31 agosto 2011

Da crise à humilhação.

 - Não, não concordo, isto é humilhante para as pessoas, sabe? Por exemplo, na Tabacaria lá do bairro, ou no café que tem quiosquezinho ou assim, locais de maior proximidade onde as pessoas compram os passes, vão ter que expor ali a sua vida ao vizinho! Isto não deveria ser possível. Foi mais ou menos este o comentário de uma transeunte entrevistada na TV, perante a obrigatoriedade da amostra do IRS na compra do Passe Social.

O que sabe desta honra aquele Ministro naif, que ameaça a vida das pessoas com o ar despudorado mais cândido e sorridente, até provocatório, que já vi num ministro? Ter que sobreviver, suportando em silêncio privações, mesmo sendo considerado classe média, já é difícil, mas sujeitar esses portugueses ao vexame de abrirem a sua vida privada aos outros, tendo que exibir publicamente os seus ganhos, é que não deveria ser possível. Estão a tornar tudo mais penoso ainda, depois de nos terem dito que não viabilizavam um PEC porque ele era violento para a vida dos portugueses.

29 agosto 2011

Reduzir custos, e... saúde!

Ouvi recentemente na SIC a Dra. Pilar Vicente fazer-nos um diagnóstico simples quanto às recentes medidas de Paulo Macedo, o novo Ministro da Saúde, para reduzir custos na saúde. Esta médica cirurgiã chefia os serviços de consulta externa do Hospital de S. José e é, pela qualidade e entrega com que exerce, um exemplo de honestidade profissional.

A Dra. Pilar avisa que estas medidas vão atingir gravosamente os doentes, quando cortarem nas horas extras que os profissionais são obrigados a prestar, exactamente por falta deles, assim como no corte dos meios complementares de diagnóstico convencionados. Sugere que se veja antes quanto gasta o serviço público nas disfunções provocadas por tanta chefia intermédia e improdutiva nos serviços hospitalares, dizendo que no seu hospital seriam poupadas algumas centenas de milhares de euros. Disse, que no anterior modelo, os directores clínicos reuniam directamente com a administração do hospital e faziam com isso uma gestão sem intermediação. Hoje, está criada uma barreira sucessiva de administradores que são uma inutilidade cara e ineficiente e representam elas sim uma enorme gordura no orçamento da saúde. Ao mesmo tempo, foram entregues serviços a empresas externas que representaria uma enorme redução de custos se fossem desempenhados pelos quadros dos hospitais, porque no fundo, acabam por ser eles a fazer com que os serviços funcionem.

Temos por enquanto duas evidências: a formação do Ministro Paulo Macedo não é medicina, e o que a Dra. Pilar diz é a análise de alguém com um profundo conhecimento do que se passa num hospital. Tirem disto, conclusões.

19 agosto 2011

A divisão do Parque das Nações.

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Salvaguardando os justos interesses das populações locais, ponderados sempre pelos do interesse geral, o que importa aos portugueses nas questões da administração local do espaço público é que ele seja gerido convenientemente e não paralisado por disputas que tenham a ver com a perda de influência de alguns actores, normalmente por receio de perda de receita autárquica.

Vem isto a propósito do novo mapa da reforma administrativa do Concelho de Lisboa, em que o Parque das Nações é um caso emblemático dos jogos de interesses. Na proposta PS/PSD que diminui de 53 para 24 o número de freguesias, lá está a manutenção do Parque das Nações dividido novamente entre as autarquias de Lisboa e Loures! Vejam-se aqui os limites a vermelho.


Assim como sou pela implosão dos condomínios fechados pela segregação urbanística que arrastam com sua concepção, também sou contra a acusação miserabilista de novo-riquismo que se faz a quem tenha uma visão de conjunto e organização para aquele Parque, que antes era este caixote de lixo a céu aberto e que pela forma como foi concebido merece ser administrativamente uma parcela indivisa no território e não uma manta de retalhos. Este problema amplifica-se agora com a decisão deste governo de encerrar a Parque Expo, e é mais uma razão contra o seu retalhamento administrativo.

12 agosto 2011

Que Revolução (Texto II)

Todos sabemos que existe por detrás dos distúrbios no Reino Unido uma causa próxima que teve como detonador um falso problema. É sempre assim, é coisa já vista noutras perturbações, isto não é um fenómeno difícil de tipificar. A Esquerda tem sobre estes acontecimentos um discurso mais ou menos unânime, e até mesmo em alguma Direita encontramos franjas com uma abordagem próxima, embora saibamos que é uma área onde os seus egoísmos não deixam ter um discurso que Cristo aprove. Dizer que esta questão da marginalização, a que politicas erradas votam comunidades inteiras a transformarem-se em ghettos perigosos prontos a rebentar de raiva, é uma coisa, outra, é apresentarmos à cabeça antes de discutir os distúrbios, esse argumento para os justificar porque, aqueles jovens que roubaram outro a quem foi partido o maxilar numa agressão, simulando ajudá-lo para depois o abandonarem à sua sorte, ou os outros que acabaram por matar um pacato cidadão que defendia os seus haveres, estão naquela mesma “festa da pilhagem” em que estava aquele professor primário, agora saqueador, e ainda a filha de um milionário que foi apanhada a roubar gadgets, ou seja, o produto dos saques não era propriamente uma fúria por sacos de arroz ou de farinha.

Estes jovens estão revoltados com a sua situação, e a sua situação é uma questão política. Tragam então esta luta para o campo da cidadania, que pode ser também a rua sim! Mas para podermos aderir e ajudar a transformar o seu vandalismo execrável porque vazio, numa causa nobre e justa em que nos possamos rever e acreditar. Talvez seja tempo de toda a Esquerda rever um pouco o seu discurso para não correr o risco de baralhar tanta cabeça tonta. É que os riscos são desta forma imensos, e uma das piores derivas é a perda de objectivos. Esta, não é ainda a Revolução e se vamos precisar de ajuda, esta não é certamente.

