11 abril 2011

Dr. Nobre: uma fraude.

Não há quem não se engane alguma vez na apreciação que faz dos outros. Por excesso ou por defeito, a avaliação que um dia fazemos de alguém pode vir mais tarde a ser um erro tremendo, por confiarmos na nossa capacidade de interpretar sinais e descurarmos muitas vezes a análise com base em critérios mais objectivos.
 
Com o Dr. Nobre, foi a AMI e o seu percurso na assistência social que serviram de máscara e nos criaram a predisposição para tolerar o que não devíamos. Confirma-se agora através desta sua entrega ao PSD que ele entrou mesmo naquela campanha para inviabilizar a candidatura de Manuel Alegre, revelando-se afinal um embuste, uma enormíssima fraude. Que pensará dele agora o clã Soares? Continuarão a tomar chá?
 
Há neste momento muita gente a dizer que gostaria de perguntar ao Dr. Soares o que pensa ele disto. O último foi Louçã. O Dr. Soares não vai dizer que foi enganado, irá continuar a fazer um ar de sonso até que apareça mais um prefácio de um Indignez-Vous! que o traga à tona, ou um FMI que lhe permita brilhar um pouco. Deveria terminar o texto a escrever sobre Nobre e não sobre Soares. Não foi por acaso. Assim, como diz o povo, as coisas da política metem nojo mesmo se os actores são os que mais encarniçadamente defendem a sua moralização.

10 abril 2011

Cobrir a Assembleia de cravos.

Não sei se a ideia não terá germinado aqui num desabafo de Ana Paula, em A Nossa Candeia, mas foi aqui que a li em primeira mão. O comentário de uma amiga neste post alertou-me para a qualidade da proposta. Apareceu depois Miguel Miranda a comunicar-nos que iniciou o processo aqui, e no Facebook, no Grupo de Apoio às Celebrações do 25 de Abril na Assembleia da República. Mas há ainda quem tenha também proposto outra iniciativa: um “sit-in”: encher a zona de festa no dia 25.


É bem provável que aconteça mesmo e a Assembleia venha a ficar mais bonita com os cravos do nosso descontentamento. Seria uma boa resposta. Uma resposta à altura dos cravos com que fizemos a Revolução.

07 abril 2011

O FMI, o PEC e a Perca

Continuamos na dúvida, quanto aos objectivos que se conjugaram para rejeição das medidas que estavam programadas no chamado PEC IV. À Direita, sabemos que era o que queriam, apesar do PSD ter dito cá dentro que o fez pelos pobrezinhos, mas lá fora, ter dito depois que não era suficiente, à Esquerda, sabemos que não era o que queriam, logo, quem perdeu hoje foi ela, porque não só não nos conseguiu fazer a revolução como permitiu a entrada do FMI. Eu percebo o que dizem, camaradas, claro, tudo aquilo era recessivo etc., etc., mas era preferivel estar hoje na expectativa das coisas se resolverem de outra forma, do que estar hoje com as expectativas que o FMI nos dá, a permitir a entrada dos homens do fato preto, porque já os conhecemos.

E o que diz o cidadão da rua? “Não queriam o PEC? Agora é que as coisas vão ser a sério… da outra vez custou menos, mas agora a perca vai ser maior”.

06 abril 2011

Os requintes do SPAM


Um tal Jack Stone, entrou aqui num post dos idos de 2008: A Justiça e a Lei da Rolha, e deixou a propósito do tema tratado, o seguinte comentário: “It is the people who must be pleased with the court which is practiced in Portugal”. Como aquilo fazia sentido reli o texto e de facto lá algures escrevi: “É o povo que deve estar satisfeito com a Justiça que é praticada em Portugal”. Não resisti e fui ver quem era aquele Jack Stone – que era o objectivo dissimulado – que me sublinhava em inglês uma frase e a deixava em comentário. Mas... ops! Tratava-se de uma página de cigarros electrónicos. Tenho o hábito de não abrir links de que duvido mas devo reconhecer que desta fui enganado, porque bem feito, por um conjunto de técnicas que refinam o spam. A coisa não é nova, eu é que não lhe tenho aberto a porta, mas é um espanto o que ele faz para passar as barreiras!

04 abril 2011

Ataques ao 25 de Abril

Não bastava a decisão de não realizar as comemorações oficiais do 25 de Abril, na Assembleia da República, a casa da Democracia e temos agora mais uma: a não autorização das comemorações populares, no Largo do Carmo, o largo onde se fez Abril.

Sabemos que as comemorações oficiais sempre foram para alguns um frete e esta foi uma boa oportunidade para não fazê-las, porque a vontade era pouca e assim não há a polémica da falta do cravo na lapela. Já a não realização das comemorações no Largo do Carmo, segundo relatam os comerciantes da zona, é que não lembram ao diabo. A estória ouvida na esplanada é esta: O fontanário do Largo teve há algum tempo atrás uma rotura na canalização junto à base. Num processo à portuguesa, de jogo do empurra, aquilo esteve por ali a jorrar água para a escadaria do Convento, à espera que alguém se dignasse. Ainda num processo à portuguesa, aproveitou-se e deixaram-se os W.C. públicos fechados, que assim sempre se poupa mais uns trocos em água e pessoal de vigilância. O povo e o turista enrascados que se lixem, previnam-se em casa! E quem será o responsável por isto? Ainda à boa maneira portuguesa, ninguém! Argumenta-se agora, estranhamente, com a segurança do local e do fontanário apesar de firme e hirto como se vê na foto, para não autorizar ali as comemorações habituais, mas as queixas locais que ouvimos na esplanada, é que há uma questão de prepotência a que não é estranha a ligação a alguma nobreza ainda residente no bairro e a uma classe social que nunca lá tolerou o 25 de Abril mais o “raio daquela chinfrineira popular”.

Derrotar as Agência de Rating

Para derrotar estas novas agências da usura, só temos que exigi-lo de uma forma clara, veja como neste link, e se o quiser fazer, atente nesta multiplicação sucessiva se for feita através de apenas seis dos nossos contactos:

1ª - 1 x 6 = 6
2ª - 6 x 6 = 36
3ª - 36 x 36 = 1296
4ª - 1296 x 1296 = 1 679 616
5ª – … = !!!!

Ao fim de quatro passagens, seremos perto de 2 milhões! Basta passar o link a seis amigos de confiança que da mesma forma não concordem com o que está a passar-se com este novo negócio financeiro e rapidamente poderemos fazer chegar esta Petição onde nos propusemos:


Não concorda com isto? Então força, vamos assinar e multiplicar:

http://www.peticaopublica.com/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2011N6501

03 abril 2011

A Esquerda: Ponto de partida.

