: perdem os manfios mas quem paga somos nós. Mas não deveriam ser os responsáveis pela maldade e incompetência a pagar a factura? E o Horta continua em funções? E o patrão não o processa pelos custos? Carlos Queiroz foi vítima de um processo sórdido, um estúpido conluio, também porque houve uma corrente comunicacional contra ele. Pessoas que considero foram incapazes de distinguir as amarguras das estratégias de jogo, da armadilha que uma vingança mesquinha ajudou a montar e lhe arruinou a reputação. Um labéu assim, não há indemnização que indemnize. Parabéns Carlos Queiroz por isto porque o tribunal sentenciou que afinal é você que é a pessoa de bem.

21 dezembro 2011

Fujam! Emigrem!

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O postal de Natal deveria ficar aqui neste lugar até que a estrutura das filhoses indicasse que a Festa tinha acabado. Mas a falta de vergonha, reiterada em declarações sucessivas por este governo - quanto ao conselho aos portugueses para emigrarem -, e a vergonha que sinto por estar assim representado, obriga-me a interromper as Boas Festas. Foi primeiro um Secretário qualquer, depois o Primeiro-Ministro Passos, logo socorrido pelo amigo/estratega Relvas, e agora foi o euro deputado Rangel a sugerir “… a criação de uma Agência nacional para gerir esse processo”. Fica desta forma claro que não é falta de jeito para comunicar, é mesmo estratégia. É uma nova estratégia! Como é possível? Numa altura em que é preciso motivação, quem nos dirige abdica e diz que não vale a pena! Começa a parecer experimentação na área da psico-social, ou seja, sucedendo a um governo que apostava no optimismo mas esquecia o realismo político, a receita por oposição seja o pessimismo dos braços caídos e o alerta geral como forma de amedrontar, no fundo, a estratégia de um povo dócil para melhor aplicar as receitas. O que está a ser levado à prática é o figurino sempre apregoado pelas teorias conservadoras, que agora podem aplicar de mão beijada.

O cúmulo de tudo isto é podermos ouvir dos seus apoiantes, a justificação de que este governo está por contraposição apenas a ser “sincero”, e chegados a este argumento, constatarmos que é nessa atitude das massas imbecilizadas que se tem justificado sempre o triunfo e a perpetuação de tanta autocracia ao longo dos tempos. Não sabemos onde vai dar isto, sabemos apenas que não é a primeira vez que amadurecendo a acefalia desses apoios, alguém vai tirar o devido proveito.

18 dezembro 2011

O Postal de Natal

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As culturas podem ser permeáveis à música por ser uma linguagem universal, mas devemos incentivá-las a não se deixarem aniquilar nos idiomas em que sempre se entenderam. Rejeitar os maus efeitos desta forma de aculturação é lutar por esse preciosíssimo património imaterial da Humanidade. Poderia ficar aqui por exemplo uma canção em galego, mas porque gosto de ouvir esta bonita “índia” cantar na Língua Navajo, aqui fica uma versão do Holly Night, numa árvore rabiscada para os amigos. Ela chama-se Jana Mashonee. Bom Natal a todos.

Cesária excluiu-nos

Cesária Évora veio um dia a um programa de televisão, e o Herman esforçava-se para lhe arrancar a descontracção que permitisse aquela conversa dos afectos, mas Cesária permanecia insensível mais ainda para além daquela sua postura altiva não permitindo o êxito da entrevista, até que nos deu um murro no estômago respondendo a uma pergunta, quando disse: “A minha segunda pátria é França”. Não foi o conteúdo do que disse mas a forma pontiaguda que lhe deu. Começava assim a fazer sentido a dificuldade do Herman. Não foi o facto de ter tido êxito em França, foi a sua passagem em Portugal no Verão Quente de 1975, numa altura atribulada sua e da vida do nosso Abril que parece tê-la afastado de nós. Que ela preferisse os franceses por a terem adoptado, é normal, porque foi ali que triunfou internacionalmente, mas que se tenha definitivamente posto de candeias às avessas connosco que a ouvíamos desde jovem, é que nunca aceitei. Saramago estava zangado com Portugal, o institucional, mas os portugueses estavam fora dessa amargura. Por que raio não quis a Cesária aceitar o nosso afecto?