Reedição:

Se houve alguma utilidade imediata nos distúrbios no Reino Unido, foi para já o enorme debate que estão a gerar. Aqui por exemplo: no Politeia, A Nossa Candeia, Arrastão, Ladrões de Bicicletas e em muitos que contiuamos a ler. Se isto é consequente ainda não sabemos. Sabemos para já que eles acirraram nas sociedades mais conservadoras, mais desconfianças, o que não é bom. Mas também sabemos, devido à importância daquele país, que foi uma das maiores montras que se abriu para visibilidade deste problema em sociedades como a nossa. Nesse sentido e talvez paradoxalmente ao que escrevi em cima…cumpriram parcialmente a função, e assim sendo é coisa estranha, por haver no dito alguma contradição.

09 agosto 2011

Que Revolução? (Texto I)

Recebido por email, de autor identificado, cujo nome reservo para que a avaliação seja feita pelo seu conteúdo e não pela autoria. Apenas o título do post é meu. A publicação, não significa a concordância ou não com o que foi escrito, é apenas um contributo entre outros prováveis:

"Os latinos são tidos como gente violenta.

E na verdade há também violência no Sul, e nos latinos em particular, até porque o que vemos acontecer em Londres acontece em “bairros multiculturais”, isto é, em bairros que de multiculturais pouco têm, pois a predominância é de cidadãos e cidadãs de origens múltiplas, com latinos também, claro, mas com muito poucos do Reino Unido, e que são tomados como tal, multiculturais, pelos britânicos, por neles viverem – demasiado predominantemente, estrangeiros.

No entanto, a violência que explodiu em Londres, em consequência desta Global Crise, como vimos também na televisão, envolveu ainda os “típicos britânicos” também.

Os pobres claro, não os britânicos ricos, ou classe média.

O que também é característico de sociedades onde a explosão social acontece quando a governação, mesmo que democrática, ou precisamente porque democrática, se desinteressa dos Mais Carenciados, pensando neles somente numa lógica Caritativista e não de Redistribuição dos Rendimentos e Insercionista.

Eis a temida violência a chegar.

(Recordam-se que a violência, na II Globalização veio da Grã Bretanha, da Alemanha e da França…?)

Porque ela, a violência, se espalhará, claro, por todos os países em crise, como se vê já na Grécia e em Espanha.

Uns dirão – eis a Luta de Classes a chegar ao rubro!

Eu direi recordando Marx, eis a Revolta a aquecer, mas sem que da Revolta nasça uma consciente Luta de Classes…

Porque o que vemos acontecer são movimentos ainda demasiado inorgânicos para que sejam realmente a Luta de Classes a explodir.

Na verdade, nada vejo a acontecer de sério nos países pobres…

No entanto, na verdade, a Revolta está aí, até num “País Avançado”, “Rico”.

Eis o resultado de uma Crise económica e social gerida em lógica neo liberal, a sério e não propagandística!

Mas esta violência, feita de ataques a lojas e de pegar fogo a edifícios podres de mal tratados, resolve?

Alguns dir-me-ão – mas não vês também o confronto com a Polícia?

Bem, e eu respondo, então os pequenos lojistas, e os detentores de edifícios abandonados e até a Policia, são – o inimigo de classe?

Ridículo não acham?

Um prédio a menos, uma televisão a mais numa casa de um pobre, resolverá – o quê?

O direito à Revolta é Justo, e basta recordar o INDIGNAI-VOS de Stéphane Hessel, o tal Manifesto, que aconselho veementemente a que seja lido, e que vendeu em 4 meses mais de um milhão e trezentos mil exemplares, para termos a certeza da Justeza desta Revolta.

Como também da sua Ineficácia, a continuar assim.

Porque esta Revolta não toca na essência do Poder e porque esta Revolta alimenta somente as Fúrias Conservadoras, e os Medos, em partes essenciais das Comunidades, tal qual sucedeu no pós 1929, de onde nasceram os nazismos e os fascismos que impuseram a II Guerra Mundial!

Há que travar esta Revolta?

Pergunta estúpida pois estas Revoltas não se travam, elas acontecem e têm de ser entendidas.

Eu não estou sequer em Londres para entender o cerne do fenómeno social e, sinceramente, esta comunicação social que temos em nada ajuda a entender o mesmo.

O que sei é que esta Revolta descerá também até Portugal, talvez com menos impacto, talvez com menos influencia nas Pessoas, em numero, mas descerá!

É o mais que simples efeito de imitação – se eles fazem….

Alguma Esquerda dirá – que venha esse tal efeito imitação.

Eu direi, ou prevenimos o mesmo, dando-lhe uma função social e política, ou o mesmo de nada servirá.

E essa função social e política significa pôr o dedo onde doerá mais.

Quem é então o Inimigo Principal, nos dias de hoje?

Os que se aproveitam desta IV Globalização para enriquecerem mais ainda, para desestruturarem o adquirido social de protecção dos Mais Carenciados e de Solidariedade no seio da Comunidade, enfim, os que já escreveram que éramos PIGS, que as Agencias de Notação são a verdade de hoje, que os Estados têm de desaparecer das áreas económica e social, que a participação se resume ao voto periódico e que a Informação e o saber é só para alguns!

Como atacar esse Inimigo Principal?

Lá onde lhe dói mais, como diria alguém que tem ainda e sempre o meu respeito.

Nas Nações Unidas, no Parlamento Europeu, em todas as Instâncias Internacionais de Poder.

Exigindo Democracia Local e Global, Participação Local e Global, Regulamentação Local e Global.

Lutando nas Ruas e Praças claro, porque a Praça é do Povo como os Céus são do Condor, como dizia o Poeta brasileiro, mas de olhos onde está o Poder e não de olhos onde está a barriga, as televisões, os edifícios abandonados.

Porque se pusermos os olhos aí, dividir-nos-emos.

A violência de Londres é somente um alerta – há cada vez mais quem esteja mais zangado!

Mas não é a via.

A violência de Londres chegará claro a Lisboa, se a via assumida até agora, a dos cortes orçamentais cegos, continuar, mesmo que em muitos casos os cortes sejam mais que justificados.