Reeditado.

Não posso deixar de partilhar convosco, esta excelente reflexão sobre a Esquerda que precisamos no momento actual. Enquanto lia este documento, esteve sempre presente este encontro no Teatro Trindade tão causticado por alguns, apenas e só porque não estiveram lá e não o perceberam. Foram apenas guiados pelo mais preconceituoso sectarismo e dessa forma perderam a possibilidade de entender um momento da vida da Esquerda que anda por aí pronta para eclodir um dia destes. Assim acredito.

Reeditado para esclarecer que JPN foi um dos bloggers que escreveu aqui no Alegro Pianíssimo lutando pela Candidatura de Manuel Alegre à Presidência, onde também tive o privilégio de estar. Este texto, enquadra-se perfeitamente no espírito que foi o daquela campanha, que tenho a certeza não foi em vão e um dia verá o reconhecimento de uma maioria de portugueses, porque o sectarismo vai ser visto como uma grave doença política.

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30 março 2011

Um inglês para anexar


Fixem-lhe o nome e as fuças - que não foram deformadas por Photoshop - pode ser que ele venha aí um dia a banhos, é Edward Hadas, colunista do Financial Times, um inglês sem vergonha, que nos provocou propondo que o Brasil anexasse Portugal como forma de resolver o problema da nossa dívida. Se lhe respondesse como merecia, seria injusto com os ingleses que possam sobrar e se aproveitem ainda, mas há no mínimo uma resposta: o boicote às subscrições do jornal e o protesto por todas as vias, exigindo um pedido de desculpas, talvez para este e-mail: corrections@ft.com encontrado na página oficial do jornal. Escrevam-lhe em português, pode não ler mas saberá a razão do protesto.

Aqui está neste link o fedúncio, tentando desculpar-se em conversa com o Editor do jornal depois dos protestos recebidos. Este tipo, é um nojo de gente, um jornalista miserável desconhecedor do respeito que cada nação merece mesmo até na existência de um acto de guerra, porque até aí os civilizados estabeleceram regras. Só com um pano encharcado nas trombas!

Imagem: Exame/Expresso

29 março 2011

Choque ou Revolução?

A voz de Lídia Jorge no debate Prós e Contras chegou-me da sala e terei ouvido qualquer coisa como: “Ou nós pensamos que só uma revolução pode melhorar isto ou nós pensamos que a democracia pode ter as suas virtualidades…”. José Gil já havia dito antes que era necessária a emergência de um novo elemento: “Um choque”. Isto tranquiliza-me, porque ando por aqui há muito com esta conversa e já me fazia a duvidar de mim. É provável que outros mais o digam ainda que escondendo o termo na argumentação, mas o que é importante é que a proposta exista como alternativa, se é que uma revolução ou um choque pode ser assim uma coisa para se anunciar.

Não há que ter medo, até as revoluções não têm que ser cópias de passados mais ou menos sangrentos ou floridos, a Islândia e o tipo de revolução que está a fazer neste momento, depois de cair no abismo, pode ser a prova disso. Há que acreditar que é possível mudar sem ter que dar tiros, porque até mesmo a Direita estará atónita com o resultado de deixar os mercados e a sua especulação em roda livre. Os filmes Inside Job, Zeitgeist e outros vídeos, e o livro Indignez-vous, de Stéphane Hessel, avisam-nos de coisas perturbadoras demais para que não tentemos a mudança de paradigma, que nunca será partir do zero, mas do momento em que tudo começou a ser mal feito.

Portugal, Grécia, Irlanda e outros que virão, têm já os seus próximos futuros hipotecados por muito tempo, para voltar depois a ser possível aos que lucraram com a derrocada do sistema, fazê-lo novamente, num ciclo de especulação e exploração com as mesmas regras. Uma mudança é urgente, mas o Euro que nos serve de escudo e amarra a compromissos não pode servir também para inviabilizar o futuro que com ele não se concretizou. É preciso lançar o debate, simular modelos, porque também como no limite dos materiais, é mais seguro reconstruir que reparar e com a brigada cinzenta que temos à frente dos nossos destinos, antes morrer agindo que não tentando.

27 março 2011

Uma solução que subscrevo.

Não sou eu que o diz, é o bloquista Daniel Oliveira, no Eixo do Mal: nas próximas eleições, o BE e o PCP deveriam tentar apresentar uma solução de entendimento governativa, quanto mais não fosse para mostrar ao Partido Socialista que querem ajudar numa solução e não continuarem apenas a querer crescer à conta do desespero do eleitorado.

Será que leu o último parágrafo meu penúltimo post?

25 março 2011

Estamos fartos!

O que poderá a Esquerda portuguesa fazer se o fizer isolada na Europa? Que lutas que propiciem uma alternativa ao actual modelo se podem alcançar, numa Europa onde o triunfo foi o do cego neo-liberalismo, o mesmo que serviu para escrever os tratados que nos obrigam? Com que instrumentos conta a Esquerda para essa luta? O voto? Apenas? É curto. Ou tem capacidade para outro jogo com outras regras - ainda que nas margens de alguma coisa, que as revoluções não se fazem sem transgredir - porque as regras que existem viciam sempre o resultado, e então vai a jogo assim, ou decide esperar pelo momento da concretização de uma união ou estratégia da Esquerda a nível europeu, em que deveria trabalhar fortemente, mas até lá, tem que prover o sustento. O pãozinho prá boca! É nesse sentido que acho que foi uma perfeita idiotice, motivada por jogos eleitorais ou ódios mal resolvidos, que se tenham votado os mesmos objectivos da Direita, porque sabemos como ela não se importa de governar com a receita do FMI, que em certo sentido é até a sublimação da política que querem fazer mas têm vergonha de anunciar. Decidir abrir-lhes a porta através de uma crise, que até pode dar mais do mesmo, não se vê como pode ser uma luta que se trava em nome do povo quando é ele a pagar, se não em nome de outra coisa qualquer, mas da qual também não têm consciência.

