10 março 2011

A Revolução que subscrevo.

Recorte de um texto de Nicolau Santos recebido do Justino por e-mail:
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“Ricardo Salgado diz: “O sistema capitalista é amoral, tem de produzir resultados. As pessoas é que podem ser morais ou imorais, mas o sistema tem que ser amoral”. Amoral significa: “que supõe a ausência de toda a obrigação moral”; pessoa que não tem a noção de moral. Assim, tanto faz que as pessoas sejam morais ou imorais, para o sistema quem é valorizado é quem produz os melhores resultados. Ora, se o sistema capitalista para produzir resultados tem que ser amoral então os fins justificam todos os meios para atingir esse desiderato. E foi com base nessa amoralidade que se construiu a violenta crise em que o Mundo está mergulhado.”

E sobre isto sublinha o Justino:

“Os Jovens que pretendem fazer uma manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, contra quem é que se manifestam, (quer no seu manifesto quer, como se vê, na sua prática política)? Contra os capitalistas/empresários/empreendedores que limitam a economia, concentrando e não distribuindo a riqueza, quer não a distribuindo aos cidadãos quer não a distribuindo entre si, quer limitando o Consumo?
Porque os que limitam assim a economia na verdade travam o seu potencial de crescimento concentrando, inutilmente como Adam Smith recorda acima, a Riqueza em muito poucas mãos, e impedindo o alargamento do potencial de Consumo, pelo que um protesto contra eles seria bem natural.
Não.
Os Jovens que pretendem fazer a manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, decidem centrar o fogo dos seus protestos contra quem cada vez mais pouco pode – os que gerem o Estado. (…) Pelo que o alvo escolhido por estes Jovens está absoluta e lamentavelmente errado.”

Justino tem alguma razão na reflexão que faz, porque se virmos os gráficos do desemprego e vencimentos na Europa, veremos que a Grécia, Irlanda, Islândia, Portugal, Espanha, Itália, Hungria e outros que começam a dar sinais, não passaram de repente a ter maus governos. Parece haver assim uma desfocagem neste protesto que cada vez começa a ser mais global. Desde Adam Smith que a regra é esta: "O mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.". Talvez se esteja então em fim de ciclo, porque o que Smith não previu, foi que o mercador ou comerciante, transformados agora nestes monstros capitalistas sem rosto, se transformassem nos Estados da era moderna. São eles que governam, os governos vão assistindo à sua evolução e gerindo os danos que provocam, porque não há pátrias para eles nem as contemplações de ordem moral ou imoral, que Ricardo Salgado subscreve. Seria contra eles/estes que os jovens que pelo Mundo se começam a manifestar, deveriam apontar os seus protestos, embora ache que quando um dia se fizer a arqueologia económica dos tempos que vivemos em Portugal, se ache um absurdo que o presidente de uma companhia de aviação ganhe num ano o que um Presidente da República ganha em cinco ou o que um padeiro ganha numa vida. Foi a lógica de Smith que o mercado foi instalando que nos trouxe a este paradigma e nisso os jovens têm toda a razão. É este sistema desumano que é preciso implodir, e o governo, ou os governos, são meros peões dele. No caso português então, apontar-lhe baterias é substitui-lo por outro neo-liberal mais radical ainda, e com menos vontade de controlo sobre os desvarios que as teorias de Smith provocaram. É por isso que me revolta a escandalosa grudagem que o Cavacolas, de Tacci, agora transformado outra vez em PR, fez aos jovens, no seu discurso, aliando-se assim à manif dos “à Rasca”. Se eu tinha alguma intenção de ir ver, perdi-a com este apelo. Eu não consigo estar onde está Cavaco, porque Cavaco não quer as mesmas revoluções que eu.

Entretanto, as corporações que se instalaram vão aproveitando o desânimo para tratar da vidinha e para sugar mais um pouco do Orçamento, colando-se oportunistamente ajudando ao desfoque do problema. Ainda não é esta a revolução que subscrevo.

09 março 2011

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As Agências de Rating.

Porque não assina esta Petição? Concorda com a forma como se têm comportado as agências de rating americanas? Não acha que têm enorme responsabilidade no desastre que abalou recentemente o sistema financeiro ocidental, ao deixarem que se andasse a vender lixo por valor? Quem são eles? De onde são eles? Que interesses defendem? Agora que não é rentável chafurdar no sector imobiliário descobriram que é possível especular e ganhar com a dívida dos países baixando-lhes a credibilidade?

Se fizermos uma pesquisa Google ao conjunto de palavras - petrodólares dólar euro fim império americano - que nos trazem o que já se escreveu sobre isto, veremos vários textos que apontam como a estratégia que estão a seguir pode passar pelo enfraquecimento do Euro, devido às dificuldades originadas pelo boicote aos petrodólares iniciado pelo Irão. Seleccionei este, entre vários: São os Petrodólares, Estúpido!.

08 março 2011

O Homem da Luta

A SIC entrevista no Primeiro Jornal, Gel, o Homem da Luta, ganhador do Festival Português da Canção. Falava-se da censura, dos incómodos que têm causado e dos problemas que têm tido devido às suas forma de actuar, e o Gel pergunta ao entrevistador:

- Achas que não? Tu como jornalista nunca ninguém te tentou mandar calar?
- Não.
- Nunca?!
- Não.
- Mas nunca sentiste que se calhar nunca devias ir por aí?
- … (O entrevistador mantém o sorriso que lhe vinha de trás e nesse esforço de imutabilidade se percebeu apesar de tudo, o que não queria que se percebesse.)
- Essa é uma questão diferente, tentar mandar calar, não.
- Ah é pá… a pior censura é a auto censura! Não tenhas a menor dúvida disso: a pior censura é a auto censura!

Com esta pequena conversa ganhou para mim muito mais do que ganhou com a canção com que venceu o festival.

Nota: Partindo do princípio que não é homem para se deixar dominar por fidelidades atávicas das suas causas, e que tenha a noção que as auto censuras que assim se consentem são exactamente iguais às daquele Pivot. A entrevista aqui.

07 março 2011

90 anos! ...