Mas o aumento dos Transportes, o esvaziar do programa das Novas Oportunidades, não se explicam com um - porque sim!

Até porque se viu já que no ultimo trimestre o Desemprego, com a governação socialista, já estava a baixar, pouco mas a baixar.

Como se viu também que a cedência aos capatazes Agencias de Notação continua, e está instalada até em Washington, em Obama!

Que nos viu até como exemplo a citar, imaginem, sendo certo que não é por acaso – já fomos, nós CPLP, Império, e fomos o 1º Império na 1ª Globalização!

E acentuo, se os Estados baqueiam na sua função protectora dos e das Cidadãs que deveriam proteger, estes terão o direito à Autoprotecção!

Ora os Estados estão a fraquejar, as elites estão a vergar, pelo que há que procurar alternativas em nós Cidadãos.

Mas de forma consciente e não ficando na ridícula Revolta do televisor que levamos da loja para casa sem pagar!

Ou na estrita manifestação de rua contra um Governo que não manda no cerne do problema, pois estamos já na IV Globalização e não na Revolução Industrial!

E não resisto em terminar este texto com uma citação do já referido Manifesto Indignai-vos de Stéphane Hessel, do final deste mesmo Manifesto, “…nós os veteranos dos movimentos de Resistência e das forças combatentes da França Livre (1940-45), que não há duvida que “o nazismo foi vencido, graças ao sacrifício dos nossos irmãos e irmãs da Resistência e das Nações Unidas contra a barbárie fascista. Mas esta ameaça não desapareceu completamente e a nossa fúria contra a injustiça mantém-se intacta…E é por isso que continuamos a apelar a “uma verdadeira insurreição pacifica contra os meios de comunicação de massas que só apresentam como horizonte à nossa juventude uma sociedade de consumo, o desprezo pelos mais fracos e pela cultura, a amnésia generalizada e a competição renhida de todos contra todos””.

04 agosto 2011

Vamos evitar esta tragédia?

Acabo de ouvir no programa Antena Aberta, da Antena 1, (clique no programa do dia 4 de Agosto) uma confissão preocupante. Este programa, que tem como convidado o Padre Lino Maia, da CNIS, está a tratar hoje dos reflexos da crise na sobrevivência de alguns portugueses. Por entre vários testemunhos, um, destacou-se pela ameaça que fez em directo: um ouvinte que diz ter 62 anos, e está com uma depressão e sem dinheiro para se tratar, tem uma esposa de 50 anos e um filho de 20 a estudar. A esposa que se debate com um cancro, teve que pagar 70 euros aos Bombeiros pelo transporte para os tratamentos. Com um orçamento familiar de 412 euros, o homem pergunta como é possível encarar a vida. Diz-se uma pessoa de honra e de palavra. Diz que já fez emails para várias instituições sem resposta. Avisa-nos que se não obtiver resposta no prazo de uma semana, irá com um garrafão de cinco litros de gasolina para a porta do Ministério da Solidariedade Social e se imolará pelo fogo… Assim, em directo. O locutor não lhe permitiu continuar mas disse-lhe que o assunto com certeza ser resolvido. Temo que no programa não se tenha a sensibilidade de atribuir a esta confissão a credibilidade que nos deve merecer um aviso destes. Bem sei que estes problemas não se resolvem com caridadezinha, mas há situações de limite a que é obrigatório estender a mão. Eu começo por aqui, e pelo links deste post, pelo  Facebook, e pelo eco junto dos meus contactos, quem sabe possamos chegar a tempo de evitar uma tragédia que avaliando pelo tom me pareceu de levar em conta.

26 julho 2011

O norueguês (Den norske)

Passado o choque inicial, é tempo de analisar a brutalidade do atentado à bomba e o massacre na ilha norueguesa, não tanto no seu efeito imediato, mas no horror da arquitectura dos projectos que estão na cabeça daquele jovem. Projecta no seu livro a matança de 400 mil europeus, dos quais 10 mil e tal em Portugal, não por usarmos bigode, mas por sermos responsáveis pelo multiculturalismo e pela progressão do islamismo na Europa, etc. etc.

Estava, antes de ler mais este desenvolvimento da notícia, a pensar como o mundo não está nunca a salvo de tresloucados como este, que nos podem lançar nas trevas da guerra, porque, as ideias deste jovem, tem na grande parte dos países mais poderosos do mundo, representantes eleitos pela democracia de onde aproveitam as suas fragilidades para ir conseguindo os votos que vão sedimentando ideias malucas na cabeça tola de tantos milhões de parvos que por aí andam. E não se pense que cativam indigentes de rua, não, é mesmo gente de boas práticas sociais, comem com garfo, usam lindíssimos óculos escuros, são rigorosos na educação, enfim, gente do “melhor”. Para ele, em Portugal só se safariam os do CDS/PP. Aquela gente, predisposta a atender as prédicas dos mentores que as orienta politica e religiosamente, é um perigo, como o foi na Alemanha, naquele período a que podemos chamar de pré-nazismo, mas que apesar de tudo não foi tido em conta e leva os alemães a dizer que não sabiam nada do que se passava. Dir-me-ão que agora a Democracia é suficiente para estancar projectos destes, pois, mas os Le Pen’s, os Bossi’s etc., já estão praticamente a fazer parte de governos eleitos, ou seja, eles estão dentro da Democracia tecendo a estrutura, e o resultado está à vista na cabeça deste Breivik, cujo único erro talvez tenha sido ter perdido a paciência, e ter provavelmente estragado os planos a outros que estão pacientemente à espera do momento. E se acham que isto são horrores que só acontecem aos outros, lembro os anteriores incidentes com portugueses na Irlanda, as mais recentes manifestações dos finlandeses e a nossa inclusão numa lista simpática de PIIGES e agora, o nosso lugar na lista deste mafarrico. Receio que se eles vierem por aí a baixo, nem os do CDS/PP se safem, porque nem todos são louros como a Teresa Caeiro. Já vi negros de carapinha loura, mas claro, neles não dá... mas em mim, talvez passe! Desde que não fique à Roberto Leal...