Diz-nos a experiência da vida, que uma prática repetida no tempo arrasta vícios, receio por isso que jogos parlamentares perpétuos façam a Esquerda debater-se por mais duas ou três cadeiras com o objectivo de equivaler a mais uns trocos na dotação orçamental que lhe cabe anualmente. É para o nosso futuro imediato que queremos que trabalhem porque é com ele que alimentamos os filhos. Que importa ao povo que o Bloco e o PC se representem por mais duas ou três cabeças se a Direita ultramontana lhe entrar casa dentro? Bardamerda para a receita que nos trazem, estamos fartos de eleições e dos berros que espantam os pardais com o megafone no carro que sobe e desce a avenida em tardes de canícula suada, isso, afasta-nos e faz-nos acreditar antes noutra estratégia: a do dinamite.

13 março 2011

É de lamentar... (???)

“Se a agressão aconteceu – não sei porque não a vi – é de lamentar”. São declarações de Vilas Boas, treinador do FCP sobre as agressões de que foi vítima Rui Gomes da Silva, Vice-Presidente do Benfica, à saída do restaurante onde os dois se encontraram por coincidência, no Porto.

“Se”
: É uma conjunção condicional que submete a oração à condição prévia de ter acontecido ou não o facto descrito.

“não sei porque não a vi“: Vilas Boas não é polícia, nem o Bobi nem o Tareco do restaurante, também ninguém lhe exige que tenha visto a agressão, mas… dizer “não sei porque não a vi”… Não o quero acusar de por em causa a veracidade das agressões que adeptos do seu clube levaram a cabo quase nas suas barbas, mas sabemos como a aplicação da semântica às suas palavras pode resolver o significado do que quis dizer de facto. E a confirmá-lo, veio Pinto da Costa hoje, por tudo em causa.

“é de lamentar”: Uma agressão daquelas não é uma queda no degrau à saída do restaurante que se “lamente”. Uma queda lamenta-se, uma agressão bárbara e cobarde, “para que o dito aprenda a não dizer mal do FCP”, não se lamenta, condena-se! Mas condena-se, sempre! Ou por outra, condenam as pessoas de bem, os arruaceiros que trazem o futebol português neste estado, só “lamentam”, talvez para não parecer mal. Valha-me o facto de ter amigos no Porto que sabem condenar isto porque é só com eles que temos que contar, assim como no Islão só podemos contar com os moderados.

São acontecimentos destes e declarações assim que justificam estas preocupantes palavras lidas num blog de adeptos do Benfica. Preparemo-nos então, porque um dia destes vão partir-se como resposta os vidros de uma qualquer viatura do FCP, e teremos aí o álibi para que a senilidade ao serviço do ódio, dê largas àquilo que bem sabe fazer: intoxicar os jovens azuis e brancos e levá-los a mais uma guerra para benefício dos mesmos padrinhos do futebol português.

O estado de quem?

Este 12 de Março foi um dia memorável de democracia participativa e esta geração mostrou que é uma tremenda injustiça termos deixado que tenha caído num beco, e que é impossível não retirar daqui conclusões. Uma semana de debates sobre as precaridades das suas vidas já antecedeu este dia e o seu efeito vai continuar, apesar dos que consideram estas indignações pólvora seca. Foi pena que um Manifesto apócrifo tenha confundido e afastado muitos, onde eu quase me incluí. O exercício da democracia, ganhou com o extraordinário ambiente vivido neste dia. Pela primeira vez estive numa manifestação onde não havia ódios à solta.

11 março 2011

Alguém tramou os "à Rasca"

Reeditado. A RTP2 retirou a disponibilidade de acesso ao link original para esta entrevista. Porque ela é importante para entender a questão, fica o link da Antena 1, em substituição do que está em baixo.
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Houve fraude! Afinal, o tal e-mail horroroso e mal escrito que recebemos - e me recusei reenviar - como sendo dos Geração à Rasca, não passa de um aproveitamento mal feito, por outros, os tais que reclamam Um milhão na Avenida e que assim nos baralhou o protesto de amanhã.

Vale a pena ouvir esta entrevista, onde os “à Rasca” se demarcam do ror de asneiras daquele e-mail, segundo as palavras de Alexandre Carvalho, um dos subscritores. O que ouvi a este jovem é bem estruturado e nada tem a ver com o que li. Aqui fica o link para a oportuna entrevista de Maria Flor Pedroso, o que é para mim estranho é que me tenha passado despercebido este pormenor descoberto por acaso num zap.

10 março 2011

A Revolução que subscrevo.

Recorte de um texto de Nicolau Santos recebido do Justino por e-mail:
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“Ricardo Salgado diz: “O sistema capitalista é amoral, tem de produzir resultados. As pessoas é que podem ser morais ou imorais, mas o sistema tem que ser amoral”. Amoral significa: “que supõe a ausência de toda a obrigação moral”; pessoa que não tem a noção de moral. Assim, tanto faz que as pessoas sejam morais ou imorais, para o sistema quem é valorizado é quem produz os melhores resultados. Ora, se o sistema capitalista para produzir resultados tem que ser amoral então os fins justificam todos os meios para atingir esse desiderato. E foi com base nessa amoralidade que se construiu a violenta crise em que o Mundo está mergulhado.”

E sobre isto sublinha o Justino:

“Os Jovens que pretendem fazer uma manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, contra quem é que se manifestam, (quer no seu manifesto quer, como se vê, na sua prática política)? Contra os capitalistas/empresários/empreendedores que limitam a economia, concentrando e não distribuindo a riqueza, quer não a distribuindo aos cidadãos quer não a distribuindo entre si, quer limitando o Consumo?
Porque os que limitam assim a economia na verdade travam o seu potencial de crescimento concentrando, inutilmente como Adam Smith recorda acima, a Riqueza em muito poucas mãos, e impedindo o alargamento do potencial de Consumo, pelo que um protesto contra eles seria bem natural.
Não.
Os Jovens que pretendem fazer a manifestação pelos seus direitos e contra a precariedade, decidem centrar o fogo dos seus protestos contra quem cada vez mais pouco pode – os que gerem o Estado. (…) Pelo que o alvo escolhido por estes Jovens está absoluta e lamentavelmente errado.”