O partido tem de ter uma visão mais alargada da sociedade portuguesa e ser um «partido político», em vez de uma «central sindical», considerou, defendendo que o PCP deve «negociar» propostas” (…)

Há, como se vê, mais gente que acha que este Partido Comunista não cativa eleitorado de esquerda, e a razão explicou ontem muito bem Carlos Brito à TSF. Aceda no link em cima, à entrevista, e ouça como o PC bem podia estar a comemorar o seu aniversário com uma outra forma de fazer política. O PC não deve ter medo de se assumir como um partido de poder, mas para isso tem que mostrar às pessoas que quer e pode governar. Não pode continuar à espera de revoluções que à força lhe abram caminho. Se a sua luta é justa, só pode torná-la consequente se for governo. O eleitorado sentirá quando a política que propõe deixará de ser um jogo de toca e foge, para ser uma intenção credível. Querer cavalgar a onda sindical a todo o custo mesmo se ela representa o mais abjecto dos corporativismos, contra a opinião da opinião pública, é uma espécie de jogo arriscado como utilizar o crédito dos fornecedores para manter a tesouraria. O PC continua a não entusiasmar como partido de esquerda e a sua febre em querer crescer à custa do PS, parecendo por vezes mais próximo do PSD, revela-se uma das suas piores estratégias porque o ódio com que o faz assusta qualquer eleitor que à esquerda não queira votar PS, mas isso só se fará com outra gente porque o que ouvimos nestas comemorações continua a ser mais do mesmo, e assim a malhar na esquerda nunca irão a lado nenhum.

05 março 2011

Estabilidade ou Instabilidade?

Diz o camarada Jerónimo:

Será que quis dizer o que disse? Para mim, a frase não faz sentido. Aquele “e muito menos” altera todo o sentido e é uma aberração, porque não o tenho por arruaceiro. Leia a frase sem aquela expressão. Então a estabilidade da sua própria casa não deve ser um valor absoluto e um fim em si? Pelo menos na minha é, aquilo que menos quero é que haja desatinos em casa. Quando eu desatinar e colocar a família em perigo, eles próprios sabem quando devem romper os equilíbrios para por o barco a navegar. Ou será que com as pressas em que anda, queria dizer: constância, duração etc. Não sei, talvez. Imagine-se no poleiro, o que me vai pedir é que lhe dê estabilidade, não é? Como posso eu botá-lo fora se não souber o que sabe fazer? Se tiver que estar lá pouco tempo estará, mas enquanto estiver tem que ter sossego para me provar que é bom ou é uma nódoa. Resumindo: não quero instabilidade por instabilidade. A Revolução, é outra conversa.

- (...) "Somos e assumimo-nos como o partido da classe operária e de todos os trabalhadores" (…)

Pois é camarada, da classe nem vê-la e trabalhadores, cada vez há menos. Assim não espanta. Os tempos estão outra vez a mudar, para mim e para si. Ofereço-lhe esta para meditação.

02 março 2011

Da Turquia ao Islão.

Foi numa espécie de festa da "conversão” dada a modelos femininos, em Itália: “Khadafi disse-lhes que o Islão devia tornar-se na religião da Europa”, e que “o primeiro passo para a islamização da Europa será a entrada da Turquia na União Europeia”. Agora, na praça Tahrir, ouço a Irmandade Muçulmana dizer que “Sim, Democracia, mas a Constituição que nós apoiaremos será de inspiração e subordinada ao Islão, à semelhança da Turquia”. Ora, li em tempos aqui que: ”A democracia não é o resultado de um referendo, é o apego ao exercício eleitoral e ao respeito pelas minorias” , minorias de que eu faço parte.

Como se resolve então a questão? “Se o voto democrático que levou Hitler ao poder é o mesmo que legitima as Teocracias”? “Ou quando o pensamento politicamente correcto faz rejubilar a Europa com o SIM dos turcos a um referendo que atenua a laicidade a que o Estado era obrigado e enterra o legado de Atatürk.”? Extraordinário legado, digo eu. Não sei como se resolve a questão. Talvez algures no politicamente correcto. Fica isto também ao cuidado dos adeptos da entrada da Turquia na União Europeia, lembrando sempre que por não haver uma continuidade territorial as fronteiras da Europa serão sempre definíveis por outros critérios que não os geográficos. Ah… as fronteiras! Mas como não defendê-las se elas defenderem os meus direitos de minoria, como aquele que me permite manter o pescoço negando as teorias de uma religião, para os quais lutaram homens como Giordano, Galileo etc.

Poderemos vir a ter um dia a Turquia na Europa, uma vez que está segundo a “nossa” Democracia - paradoxalmente - a remover “obstáculos”. Mas a pequena parte turca europeia que é a Trácia justifica que se puxe o resto do imenso território turco para este lado? O avanço do Islão fará em breve da Turquia uma grande Teocracia e há que perguntar se valerá a pena, em nome da argumentação soft que defende uma Turquia europeia, extensível ao Magrebe, como já por aí li, embarcar em aventuras que sabemos como começam mas nunca como acabam? Com tudo isto, ainda não falamos da Mulher - como se fala aqui - ou de mim, que sou ateu - como aqui -. Tentei apenas entrar no labirinto de que fala Carlos Esperança e que é a interpretação que vejo fazer da Democracia à luz do Islão, porque eu confesso, bloqueio sempre perante tanta dúvida.

26 fevereiro 2011

197? Passarinhos...

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Pronto está bem, sei que é música lamecha, mas isso... é um pouco de preconceito. Não há pachorra, dizes tu. Sim, mas faz intervalo, a intenção é boa tem lá paciência, estás a trabalhar? Desliga o telefone para não aturares credores e o écran do PC para não veres o gráfico do petróleo, mais a guerra dos fedayeens, que ainda pifas antes de tempo. Recosta-te um pouco, apoia a cabeça, fecha os olhos e esquece que estás a ouvir música lamecha. Não é mariquice se voltares a ouvir.

Valeu? Tinha melhor mas esta tinha psarinhos… Podes voltar à crise.

22 fevereiro 2011

Erva daninha

É a representação desta política demagógica de caca com actores medíocres, que nos faz sonhar com praças Tahrir que sublimem e depurem a Democracia.

Agora, em caça ao voto, dizem que querem o que antes aqui recusaram para que se confirme que a política assim é uma merda. Precisamos de uma revolução árabe que se imponha às mentalidades destes viciosos democratas. A política, tal como a conhecemos, corre riscos neste mundo de pobres em ebulição, porque agora descobriram que podem derrubar quem quiserem, e são estes comediantes que se divertem e a quem ainda por cima pagamos, que serão os responsáveis pelo que acontecer por ai um dia destes. São erva daninha que se camufla como relva e subverte o jogo que nos cansa e desespera, sem que saibamos porquê.