Reedição:

24 horas depois da edição deste texto, lê-se em rodapé no telejornal na SIC-N que: Eurodeputado italiano admite simpatizar com as ideias de Breivik. É Mário Borghezio, precisamente da Liga de Bossi. Confirma-se: é um erro vermos esta tragédia como um mero incidente.

23 julho 2011

Um homem de utopias

Escrever, como qualquer outra actividade mais ou menos criativa, não é coisa a que possamos dedicar-nos forçando a vontade de o fazer. Por isso, resisto sempre que posso a fazê-lo como uma tarefa imposta. O intervalo, depois de tanto o que por aí se passou com motivos de sobra para opinar, é agora quebrado apenas pela simples vontade de vos falar de um amigo: Alípio de Freitas. Ou por outra, não sou eu que o vou fazer, é ele próprio através da entrevista que deu ao João Almeida no programa Quinta Essência, da Antena 2. Tenho a honra de o considerar um amigo mais ou menos recente porque o Alípio é assim: pessoa que tem o mérito de fazer amizades. Soube coisas novas nesta entrevista, não porque o Alípio se nos furte a falar da sua vida, mas porque no seu perfil não cabe essa necessidade constante de mostrar a folha de serviço. A retoma da escrita foi assim por agora por causa de “uma vida que dava um livro”: a do Alípio.

Faria mais sentido escrever sobre a bomba e o massacre numa ilha da Noruega? Talvez, mas perante a perplexidade desta realidade, prefiro as utopias consolidadas do Alípio.


Parte 2

30 junho 2011

Combater com... a alma!

Um repórter interrogando uma jovem que combatia na trincheira de uma praça de Atenas:
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- What are you doing?
- We are fighting. This is a war, a war of people. We are people, they are people.
- But, they have guns!
- Yes!
- And you have no guns!
- Our guns are our souls…


Há nesta resposta a indicação de um mundo que afinal (r)existe. O Maio de 68 continua por aí com o melhor do que foram os seus princípios. Por muito que custe a alguns é preciso continuar a acreditar nos jovens.

25 junho 2011

202

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202

Os Nacionais Oportunismos - II

Fui à fruta à horta “nacional” do Belmiro. Numa das bancas centrais contei quinze variedades de fruta, apenas três eram nacionais e destas três, os figos estavam lado a lado com figos iguais espanhóis, (in)justa concorrência. Algumas placas de preços informam a origem, outras, dificultam-nos a vida e mandam-nos “Ver rótulo”, foi o caso destes pêssegos: espanhóis de origem com o código nacional 560. Se formos na conversa de comprar nacional pelo código de barras, não estaremos por vezes a ser meio enganados? Digo meio, porque admito que estes melocotones espanhóis tenham adquirido a nacionalidade e virado pêssegos portugueses através de alguma manipulação de embalamento, ou coisa assim. Cuidado com o Código 560…

23 junho 2011

Portugueses: Alegrai-vos! Há afinal uma crise.

Mas cuidado!



Foi este neo-liberalismo que incentivou os egoísmos fomentadores da exploração do ser humano, e verificando-se agora a falência dessa política, teima em não reconhecer que falhou também como alternativa de um sistema politico-económico para a humanidade. Caiu um muro, mas levantaram-se muitos outros, incentivados pela ganância da exploração do El dorado. Poderiam ao menos as religiões servir para alguma coisa, mas nem para isso, ou são o ponto de partida para o desentendimento entre os homens e guerras intestinas, ou vivem acocoradas à sombra dos poderes que legitimam, pela não denúncia.

O homem poderia tentar resolver este conflito, originado pelo D.Camillo ou Peppone que existe em cada um de nós, antes da barbárie não tomar definitivamente conta do mundo, mas é já tarde, porque ninguém conseguirá falar sobre o egoísmo humano a um subnutrido. As hordas de famintos só não o fizeram já porque está a começar pelos mais desvalidos e indefesos, mas chegará um dia aos que conseguirão por o mundo num reboliço. Cuidem-se! Não haverá condomínio fechado seguro.

19 junho 2011

O Mito da "Renda Congelada"


Clique para continuar a ler este bom texto de Nuno Serra, no Ladrões de Bicicletas, sobre o falso problemas do "gelo das rendas". Ele que me desculpe o quantidade de link, mas  a causa justifica.

Os Nacionais Oportunismos.

Estou farto de patriotas que levam o tempo a lamentar-se do país que afinal esmifram, e se arvoram em comendadores esforçados, sempre de ajuda desinteressada.
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A operação publicitária da horta na Avenida da Liberdade, teve qualquer coisa de oportunista que não gostei. Ao Belmiro, já não comprava o jornal, agora, vou deixar de comprar as batatas. Cheguei a sair dos seus hipers sem cebolas por não as terem portuguesas e vêm agora com esta operação de maquilhagem falar do apoio à produção nacional. Ele distribuiu aquelas verduras aos pobrezinhos e ao mesmo tempo os produtores de leite foram impedidos de distribuir leite com a marca Continente cujo objectivo era mostrar que o leite Continente não era leite nacional. Não o conseguiram porque a polícia impediu, mas havia aqui em casa o yogurte de que junto a imagem que prova que os seus produtos lácteos são maioritariamente de outras origens que não Portugal, como se vê pelo símbolo ES, apesar do código de barras ser 560 (Portugal)

Nem Belmiro, nem Soares dos Santos a partir de agora. A dúvida é saber o que haverá no bairro que tenha resistido à hegemonia que o faz cantar de poleiro como se fosse um salvador de pátrias. Se o abraço da foto com os dentes em ops! não representa o seu contentamento por poder vir a despedir em breve sem justa causa, representa certamente o ressabiamento de quem não perdoou OPA’s mal sucedidas! Para que precisamos nós de troikas daquelas se temos patrioikas destes? Governe-se com as elites que abraça, porque vou passar a comprar no bairro e a contribuir para recuperar os empregos que destrói com a sua hegemonia, ainda que isso me acarrete um custo e que o merceeiro da zona seja afinal tão reaccionário como ele.

O nosso sangue pró lixo.