Justino tem alguma razão na reflexão que faz, porque se virmos os gráficos do desemprego e vencimentos na Europa, veremos que a Grécia, Irlanda, Islândia, Portugal, Espanha, Itália, Hungria e outros que começam a dar sinais, não passaram de repente a ter maus governos. Parece haver assim uma desfocagem neste protesto que cada vez começa a ser mais global. Desde Adam Smith que a regra é esta: "O mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.". Talvez se esteja então em fim de ciclo, porque o que Smith não previu, foi que o mercador ou comerciante, transformados agora nestes monstros capitalistas sem rosto, se transformassem nos Estados da era moderna. São eles que governam, os governos vão assistindo à sua evolução e gerindo os danos que provocam, porque não há pátrias para eles nem as contemplações de ordem moral ou imoral, que Ricardo Salgado subscreve. Seria contra eles/estes que os jovens que pelo Mundo se começam a manifestar, deveriam apontar os seus protestos, embora ache que quando um dia se fizer a arqueologia económica dos tempos que vivemos em Portugal, se ache um absurdo que o presidente de uma companhia de aviação ganhe num ano o que um Presidente da República ganha em cinco ou o que um padeiro ganha numa vida. Foi a lógica de Smith que o mercado foi instalando que nos trouxe a este paradigma e nisso os jovens têm toda a razão. É este sistema desumano que é preciso implodir, e o governo, ou os governos, são meros peões dele. No caso português então, apontar-lhe baterias é substitui-lo por outro neo-liberal mais radical ainda, e com menos vontade de controlo sobre os desvarios que as teorias de Smith provocaram. É por isso que me revolta a escandalosa grudagem que o Cavacolas, de Tacci, agora transformado outra vez em PR, fez aos jovens, no seu discurso, aliando-se assim à manif dos “à Rasca”. Se eu tinha alguma intenção de ir ver, perdi-a com este apelo. Eu não consigo estar onde está Cavaco, porque Cavaco não quer as mesmas revoluções que eu.

Entretanto, as corporações que se instalaram vão aproveitando o desânimo para tratar da vidinha e para sugar mais um pouco do Orçamento, colando-se oportunistamente ajudando ao desfoque do problema. Ainda não é esta a revolução que subscrevo.

09 março 2011

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As Agências de Rating.

Porque não assina esta Petição? Concorda com a forma como se têm comportado as agências de rating americanas? Não acha que têm enorme responsabilidade no desastre que abalou recentemente o sistema financeiro ocidental, ao deixarem que se andasse a vender lixo por valor? Quem são eles? De onde são eles? Que interesses defendem? Agora que não é rentável chafurdar no sector imobiliário descobriram que é possível especular e ganhar com a dívida dos países baixando-lhes a credibilidade?

Se fizermos uma pesquisa Google ao conjunto de palavras - petrodólares dólar euro fim império americano - que nos trazem o que já se escreveu sobre isto, veremos vários textos que apontam como a estratégia que estão a seguir pode passar pelo enfraquecimento do Euro, devido às dificuldades originadas pelo boicote aos petrodólares iniciado pelo Irão. Seleccionei este, entre vários: São os Petrodólares, Estúpido!.

08 março 2011

O Homem da Luta

A SIC entrevista no Primeiro Jornal, Gel, o Homem da Luta, ganhador do Festival Português da Canção. Falava-se da censura, dos incómodos que têm causado e dos problemas que têm tido devido às suas forma de actuar, e o Gel pergunta ao entrevistador:

- Achas que não? Tu como jornalista nunca ninguém te tentou mandar calar?
- Não.
- Nunca?!
- Não.
- Mas nunca sentiste que se calhar nunca devias ir por aí?
- … (O entrevistador mantém o sorriso que lhe vinha de trás e nesse esforço de imutabilidade se percebeu apesar de tudo, o que não queria que se percebesse.)
- Essa é uma questão diferente, tentar mandar calar, não.
- Ah é pá… a pior censura é a auto censura! Não tenhas a menor dúvida disso: a pior censura é a auto censura!

Com esta pequena conversa ganhou para mim muito mais do que ganhou com a canção com que venceu o festival.

Nota: Partindo do princípio que não é homem para se deixar dominar por fidelidades atávicas das suas causas, e que tenha a noção que as auto censuras que assim se consentem são exactamente iguais às daquele Pivot. A entrevista aqui.

07 março 2011

90 anos! ...


O partido tem de ter uma visão mais alargada da sociedade portuguesa e ser um «partido político», em vez de uma «central sindical», considerou, defendendo que o PCP deve «negociar» propostas” (…)

Há, como se vê, mais gente que acha que este Partido Comunista não cativa eleitorado de esquerda, e a razão explicou ontem muito bem Carlos Brito à TSF. Aceda no link em cima, à entrevista, e ouça como o PC bem podia estar a comemorar o seu aniversário com uma outra forma de fazer política. O PC não deve ter medo de se assumir como um partido de poder, mas para isso tem que mostrar às pessoas que quer e pode governar. Não pode continuar à espera de revoluções que à força lhe abram caminho. Se a sua luta é justa, só pode torná-la consequente se for governo. O eleitorado sentirá quando a política que propõe deixará de ser um jogo de toca e foge, para ser uma intenção credível. Querer cavalgar a onda sindical a todo o custo mesmo se ela representa o mais abjecto dos corporativismos, contra a opinião da opinião pública, é uma espécie de jogo arriscado como utilizar o crédito dos fornecedores para manter a tesouraria. O PC continua a não entusiasmar como partido de esquerda e a sua febre em querer crescer à custa do PS, parecendo por vezes mais próximo do PSD, revela-se uma das suas piores estratégias porque o ódio com que o faz assusta qualquer eleitor que à esquerda não queira votar PS, mas isso só se fará com outra gente porque o que ouvimos nestas comemorações continua a ser mais do mesmo, e assim a malhar na esquerda nunca irão a lado nenhum.

05 março 2011

Estabilidade ou Instabilidade?

Diz o camarada Jerónimo:

Será que quis dizer o que disse? Para mim, a frase não faz sentido. Aquele “e muito menos” altera todo o sentido e é uma aberração, porque não o tenho por arruaceiro. Leia a frase sem aquela expressão. Então a estabilidade da sua própria casa não deve ser um valor absoluto e um fim em si? Pelo menos na minha é, aquilo que menos quero é que haja desatinos em casa. Quando eu desatinar e colocar a família em perigo, eles próprios sabem quando devem romper os equilíbrios para por o barco a navegar. Ou será que com as pressas em que anda, queria dizer: constância, duração etc. Não sei, talvez. Imagine-se no poleiro, o que me vai pedir é que lhe dê estabilidade, não é? Como posso eu botá-lo fora se não souber o que sabe fazer? Se tiver que estar lá pouco tempo estará, mas enquanto estiver tem que ter sossego para me provar que é bom ou é uma nódoa. Resumindo: não quero instabilidade por instabilidade. A Revolução, é outra conversa.

- (...) "Somos e assumimo-nos como o partido da classe operária e de todos os trabalhadores" (…)

Pois é camarada, da classe nem vê-la e trabalhadores, cada vez há menos. Assim não espanta. Os tempos estão outra vez a mudar, para mim e para si. Ofereço-lhe esta para meditação.