Reedição por ressalva no título: "excluiu-nos" e não "exclui-nos".

17 dezembro 2011

Uma Ministra conflituosa

Todos nós conhecemos na vida pessoas que estragam comportamentos profissionais por não conseguirem livrar-se das suas frustrações, complexos e outras infelicidades, e os transportam para constantemente colidirem com os outros. Quando assim é, damos com os rancorosos, vaidosos e maus carácter que enferneziam a vida a cada um. Pessoas assim têm alguma coisa a não correr bem consigo.

A forma como a Ministra da Justiça está a tratar a análise dos pagamentos feitos aos advogados que prestam apoio judiciário aos necessitados de apoio jurídico sem condições económicas, é verdadeiramente indigna, mesquinha e revoltante. Veja aqui no Legalices a demonstração disso. Quem puser os olhos no seu comportamento neste caso, perceberá que é um comportamento estranho, parecendo contaminado pelo ódio e pelo despeito motivado por azedumes pessoais e por um preconceito intolerável contra os advogados “pobres” – pobres no sentido em que são os não instalados na praça – apesar das tentativas de colaboração da Ordem no sentido limpar a lista dos flagrantes casos de má interpretação de ocorrências.

O nome destes jovens advogados está estupidamente a ser posto em causa, porque, dizer que se é advogado a prestar apoio judiciário passa a ser um injusto rótulo no cartão de visita. Assim o resto da classe se aperceba da solidariedade que é devida a estes mal tratados e ofendidos, porque se torna claro que os perdedores serão todos se não estiverem em bloco na defesa deste ataque à honra e prestígio da profissão, por uma senhora que trouxe para a relação com os advogados, via Ordem, o estilo da birra e o tique mimado – como aquelas proeminentes rugas verticais denotam -. Ora, não conseguir despir-se desses atavismos para exercer um dos cargos mais importantes da governação do país, pode ser a ruína num sector em cacos. Não sei até se o nível de ofensas não seria passível de uma outra atitude, por parte dos ofendidos. Esta Ministra não presta porque é rancorosa, convencida, arrogante, mimada e elitista. Tia!

15 dezembro 2011

Gente (des)Norteada


A década de 70/80 foi um período caracterizado pela influência de um certo tipo de caciquismo de base empresarial retrógrada, disseminado por uma onda vitoriosa de Direita de alguma forma instilada pelo medo do comunismo e influência do PCP, e vivíamos num ambiente de uma espécie de vergonha da nossa produção do Sul, face à do Norte. O argumento que nos era arremessado pelas cliques reaccionárias dominantes, como forma de aplacar veleidades reivindicadoras, era de que no Norte é que se trabalhava, no Norte é que estava a riqueza e a produção, no Norte não se reivindicava por nada. O Norte era “boa gente”, o Sul era uma “chusma” de calões. Enfim, o Norte era moda. O Norte até tinha a maior densidade de Ferraris do mundo por metro quadrado. No Sul, o representante de uma empresa do Norte achava estranho o valor da minha remuneração face aos valores que poderia ganhar no Norte, com menos problemas fiscais e menos trabalho nessas justificações. Mas nestas análises ficava de fora daquele quadro de desenvolvimento regional, as condições laborais globais daquelas costureirinhas e a sua consciência delas. O que aquele reaccionarismo pretendia era só já jogar povo contra povo, o do Sul contra o do Norte, pelo apoucamento de um, contra a exaltação do outro. Foram os períodos de florescimento dos Jardins e dos Pintos.

Entretanto, veio a crise dos têxteis e do calçado… e a miséria no Vale do Ave e etc.
 