Quando não apetece escrever, uma solução é remeter para o que outros disseram bem:


09 junho 2011

Cavaco "quer"?



A predisposição dos portugueses para aceitar paternalismos que em situações de crise abrem portas a autoritarismos perigosos, pode ser expressa na forma como esta notícia é dada. Entre o que disse Cavaco em Castelo Branco e o que lemos e ouvimos por aí, vai uma diferença assinalável. Pela forma como a notícia foi dada apetece-nos dizer que Cavaco pode querer em casa dele, não em nossa casa, e isso seria injusto para Cavaco, porque não foi esse o sentido do seu discurso. Houve por isso, na origem, algum(a) zeloso(a) que decidiu que seria assim que a notícia deveria ser difunda. Algum(a) admirador(a) mais cavaquista que Cavaco, que não deveria pôr-se a alterar o sentido dos discursos do Presidente da República e a provocar em nós estas reacções.

06 junho 2011

O 5 de Junho de 2011

Relevos: Pergunta a jornalista a Sócrates (de memória): “Com esta derrota receia o aparecimento de novos processos judiciais?” A estupefacção só não terá mais relevo porque vai funcionar a protecção da corporação a esta jornalista. Mas foi sintomática a protecção imediata de Pires de Lima do CDS, dizendo que a encenação não permitia que os jornalistas colocassem as perguntas. O mote está dado para o período que aí vem. Patético: Fernando Nobre. Verdadeiramente patético: Fernando Nobre. Ausências: O Dr. Soares? Presenças: Manuel Alegre. Mau agoiro: O protagonismo de António José Seguro. O Futuro: A Esquerda vai continuar a comer-se a si própria, esquecendo que o ódio é o pior caldo de qualquer cultura. Conclusões: Não foi com o meu que a Direita venceu, mas contem comigo para a luta, embora seja tarde para mudarem agora de alvo, mas é sempre tempo. É assim que entendo a Esquerda, sem ódio nem sectarismo.

05 junho 2011

Cavaco "apela" e Passos "espera"...

O que quer isto dizer? Isto é conversa inócua à boca das urnas? Cavaco faz “forte apelo” para que todos cumpram “dever” e Passos diz que “Espero que o apelo do Presidente seja ouvido”, no entanto, é Garcia Pereira que vai ter problemas com a CNE por violação das regras. Tem razão camarada, depois do comportamento da Comunicação Social consigo e de outros que gostaríamos de ter ouvido, esta Democracia é mesmo de fachada, porque não pode haver mais sonsice do que o apelo de Cavaco e o aproveitamento do Passos. Estamos no limite do absurdo? Talvez, mas este “negócio” movimenta  dinheiro, não são amendoins e se as mensagens subliminares existem e são perigosas porque pervertem e se furtam às regras da comunicação formal, há que tirar disso as consequências. Das duas, uma: ou se pode fazer campanha ou não se pode andar enganar o pagode. É que nem sempre que Cavaco abre a boca é para papar bolo-rei. Se for em dia de eleições o desejo implícito nos seus convites só podem querer dizer uma coisa: read in my eyes, not on my lips, e não vejo nisto menos delito no que o que disse Garcia Pereira. Se é conversa da treta, dispensamos. Ou falam todos ou não fala ninguém!

03 junho 2011

Como Portas decidiu o meu voto.

Estava decidido não fazer aqui definições de estados d’alma nestas eleições, mas à semelhança de muitos, gostaria que estivessem a acontecer outras coisas entre nós, como não ser impunemente que se vê efmizar o país sem querer reflectir essa angústia nos políticos de serviço.

Sabem como busco as utopias que possam fazer-nos mudar de paradigma, e como procuro caminhos que sejam compatíveis entre essa busca, e a gestão organizada do regime que vivemos de forma a que não nos faltem horizontes de segurança. Esta Democracia já não nos representa, o que nós queremos mesmo, é participar nela. Esta, é aliás uma luta antiga que já me fez derivar por toda a Esquerda.

Mas chegamos ao momento da decisão e acabo de ouvir Portas dizer que há dezasseis deputados em disputa entre o CDS e o PS. Se ainda tinha as dúvidas motivadas pela recusa da Esquerda em levar aos abutres do FMI o meu protesto, elas acabaram aqui: Manuel Alegre não pode ser trocado por uma indecisão minha. Entre Portas e Alegre, não tenho a mais pequena dúvida. O meu voto não pode servir os intuitos da política que Portas representa. Há quem não o entenda, mas isso não entendo eu. O meu medo mesmo é da Direita. Tenham paciência.

01 junho 2011

A Renegociação da Dívida...

“Portugal terá eventualmente que renegociar a dívida.” Nogueira Leite junta-se assim ao BE e ao PCP, mas por razões distintas. Não é que eu não ache que não deva renegociar, mas só um cego não entende a estratégia. São duas numa: mais uma bicada no PS e a preparação do terreno para o seu falhanço na governação, se forem governo. Se tiverem que renegociar no futuro, a razão nunca será desta forma deles, ficam assim de mãos limpas para asneira de três em pipa. Donde: se quisermos renegociar a dívida… Hum!

Post Scriptum: Estava a tomar este Nogueira por panhonha, mas a jogada é de mestre, são afinal três em um, é que é também um apelo velado aos apoiantes da renegociação da dívida… Isto é o vale tudo, com escafandro!

29 maio 2011

A Política: "uma grande empresa"?