02 março 2011

Da Turquia ao Islão.

Foi numa espécie de festa da "conversão” dada a modelos femininos, em Itália: “Khadafi disse-lhes que o Islão devia tornar-se na religião da Europa”, e que “o primeiro passo para a islamização da Europa será a entrada da Turquia na União Europeia”. Agora, na praça Tahrir, ouço a Irmandade Muçulmana dizer que “Sim, Democracia, mas a Constituição que nós apoiaremos será de inspiração e subordinada ao Islão, à semelhança da Turquia”. Ora, li em tempos aqui que: ”A democracia não é o resultado de um referendo, é o apego ao exercício eleitoral e ao respeito pelas minorias” , minorias de que eu faço parte.

Como se resolve então a questão? “Se o voto democrático que levou Hitler ao poder é o mesmo que legitima as Teocracias”? “Ou quando o pensamento politicamente correcto faz rejubilar a Europa com o SIM dos turcos a um referendo que atenua a laicidade a que o Estado era obrigado e enterra o legado de Atatürk.”? Extraordinário legado, digo eu. Não sei como se resolve a questão. Talvez algures no politicamente correcto. Fica isto também ao cuidado dos adeptos da entrada da Turquia na União Europeia, lembrando sempre que por não haver uma continuidade territorial as fronteiras da Europa serão sempre definíveis por outros critérios que não os geográficos. Ah… as fronteiras! Mas como não defendê-las se elas defenderem os meus direitos de minoria, como aquele que me permite manter o pescoço negando as teorias de uma religião, para os quais lutaram homens como Giordano, Galileo etc.

Poderemos vir a ter um dia a Turquia na Europa, uma vez que está segundo a “nossa” Democracia - paradoxalmente - a remover “obstáculos”. Mas a pequena parte turca europeia que é a Trácia justifica que se puxe o resto do imenso território turco para este lado? O avanço do Islão fará em breve da Turquia uma grande Teocracia e há que perguntar se valerá a pena, em nome da argumentação soft que defende uma Turquia europeia, extensível ao Magrebe, como já por aí li, embarcar em aventuras que sabemos como começam mas nunca como acabam? Com tudo isto, ainda não falamos da Mulher - como se fala aqui - ou de mim, que sou ateu - como aqui -. Tentei apenas entrar no labirinto de que fala Carlos Esperança e que é a interpretação que vejo fazer da Democracia à luz do Islão, porque eu confesso, bloqueio sempre perante tanta dúvida.

26 fevereiro 2011

197? Passarinhos...

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197

Pronto está bem, sei que é música lamecha, mas isso... é um pouco de preconceito. Não há pachorra, dizes tu. Sim, mas faz intervalo, a intenção é boa tem lá paciência, estás a trabalhar? Desliga o telefone para não aturares credores e o écran do PC para não veres o gráfico do petróleo, mais a guerra dos fedayeens, que ainda pifas antes de tempo. Recosta-te um pouco, apoia a cabeça, fecha os olhos e esquece que estás a ouvir música lamecha. Não é mariquice se voltares a ouvir.

Valeu? Tinha melhor mas esta tinha psarinhos… Podes voltar à crise.

22 fevereiro 2011

Erva daninha

É a representação desta política demagógica de caca com actores medíocres, que nos faz sonhar com praças Tahrir que sublimem e depurem a Democracia.

Agora, em caça ao voto, dizem que querem o que antes aqui recusaram para que se confirme que a política assim é uma merda. Precisamos de uma revolução árabe que se imponha às mentalidades destes viciosos democratas. A política, tal como a conhecemos, corre riscos neste mundo de pobres em ebulição, porque agora descobriram que podem derrubar quem quiserem, e são estes comediantes que se divertem e a quem ainda por cima pagamos, que serão os responsáveis pelo que acontecer por ai um dia destes. São erva daninha que se camufla como relva e subverte o jogo que nos cansa e desespera, sem que saibamos porquê.

19 fevereiro 2011

Achas para o 12 de Março.

Entenderá o povo que vota PS/PSD, a recusa em concordar com o BE, PCP e CDS, na limitação dos salários dos gestores públicos, não votando favoravelmente esta proposta apresentada na Assembleia? Duvido que entendam, e até perceberá que esta recusa configura a sua protecção aos homens-de-mão que normalmente preenchem aquelas cadeiras douradas principescamente pagas. Dizem que o critério deverá ser os objectivos. Quais objectivos? Os prejuízos que apresentam? Ou as perfomances que conseguem graças a regimes de monopólio ou em situações de privilégio no mercado? Estarão convencidos que deixaria de haver candidatos, gente de bem e com capacidades - porque elas não são privilégio de meia dúzia - que aceitasse ganhar o mesmo salário do Presidente da República, para as gerir? É a manutenção destas mordomias, que contrastando com o que se passa na base da pirâmide salarial destas e outras empresas, que justifica o aparecimento e o êxito de uma nova canção de intervenção. A geração dos Deolinda, com o seu pragmatismo e sem ideologias, pode muito bem ser a nova mudança que o homem da rua reclama, se tiverem em conta os perigos do aproveitamento de maiorias silenciosas. Mas é preciso que não se esqueçam depois dos rostos que pretenderam manter a partilha de privilégios iníquos.

É perigoso, apesar de estarmos na Europa, o autismo político que não sabe dar sinais de que está a entender o sentido das revoltas surdas que por aí vão, e que se congeminam agora virtualmente num clique. Apetece-me pedir-lhes que venham ler o pensamento que escreveu o filósofo José Gil na Visão, e que mantenho aqui ao lado no sidebar deste blog.
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Imagem de Ricardo Coelho, em Olhares.com

14 fevereiro 2011

Biblioteca Mundial

As ferramentas de investigação que a Net põe à nossa disposição não param de nos surpreender. A cada momento recebemos mais uma que permite saber quase tudo. É o caso desta Biblioteca Mundial da ONU, uma iniciativa da UNESCO, em 7 idiomas: árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português, sem necessidade de registo, em www.wdl.org. É um espanto e de uma grande utilidade para investigadores, professores e alunos, tanto mais que não é um processo fechado, está em crescimento e tem possibilidades ilimitadas para recepção de textos e imagens.

Como teste, resolvi pesquisar por uma mapa de Portugal que incluísse a praça de Olivença, que não tenho encontrado em nenhum alfarrabista, porque o processo histórico se encarregou de eliminar os vestígios da realidade anterior. Não só o encontrei, como o encontrei foi feito por espanhóis… Explore e guarde este link que vale a pena.