19 fevereiro 2011

Achas para o 12 de Março.

Entenderá o povo que vota PS/PSD, a recusa em concordar com o BE, PCP e CDS, na limitação dos salários dos gestores públicos, não votando favoravelmente esta proposta apresentada na Assembleia? Duvido que entendam, e até perceberá que esta recusa configura a sua protecção aos homens-de-mão que normalmente preenchem aquelas cadeiras douradas principescamente pagas. Dizem que o critério deverá ser os objectivos. Quais objectivos? Os prejuízos que apresentam? Ou as perfomances que conseguem graças a regimes de monopólio ou em situações de privilégio no mercado? Estarão convencidos que deixaria de haver candidatos, gente de bem e com capacidades - porque elas não são privilégio de meia dúzia - que aceitasse ganhar o mesmo salário do Presidente da República, para as gerir? É a manutenção destas mordomias, que contrastando com o que se passa na base da pirâmide salarial destas e outras empresas, que justifica o aparecimento e o êxito de uma nova canção de intervenção. A geração dos Deolinda, com o seu pragmatismo e sem ideologias, pode muito bem ser a nova mudança que o homem da rua reclama, se tiverem em conta os perigos do aproveitamento de maiorias silenciosas. Mas é preciso que não se esqueçam depois dos rostos que pretenderam manter a partilha de privilégios iníquos.

É perigoso, apesar de estarmos na Europa, o autismo político que não sabe dar sinais de que está a entender o sentido das revoltas surdas que por aí vão, e que se congeminam agora virtualmente num clique. Apetece-me pedir-lhes que venham ler o pensamento que escreveu o filósofo José Gil na Visão, e que mantenho aqui ao lado no sidebar deste blog.
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Imagem de Ricardo Coelho, em Olhares.com

14 fevereiro 2011

Biblioteca Mundial

As ferramentas de investigação que a Net põe à nossa disposição não param de nos surpreender. A cada momento recebemos mais uma que permite saber quase tudo. É o caso desta Biblioteca Mundial da ONU, uma iniciativa da UNESCO, em 7 idiomas: árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português, sem necessidade de registo, em www.wdl.org. É um espanto e de uma grande utilidade para investigadores, professores e alunos, tanto mais que não é um processo fechado, está em crescimento e tem possibilidades ilimitadas para recepção de textos e imagens.

Como teste, resolvi pesquisar por uma mapa de Portugal que incluísse a praça de Olivença, que não tenho encontrado em nenhum alfarrabista, porque o processo histórico se encarregou de eliminar os vestígios da realidade anterior. Não só o encontrei, como o encontrei foi feito por espanhóis… Explore e guarde este link que vale a pena.

12 fevereiro 2011

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Lítio, a nossa riqueza.

Portugal pode vir a ser rico? Pode. Mas teremos capacidade de fugir ao anátema dos países do Terceiro Mundo que têm a matéria-prima mas não a possibilidade de a tratar? Vamos instalar uma fábrica de baterias, temos a matéria-prima, mas são outros que a fornecem. A noticia aqui.

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11 fevereiro 2011

O autismo cívico

A cidadania, como qualquer outra boa prática, não se anuncia, pratica-se. Não basta protestar, o que é preciso é actuar mesmo, sair da letargia, fazer com que as coisas aconteçam! Mas infelizmente, é neste problema com que esbarramos nas pessoas, sendo nos amigos, onde isto mais nos entristece. Eles não participam, não aderem, fingem não ler, não ouvir, não saber. Tudo, menos estar a par de forma a terem uma escapatória.

O exemplo mais recente que tenho, tem a ver com uma Petição Internacional pela Regulamentação das Agência de Notação (Rating), é uma petição portuguesa da qual tive a honra de ser um dos co-promotores - aproveito para deixar aqui o respectivo link:
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Convidei então a quase maioria dos meus contactos a aderirem, tenho lá neste momento quatro subscritores amigos e duvido que poucos mais se juntem. O que se passa com eles? Se fosse uma Petição por causa do reumático das formigas, como as que me enviam, teria outra atenção? Amanhã vou receber deles mais uma catrefada de correio, com os mais estranhos disparates e nenhum terá comparativamente mais valor do que o meu, sem resposta. No entanto, vão continuar a entupir-me a caixa da correio…

Eppur si muove!

10 fevereiro 2011

Veredicto: Culpados!

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A negligência tem que ter limites. O estranho caso da idosa que permaneceu morta durante 9 anos no seu apartamento, na Rinchoa, só descoberta quando o novo proprietário se preparava para a despojar do recheio onde ela se incluía esvaída dos fluidos corporais, sem que as autoridades tenham permitido arrombar a porta para despistar essa hipótese, deve ter um culpado. Tem que ter um culpado. E não devemos culpar disto nenhuma das corporações intervenientes, porque isto roça a bestialidade individual que entronca na tal falta de civismo, sempre alicerçada na chico-espertice de quem enverga uma farda, e se sente pairar acima de qualquer civil que precise dos seus brilhantes raciocínios e clarividências de espírito.

Mandaria o mais elementar bom senso, que aquela senhora - a vizinha que em vão tentava entrar em casa da infeliz idosa - fosse tratada com a probidade que qualquer cidadão merece, porque é tão lógico, que são os próprios vizinhos os que detêm a informação mais privilegiada de cada habitante local, pelo conhecimento dos seus hábitos diários, que não se percebe a arrogância do pensamento de tão iluminados muares - para não os promover na adjectivação - ao acharem que não valia a pena porque não cheirava mal. Não lhes cheirava mal, a eles, porque não há cavalgadura que reconheça o seu próprio cheiro. Deveria cheirar mal e bem mal… Leia a notícia aqui.

05 fevereiro 2011

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Egipto ou Egito?

Sou um pró Acordo Ortográfico, mas como vêem ainda estou como o Saramago: os revisores do texto que tratem disso.

Vem isto a propósito da opinião acerca dos acontecimentos no Egipto que, olhando para os convites para me solidarizar e para as opiniões que por aí são expressas, me fazem sentir um pouco Maria-vai-co-as-outras, sem saber o que dizer sobre a questão. Não me é simples, porque esbarro sempre com a grande clarividência dos que são pró revolução, como eu fui aliás em 74, e a minha falta de certezas quanto ao que se passa. Ninguém nesta Europa é já favorável a qualquer tipo de ditaduras, sejam elas de que jaez forem e está fora de questão que alguma forma de abordar o problema seja estar a favor do ditador de serviço. Mas a escolha que vejo à frente é intrigante, ou seja, eu que não confesso credo nenhum, sou para um Muçulmano quase uma reencarnação do Diabo, serei nas suas apreciações como ser humano, um ser de segunda com direitos sociais inferiores a qualquer um deles.