Um Partido, uma grande empresa. De facto, alguns possuem até já valores patrimoniais assinaláveis. Mas esta questão menos elevada da actividade partidária em Democracia, é outro tema. Como Paulo Portas, é também aquela a percepção que temos do que está a acontecer na política. “Uma grande empresa”! Quem diria. Não sei se este juízo é uma inevitabilidade do processo de crise, mas ele é uma erosão perigosa. Não é uma questão de acharmos menos nobre a carreira política, admitimos sim que a tenhamos envolvido de uma roupa que não merecia, e assim, talvez esta Democracia como a conhecemos esteja enferma, ou então exigimos demais e ela sempre foi isto. Não nos sentimos devidamente representados, e esta representatividade está a falhar porque a sociedade está a evoluir numa dinâmica que os partidos - quais “grandes empresas” - não comportam. Há uma fossilização nos processos de transferência das aspirações do homem da rua para a prática política, e a participação neste formato é cada vez menos sentida, menos vivida. Não nos sentimos “a fazer” nem sentimos que o façam por nós. Os objectivos só são os mesmos, na hora da arruada e da feira, depois, as nossas preocupações nunca se reflectem em coisa nenhuma. Aquilo que achamos escandaloso só vamos lendo em emails trocados entre nós, porque os actores, políticos, comentadores, jornalistas, economistas enfim, a nata que nos entra em casa, sonega ao discurso aquilo que achamos importante e que ninguém quer falar porque, ou são beneficiários em causa própria, ou o cheque mensal não lhes permite a independência, e aquilo continua a acontecer ou a perpectuar-se. E assim vamos sentido que estas “grandes empresas” se distanciam de nós até nos voltarem a assediar na hora de nova subscrição de capital. Mas pode estar a acontecer que não haja vontade de investir e cada um esteja antes vendedor, e esta Bolsa da Democracia esteja à beira do risco e do crash. Quem sabe porém se com os anos de evolução democrática que tivemos, não faremos dele um risco virtuoso, seguindo o conselho de não reconstruir nada, mas reconstruir tudo?

19 maio 2011

Spead, Rendas & Roubos

A possibilidade do Banco lhe poder aumentar o spead do contrato de empréstimo, é um roubo consentido, mesmo com a cláusula manhosa que e o pode permitir e é de tal forma, que o Banco de Portugal se vê obrigado a prevenir isto, divulgando um código de conduta e de boas práticas para defender o consumidor, ou seja: roube mas calce luvas, não cuspa no chão nem fale de pintelhos…



Isto não é um país é uma choldra! Escrevam o nome dos protagonistas, um dia terão devolver as fortunas que acumulam pagas com os nossos impostos, por muito autónomas que julguem ser as suas instituições.

18 maio 2011

Os Novos e os Velhos Contratos

(…) a nossa C.S. vive acabrunhada com o peso do fortíssimo lobby imobiliário que está em peso em cima dela através da publicidade que não pode dar-se ao luxo de dispensar, logo, não há jornal independente que se atreva a escrever de forma clara sobre o problema. O exemplo disso, foi aquela reportagem quase em directo do despejo de uma família, sem contrato (!), que já não pagava renda há 18 anos. Aquilo não foi inócuo. Sobre os Inquilinos caiu o estigma daquela situação extrema, sem debate posterior. Fomos todos embrulhados naquele saco por um jornalismo de sarjeta que se prestou ao frete. E teve que ser no dia em que a troika apresentava as suas conclusões. Claro.
Lido aqui no Contra a Liberalização das Rendas Antigas.

13 maio 2011

Os Desenhos de Katroca

Uma figura pública não pode desenhar impunemente no raio de alcance de um paparazzo. Voilá, são estes os pensamentos insondáveis de um político aflito. Under pressure.

Katroquices

11 maio 2011

"Okupas": Pegirosos e Mobilizadores

Uma escola no Bairro da Fontinha no centro do Porto que se encontrava abandonada e completamente vandalizada há cinco anos, sim, cinco anos, foi completamente recuperada com a ajuda de gente do bairro, por jovens “Okupas”, rapazes com formação e vontade de ajudar, e nela desenvolvia com os habitantes locais, apenas isto: «começou o projecto educativo, dando-se aulas de inglês, geografia e história a crianças do bairro», bem como se desenvolveu um conjunto de actividades como «xadrez, guitarra e ioga».” Mas esta manhã, ponto final. A “democracia” funcionou e o “atentado” ao “Estado de Direito” que se exercia naquela escola foi finalmente dominado: os jovens “Okupas” e os habitantes que beneficiavam daqueles serviços foram desalojados para repor a Lei e a Ordem. Definitivamente, cada vez mais esta democracia se afasta do cidadão. Só há uma solução: implodi-la, para que a participação seja possível e o cidadão tenha uma palavra. Alguém nos anda a sequestrar direitos, baseado no Direito. Não me venham com a lei, porque na prática ela não está feita para o pobre.

Rendas. Interesses. Causa própria.

A exigência de uma declaração de interesses a cada político, para que estivéssemos seguros de que os seus interesses privados não conflituam com as medidas que tomam, deveria ser uma questão mais escrutinada. Vem isto a propósito das Rendas, e dos interesses que alguns políticos têm nesta matéria e da possibilidade de legislarem em causa própria. Por exemplo, o Ministro Arnaut no governo de Santana, demonstrou um nervoso tão evidente na pressa com que queria que a lei fosse aprovada, antes de o seu governo cair, que o facto não podia ser alheio aos interesses familiares que tinha naquele sector, como então declarou, não viesse a ser apanhado na curva. Nogueira Leite, num programa Prós e Contras quando era ainda “independente”, ao falar de várias medidas para Portugal, lá vêm com o ataque ao arrendamento e a páginas tantas lá confessa que a família tinha uns prédios etc e tal… e que ele como gestor do processo teve uma dificuldade enorme em correr com as pessoas etc. Daí para cá, cada vez que intervém na TV lá vêm a rendas como o fatídico mal de Portugal. Tinha que ser! Aposto que vai ser no PSD o encarregado desta pasta. Mais recentemente, outro pobrezinho, Jacinto Nunes, a mesma conversa: que a lei das rendas é um problema, que Portugal assim não vai lá, e assim e assado, e olhe, eu tinha um inquilino que não me pagava, para o por na rua vi-me aflito! Coitado, este problema deve tê-lo afectado, não ficou por aqui, porque cada vez que aparece lá vem ele com o problema português: a lei das rendas. Não fala noutra coisa. Mas nem de propósito, Silva Lopes que estava em frente dele, preferiu destacar os exageros nas Pensões douradas de que é um beneficiário, e honra lhe seja feita porque é o único que fala disso, e disse: que não era possível pagar pensões tão altas em Portugal. Se a uma pensão de 20 000 euros se cortar 50% ainda ficam 10 000, e olhe que há muitas pensões acima dos vinte mil! Jacinto Nunes, com aquela cara de pobre avaro embuchado, não tugiu nem mugiu. Mas se lá estivesse o Catroga seria o mesmo, não respondia como não respondeu recentemente no Prós e Contras, porque o que não quer é perder 10 000 euros assim de mão beijada e o programa que fez para o PSD tratará de salvaguardar esses perigos. Percebe-se porque não é com políticos destes que lá vamos?