12 fevereiro 2011

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Lítio, a nossa riqueza.

Portugal pode vir a ser rico? Pode. Mas teremos capacidade de fugir ao anátema dos países do Terceiro Mundo que têm a matéria-prima mas não a possibilidade de a tratar? Vamos instalar uma fábrica de baterias, temos a matéria-prima, mas são outros que a fornecem. A noticia aqui.

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11 fevereiro 2011

O autismo cívico

A cidadania, como qualquer outra boa prática, não se anuncia, pratica-se. Não basta protestar, o que é preciso é actuar mesmo, sair da letargia, fazer com que as coisas aconteçam! Mas infelizmente, é neste problema com que esbarramos nas pessoas, sendo nos amigos, onde isto mais nos entristece. Eles não participam, não aderem, fingem não ler, não ouvir, não saber. Tudo, menos estar a par de forma a terem uma escapatória.

O exemplo mais recente que tenho, tem a ver com uma Petição Internacional pela Regulamentação das Agência de Notação (Rating), é uma petição portuguesa da qual tive a honra de ser um dos co-promotores - aproveito para deixar aqui o respectivo link:
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Convidei então a quase maioria dos meus contactos a aderirem, tenho lá neste momento quatro subscritores amigos e duvido que poucos mais se juntem. O que se passa com eles? Se fosse uma Petição por causa do reumático das formigas, como as que me enviam, teria outra atenção? Amanhã vou receber deles mais uma catrefada de correio, com os mais estranhos disparates e nenhum terá comparativamente mais valor do que o meu, sem resposta. No entanto, vão continuar a entupir-me a caixa da correio…

Eppur si muove!

10 fevereiro 2011

Veredicto: Culpados!

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A negligência tem que ter limites. O estranho caso da idosa que permaneceu morta durante 9 anos no seu apartamento, na Rinchoa, só descoberta quando o novo proprietário se preparava para a despojar do recheio onde ela se incluía esvaída dos fluidos corporais, sem que as autoridades tenham permitido arrombar a porta para despistar essa hipótese, deve ter um culpado. Tem que ter um culpado. E não devemos culpar disto nenhuma das corporações intervenientes, porque isto roça a bestialidade individual que entronca na tal falta de civismo, sempre alicerçada na chico-espertice de quem enverga uma farda, e se sente pairar acima de qualquer civil que precise dos seus brilhantes raciocínios e clarividências de espírito.

Mandaria o mais elementar bom senso, que aquela senhora - a vizinha que em vão tentava entrar em casa da infeliz idosa - fosse tratada com a probidade que qualquer cidadão merece, porque é tão lógico, que são os próprios vizinhos os que detêm a informação mais privilegiada de cada habitante local, pelo conhecimento dos seus hábitos diários, que não se percebe a arrogância do pensamento de tão iluminados muares - para não os promover na adjectivação - ao acharem que não valia a pena porque não cheirava mal. Não lhes cheirava mal, a eles, porque não há cavalgadura que reconheça o seu próprio cheiro. Deveria cheirar mal e bem mal… Leia a notícia aqui.

05 fevereiro 2011

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Egipto ou Egito?

Sou um pró Acordo Ortográfico, mas como vêem ainda estou como o Saramago: os revisores do texto que tratem disso.

Vem isto a propósito da opinião acerca dos acontecimentos no Egipto que, olhando para os convites para me solidarizar e para as opiniões que por aí são expressas, me fazem sentir um pouco Maria-vai-co-as-outras, sem saber o que dizer sobre a questão. Não me é simples, porque esbarro sempre com a grande clarividência dos que são pró revolução, como eu fui aliás em 74, e a minha falta de certezas quanto ao que se passa. Ninguém nesta Europa é já favorável a qualquer tipo de ditaduras, sejam elas de que jaez forem e está fora de questão que alguma forma de abordar o problema seja estar a favor do ditador de serviço. Mas a escolha que vejo à frente é intrigante, ou seja, eu que não confesso credo nenhum, sou para um Muçulmano quase uma reencarnação do Diabo, serei nas suas apreciações como ser humano, um ser de segunda com direitos sociais inferiores a qualquer um deles.

As opções que parecem estar em causa, face à evolução das revoluções no mundo Islâmico, serão: Viver numa ditadura dominada por uma oligarquia militar, que coarctando-me as liberdades políticas, me permite liberdades religiosas, ou, uma ditadura, agora sobre a forma de Teocracia que subordina as minhas liberdades politicas a uma sharia e só posso vê-las através dessa lente, e liberdades religiosas sim, mas como cidadão de segunda, e como se vê recentemente, sujeito a emboscadas que nos lembram as perseguições nos primórdios do Cristianismo. A Esquerda pede-me que vá para rua apoiar, mas fico paralisado, da mesma forma que fico como quando quero escrever Egipto ou Egito.

Isto não soa nada bem!

02 fevereiro 2011

Que raio de País é este?

É incrível isto que está a acontecer com o . Ricardo Sá Fernandes. Denunciando um acto corrupto, acabou por ser penalizado desta forma vergonhosa. Lido aqui e aqui.

Vamos ficar parados, ou será preciso vir para a rua, para nos defendermos de um sistema que nos ataca desta forma, protegendo este tipo de expedientes criminosos? O que andam a fazer os magistrados deste país? Sindicatos? Corporações? Para que queremos uma Justiça destas? Qual é a melhor forma de nos vermos livre dela? E deles? Não queremos esta Justiça. Não queremos estes Tribunais. Não queremos estas Magistraturas.

E o que vai você fazer de seguida para denunciar isto? Nada?

27 janeiro 2011

Rescaldos

(…) “mas, Manuel Alegre não tem razão! Os resultados que hoje obteve não são culpa do Homem e do Político que é mas, isso sim, da dinâmica criada pelos partidos que o apoiaram...” (…)

É preciso que Alegre tenha lido textos como este e este porque é fundamental que saiba que a culpa não foi sua, e nenhum nós aceita que o diga a não ser por respeito à elegância do jogo democrático no discurso da noite das eleições.

Antes, Salgado Zenha, Lopes Cardoso e outros, e agora Manuel Alegre, foram homens íntegros demais, para que a forma como foram tratados não ofusque definitivamente a imagem de alguém que se imagina o monarca de uma República que não lhe pertence. É aqui que deveremos começar a pesquisar as razões que lavaram à eleição por duas vezes de um dos mais tristes e pálidos Presidentes da República Portuguesa, porque recuso aceitar que o culto à personalidade interfira de forma tão desastrada no regime republicano em que acredito. A culpa tem de facto um rosto, mas nunca o de Manuel Alegre.