As opções que parecem estar em causa, face à evolução das revoluções no mundo Islâmico, serão: Viver numa ditadura dominada por uma oligarquia militar, que coarctando-me as liberdades políticas, me permite liberdades religiosas, ou, uma ditadura, agora sobre a forma de Teocracia que subordina as minhas liberdades politicas a uma sharia e só posso vê-las através dessa lente, e liberdades religiosas sim, mas como cidadão de segunda, e como se vê recentemente, sujeito a emboscadas que nos lembram as perseguições nos primórdios do Cristianismo. A Esquerda pede-me que vá para rua apoiar, mas fico paralisado, da mesma forma que fico como quando quero escrever Egipto ou Egito.

Isto não soa nada bem!

02 fevereiro 2011

Que raio de País é este?

É incrível isto que está a acontecer com o . Ricardo Sá Fernandes. Denunciando um acto corrupto, acabou por ser penalizado desta forma vergonhosa. Lido aqui e aqui.

Vamos ficar parados, ou será preciso vir para a rua, para nos defendermos de um sistema que nos ataca desta forma, protegendo este tipo de expedientes criminosos? O que andam a fazer os magistrados deste país? Sindicatos? Corporações? Para que queremos uma Justiça destas? Qual é a melhor forma de nos vermos livre dela? E deles? Não queremos esta Justiça. Não queremos estes Tribunais. Não queremos estas Magistraturas.

E o que vai você fazer de seguida para denunciar isto? Nada?

27 janeiro 2011

Rescaldos

(…) “mas, Manuel Alegre não tem razão! Os resultados que hoje obteve não são culpa do Homem e do Político que é mas, isso sim, da dinâmica criada pelos partidos que o apoiaram...” (…)

É preciso que Alegre tenha lido textos como este e este porque é fundamental que saiba que a culpa não foi sua, e nenhum nós aceita que o diga a não ser por respeito à elegância do jogo democrático no discurso da noite das eleições.

Antes, Salgado Zenha, Lopes Cardoso e outros, e agora Manuel Alegre, foram homens íntegros demais, para que a forma como foram tratados não ofusque definitivamente a imagem de alguém que se imagina o monarca de uma República que não lhe pertence. É aqui que deveremos começar a pesquisar as razões que lavaram à eleição por duas vezes de um dos mais tristes e pálidos Presidentes da República Portuguesa, porque recuso aceitar que o culto à personalidade interfira de forma tão desastrada no regime republicano em que acredito. A culpa tem de facto um rosto, mas nunca o de Manuel Alegre.

24 janeiro 2011

O voto branqueado.

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Estive num jantar com amigos com a televisão pelas costas. Porque me bastava saber se havia ou não segunda volta. O detalhe do que aconteceu vi depois no bom artigo de Henrique Sousa. Eles revelaram a triste realidade que constatei no jantar. Ao meu lado estava um amigo, um tradicional votante de esquerda, uma pessoa esclarecida. Votou em branco... Tive que abrir o Alegro para lhe mostrar com o quadro que fiz para este post, o logro em que caiu. Confessou-me que num jantar onde esteve discutiram a questão e a conclusão era que votariam em branco. Verifico agora que houve mais 175 363 brancos e nulos do que em 2006. Contribuiu assim com a falta de informação que assumiu, para a vergonha que é voltarmos a ter esta máscara de cera na presidência por mais cinco anos. Quando fiz aquele quadro em Excel foi por sentir que havia gente baralhada pela confusão que por aí foi lançada com e-mails fraudulentos e que nunca vi desmontados pela Comunicação Social. O próprio esclarecimento da CNE foi insípido e deixou quase tudo na mesma. Cavaco clama vitória com menos meio milhão de portugueses a apoiá-lo do que em 2006, porque houve portugueses que se enganaram, outros que foram enganados e outros que gostaram de ser enganados. Tenho pena que não sejam chamados a pagar a factura apenas os que gostaram de ser enganados, mas lamento que o meu país seja ainda a triste realidade escancarada nas declarações acéfalas de tantos e calculistas de alguns. Chego á conclusão que faço parte de uma elite da qual também fazem parte os brancos e nulos. E quer se queira, quer não, terão que ser as elites a perguntar o que é que leva um país a ter um presidente eleito apenas com 23% dos seus eleitores. Éramos quase 10 milhões de inscritos e pouco mais de 2 milhões impuseram-nos este homem por cujo perfil se babam. Fica um novo quadro que nos mostra que não é democrático não levar em conta a opinião de quem não tem lá um candidato que lhe sirva, porque isso, também é uma opinião.
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Publicado também no Alegro Pianíssimo.
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21 janeiro 2011

"É pior a emenda..."