Agora, o reaccionarismo volta, mas do Norte, e vai sendo moda condenar o Sul pelo centralismo e pelo roubo de verbas. Mais uma vez, o provincianismo medíocre joga regiões contra regiões, apenas e só para aplacar raivas que vai incompreensivelmente destilando.

Uma das questões nacionais a que mais sou sensível é a que põe portugueses contra portugueses e mina a velha unidade e a solidariedade do povo português. Não pretendo fazer deste blogue nenhuma caixa de ressonância dando tempo de antena a portugueses que vivem avinagrados no ódio e nos egoísmos regionais, mas é um mau serviço que prestamos ao país se deixarmos passar, os discursos dos Jardins, dos Pintos e dos Fieis servidores de mentes com graves complexos por resolver. Hoje encontrei aquele.

12 dezembro 2011

Sonhos inconfessáveis


O ogre da ilha tem um sonho que não confessou, e sente-se constantemente atacado porque fala na “resistência de cada dia” a que são obrigados. Como sabemos que o ataque não é por bandos de cagarras transformados em hordas, será porventura pelos tais colonialistas continentais. Pobres madeirenses. Não os sabíamos por essa razão em sofrimento. Sabíamos sim do espartilho claustrofóbico em que alguns dos seus mais esclarecidos habitantes se encontram, o que transforma em degredo a partilha de uma ilha tão bonita, que assim vira um deprimente rochedo. Ora, em 1974 não aproveitaram a oportunidade, e também não nos parece que existisse de resto algum dossier em aberto, ao contrário, receberam até com tranquilidade os ditadores depostos. E até podia dar-se o caso de se sentirem confortáveis com “aquele” tipo de colonização. Não? Seria assim como que uma colonização “amiga”. Ah! mas nós por cá não gostávamos deles nem da colonização que faziam. Mas o 25 de Abril fez-se também por essa razão: o fim da colonização. A descolonização pode ocorrer por duas formas: pela retirada do colonizador, ou pela conquista da independência por uma qualquer via, a diplomática ou a das armas. Jardim já nos conhece, sabe que a última coisa que queremos é que algo de mal aconteça ao povo da Madeira. As armas ficam assim de fora, e a nossa retirada sem sermos convocados a isso, seria considerada um abandono. Resta a via diplomática. Basta então de chantagem. Decida-se, e pergunte. Força! Porque considerar-nos colonialistas, ofende-nos na ordem de grandeza imediatamente a seguir a filhos da puta, e desaforos destes à nossa honra deve ser uma instância superior a resolver. Um dia destes convocamos para isso o Presidente de República que nos saiu em rifa, se não tiver nele medrado definitivamente o autismo a que alguns traços velados apontam, para, definitivamente não vermos o arremesso constante de um povo contra o outro que ele faz com a indignidade de uma besta.

04 dezembro 2011

Hoje, também eu sou ateniense!

O Professor Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, disse um dia destes de cabeça erguida, de uma forma eloquente e generosa: “Sinto-me ateniense e grego, e não cidadão deste mundo, um mundo de manajeiros, de tecnocratas sem rosto, de ‘mãos invisíveis’ que ninguém controla”. Era também nesta forma altiva que gostaria de ver o outro professor exibir-se lá fora, e não com a arrogância parola com que diz que “Portugal não é a Grécia”, como se estivesse a ensinar geografia a meninos no seu economês requentado! Os gregos não merecem esta conversa da treta, como nós não merecíamos o desaforo do presidente checo que ele não soube conter, ou mais recentemente o dos finlandeses, e é com esta falta de solidariedade em efeito dominó que se está a desconstruir a Europa, que a bem dizer nunca esteve. Os alemães, têm outra vez uma estratégia e têm outra vez colaboracionistas, gente descartável, trânsfugas mais repugnantes para eles do que os vencidos de onde vêm.

01 dezembro 2011

A Independência às urtigas?