Não posso deixar de prestar aqui homenagem ao Prof. José Manuel Correia Pinto do POLITEIA, pelo que de melhor se escreveu sobre rendas, aqui no Lei das Rendas, um blog incontornável se queremos falar delas, que nasceu quando os inquilinos foram tratados pelo PSD de Santana/Arnaut de uma forma despudorada cujo objectivo principal era o despejo e que vemos agora retomado com a troika e com este PSD de Passos, Nogueira e Catroga. Lanço-lhe daqui um desafio: vai manter a qualidade do seu entendimento nesta matéria à parte das movimentações que começam a emergir ainda que apenas em Campo Grande/Alvalade?

08 maio 2011

O cresponalismo

Um jornal lê-se, se o quisermos comprar. Uma estação de rádio ouve-se, se a sintonizamos, mas um canal de televisão impõe-se, quer queiramos quer não, porque há sempre um aparelho ligado onde quer que estejamos. É por isso dramático termos que continuar a ouvir as mesmas vozes do antes da crise, porque os mesmos sons evocam os mesmos cenários e nós queremos mudar até de móveis. O Plano Inclinado na SIC já nos deprimia antes da vinda do FMI, mas continuar a ouvir ainda a voz de Mário Crespo a perorar, agora em conjecturas com uma entrevistada, explorando o simbolismo de um hipotético efeito catalisador não sei de quê, que sobre o actual momento nacional se abateria se tivéssemos entre nós um casal tão feliz como foi a Snu e o Sá Carneiro, (!) é demasiado para ouvir, demasiado mesmo quando não temos acesso ao botão do comando para fazer zap e o som nos chega sem autorização vindo da outra sala. Para isto, já nos bastou o casamento real. É um arrepio o odor que exala deste formato de “jornalismo”. Uma nojice de que o FMI não nos livrou.

07 maio 2011

Voit suomalaiset, rakkaudella

Aos finlandeses, com amor. Foi assim quando os ajudámos. Há quem não veja bem este tipo de discurso, mas aquele que agora desponta numa certa Europa, obriga a que se lhes mostre o que foi a fragilidade da sua história. É daquele berço de egoísmo que nascem todas as guerras.
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04 maio 2011

A Banca e o Resgate

Doze mil milhões de Euros do bolo da ajuda externa consignada no resgate pelo FMI vão directos para os cofres da Banca, apenas para reequilibrar os rácios de solvabilidade exigidos pelos acordos de Basileia para este sector. Ora, o desvario do desequilíbrio da dívida privada portuguesa, corresponde numa enormíssima parte à ganância do lucro da Banca que os levou a fazê-la chegar aos mais de 200% do PIB. Foi o seu incentivo ao endividamento das famílias e das empresas, com grandes vantagens para o apuramento dos seus resultados e consequente distribuição de lucros pelos accionistas que levou à rotura da sua tesouraria apesar dos chorudos lucros que apresentam. Por isto, e por casos como os do BPN, naquelas operações fraudulentas de comprar ao amigo por 2, o que se lhe vendeu por 1,  já confessado em tribunal e não desmentido no mais famoso Facebook do país, lá vão os portugueses suportar os custos destas operações manhosas dos banqueiros que em prime time na TV sacodem a água do capote e acusam a esmo, com o Estado Social à cabeça. Não é justo, porque não sou eu que sou accionista de nenhum deles. Esta dívida não é minha!

Uma questão de Cultura?

Os sublinhados que faço deste texto de JPN, no Respirar o mesmo ar, não significam concordância ou não com eles, mas sobretudo que são questões candentes:



27 abril 2011

O Banco de Portugal e o rega-bofe.


Acho que sim, e podemos começar logo pelo seu Banco, pela responsabilidade que teve no buracão do BPN, incompetência que estamos agora a pagar por não terem sido capazes de detectar aquele rega-bofe. Depois, sabemos que a sua famosa independência se estende ao seu estatuto remuneratório. E ao que levou essa tão virtuosa independência? Ao escândalo dos vencimentos no Banco de Portugal que em 2009 foi assim: “Vítor Constâncio ficará, assim, com os mesmos 250 mil euros de vencimento anual, continuando a ser um dos banqueiros centrais mais bem pagos do mundo. (…) muito superior ao do Presidente da Reserva Federal Norte-Americana... isto num país pobre. Mas aqui, Sócrates vai dizer-nos que isso é Inveja Social.

Estão a ver bem quanto nos custa tão incensada independência. Se isto der para prender há muitos que têm que nos dizer que marca de tabaco fumam.

24 abril 2011

Os Cravos Proibidos

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Cravos Andy Warhol

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A sua Festa foi corrida do Carmo; o Parlamento não lhes abriu a porta; não deixaram que os depositássemos na escadaria; temos um Presidente que não o quer na lapela e para o FMI são como alho para vampiro. Nós, não esqueceremos que inspiraram outras mudanças no mundo quando o viram pela primeira vez no cano de uma arma.
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23 abril 2011

À rasca... mas premiada.

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à Rasca

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Não sei se já vos disse, mas ganhei aqui este 1º Prémio, num Concurso sem grandes pretensões da Associação Abril, no âmbito do Arraial do 25 de Abril que costuma celebrar no Largo do Carmo. O instantâneo foi obtido na manifestação de 12 de Março quando esta jovem desfilava à nossa frente. Foi só aguardar o momento em que olhou para a sua companheira para obter esta bonita expressão e a visibilidade total do autocolante. “Licenciatura: Relações Internacionais” foi o desabafo que fez no momento em que concordava com a utilização posterior da foto.