"Costuma dizer-se que "as sondagens são o que são"... de qualquer modo, o que me preocupa é a tendência portuguesa para, por um lado, tentar penalizar o que considera causas do seu descontentamento e, por outro lado, a ainda deficitária interiorização da ética republicana que grassa na sociedade portuguesa. O que quero dizer com isto? Simplesmente que os portugueses, numa tentativa de penalização do governo e, consequentemente, do PS, podem projectar na votação no seu principal opositor a manifestação do seu "castigo"... o raciocínio é demasiado simplista e transporta em si próprio alguma perversidade que só os mais ingénuos podem descurar, para gáudio dos que fruirão desta decisão. Porque, na verdade, o exercício desta forma de acção significa que, para efeitos de provocação de um desagrado imediato ao partido do governo, os portugueses preferem não equacionar o futuro, recusando pensar nas consequências dos seus actos! De facto, se houvesse hábitos reflexivos na opinião pública, a hipótese de um cenário em que se altere a conjuntura parlamentar por via de eleições legislativas, seria colocada e a consciência de que as alternativas económicas à actual governação não são, nesse mesmo cenário, do interesse público, os cidadãos iriam perceber que votar Cavaco Silva é contribuir para legitimar um caminho que será muito mais penoso para Portugal do que o que actualmente trilhamos. Por outro lado, por razões que se prendem com a cultura democrática relativamente incipiente nas populações menos alfabetizadas, menos informadas e menos politizadas, a representação social do Presidente da República é ainda o que resta do que, entre nós, legitima o "apadrinhamento social" e a "lógica do favor" em prejuízo da "cultura do mérito" - razão pela qual a mudança presidencial se processa, no nosso país e ainda que num regime democrático, por desistência do cargo, seja por limite de mandatos ou por vontade própria... como se a essa figura coubesse uma "intocabilidade"entendida de forma ainda próxima de concepções religiosas medievais em que o poder se associava ao "sagrado"! Ganha aqui sentido a expressão "nem para si próprios sabem ser" porque esta forma de pensar aproxima a sociedade daquilo que as pessoas mais temem: o empobrecimento e o autoritarismo!... e, como sabemos, apesar de se dizer que "a vingança serve-se fria", a verdade é que a vingança nunca é a melhor forma de resolvermos os problemas!"
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Bom texto Ana Paula, no sentido em que tem pano para mangas e dizer muito de forma sintética não é fácil. Desde a deficitária interiorização da ética que grassa, até à vingança que se serve fria, há todo um cenário enquadrável numa questão que tem a ver com a tendência para o carneirismo do povo português, mesmo quando a Esquerda triunfa com Soares ou Sampaio, e é isso que me preocupa, porque, das duas uma, ou isto é vingança das corporações ou geral, ou é o efeito de seguimento do rebanho que também pode ter estado presente com os outros dois. É que quando o efeito da vingança praticado por pessoas esclarecidas pode dar CAVACO, o eucalipto secador de uma floresta que não gostamos, fica a dúvida se não será antes o do rebanho a funcionar.
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Fica a dúvida.
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A capacidade de incentivo

e mobilização de um Presidente da República é, a par da defesa intransigente da letra e do espírito da Constituição, uma das qualidades mais importantes a reter numa escolha eleitoral. Ouvindo ontem à noite Manuel Alegre no Coliseu, ficamos com as certezas reforçadas em relação à convicção de que será neste momento de crise o presidente que precisamos, porque é ele, por comparação com todos os outros o único capaz de elevar o espírito e mobilizar como foi capaz de fazer levantar das cadeiras quem esteve naquela sala. Passou por lá uma forte corrente de ânimo na qualidade e na grande força das suas palavras. Não é o espírito assustador e medroso de Cavaco que vai conseguir mover quem quer que seja, ao contrário, dará porventura com tanto derrotismo vontade de emigrar.

Considerando os Presidentes da República pelo seu desempenho Jorge Sampaio foi um dos melhores presidentes que tivemos, mas Alegre vai destacar-se pela sua capacidade de incitamento para acção, conjuntamente com a firmeza das convicções que tem, do que vai defender em Belém. Infelizmente, as televisões amplificam o folclore à volta das campanhas, mas cumpririam melhor o serviço público a que deveriam estar obrigadas, se nos dessem uma melhor ideia do que cada um deles diz e defende. Pena que os portugueses não tivessem podido ouvir a força daquele incentivo, porque nós saímos de lá com a convicção de que somos capazes. É esta capacidade que valoriza e se espera de um leader.
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Publicado também em: Alegro Pianíssmo.
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20 janeiro 2011

A folha dos candidatos

Em certo sentido, ainda bem que o período eleitoral é em si mesmo escrutinador do perfil de cada candidato. É normal que se pretenda saber mais do que a lei obriga ou é simplesmente depositado no Tribunal Constitucional, porque os cargos em disputa são de uma enorme responsabilidade perante a nação e a ética do candidato deve ser um exemplo.

Confrange por isso, em relação a Cavaco, ter como argumento de defesa, não uma resposta mas uma pergunta: “… mas porque razão aparecem agora com estas estórias?” como faz Guilherme Silva, o paladino do Alberto João no continente, como se o facto de só aparecerem agora fosse despenalização automática. É harakiri numa pergunta naif. Em relação aos casos que Cavaco tem que explicar aos portugueses, muito ou quase tudo se fica a dever ao período eleitoral, se Guilherme sabia, nós desconhecíamos totalmente a existência daquelas questões, sabíamos apenas de uma casinha Mariani. Fazer crer que o património e a sua aquisição não devem ser esclarecidos tendo no caminho os homens que trafulharam no BPN/SLN, só mesmo num país onde a ética não é para ser levada a sério.

Ao contrário, foi triste verificar os esforços para descobrir alguma coisa onde pegar em Alegre. As diferenças são abissais. Nesta matéria, Alegre elevou-se a um patamar que Cavaco nunca alcançará porque a história pode ser reescrita, mas nunca alterada. Até nisto, Manuel Alegre é um exemplo e será a garantia que os portugueses melhor têm de que será um melhor Presidente da República.
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Publicado também em: Alegro Pianíssimo
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19 janeiro 2011

Dia 20, às 16:00 no Chiado

O país acordou com uma sondagem manhosa de surpresa, mas que não é mais do que um inquérito feito a apenas 170 pessoas. Se não vejam a ficha técnica que nos diz alguma coisa mas não tudo: foram feitas 802 entrevistas mas só acederam a responder 22,6%, 170 respostas. Depois, só sabemos que esses 802 eram maiores de 18 anos, mas não sabemos a faixa etária dessas 170 respostas, porque, sendo chamadas para telefones fixos, está bem de ver qual é a faixa etária que está em casa o dia inteiro a atender telefones: idosos, reformados e reformadas, cujo pendor conservador se acentua. Isto não corresponde a nada, e no dia 23 veremos se não se configura como uma fraude que deveria merecer tratamento. Vamos descer o Chiado e dar já a resposta:

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16 janeiro 2011

Melhor que uma onda

Em complemento do que foi dito aqui e aqui, e porque também não vi ainda imagens do maior comício da campanha, aqui fica este vídeo que conclui com imagens no Teatro Gil Vicente, em Coimbra.

Mas há qualquer coisa nele que gostaria que fosse notado. É extraordinário, podermos ver nestas imagens, como os apoiantes estão ali sem rótulo na lapela com grande entusiasmo, uma coisa impensável há pouco noutro cenário, com outro protagonista. Há um ambiente neste novo apoio que não me canso de exaltar, porque não se reporta apenas às tradicionais hostes de um partido. Talvez esteja a chegar o tempo de todos humildemente aprendermos mais um pouco. Talvez. Convido-vos a ver para comprovar. Confesso que ficarei desiludido se o meu país não estiver atento no dia 23.
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Publicado também aqui

14 janeiro 2011

Uma aldeia estranha.