  
Os países tomam para seu dia nacional aquele em que o povo colectivamente melhor se revê, associado de um modo geral a factos de relevo que tenham sido de exaltação nacional. Os franceses têm o 14 de Julho comemorando o dia da tomada da Bastilha. E que dia! Os britânicos, pela razão da sua própria constituição não têm um dia específico, têm vários que celebram o dia dos países que constituem o Reino Unido. Os alemães instituíram o 3 de Outubro, Dia da Unidade Alemã, pela sua reunificação. Os americanos, o tão celebrado 4 de Julho, Dia da Independência. Na Rússia celebram o seu dia em 12 de Junho, pela Declaração de Soberania do Estado Russo. Os Espanhóis, pela dificuldade que têm devido à sua unidade como país, têm o 12 de Outubro, Dia da Hispanidade que celebra a chegada de Colombo às Américas. O Brasil celebra a sua Independência no dia 7 de Setembro, etc.
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Nós temos o 10 de Junho, Dia de Portugal, que é apenas o dia que celebra a morte de um poeta, o maior é certo, mas por muito que Camões nos valha, não deixa de ser apenas o da morte de um português que morreu na miséria e abandonado por uma nação que não o soube reconhecer em vida. O povo não soube durante muito tempo que ele morreu naquele data, e ainda hoje muita gente não saberá, sendo por isso uma data que nunca se inscreveu na memória colectiva. É com Salazar que este dia começa a ser celebrado como sendo o Dia da Raça, hoje alterado para Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Mas não deixa de ser uma data forçada com a qual o povo não se identifica, foi-lhe imposta, e para todos os efeitos uma data que o povo não viveu, e é nesses factos que radica a razão da genuína comemoração de um dia. É um dia que o povo não o canta na rua. Talvez seja por isso que ele continua a ser uma seca comemorativa. O 5 de Outubro, Dia da República, vai infelizmente sendo o mesmo, e talvez pelo período que a nação atravessou nos tempos que se seguiram, se tenha ofuscado para o povo o valor desta data, mas deve continuar a ser comemorado. O 1º de Dezembro, Dia da Restauração da Independência é um dia ainda na memória do povo, porque, ainda hoje nas vilas mais recondidas do Alentejo a alvorada se faz com a charanga da vila a acordar toda a gente tocando o Hino da Restauração. Aqui e aqui. Eu não o esqueço porque acordava estremunhado com o ribombar da banda ainda bem de madrugada. A República, tem erradamente deixado cair esta data por ela ser afecta aos Monárquicos, mas é um disparate que o faça por essa razão, e deve continuar a ser uma data a preservar como feriado, por celebrar o restauro da nossa Independência, coisa que me faria passar a guerrilheiro urbano se algum dia a voltássemos a perder.
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Que me desculpem os bons amigos espanhóis que tenho, este post nunca lhes foi dedicado, é antes, aos outros “espanhóis” que o povo gostaria de expulsar de Portugal.