A propósito dos Manifestos

 ... e de um debate noutros fóruns por onde ando:

Confesso-vos que sempre me foi difícil assistir à falta de entendimentos à Esquerda. É uma coisa antiga que já vem de longe, dos tempos em que construímos parques infantis nas pracetas que não os tinham, ou das lutas pela manutenção das cooperativas de consumo. Sei que ideologicamente a posição em que isto se apoia não é muito sustentável, como não são sustentáveis os meus anseios por verdadeiras revoluções que aguardem o momento oportuno, e enquanto isso não aconteça tudo fazer para que não haja roturas que mudam apenas as moscas que nos inviabilizam a vida dos filhos, para quem sonhamos futuros que não estes que vão tendo. Sei que há pragmatismos que nos saem caros, mas há lutas, por inconsequentes, que nos custam muito mais. E para quê? Para quase nada. Porque nada é o que temos conseguido com a defesa da nossa rica capelinha, uns por convicção, outros por lealdade. Entretanto, um dia destes, estaremos por aqui unidos, mas aflitos, na luta contra uma onda populista que nos afogue, vinda do Poço de uma qualquer aldeia esquecida. Ou seja, uma história com final conhecido. Só uma grande Esquerda se pode opor a isto. É por esta razão que não me agrada o comportamento de qualquer um dos três partidos à Esquerda, cuja lógica de contabilização do voto me parece mercantilista. Perdoem-me o desencanto. Imaginem o que não irá por aí.

P.S. Mas não pode ser agora Marinho e Pinto a pagar as favas. É esta luta suicidária da Esquerda, que nos mantém reféns e espartilhados a culpada de desabafos como aqueles.

17 abril 2011

Nobre: “Passos, quer que esclareça.”

É o último post sobre Nobre! Mas não resisto a mais esta: “Passos, quer que Nobre esclareça termos da sua candidatura”. No Económico de hoje.

Volta a ser oportuno lembrar que a ética e a cidadania não têm representantes únicos. Pois claro, todos sabemos disso! Têm é que ter representantes éticos. Não?

16 abril 2011

Nobre: "Ainda não vi o programa"

O festival Nobre continua: “Sou franco, ainda não vi o programa eleitoral do PSD”. No Público.

Haverá ainda quem o tenha como credível? Nobre atraiçoou o espírito da ética e da cidadania que tentou um dia vender-nos. Está agora definitivamente identificado, por muita travessia no deserto que queira tentar para limpar imagem e não vai voltar a enganar-nos. A ética e a cidadania não têm representantes únicos, claro. Têm é que ter representantes éticos.

15 abril 2011

O Resgate e os desaforos

Começa a ser vexatória a forma como alguns políticos europeus se dirigem aos políticos portugueses nesta questão do resgate. Entende-se que tendo que emprestar dinheiro, apesar de decorrente de obrigações contratuais que subscreveram, não o façam com a melhor das boas vontades, isso é uma questão, outra, é admitirmos que se permitam expressões, comentários e ralhetes, que ao nível das nações é inadmissível. Tudo começa no discurso enrascado de Cavaco perante o desaforo do presidente checo, que já é hoje uma nódoa na nossa representação presidencial, depois, Angela Merkl, Sarkozy, Olli Rehn, Trichet, o Financial Times através de Edward Hadas e agora um individuo que parece ter dito a Passos Coelho que queria ver se não iria pagar na Finlândia o almoço que estavam a comer. Não sei se o fedúncio teria razão e que tipo de resposta lhe deu Passos, mas isso não lhe confere o direito de comentar causticamente a situação portuguesa. Dirão que assim é pagar e não bufar, paciência, é a vida, também nós pagamos cá para os luxos dos deputados dele no Parlamento Europeu e não andamos alfinetá-lo na rua, protestamos na local próprio, o Parlamento Europeu, como fez aqui Paulo Portas. Aos políticos portugueses exigimos mais espinha dorsal e menos complexos e medos, seja qual for a situação de dificuldade que tenham que enfrentar, porque está à vista que os egoísmos nacionais tornam impraticável a Europa em que um dia acreditámos.

14 abril 2011

O Resgate

(...) Em artigo no New York Times de hoje, intitulado «O Resgate Desnecessário de Portugal», Fishman diz que o pedido de ajuda português, depois do irlandês e do grego, «deve ser um aviso a democracias em todo o lado», porque «não é realmente sobre dívida».

«Portugal teve um forte desempenho económico nos anos 1990 e estava a gerir a sua recuperação da recessão global melhor que vários outros países na Europa, mas foi sujeito a uma pressão injusta e arbitrária dos negociadores de obrigações, especuladores e agências de rating », afirma o professor de sociologia da Universidade de Notre-Dame. (...) No Jornal Sol de hoje, referindo o NYTimes.

Nunca é tarde para por esta gente na ordem. Uma ajuda.

12 abril 2011

Nobre: da teoria à prática.

As cambalhotas políticas que se queiram dar na vida são um problema de cada um. Muitos já as deram, e nós todos evoluímos num ou noutro sentido ao longo da vida, e temos a tendência para gostar de quem se chega a nós e detestarmos quem renega o que acreditamos. O que um candidato a político não pode fazer nos intervalos em que procura o voto, é utilizar valores universais como a ética, a cidadania, a independência etc., etc., que vai depois conspurcar com a sua prática, fazendo assim com que as pessoas que chama para esses universos da virtude se sintam defraudadas e cada vez menos crentes na prática efectiva desses valores. Resumindo: vai no sentido contrário quem alguma vez apelou a eles e os traiu com os apelos da sua vaidade. Nobre acaba de provocar um imenso rombo na ética e na cidadania que tão ufanamente tentou usurpar a Manuel Alegre, acusando-o de não ser dono delas. Pois, de facto não é dono delas, mas continua a dar provas de ser um dos seus melhores guardiães. O castigo que Nobre está a sofrer politicamente é o resultado de ter utilizado indevidamente esses valores para promoção pessoal.