Começa a ser dificil justificar tudo com a estória do “mísero” professor. Senão, veja aqui:
Não é estranho tudo isto? Seremos assim todos tão crédulos, trouxas, para acharmos que a ligação a esta gente e aos negócios que estão por aí visíveis é uma coisa inócua? Ou estas ligações serão um estranho caso de naifismo político? Não haverá por aí uma metade mais um de portugueses que vá votar e diga basta a este tipo de honestidades? Vamos aplicar à Presidência da República a receita de Oeiras de Gondomar de Felgueiras? E então a ética, que nos diz que um Presidente da República tem que ter no seu histórico outra capacidade de fazer amigos e não se deixar envolver pelas suas teias?

Onde anda agora Teresa Caeiro e os arautos de campanha que se preocuparam com um pequeno texto de autor já justificado?

12 janeiro 2011

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Os ARROIOS
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Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,
às belas morenas,
curiosos das pernas das belas morenas.
E às vezes vão tão devagar
que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
e onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
de um Anjo...
Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
e refletem, em vez de estrelas,
os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
os inocentes arroios...
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Mário Quintana (Baú de Espantos)
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Uma gentileza da Lupe, que tomo como gesto de homenagem ao Arroios e agradeço.
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07 janeiro 2011

Um Alegro na campanha

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O alheamento generalizado da coisa pública é o alimento dos emperramentos que nos entorpeçam, esta, é uma consciência que tenho cada vez mais presente. Foi por isso que aceitei o convite de um grupo de cidadãos para participar no:
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Um novo blogue de apoio á Candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República. A minha liberdade nunca ficará refém porque esse é um compromisso que Alegre estabelece sem ter que o dizer. Convoco-vos por isso a algum desassossego, porque o país está a precisar de mais empenho de todos. Participem acedendo ao blogue e entrando no debate, ou da melhor forma que a vossa consciência ditar, mas sobretudo, não deixem que este país seja apenas feito pelos outros.

04 janeiro 2011

Uma sugestão

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Manuel Amado

Conheci a pintura de Manuel Amado através de uma grande tela algures em Lisboa, e depois numa exposição individual no Palácio Galveias. Esse tempo correspondeu a um período em que eu próprio, através de experimentações que vinha fazendo, descobria que afinal muito da simplificação da pintura se reduzia á interpretação da luz. Manuel Amado e a sua forma de pintar está assim ligado a descobertas que fiz por conta própria que levaram a que a partir dali, até a própria natureza era interpretada de outra forma, como se dispusesse de dois códigos para isso. Entenderá isto melhor quem decidir aventurar-se.

Se tiver curiosidade, ele vai agora expor obras inéditas em Lisboa, nas Belas Artes (SNBA) em 13 de Janeiro.
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31 dezembro 2010

Exorcizando a crise!

Logo, vamos beber á saúde dos familiares e amigos que temos e nos querem bem, porque sem eles a nossa vida era um deserto, por muito que as ausências se instalem. Eles merecem bem esse brinde mesmo não estando presentes.

A ti que reconheceste a garrafa, um obrigado especial, ela vai melhorar muito o brinde, e o Serra...

Feliz 2011


30 dezembro 2010

Alegre e a Cidadania.

O apelo que Manuel Alegre sentiu para manter a sua candidatura nas presidenciais de 2006, apesar do candidato lançado posteriormente ter sido Mário Soares, foi porventura um dos actos de Cidadania mais importantes na vida política portuguesa recente, porque partiu da justa reclamação dos direitos de um cidadão exemplar, com os quais veio a colidir depois a determinação oficial do seu partido. Isto é tanto mais importante quanto sabemos que a Democracia só vinga e se mantém como sistema saudável, se os cidadãos exercerem com grande virtude os seus direitos. Manuel Alegre fê-lo com uma convicção muito forte, tão forte que foi o cimento agregador de quem não se queria confinar no espartilho partidário que circunstancialmente não soube ler o sentimento dos cidadãos, que por uma razão igualmente forte quiz sentir a politica nas suas mãos, através daquele acto. A lisura deste processo pode ser comprovada no blog Alargar a Cidadania que dinamizou a campanha e foi um êxito neste novo formato de apoio, do qual a Candidatura extraiu um livro para memória futura.

Esta questão deixou marcas, porque parecia ser a primeira vez que a cidadania era exercida no país, tal era a convicção com que cada um participou. Aquele êxito não passou depois despercebido e até Cavaco não resistiu, e alguns tempos depois a cidadania era uma palavra que lhe saltava em cada discurso. Mas cada um é para o que é, e entretanto calou-se.

Não é de estranhar agora o comentário do Dr. Fernando Nobre sobre Alegre, a Cidadania e os apoios partidários, e porque Fernando Nobre não desconhece o histórico das duas candidaturas de Alegre está a ser injusto, parecendo querer apropriar-se do termo, por muito que se lhe reconheça a sua actuação na outra área da cidadania global solidária. Manuel Alegre não inventou a cidadania, claro, não reclama isso, mas foi entre nós, em termos políticos, quem melhor recuperou para o cidadão a consciência imperiosa do seu exercício. Este mérito, já ninguém o pode tirar, eu testemunho isso.

29 dezembro 2010

Bancos e Sociedades Secretas.

A propósito do vídeo editado neste post, um e-mail perguntava se alguém tinha dúvidas sobre o “papel dos Bancos” e dos Illuminati no controlo mundial. Não deveremos ter dúvidas do papel dos Bancos, como não deveremos ter de que o poder das sociedades secretas se equivalerá sempre entre elas no controlo de umas pelas outras. Não parece que o mundo possa ser tomado de assalto mais ou menos velado, pela influência de alguma Maçonaria, Opus, ou Illuminatis. Elas continuarão com certeza a influenciar mas onde tudo se vai jogar é na "ambição" do homem, porque ninguém vai conseguir dizer ás hordas de descamisados do mundo que o padrão de desenvolvimento da Humanidade tem que mudar e que já não vão ter direito ao mesmo número de automóveis, frigoríficos e televisões que os outros tiveram ao mesmo tempo que assistimos a acumulações bizarras de riquezas individuais, muitas delas conseguidas através do rótulo de serviço público, pagas pela fome de quem os serve. É nessa ambição do homem, a mesma que o fez crescer até aqui, que estará também a sua decadência. E quando o homem transfere as suas ambições para um agente que as ponha em prática de forma mais eficaz, o problema complica-se, porque aí, a ambição deixa de ter o seu rosto e reaparece sem ele no tal papel dos Bancos e dos restantes agentes que como uma bola de neve sem controlo específico, que não seja o da ambição por mais lucro, levarão a Humanidade a novas e graves rupturas. É este monstro sem cabeça, voraz por lucros exponenciais, que o neo-liberalismo colocou em marcha a nível mundial, alimentado pela tão incensada ambição do homem que verdadeiramente preocupa, não são as sociedades secretas. Tomáramos nós que tudo isto fosse obra de uma teoria de conspiração, talvez fosse mais fácil de combater.