29 novembro 2011

Leões à solta

A violência que assalta o futebol é um fenómeno resultante da descarga de frustrações e outros desequilíbrios, tanto de adeptos como de dirigentes – alguns até, com complexos mal resolvidos que tentam suprimir pela forma bizarra como se comportam no meio. Um exemplo disto: Jornalista da TVI terá sido insultado por Pinto da Costa e agredido pelos seus “acompanhantes” após o jogo de ontem com o Braga, tanto quanto parece, uma penalização por delito de opinião. - Mas o que aqui me traz é a polémica do jogo na Luz. Estou perfeitamente incrédulo com o empolamento feito pelo Sporting e acho que é nele que se devem procurar respostas para o que aconteceu.
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O Benfica, no pleno direito que lhe assistia, decidiu implementar um sistema de segurança igual a muitos outros na Europa: PSG, Schalke, Basileia, Real Madrid, Marselha, Olympiakos, Nápoles, Milan e Inter que contribuirá para a protecção dos espectadores. Não inventou nada. Este sistema foi aprovado e fiscalizado pela Liga, PSP, Bombeiros e “Stuarts”. Parece no entanto que o Sporting exigia um tratamento especial, ao não querer a sua implementação agora, unicamente pela razão de não se sentir confortável com a estreia: não, porque não! Acusa o Benfica por ter concretizado, e vai daí, veio preparado de casa… Tudo parece começar então nessa exigência, mas o Sporting não tem o direito de reivindicar o timing de utilização para as novas funcionalidades num estádio alheio, assim como o Benfica não tinha o dever de substituir o Sporting nessa estreia pelo próximo adversário a defrontar. Se levarmos até em conta os riscos das claques por rivalidades conhecidas, faria mais sentido a estreia ontem, do que no próximo jogo contra um Cucujães de Mafamude, por exemplo. Depois, é o que já conhecemos:
  1. Queixas pelo atraso na chegada às bancadas, tendo saído de Alvalade 35 minutos depois do programado;
  2. Acusação de exiguidade da bancada com adeptos a ocupar dois lugares, havendo filme das clareiras verificadas na bancada durante o jogo;
  3. Exibição pelo Benfica da prova da devolução de bilhetes que atestam a não lotação do espaço;
  4. Fogo posto às cadeiras do estádio após o jogo;
  5. Agressão aos bombeiros para impedir o ataque às chamas;
  6. Cânticos de louvor ao incêndio;
  7. Descoberta nas bancadas dos recipientes que serviram de transporte ao líquido incendiário, o que prova premeditação;
  8. Acusações por um dirigente leonino de tratamento e funcionamentos “pré-históricos” (!);
  9. Acusação de mau comportamento policial no acompanhamento da “caixa de adeptos”, como se o Benfica tivesse alguma coisa a ver com isso, parecendo querer que isto sirva de atenuante para o crime de fogo posto;
  10. Detenção de adeptos da claque conotados com a famosa suástica, etc.
Depois da evidência da gravidade destes comportamentos, não espanta que a táctica seja a fuga prá frente, e como num jogo de xadrez, colocam pedras de ataque como mecanismo de defesa. Sobra agora um Presidente leonino fraco a dizer que houve “coisas graves” nos balneários “depois do jogo”, e a reboque de um Vice-Presidente a querer protagonismo, que promete ser mais uma daquelas aves raras de que o nosso futebol não precisava nada. Isto permite-nos pensar que alguém boicotou em Alvalade o clima de paz que começava a existir com o Benfica. O Sporting ganharia em saber quem foi, porque é preciso varrer do nosso futebol incendiários destes.

26 novembro 2011

O fado do nosso Fado

Reeditado:
Não será preciso que um júri venha dizer que o nosso Fado é Património da Humanidade, porque isso já nós sabemos, e sabe quem o ouve enternecido sem entender uma palavra cantada, porque é próprio da alma do Fado fazer-se entender pelo lado do coração. Não havendo outro género musical onde isto seja tão verdadeiro, como não podia então deixar de o ser? Se não ouçam: Mariza, Ana Moura e Fábia Rebordão.

                
 
Confesso que no calor da revolução de Abril, o Fado e todo o seu atavismo sofreu de mim quase de uma forma definitiva, do perigoso ostracismo que o poderia ter perdido. Sei hoje, que isso fez parte daquele folclore circunstancial, e do mecanismo de repulsa por tudo o que representava os símbolos do regime que tínhamos deposto. Lembro-me porém do aviso de uma jovem amiga francesa - a Claudine - que acabou por ter sido um pouco responsável por não se ter acelerado essa vertigem: - Não percam nunca este património musical. Dizia ao ver as nossas dúvidas revolucionárias confrontarem até patrimónios destes.

Como era possível vir alguém de tão longe dizer-nos isto? Ainda hoje me interrogo, não pelos seus conselhos, mas pelos mecanismos que nos bloqueavam. E se há acontecimentos nessas etapas que ajudam a ter a medida de outras revoluções a que venho assistindo, este, da defesa do Fado feito em 1974 por jovens amigas longínquas da Normandia, é um deles.