24 janeiro 2011

O voto branqueado.

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Estive num jantar com amigos com a televisão pelas costas. Porque me bastava saber se havia ou não segunda volta. O detalhe do que aconteceu vi depois no bom artigo de Henrique Sousa. Eles revelaram a triste realidade que constatei no jantar. Ao meu lado estava um amigo, um tradicional votante de esquerda, uma pessoa esclarecida. Votou em branco... Tive que abrir o Alegro para lhe mostrar com o quadro que fiz para este post, o logro em que caiu. Confessou-me que num jantar onde esteve discutiram a questão e a conclusão era que votariam em branco. Verifico agora que houve mais 175 363 brancos e nulos do que em 2006. Contribuiu assim com a falta de informação que assumiu, para a vergonha que é voltarmos a ter esta máscara de cera na presidência por mais cinco anos. Quando fiz aquele quadro em Excel foi por sentir que havia gente baralhada pela confusão que por aí foi lançada com e-mails fraudulentos e que nunca vi desmontados pela Comunicação Social. O próprio esclarecimento da CNE foi insípido e deixou quase tudo na mesma. Cavaco clama vitória com menos meio milhão de portugueses a apoiá-lo do que em 2006, porque houve portugueses que se enganaram, outros que foram enganados e outros que gostaram de ser enganados. Tenho pena que não sejam chamados a pagar a factura apenas os que gostaram de ser enganados, mas lamento que o meu país seja ainda a triste realidade escancarada nas declarações acéfalas de tantos e calculistas de alguns. Chego á conclusão que faço parte de uma elite da qual também fazem parte os brancos e nulos. E quer se queira, quer não, terão que ser as elites a perguntar o que é que leva um país a ter um presidente eleito apenas com 23% dos seus eleitores. Éramos quase 10 milhões de inscritos e pouco mais de 2 milhões impuseram-nos este homem por cujo perfil se babam. Fica um novo quadro que nos mostra que não é democrático não levar em conta a opinião de quem não tem lá um candidato que lhe sirva, porque isso, também é uma opinião.
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Publicado também no Alegro Pianíssimo.
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21 janeiro 2011

"É pior a emenda..."

"Costuma dizer-se que "as sondagens são o que são"... de qualquer modo, o que me preocupa é a tendência portuguesa para, por um lado, tentar penalizar o que considera causas do seu descontentamento e, por outro lado, a ainda deficitária interiorização da ética republicana que grassa na sociedade portuguesa. O que quero dizer com isto? Simplesmente que os portugueses, numa tentativa de penalização do governo e, consequentemente, do PS, podem projectar na votação no seu principal opositor a manifestação do seu "castigo"... o raciocínio é demasiado simplista e transporta em si próprio alguma perversidade que só os mais ingénuos podem descurar, para gáudio dos que fruirão desta decisão. Porque, na verdade, o exercício desta forma de acção significa que, para efeitos de provocação de um desagrado imediato ao partido do governo, os portugueses preferem não equacionar o futuro, recusando pensar nas consequências dos seus actos! De facto, se houvesse hábitos reflexivos na opinião pública, a hipótese de um cenário em que se altere a conjuntura parlamentar por via de eleições legislativas, seria colocada e a consciência de que as alternativas económicas à actual governação não são, nesse mesmo cenário, do interesse público, os cidadãos iriam perceber que votar Cavaco Silva é contribuir para legitimar um caminho que será muito mais penoso para Portugal do que o que actualmente trilhamos. Por outro lado, por razões que se prendem com a cultura democrática relativamente incipiente nas populações menos alfabetizadas, menos informadas e menos politizadas, a representação social do Presidente da República é ainda o que resta do que, entre nós, legitima o "apadrinhamento social" e a "lógica do favor" em prejuízo da "cultura do mérito" - razão pela qual a mudança presidencial se processa, no nosso país e ainda que num regime democrático, por desistência do cargo, seja por limite de mandatos ou por vontade própria... como se a essa figura coubesse uma "intocabilidade"entendida de forma ainda próxima de concepções religiosas medievais em que o poder se associava ao "sagrado"! Ganha aqui sentido a expressão "nem para si próprios sabem ser" porque esta forma de pensar aproxima a sociedade daquilo que as pessoas mais temem: o empobrecimento e o autoritarismo!... e, como sabemos, apesar de se dizer que "a vingança serve-se fria", a verdade é que a vingança nunca é a melhor forma de resolvermos os problemas!"
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Bom texto Ana Paula, no sentido em que tem pano para mangas e dizer muito de forma sintética não é fácil. Desde a deficitária interiorização da ética que grassa, até à vingança que se serve fria, há todo um cenário enquadrável numa questão que tem a ver com a tendência para o carneirismo do povo português, mesmo quando a Esquerda triunfa com Soares ou Sampaio, e é isso que me preocupa, porque, das duas uma, ou isto é vingança das corporações ou geral, ou é o efeito de seguimento do rebanho que também pode ter estado presente com os outros dois. É que quando o efeito da vingança praticado por pessoas esclarecidas pode dar CAVACO, o eucalipto secador de uma floresta que não gostamos, fica a dúvida se não será antes o do rebanho a funcionar.
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Fica a dúvida.
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A capacidade de incentivo

e mobilização de um Presidente da República é, a par da defesa intransigente da letra e do espírito da Constituição, uma das qualidades mais importantes a reter numa escolha eleitoral. Ouvindo ontem à noite Manuel Alegre no Coliseu, ficamos com as certezas reforçadas em relação à convicção de que será neste momento de crise o presidente que precisamos, porque é ele, por comparação com todos os outros o único capaz de elevar o espírito e mobilizar como foi capaz de fazer levantar das cadeiras quem esteve naquela sala. Passou por lá uma forte corrente de ânimo na qualidade e na grande força das suas palavras. Não é o espírito assustador e medroso de Cavaco que vai conseguir mover quem quer que seja, ao contrário, dará porventura com tanto derrotismo vontade de emigrar.