27 dezembro 2010

Os pobres ... e os de espírito.

Ajudar os pobres será sempre um acto comedido para que com ele não se fira a dignidade do ser, nem se retirem proveitos indevidos. Ao atingirem os níveis a que Cavaco os está a elevar, apadrinhando até o casamento de um ex-sem-abrigo, com Televisão e muita Comunicação Social, tornam-se falsos, eleiçoeiros, nojentemente pimbas, mas mais grave: indecorosos.

Cavaco não sabe, porque foi dos que nunca cantou com José Barata Moura: andava entretido a preencher a ficha para ficar bem na fotografia da polícia política. Preocupa-me um país que pode promover esta espécie de autismo ao permitir que um arquétipo destes nos represente como nação.

24 dezembro 2010

Memórias de Natal

Era um Natal carregado de humidade com uma névoa engrossada, quase chuva, mas de temperatura amena. Já tudo recolhera a suas casas e os retardatários para a ceia lá de casa tinham chegado. Procurava em vão uma última taberna onde pudesse comprar tabaco. No início da calçada estava parado um cachorrito preto, de pelo liso, meio molhado, que me interpelou sobre qualquer coisa inclinando a cabeça o espevitar das orelhas e um abanar do rabo. Dei-lhe apoio moral com um toque suave na cabeça que agradeceu, trocamos um olhar, e lá ficou como que á espera de alguém que lhe desse outra resposta que não aquela. O nevoeiro era agora chuva muito fina. A última tentativa que tinha para encontrar tabaco era nos cafés do centro do bairro, no jardim público. A rua era comprida e pouco iluminada por candeeiros antigos, iguais àqueles que se furtavam ao João Villaret, no tal filme já mil vezes visto. Das janelas das casas vinha uma claridade que ajudava a marcar alguns espaços iluminados na rua e as pedras borrifadas pela grande humidade reflectiam esses escassos pontos de luz. Já caminhava há algum tempo quando ao atravessar a rua olhei para trás e reparei na silhueta do cachorrito reflectida nas pedras de basalto preto gastas pelo tempo, já quase seixos redondos. Aquele pobre tinha-me seguido até ali durante todo aquele tempo. Aproximei-me dele. Das casas ouvia-se o som abafado do Twelve days of Christmas de Harry Belafonte. Desta vez não me interpelou, baixou a cabeça, julgo que num sinal de submissão. O pelo lustroso e limpo estava a ceder e começava a ficar encharcado. Voltei a fazer-lhe uma festa, agora com a palma da mão e disse-lhe mentalmente que não o podia levar. Parece ter confirmado no gesto aquilo que já sabia, e lá ficou parado.
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No regresso, sem o tabaco que não consegui comprar e já molhado, ia decidido a dar-lhe uma outra consoada, mas a última conversa parece ter sido para ele decisiva. Deve ter continuado a sua busca por um coração mais mole naquela noite.
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Não fosse a solidez das minhas convicções e perguntaria: Quem seria aquele cão que me pôs á prova e ainda hoje passados tantos anos me aparece sempre nas minhas memórias de Natal?
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Se ele voltar algum dia, juro que terá um Natal seco e farto.
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21 dezembro 2010

Vistas do Banco de Portugal

Os pilares em que me apoiei para tirar estas fotos são do Banco de Portugal. Nas minhas costas, na porta aqui ao lado, entrava até há bem pouco tempo Vítor Constâncio, top ten a nível mundial na remuneração entre governadores dos Bancos centrais.

Que paradoxo. Seremos o único país da Europa, e entre os primeiros no mundo, onde possamos conjugar duas realidades tão escandalosamente contrastantes uma da outra, e elas podem muito bem servir para ilustrar o país que muitos teimam em manter.
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Vista do B.P. 1
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Vista do B.P. 2
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Vista do B.P. 3
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Vista do B.P. 4
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Vista do B.P. 5
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19 dezembro 2010

Uma oportunidade única:

(Reeditado)
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.Manuel Alegre..
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Os portugueses não podem perder a oportunidade de elevar o nível cultural da Presidência da República portuguesa, porque só a cultura permite o ecletismo tão necessário a uma boa e eficaz representação de Portugal. Se juntarmos a isso a determinação e relutância a neutralidades, quando se exige coragem, só têm uma opção: Manuel Alegre. Foi essa a convicção com que ficamos hoje no Pavilhão de Congressos da Fil. Leia o Contrato Presidencial.
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Cada cavacada, cada minhoca.

Cavaco tem recentemente Sampaio como modelo da sua conduta. Saberá que Sampaio não o apoia e é desde a primeira hora o mais ilustre apoiante de Manuel Alegre?

16 dezembro 2010

Deus para quê?

Para isto? Para issssssto?! E vocês que no Vaticano assistem, não são os herdeiros de uma prática que espalhou um terror pior que este? Vocês queimaram em nome de um Deus primo deste. Quem sabe se esta gente não está assim louca porque assistiu e aprendeu connvosco e está ainda parada desde o século em que vocês tiveram vergonha? Rezem antes pela conversão destes procedimentos e deixem lá o papão da Rússia em paz, que esta gente a mim não me ouve: vê em mim o Diabo!
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Vídeo visto em primeira mão no Alpendre da Lua.
Excerto de texto do Carlos Esperança, no Ponte Europa.

13 dezembro 2010

Fui apanhado pela Wiki... (IV)

Agora são os McCann? Outra vez?...

Fui apanhado pela Wiki... (III)

Olha!... Esperem!...
Já venho.

Fui apanhado pela Wiki... (II)

Pergunto: Quando pagar com cartão, vou ter que estar ainda mais atento no acto do pagamento das compras, agora devido á presença de algum iraniano nas imediações da caixa?