21 novembro 2011

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A Greve

É pela razão com que conclui Boaventura Sousa Santos o seu artigo na Visão, que recomendo aos promotores da Greve Geral do dia 24 que não retirem da nossa subscrição alguma adesão aos seus princípios politico partidários. Agradecemos a convocação, mas não transformem a nossa adesão num sufrágio, porque andamos politicamente de candeias às avessas. Sabem porquê? Porque muito dos exageros e das barbaridades que vamos descobrindo feitas por aquele parlamento, foram feitas nas suas barbas. Sem denúncia. Não sei se algum dia saberemos se, em conluio.

19 novembro 2011

Um assalto à Justiça

A Ministra da Justiça tem dito claramente que Pinto Monteiro deveria demitir-se. Não gosta dele no cargo. O mediático João Palma, do Sindicato dos Magistrados tem feito críticas à actuação do Procurador. Agora, tivemos pela Comunicação Social a vergonha de uma prisão em directo. Pinto Monteiro mandou investigar. Torna-se claro que alguém anda a querer tramá-lo, como diz aqui e aqui o Jornal I, e está a fazê-lo bem feito. Há sorrisos off de record. Se isto não é um assalto à Justiça praticado à luz do dia, o que é?

18 novembro 2011

Noah acusa espanhóis de "poção mágica"


Não constam até agora reacções, mas a conversa tem tudo para alimentar uma nova polémica, quer pelo que é dito, como porque é dito. É como estarmos na penumbra de um estádio e os holofotes abrirem apenas sobre as cores de uma bandeira e ficar tudo em suspense. Até a visibilidade e alterações dos próximos resultados vão ser escrutinadas. Uma coisa é certa, as declarações poderão, ao contrário, resultar na promoção dos resultados espanhóis.

11 novembro 2011

"The Tide is Turning". Um hino!




Que merece ser o ponto de partida. O hino da mudança que se anuncia.

This is the crap our children are learning (…)
I'm not saying that the battle is won (…)
the tide is turning (...)

Yes Roger, the tide is turning! Também acredito. Morre quem não tiver um pouco de utopia em si, quanto mais não seja, de susto com o que está para acontecer. E vai acontecer.

I used to think the world was flat
Rarely threw my hat into the crowd
I felt I had used up my quota of yearning
... Used to look in on the children at night
In the glow of their Donald Duck light
And frighten myself with the thought of my little ones burning
But, oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning
Satellite buzzing through the endless night
Exclusive to moonshots and world title fights
Jesus Christ, imagine what it must be earning
Who is the strongest
Who is the best
Who holds the aces
The East
Or the West
This is the crap our children are learning
But oh, oh, oh, the tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
Now the satellite's confused
'Cause on Saturday night
The airwaves were full of compassion and light
And his silicon heart
Warmed to the sight of a billion candles burning
Oh, oh, oh, the tide is turning
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning Billy
I'm not saying that the battle is won
But on Saturday night all those kids in the sun
Wrested technology's sword from the hand of the war lords
Oh, oh, oh, the tide is turning
The tide is turning Sylvester
Oh, oh, oh, the tide is turning

07 novembro 2011

Um "Ovo de Serpente" em gestação.

REEDITADO.

Acabo de receber um email que vem juntar mais preocupação à preocupação que já tenho com a xenofobia que vai por essa Europa a propósito da crise financeira em relação aos países do sul da Europa. Estranho nisto o facto de só agora ter tomado conhecimento do cartaz a que se refere, depois de estar há mais de um mês instalado na Augustrass 10, em Berlim.