Considerando os Presidentes da República pelo seu desempenho Jorge Sampaio foi um dos melhores presidentes que tivemos, mas Alegre vai destacar-se pela sua capacidade de incitamento para acção, conjuntamente com a firmeza das convicções que tem, do que vai defender em Belém. Infelizmente, as televisões amplificam o folclore à volta das campanhas, mas cumpririam melhor o serviço público a que deveriam estar obrigadas, se nos dessem uma melhor ideia do que cada um deles diz e defende. Pena que os portugueses não tivessem podido ouvir a força daquele incentivo, porque nós saímos de lá com a convicção de que somos capazes. É esta capacidade que valoriza e se espera de um leader.
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Publicado também em: Alegro Pianíssmo.
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20 janeiro 2011

A folha dos candidatos

Em certo sentido, ainda bem que o período eleitoral é em si mesmo escrutinador do perfil de cada candidato. É normal que se pretenda saber mais do que a lei obriga ou é simplesmente depositado no Tribunal Constitucional, porque os cargos em disputa são de uma enorme responsabilidade perante a nação e a ética do candidato deve ser um exemplo.

Confrange por isso, em relação a Cavaco, ter como argumento de defesa, não uma resposta mas uma pergunta: “… mas porque razão aparecem agora com estas estórias?” como faz Guilherme Silva, o paladino do Alberto João no continente, como se o facto de só aparecerem agora fosse despenalização automática. É harakiri numa pergunta naif. Em relação aos casos que Cavaco tem que explicar aos portugueses, muito ou quase tudo se fica a dever ao período eleitoral, se Guilherme sabia, nós desconhecíamos totalmente a existência daquelas questões, sabíamos apenas de uma casinha Mariani. Fazer crer que o património e a sua aquisição não devem ser esclarecidos tendo no caminho os homens que trafulharam no BPN/SLN, só mesmo num país onde a ética não é para ser levada a sério.

Ao contrário, foi triste verificar os esforços para descobrir alguma coisa onde pegar em Alegre. As diferenças são abissais. Nesta matéria, Alegre elevou-se a um patamar que Cavaco nunca alcançará porque a história pode ser reescrita, mas nunca alterada. Até nisto, Manuel Alegre é um exemplo e será a garantia que os portugueses melhor têm de que será um melhor Presidente da República.
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Publicado também em: Alegro Pianíssimo
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19 janeiro 2011

Dia 20, às 16:00 no Chiado

O país acordou com uma sondagem manhosa de surpresa, mas que não é mais do que um inquérito feito a apenas 170 pessoas. Se não vejam a ficha técnica que nos diz alguma coisa mas não tudo: foram feitas 802 entrevistas mas só acederam a responder 22,6%, 170 respostas. Depois, só sabemos que esses 802 eram maiores de 18 anos, mas não sabemos a faixa etária dessas 170 respostas, porque, sendo chamadas para telefones fixos, está bem de ver qual é a faixa etária que está em casa o dia inteiro a atender telefones: idosos, reformados e reformadas, cujo pendor conservador se acentua. Isto não corresponde a nada, e no dia 23 veremos se não se configura como uma fraude que deveria merecer tratamento. Vamos descer o Chiado e dar já a resposta:

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16 janeiro 2011

Melhor que uma onda

Em complemento do que foi dito aqui e aqui, e porque também não vi ainda imagens do maior comício da campanha, aqui fica este vídeo que conclui com imagens no Teatro Gil Vicente, em Coimbra.

Mas há qualquer coisa nele que gostaria que fosse notado. É extraordinário, podermos ver nestas imagens, como os apoiantes estão ali sem rótulo na lapela com grande entusiasmo, uma coisa impensável há pouco noutro cenário, com outro protagonista. Há um ambiente neste novo apoio que não me canso de exaltar, porque não se reporta apenas às tradicionais hostes de um partido. Talvez esteja a chegar o tempo de todos humildemente aprendermos mais um pouco. Talvez. Convido-vos a ver para comprovar. Confesso que ficarei desiludido se o meu país não estiver atento no dia 23.
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Publicado também aqui

14 janeiro 2011

Uma aldeia estranha.

Começa a ser dificil justificar tudo com a estória do “mísero” professor. Senão, veja aqui:
Não é estranho tudo isto? Seremos assim todos tão crédulos, trouxas, para acharmos que a ligação a esta gente e aos negócios que estão por aí visíveis é uma coisa inócua? Ou estas ligações serão um estranho caso de naifismo político? Não haverá por aí uma metade mais um de portugueses que vá votar e diga basta a este tipo de honestidades? Vamos aplicar à Presidência da República a receita de Oeiras de Gondomar de Felgueiras? E então a ética, que nos diz que um Presidente da República tem que ter no seu histórico outra capacidade de fazer amigos e não se deixar envolver pelas suas teias?

Onde anda agora Teresa Caeiro e os arautos de campanha que se preocuparam com um pequeno texto de autor já justificado?

12 janeiro 2011

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Os ARROIOS
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Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,
às belas morenas,
curiosos das pernas das belas morenas.
E às vezes vão tão devagar
que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
e onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
de um Anjo...
Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
e refletem, em vez de estrelas,
os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
os inocentes arroios...
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Mário Quintana (Baú de Espantos)
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Uma gentileza da Lupe, que tomo como gesto de homenagem ao Arroios e agradeço.
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07 janeiro 2011

Um Alegro na campanha

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O alheamento generalizado da coisa pública é o alimento dos emperramentos que nos entorpeçam, esta, é uma consciência que tenho cada vez mais presente. Foi por isso que aceitei o convite de um grupo de cidadãos para participar no:
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Um novo blogue de apoio á Candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República. A minha liberdade nunca ficará refém porque esse é um compromisso que Alegre estabelece sem ter que o dizer. Convoco-vos por isso a algum desassossego, porque o país está a precisar de mais empenho de todos. Participem acedendo ao blogue e entrando no debate, ou da melhor forma que a vossa consciência ditar, mas sobretudo, não deixem que este país seja apenas feito pelos outros.

04 janeiro 2011

Uma sugestão

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Manuel Amado

Conheci a pintura de Manuel Amado através de uma grande tela algures em Lisboa, e depois numa exposição individual no Palácio Galveias. Esse tempo correspondeu a um período em que eu próprio, através de experimentações que vinha fazendo, descobria que afinal muito da simplificação da pintura se reduzia á interpretação da luz. Manuel Amado e a sua forma de pintar está assim ligado a descobertas que fiz por conta própria que levaram a que a partir dali, até a própria natureza era interpretada de outra forma, como se dispusesse de dois códigos para isso. Entenderá isto melhor quem decidir aventurar-se.

Se tiver curiosidade, ele vai agora expor obras inéditas em Lisboa, nas Belas Artes (SNBA) em 13 de Janeiro.
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