Fui apanhado pela Wiki... (I)

Está tudo maluco: políticos, jornalistas, comentadores, anda tudo a bater com a cabeça de um lado para o outro. Agora foi Manuel Vilaverde Cabral na TVI (de memória):

- Oh, o Millennium BCP, já tem que chegue... agora... olha, não sei, quem lá tiver depósitos que se cuide!

Assim, a frio. Já estou a ver o Ricardo, o Ulrich e os espanhóis a esfregarem as mãos de contentes pela ajuda. Mas então é assim Manel, isso é comentário? Onde é que já chegamos? É o vale tudo? Você pode não gostar da Opus como eu não gosto, mas não pode por-se numa televisão em campanhas dessas. Se fosse accionista, administrador ou empregado daquele Banco, estaria neste momento a diligenciar os reparos possíveis ao meu alcance. Tenha lá maneiras, você parece um comentador doutro Banco.

11 dezembro 2010

O ouriço.

- Não acha que os portuguesezzz deberiam sintiir-se imbergonhadozzz por havere ainda no sécolu binte e ume pessoazzzz cum fóme im Portugaale?

- Eu tão bém acho.
É por falta da indústria da fome.

- A propósito de bergonha, qual é a coisa qual é ela que pica por fora e é oco por dentro? Num sabe, não? Não é quem está a pensar.

- É um ouriço!

09 dezembro 2010

Coragem e transparência

“Basta de mexidas no código laboral. Defendo o que sempre defendi: não se pode pôr em risco a justa causa. Os problemas da nossa economia não se resolvem com a liberalização dos despedimentos”, declarou Manuel Alegre nesta quinta feira na Covilhã.

Em nome da tranquilidade de quem trabalha honestamente, quem pode não concordar com isto?

Sá Carneiro outra vez.

Que ressuscite ou morra definitivamente, porque esta fatalidade dos portugueses se agarrarem a mitos e nevoeiros é perigosa, por fazer deles uma espécie de povo órfão que o impele a adoptar perigosamente qualquer esfinge como salvador. O que está a acontecer com estas reprises é politicamente um nojo e já foi esta mesma Direita que nos deu o triste espectáculo do dia do seu funeral, ainda hoje tido como um dos mais caricatos velórios nacionais e isso, já deveria bastar, mas não, tratam-nos desta forma, como se o entendimento dos acontecimentos que nos rodeiam precisasse de uma matriz martelada todos os anos na nossa cabeça, com ênfase em anos eleitorais, para daí extrairmos as conclusões nela programadas. Não é justo, porque me sinto como português tratado como anormal, alguém que eles têm a veleidade de achar que é manipulável, pese embora o ror deles que por aí há. Depois, temos uma Comunicação Social totalmente dominada pelos alinhamentos da agenda política que se permite patrocinar este triste espectáculo.

Cada vez há menos paciência para aturar penduras á procura de boleia num avião que já não voa porque caiu. Agora é o Freitas. Outra vez!

08 dezembro 2010

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Daniel explica Cavaco

Não resisto a transcrever na integra este excelente texto de Daniel Oliveira, publicado aqui, porque manter Cavaco activo é como não querer mudar de página. Estamos fartos da secura do eucalipto que Cavaco foi para o país. Ao Daniel Oliveira as minhas desculpas pela cópia integral, mas é por uma boa causa.

"Os cinco cavacos
Cavaco Silva
apresenta hoje a sua recandidatura. Foi ministro quando eu tinha 11 anos. Pode sair da Presidência quando eu tiver 46. Ele é o maior símbolo de tantos anos perdidos. E aqui se fala das suas cinco encarnações.
Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete.
O primeiro Cavaco foi autoritário.

O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos.
O segundo Cavaco foi egoísta.

O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa.
O terceiro Cavaco é vazio.

O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que,apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.

Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.

E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.

Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiroministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos."

02 dezembro 2010

Ulrich e os Despedimentos

“É preciso liberalizar completamente o despedimento individual. É absolutamente indispensável”. Fernando Ulrich, do Banco BPI dixit. Tomem nota destes nomes, um dia vamos lembrar-nos deles.
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Traduzindo da linguagem ulriquês, quer dizer: É urgente poder despedir sem justa causa, ou então: Olha, vai prá rua! Estou muito mal disposto hoje. Pasmo. Pasmo com a ligeireza com que se diz isto conseguindo olhar para a câmara, como se não lhe bastassem os contratos a prazo e os recibos verdes que fazem as angústias de tantos, e ainda quer introduzir mais esta instabilidade no seio das famílias, porque a partir disto será a lei da selva. Com a Direita neo-liberal que aí vem, esta parece ser a hora de pressionar para liberalizar nos despedimentos, nos despejos e onde mais se puder. É preciso não ter um pingo de sensibilidade social para conseguir propor tamanho garrote. Enquanto diz aquilo, há portugueses candidatos àquela medida, pacientemente em fila no seu Banco para lhe entregar as economias que lhe permitem um vencimento milionário que o insensibilizam e o levam a fazer propostas destas. Até quando vão eles ter paciência? Entretanto, não haverá por aí outro banqueiro e outro Banco mais socialmente responsável que mereça aqueles depósitos? Ou serão todos iguais?
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01 dezembro 2010

Reforma máxima: 1700 Euros

Ligue este vídeo da RTP, vale a pena ouvir o que se passa na Suíça em relação á sustentação futura das Pensões e Reformas para todos. Quem disse que estamos condenados, foram eles sempre os mesmos?! Pois, vamos então perguntar-lhes de seguida quantas pensões acumulam ou quanto esperam vir a ganhar mantendo-se a discriminação actual no leque absurdo das Reformas actuais. É urgente uma mudança, a solidariedade tem que ser forçada pela lei e os suíços dizem-nos como. Espalhe o link pelos seus contactos, o nosso futuro também depende disto. Um Estado Social é viável se não tivermos beneficiários de luxo:
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Reeditação: Ouço agora Ângelo Correia na SIC, dando como solução para o problema: Só vejo uma forma, é através do crescimento económico de Portugal! Claro… verdade de La Palisse. Se não houver crescimento olha… governem-se! O que nós não o ouvimos dizer, é que uma solução suiça é a solução, claro, pudera, deveria agora dizer? Nem ele nem aquele comentador enjoado, o disse. E por que acham que foi? Quanto é que acham que vão ser as suas expectativas de reformas? O problema passa por aqui, não há quem ao nível político, ou de outras elites aborde esta questão com frontalidade, sabem porquê? Porque estamos a meio caminho, entre a Europa e África.