Não sei se têm sobre este cartaz o mesmo olhar benévolo com que ele é apresentado no email que circula, sem nos propor uma condenação mais veemente, o mesmo olhar que permitiu que só agora o conheça, aceitando-o, por se inscrever na liberdade devida a qualquer obra de arte. Peço-vos por isso a vossa opinião, porque posso estar profundamente errado e me digam se estou levado por patriotismos a ver nazismos em todo o lado e não tenho razão para me considerar indignado com a desfaçatez com que um país e dois artistas não têm qualquer espécie de rebuço em ofender daquela forma os povos visados no cartaz. Por mim, que não tenho pruridos quando interpreto arte, entendo que não devemos vergar-nos e ter medo de afirmar que as vanguardas impostoras também existem, sedentas em qualquer arte, para se aproveitarem da credulidade do leigo usurpando dessa forma subtil aquele conceito. Isto é rasca! E só é apresentado como arte para cumprir os propósitos xenófobos e manhosos com que foi patrocinada.

Deixo aqui os links através dos quais vim a saber toda a história deste cartaz, e do rapaz que o fez segundo concepção da mãe: Aqui está o Joshua Neufeld no Facebook a assumir a paternidade da obra. Aqui é o rapazinho na sua página.  Aqui é ele e a mãezinha Martha Rosler na Wiki. E se alguém quiser desancá-lo aqui estão contactos. Esta é a tal DAAD Alemã que patrocinou tudo isto.
Não haverá por aí alguém que tenha dinamismo suficiente para levantar uma onda maior no Facebook ou em Petição, sem medo de afrontar estas “artes” que mais não são do que um premonitório  e perigoso “Ovo da Serpente”.

Reedição:

Note-se na leviandade com que este anjinho se propôs abordar o tema na sua “peça artística” que o levou até a dizer isto no Facebook:

(I wasn’t aware of this beforehand, but “PIIGS” is na acronym used by international bond analysts, academics, and the economic press to refer to the economies of Portugal, Italy, Ireland, Greece, and Spain in regard to sovereign debt markets.) O que significa mais ou menos isto: (Eu não estava ciente disto de antemão, mas "PIIGS" é um acrónimo utilizado por analistas de obrigações internacionais, académicos e imprensa económica para se referir às economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha no que diz respeito aos mercados da dívida soberana.)

04 novembro 2011

217


217

Porquê indignados?! Ora essa...

Uma razão: “Suite 605”, de João Pedro Martins, da Smartbook. Veja o vídeo para saber a razão do espanto no título do post. Este é um livro para divulgar, para que o seu conteúdo indigne mesmo os que ainda duvidam do sistema mafioso que apoiam.

Se a Esquerda deixou cair dogmas, dos quais se envergonha hoje, como o Muro de Berlim, é tempo da Direita reflectir nos males que está a causar aos pobres de todo o mundo, quando, insistindo na selvajaria dos seus modelos, recrudesceu os métodos aproveitando o vazio deixado, e são eles que desta forma estão a lançar o caos no mundo, através da ganância financeira.

Não perca este livro. Compre, ofereça, empreste, divulgue.

03 novembro 2011

O sistema... e as bolhas.


Este vídeo sobre a bolha imobiliária em Espanha traz-nos à memória as dificuldades que tivemos há bem pouco tempo, em contrapor argumentos aos que nos apontavam as diferenças de desenvolvimento entre Portugal e Espanha. Afinal, tudo aquilo fazia parte de um exagero sem sustentação. Era afinal uma ilusão e o exemplo de que aquele não era de facto um sistema recomendável – e continua a não ser. Os argumentos em sua defesa eram difíceis de rebater, apesar de sabermos que o empolamento passava por excessos, que é coisa comum por lá, e não me refiro com isto apenas aos touros de morte nem às guerras de tomate ou às estufas de morangos e legumes da Andaluzia. Foram excessos como o deste vídeo que nos indicaram que este é um sistema errado e nos trouxeram todos ao estado em que nos encontramos: a Grécia, a Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e os que seguirão se levarmos em conta a análise das suas contas à luz dos mesmos critérios. Até quando resistirá a sobreviver entre bolhas?